30.1.09

Dois anos de Manlius

Relembrando (sempre) Rodrigo Emílio foi o primeiro postal com que Manlius se estreou na blogosfera e já lá vão dois aninhos. Como não podia deixar de ser começou com uma referência a um dos amigos de juventude que o influenciou para toda a vida.
Também o Rodrigo Emílio me influenciou e continua a ser um Guia - graças a ele e a Deus - tal como tenho a honra e o proveito de ser amigo e camarada do José Carlos há mais de vinte anos.
Caríssimo, continua porque o teu blogue é de referência e de leitura obrigatória e os teus textos são ensinamentos e memórias que não se podem dispensar.

28.1.09

Delito de Opinião e Heresia: O "crime" do bispo Richard Williamson

O "crime" do bispo Richard Williamson: delito de opinião e heresia!
As suas declarações "revisionistas" prestadas a um canal sueco de televisão no dia 21 deste mês levaram o
Grande Rabinato de Israel a cortar relações com o Vaticano após este ter reincorporado os membros da Fraternidade Sacerdotal S. Pio X através do levantamento da excomunhão.
Entretanto a F.S.S. Pio X já pediu perdão pelas declarações negacionistas do bispo que entretanto foi proibido de emitir opinião sobre factos políticos e históricos. A Santa Sé defendeu que «As declarações de Williamson "são inaceitáveis", escreveu na segunda-feira em um editorial o jornal da Santa Sé, destacando que o anti-semitismo "não é objeto de discussão" para um católico» e que «As declarações de Williamson, nas quais nega o Holocausto, contradizem os ensinamentos da Igreja e são muito graves, lamentáveis", ressalta o editorial.»
«O jornal oficial do Vaticano lembra ainda a declaração "Nostra Aetate", adotada em 1965 ao término do Concílio Vaticano II, documento que revolucionou o enfoque da Igreja católica em relação aos judeus, rejeitando a idéia de que podem ser acusados de "deicídio".»


“Penso que poderão ter morrido 200 ou 300 mil judeus nos campos de concentração nazis, mas nenhum em câmaras de gás”, rejeitando mesmo a existência deste método de extermínio: “As provas históricas são claramente contra [as teses de] gaseamento deliberado de seis milhões de judeus em câmara de gás”.

Gaza: Amnistia Internacional fala em crime de guerra

Amnistia Internacional fala em crime de guerra
A investigadora que a Amnistia Internacional tem em Gaza não hesita em usar o termo "crime de guerra" quanto ao uso de fósforo branco por parte de Israel. Donatella Rovera considera que "o extenso uso desta arma em bairros densamente povoados de Gaza é por inerência indiscriminado", lê-se num relatório sobre o fósforo branco. "O seu uso repetido desta maneira, apesar de provas dos seus efeitos indiscriminados e do seu peso em civis, é um crime de guerra."
As queimaduras de fósforo branco, que continuam, tecido a tecido, enquanto encontram oxigénio, não podem ser tratadas como as queimaduras normais. Para salvarem os feridos, os médicos têm de saber o que têm em mãos. O que aconteceu nos hospitais de Gaza, incluindo o maior, Al Shifa, foi que muitos feridos morreram por terem sido tratados como queimados normais.
O facto de as forças israelitas terem negado que usaram fósforo branco fez perder mais vidas, aponta a Amnistia. "Responsáveis israelitas disseram repetidamente que a sua operação militar era contra o Hamas, não contra as pessoas de Gaza", lembrou Donatella Rovera. "Não pode haver desculpa para continuar a subtrair informação vital para o tratamento eficaz de pessoas feridas pelos ataques. A falta de cooperação de Israel está a levar a mortes e sofrimento desnecessários."
Quando conseguiu entrar em Gaza, depois do fim da guerra, a Amnistia ainda encontrou bombas de fósforo a arder em diversos pontos.
E além de fósforo branco, "o exército israelita usou uma variedade de outras armas em áreas densamente povoadas", diz a organização. Um dos exemplos é o das flechas de 4 centímetros. Um obus de 120 mm pode conter 5000 a 8000 destas flechas. Quando o obus explode no ar, espalha as flechas num raio de 300 por 100 metros. Estas armas, que Israel usa há anos, diz a Amnistia, "nunca deveriam ser usadas em áreas civis". A.L.C.
A bomba incendiária é lançada de uma unidade de artilharia ou de um avião: quando o míssil lançado atinge a zona alvo, ainda no ar, ejecta os projécteis de fósforo branco, que caem no chão num padrão elíptico. Cada projéctil começa então a lançar fumo, o que faz durante cinco a dez minutos. O uso destas munições é permitido pela lei humanitária internacional, mas nunca em zonas residenciais, como aquela em que Sabah Abu Halima foi atingida e ficou queimada.
Público, 28.01.2009.

Gaza: Clara violação da Convenção de Genebra

O uso de bombas de fósforo branco feito por Israel durante a guerra constitui "uma clara violação da Convenção de Genebra", disse ontem ao PÚBLICO Mark Galasco, o experiente investigador que a Human Rights Watch enviou com uma equipa para Gaza."Encontrámos inúmeras cápsulas de fósforo branco em áreas densamente povoadas", resume. "E encontrámos casas queimadas, civis com queimaduras graves, o hospital Al Quds que foi atingido por uma bomba de fósforo, uma escola da ONU..."
As provas, diz Galasco, tornaram-se "numerosas e inequívocas", ao ponto de Israel ser obrigado a admitir que usara fósforo branco. "Finalmente, depois de tanto tempo a avisá-los de que o perigo era tão grande, que podia continuar a matar pessoas."Durante semanas Israel vedou a passagem de jornalistas e organizações internacionais. A Human Rights Watch entrou pelo Egipto, depois do fim da guerra. Tornou-se então claro, lê-se no site da organização, que a credibilidade das forças israelitas era uma das vítimas da guerra. E "o maior golpe", considera a Human Rights Watch, foi o caso do fósforo branco.
O que está por verificar é "se esta violação da Convenção de Genebra constitui um crime de guerra", diz Mark Galasco. Para haver crime de guerra, de acordo com este investigador, o ponto essencial é "que tem que ter havido intenção de atingir civis".
A Human Rights Watch apelara a uma investigação internacional das violações cometidas por Israel e pelo Hamas, e Galasco volta a sublinhar essa necessidade. A.L.C.
Público, 28.01.2009.

Gaza: Queimados com bombas de fósforo branco

Queimados com bombas de fósforo branco

Pesquisas internacionais provam que Israel atingiu civis com estas bombas. Há casos de outras armas não-convencionais, como DIME
"São queimaduras profundas de bombas de fósforo branco", diz o médico Ahmed Mograbi, mantendo-se na ombreira da porta enquanto Sabah come. "Tem 15 por cento do corpo afectado. Transferimos dois feridos mais graves da família dela para o Egipto, uma criança de um ano e uma mulher de 20 com queimaduras muito profundas em metade do corpo, típicas de fósforo. Acho que esse é um caso desesperado." Mas Sabah deverá recuperar: "Está queimada num braço e nas pernas."As pernas não se vêem por estarem tapadas por um cobertor, enquanto ela continua a comer devagar."Chegou aqui de ambulância, trazida de outro hospital", conta Mograbi. "Lá, tinham-lhe limpado a pele e posto ligaduras. Ao fim de três horas aqui, quando tirámos as ligaduras para limpar, saía fumo das feridas e cheirava muito mal, a fósforo."Sabah acabou de comer. O médico entra para ver se ela pode e quer falar. Ela diz que sim. O braço queimado é o direito, e a mão tem crostas negras. Mas não é em si própria que está a pensar. "Tenho nove rapazes e uma rapariga. Agora perdi três rapazes e a minha filha." Diz a idade dos sobreviventes: "24, 22, 20, 18, 16, cinco." Os outros morreram com a mesma bomba que a queimou. "O meu marido também morreu. E a minha nora ficou negra, está no Egipto." Quantas pessoas estavam dentro de casa? "Éramos 16."Aconteceu no segundo dia da guerra, pelas quatro da tarde, conta ela. "Atiraram uma bomba para cima de nós. Houve uma grande luz, depois um fumo muito branco que sufocava, e não me lembro de mais nada."
As bombas de fósforo branco são incendiárias. Podem ser lançadas pelos militares no terreno para iluminar ou criar um ecrã de fumo. Mas estão proibidas pela Quarta Convenção de Genebra quando lançadas em zonas com "concentrações de civis" onde os alvos militares não estão claramente separados. E são sempre proibidas se forem lançadas do ar. Gaza - um milhão e meio de habitantes numa estreita faixa - é um dos lugares mais densamente povoados do mundo. Israel começou por negar que tivesse usado bombas de fósforo branco durante a guerra, mas perante diversos testemunhos e provas acabou por admitir que o usara, mas não de forma criminosa.
O Comité Internacional da Cruz Vermelha comprovou o uso de fósforo branco, está a recolher provas para depois discutir com as partes, e não adianta conclusões sobre se o uso foi ilegal. Tanto a Amnistia Internacional como a Human Rights Watch comprovaram extensamente o uso de fósforo branco e consideram-no uma violação da Convenção de Genebra (ver caixas). Quando o corpo humano é atingido por uma bomba de fósforo, a queimadura continua até ter oxigénio, por vezes até ao osso. É necessário tratá-la de forma diferente, mas, se os médicos não souberem, os tecidos continuam a ser queimados.
Foi o que aconteceu com Sabah. A família dela cultiva morangos. São agricultores e vivem em Atattra, uma zona do Norte de Gaza das mais atingidas pela guerra e densamente povoada: "Temos muitos vizinhos", diz Sabah.
Os sobreviventes foram-lhe trazendo notícias do que aconteceu depois da explosão. "Os soldados israelitas ocuparam as casas e ficaram lá dentro. Estávamos em paz. Agora quem vai alimentar os meus filhos?"
Ainda cheira
O director da Unidade de Queimados, Nafez Abu Shaban, confia na recuperação de Sabah. "No braço são queimaduras profundas, até ao músculo, o que deverá afectar a mobilidade. Mas esperamos que volte a andar." Os casos mais graves com queimaduras destas foram transferidos através do Egipto. Restam dois neste hospital. "Já não há qualquer dúvida de que se trata de fósforo branco", garante Shaban. "No princípio da guerra recebemos muitos casos de queimaduras e tratámo-los como queimaduras normais, alguns mandámo-los para casa. Mas dias mais tarde alguns voltaram com queimaduras muito profundas, brancas, e alguns morreram, apesar de inicialmente as queimaduras serem muito pequenas. Então começámos a levá-los para a sala de operações, para limpar as queimaduras, e encontrámos material estranho."Shaban abre um saco de plástico e mostra uma matéria que parece areia com sangue. Sente-se um forte cheiro a fósforo. "Isto são amostras de tecido que retirámos."Estas e outras amostras foram reencaminhadas para a administração do hospital, para serem reenviados para o estrangeiro. "Achamos que os israelitas estão a usar várias armas não convencionais, e por isso decidimos tirar amostras de qualquer ferimento estranho."Mas quanto ao fósforo branco, Nafez Abu Shaban está seguro. "Percebemos só na última semana da guerra e muitos doentes morreram porque não sabíamos que era fósforo branco." Quantos doentes? "Não sabemos, porque parte deles terão morrido de ferimentos conjugados, mas presumo que centenas tenham sido queimados com fósforo branco."E o mesmo pode ter acontecido ou estar a acontecer com feridos por outras armas. "Devia haver peritos internacionais aqui, porque não sabemos o que procurar. Armas tóxicas?, químicas?, radiações? Temos o direito de saber. É a primeira vez que temos tantas vítimas com feridas destas.""Pelos relatórios, tenho a certeza de que é fósforo branco", diz a cirurgiã inglesa Sonia Robbins, que entrou em Gaza como activista de direitos humanos e veio falar com o director da Unidade de Queimados. "Mas é preciso prová-lo rapidamente", alerta, sublinhando que durante a guerra ninguém pôde entrar, nem documentar o que estava a acontecer. "O perigo é que os casos sejam negados antes de serem provados."O novo explosivo Quando a Unidade de Queimados percebeu que havia algo estranho, entraram em campo os cirurgiões. Especializado em Edimburgo, o cirurgião-chefe Sobhi Skaik está a esta hora reunido com um colega que se especializou na Irlanda, e daqui a pouco vai juntar-se-lhes um cirurgião italiano que trabalha para a Cruz Vermelha. Tudo isto entre transferências de emergência para o Egipto e uma explosão que abanou todo o edifício do Al Shifa onde funciona a cirurgia."Tivemos várias pessoas atingidas com fósforo branco", garante Sobhi. "Com outras armas não convencionais também, mas definitivamente fósforo branco, não há dúvida."O que o faz estar tão certo? "
Por exemplo, um doente com queimaduras no corpo de diferentes profundidades, pele, músculos e osso. Isto é típico do fósforo. Continua a arder e a arder, em diferentes camadas do corpo. E há o cheio do fósforo a queimar, podíamos senti-lo."Sem querer arriscar um número, este cirurgião fala em "centenas de casos" ao longo desta guerra. E vai mais longe: "Numa área de 100 metros quadrados em Gaza pode haver 200 pessoas. As áreas atacadas são densamente povoadas. Portanto, quando se usa fósforo branco em Gaza é criminoso."
Mas além do fósforo, fala no uso de DIME (Dense Inert Metal Explosive), um explosivo novo. O ferido chega com vários buraquinhos no tronco, que parecem ferimentos superficiais, mas em estado crítico. "Abrimos o abdómen e descobrimos muitos danos nos órgãos, perfurações nos intestinos, danos no fígado, sangramentos, e não conseguimos perceber o que está a causar aquilo. Depois de tentarmos reparar tudo, duas horas depois da operação, começa a sangrar e a sangrar, a ponto de não o conseguirmos ressuscitar."
Outro sinal de DIME é aparecerem muitos feridos com as duas pernas amputadas. "Eu vi dezenas", diz Sobhi. O anestesista noruegês Mads Gilbert, que esteve a trabalhar com estes médicos do Al Shifa durante a guerra, confirma: "Vimos muitos casos indicativos de DIME e temos vários documentados", disse ao PÚBLICO, por telefone, da Noruega. Gilbert esteve com o seu colega Erik Fosse em Gaza até 10 de Janeiro. Reconhecem o DIME pela "presença de extensas amputações e ferimentos do tamanho de ervilhas".
Mas "as mais importantes armas ilegais que Israel tem usado", remata Gilbert, "são o cerco, o bloqueio, e o bombardeamento indiscriminado de civis".

Público, 28.01.2009.
Alexandra Lucas Coelho, em Gaza.

27.1.09

SLB: do off-side ao off-shore

Luis Filipe Vieira concretiza mais um sonho: a criação da Fundação Benfica.
Depois da Operação Coração e do kit Novo Sócio, mais uma ideia luminosa.
O SLB depois do off-side, vira-se para o off-shore e para tal congemina uma fundação com carácter profundamente social ajudando desta forma deficientes, imigrantes e famílias carenciadas para além da prevenção de doenças crónicas.
Este comovente gesto de caridade junto dos deficientes (directores), imigrantes (jogadores e treinadores) abrange todos os benfiquistas que sofrem de doenças crónicas nos dois últimos decénios provocadas pelo lastimável estado da nação benfiquista e pela normal e natural ausência de títulos, mormente no futebol, temporariamente debelada em duas vergonhosas épocas com a ajuda da arbitragem (famílias carenciadas).
Assim se passa do off-side para o off-shore!

Ruínas de Conímbriga

Ruínas de Conímbriga

26.1.09

Humor Negro: Portugal na UE

Eis o resultado do grande desenvolvimento português prometido pela nossa entrada no Mercado Comum, hoje conhecido por União Europeia com a assinatura de Mário Soares no Mosteiro dos Jerónimos.
Palavras leva-as o vento. Isto são números. Números irrefutáveis!

Pintura de José Malhoa: Rainha D. Leonor, 1926

Rainha D. Leonor
Pintura de José Malhoa, 1926.
Óleo sobre tela

23.1.09

Sieg Des Glaubens (Victory of Faith) de Leni Riefenstahl, 1934

Sieg Des Glaubens é o filme/documentário sobre o Reichsparteitag, Congresso do NSDAP de 1933 realizado por Leni Riefensthal e que foi considerado perdido ao longo de sete decénios.















22.1.09

Vai uma rapidinha?

A visita íntima e/ou de conveniência está no Código da Execução das Penas e Medidas Privativas da Liberdade!
Depois das Lojas de Conveniência chegaram as Visitas de Conveniência.
Cheira-me que se trata de alguma empresa unipessoal de prestação de serviços.
Chamem a ASAE e o fiscal das Finanças!!!
É sempre aviar...

Depois de Gaza, Lisboa?

O embaixador de Israel em Portugal, Ehud Gol, manifestou hoje à Assembleia Municipal de Lisboa a sua «indignação», «surpresa» e «espanto» pela aprovação de uma moção de geminação da capital portuguesa com a cidade de Gaza.

Perguntava em Agosto quando é que a Câmara Municipal de Lisboa propunha um acordo de geminação de Lisboa com Gaza.
O primeiro passo está dado aguardando-se a resposta do Hamas.
Israel já protestou. Só falta bombardear Lisboa como fez em toda a Faixa, muito principalmente na cidade de Gaza. Se Gaza foi bombardeada, Lisboa terá de o ser como cidade gémea e ficando reduzida a escombros.
O grave são as situações da Rua Prometida, a António Enes onde está localizado o chek-point Enes e da Av. Alexandre Herculano, junto ao Largo do Rato, onde está a sinagoga. São dois territórios judaicos que Israel defenderá com o apoio da Black House.
A PR, a AR, o (des)governo de Sócrates, Lino e demais confrades, o PE, a UE e a ONU ainda não se pronunciaram.
Irá Sócrates suceder a Marquês de Pombal e a Fontes Pereira de Mello na reconstrução de Lisboa? Pelo menos, dois novos estádios para o mundial futebolístico de 2018 serão construídos contrariando assim o ministro da Finanças, Teixeira dos Santos.
Não há crise!

ONU vai abrir inquérito a presumível uso de urânio empobrecido em Gaza


«A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), das Nações Unidas, vai abrir, a pedido dos países árabes, um inquérito às alegações segundo as quais Israel terá utilizado munições com urânio empobrecido durante a sua ofensiva em Gaza, foi hoje anunciado.
“Vamos investigar o caso na medida das nossas competências”, disse hoje a porta-voz da agência da ONU, Melissa Fleming.
O pedido foi apresentado segunda-feira pela Arábia Saudita em nome dos países árabes, através de uma carta que a AIEA “vai enviar aos Estados membros”, acrescentou Fleming.»
Querem ver a ONU a ser bombardeada mais uma vez?

A pena de talião


«Advogados europeus terão pedido a um tribunal belga para mandar prender a ministra dos Negócios Estrangeiros de Israel, Tzipi Livni, quando hoje ao fim do dia chegar a Bruxelas, de acordo com o jornal Haaretz.
As queixas estarão preenchidas em nome de cidadãos belgas e franceses que têm parentes que foram feridos ou mortos em Gaza, conta no seu site o jornal israelita Haaretz, citando o Jawalan.com. Ainda segundo aquele jornal, a informação do Jawalan.com estará a ser analisada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel e a embaixada israelita em Bruxelas ainda não teria sido envolvida no assunto.
A lei belga não permite a prisão de altos-funcionários estrangeiros, mas o Haaretz considera que estas queixas poderão ser embraçosas para Israel e ser o início de um conjunto de processo judiciais a ser preparados por pró-palestinianos em todo o mundo.

Pedida prisão de governantes e militares
O Haaretz noticiou também que um grupo de pessoas anónimas que se apresentaram como activistas israelitas dos direitos humanos montaram um sítio na internet a descrever alegados crimes de guerra e contra a humanidade cometidos por altos-responsáveis governamentais e oficiais das forças armadas do país, as Forças de Defesa de Israel.
O site tem como cabeçalho “Wanted” e a primeira imagem que aparece é a do ministro da Defesa, Ehud Barak. Entre os nomes acusados estão também os do primeiro-ministro, Ehud Olmert, da ministra dos Negócios Estrangeiros, Tzipi Livni, e o chefe de pessoal das Forças de Defesa de Israel.
O mesmo site, que não tem por trás nenhuma organização conhecida de defesa dos direitos humanos, explica como informar os procuradores do Tribunal Penal Internacional de Haia de que os suspeitos estão fora de Israel.»

O Poder das Imagens (Die Macht der Bilder) de Ray Müller sobre Leni Riefensthal
























21.1.09

Livro: Leni - A vida e obra de Leni Riefensthal de Steven Bach

Livro interessante este editado em 2007 sobre a extraordinária realizadora alemã Leni Riefensthal. Ao longo das 468 paginas é-nos dado um relato sobre a sua vida e obras não deixando o autor, Steven Bach, de lançar umas atoardas sobre a vida amorosa de Leni para a qual ninguém deve ser chamada seja ela verdadeira ou falsa. A vida amorosa é do foro privado de cada um e nunca por nunca deverá ser exposta, goste-se ou não.
Das suas páginas destaco os seguintes trechos.

Boicote judaico:

«Os jornais da especialidade Daily Variety e Hollywood Reporter traziam anúncios de página inteiros pagos pela Liga Antinazi de Defesa da Democracia Americana, de Hollywood. O título dizia: «Coloque isto na sua agenda.»
O texto recordava aos leitores que a Liga tinha, um ano antes, protestado contra a visita de Vittorio Mussolini, “filho do Il Duce, colaborador de Adolf Hitler” e anunciava agora que “LENI RIEFENSTHAL, chefe da INDÚSTRIA DO CINEMA NAZI (sic), chegou a Hollywood”. Continuava com enfática tipografia:

Não Há Lugar Em Holywood Para LENI RIEFENSTHAL!
Neste momento, em que centenas de milhares de nossos irmãos aguardam uma morte certa, feche as suas portas a todos os Agentes Nazis.
Façamos Saber Ao Mundo
Não Há Lugar Em Hollywood para AGENTES NAZIS!» (p. 255)

«Em Hollywood, naturalmente, enfrentei a resistência dos judeus, que, à minha chegada, já tinham publicado um anúncio gigantesco em vários jornais – sob o título “Não há lugar em Hollywood para Fraülein Riefensthal” – exigindo um boicote contra mim. Numerosos realizadores de cinema americanos não se atreveram a receber-me por causa da sua dependência dos homens do dinheiro judeus. Uma honrosa excepção (foi) Walt Disney, criador da Branca de Neve, (que) me acolheu calorosamente e me mostrou os seus vastos estúdios e até o seu último trabalho. Foi gratificante conhecer como os americanos decentes se distanciam das campanhas de calúnias dos judeus.» (p. 261)

Desnazificação, Perseguição e Censura:

«”A oposição a si, pessoalmente”, lia-se na carta, “é tão grande que – perdoe-me por lhe dizer a verdade – nunca mais poderá exercer a sua profissão.”» (p. 360)
«“Leni mantinha-se ocupada a processar editores no continente, em regra estabelecendo acordos extrajudiciais de montantes não revelados e retractações das habituais acusações de que tinha sido nazi ou amante de Hitler. Entre os seus alvos de litigância estava a editora francesa Plon que publicou uma biografia de Adolf Eichmann onde este alegava que ela tinha feito documentários nos campos da morte. Esta nova acusação, conquanto foi totalmente inventada, foi suficientemente inflamatória para reacender a controvérsia do IBF e pôr em risco a licença de trabalho para A Luz Azul que Leni tinha de obter do Governo britânico.» (p. 365)

No excelente documentário de Ray Müller, com a duração de 180 minutos, O Poder das Imagens (Die Macht der Bilder), exibido em 1993, Leni declarou: «“Sou culpada de quê?”, desafiou-o, acrescentando (falsamente) que “nunca uma palavra anti-semita saiu dos meus lábios” e (verdadeiramente) que “nunca lancei bombas atómicas”. Talvez o mais sugestivo momento do filme, o que mais apontou para uma auto-revelação inconsciente, tenha sido o que mostrou Leni à sua mesa de montagem em Pöcking, revendo, extasiada, cenas de O Triunfo da Vontade que tinha, sem dúvida, visto mil vezes ou mais. Os seus olhos cintilavam e não era possível saber se estavam perdidos de admiração pelas suas soberbas aptidões de edição ou se pelo actor principal do filme observando a multidão massificada na submissão à sua vontade, ou pelas duas coisas.» (p. 410/411)

Para ler e pensar

Para ler e pensar é este postal do Manlius sobre a nova lei da reorganização das forças armadas... em parvas, como dizia o nosso Rodrigo Emílio. Mas como diz o José Carlos nem tudo é mau, dado que um dos números de circo a apresentar ao Zé Povinho para este ano eleitoral vai ser a vida sexual de Salazar na TV (com a Soraia Chaves, uau...).
Que se ponham a pau, pois a Soraia Chaves é bem capaz de fazer levantar qualquer morto e enterrado!
Julgo que será importante para a retoma económica e psicológica um estudo exaustivo e aprofundado sobre a vida e performance sexual de Salazar, o Grande Português. Gente para isso não falta, doutorada ou por doutorar!

***

«(...) Uma das mais emblemáticas (para além da reorganização da GNR) prende-se com a nova Lei de reorganização das Forças Armadas.
Nessa Lei (a que ninguém ligou!!!!!) para além de questões técnicas pacíficas sobre comandos, operacionalidades, etc, surge um novo conceito revelador do “medo histérico” dos do sistema face ao que poderá (deverá) acontecer neste “pais”.
Referimo-nos à possibilidade (pela primeira vez expresso na Lei do país pós PREC) de utilização das Forças Armadas em operações contra a própria população, como força supletiva às Forças de Segurança – PSP e GNR – quando as mesmas forem incapazes de tomarem conta do recado. Ou seja perspectiva-se a possibilidade dada aos políticos (dependem nesse caso do Governo e não do Comandante Chefe – Presidente desta República) de usarem o aparelho militar para atirar sobre o povo português (ou como dizia um tal Soares - no 7 de Setembro em Moçambique – “se necessário atirem-nos ao mar”...) (...)».

Secretário-Geral da ONU quer Israel em tribunal internacional

O secretário-geral da ONU quer levar Israel a tribunal internacional. Parece-me bem mas não acredito que tal venha a acontecer. Se Ban Ki-moon conseguisse que Israel fosse obrigada a cumprir todas as resoluções da ONU em que foi condenada - e salva pelos EUA - já era um grande passo para a humanidade.
Na minha modesta opinião é que provavelmente o actual secretário-geral da ONU será vítima de algum escândalo ou de algum atentado ou embolia da silva que resultará na sua substituição. A ver vamos...
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, exigiu hoje que os responsáveis pelos ataques israelitas contra os edifícios da organização na Faixa de Gaza prestem “contas perante a justiça”.
Ban Ki-moon, que chegara pouco antes ao território, confessou-se “chocado” com o nível de destruição a que assistiu e denunciou o “uso excessivo” de força por parte do Exército israelita, apesar de condenar igualmente o disparo de “rockets” contra o Sul de Israel.
Falando diante dos destroços ainda fumegantes de um armazém das Nações Unidas, atacado na última quinta-feira, Ban Ki-moon considerou “escandalosos e totalmente inaceitáveis” os bombardeamentos contra os edifícios da organização, pedindo que sejam retiradas consequências. “Tem de haver um inquérito aprofundado, uma explicação completa para garantir que isto nunca mais se repetirá. [Os responsáveis] devem prestar contas perante a justiça”, disse Ban Ki-moon, o mais alto dirigente internacional a visitar o território palestiniano desde o fim da ofensiva israelita. Israel pediu desculpas pelo ataque, que feriu três pessoas e destruiu dezenas de toneladas de ajuda humanitária, mas garantiu que as suas forças se limitaram a responder a tiros disparados do local – uma informação desmentida pela ONU.
Na semana anterior, a aviação israelita atacou outras duas escolas geridas pela agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNWRA), entre elas um estabelecimento em Jabaliya (Norte), onde estavam refugiados centenas de civis. Segundo os serviços de emergência palestinianos, 40 pessoas morreram no ataque, incluindo mais de uma dezena de crianças.
“Não posso descrever o que sinto depois de ter visto este edifício da ONU bombardeado”, confessou Ban Ki-moon, declarando estar “profundamente triste” com o que viu e ouviu desde a sua entrada na Faixa de Gaza. (...)»

Foi há dois anos...

...que nasceu um blogue de direita que não interessa à meia-direita nem à direitinha. Tem um invulgar registo vanguardista e de bom gosto. Está de parabéns o confrade João Marchante, a quem envio um abraço com Eternas Saudades do Futuro.

20.1.09

No Manlius: O ano de todos os combates

O ano de todos os combates é uma análise bem feita para todos pensarmos nos nossos objectivos: curto-prazo, médio e longo.
Para ler, pensar e concluir

Voltar a ler, voltar a pensar e concluir.
Um texto oportuno para hoje e para sempre.

19.1.09

Livro: Diálogos de Doutrina Anti-Democrática do Prof. Dr. António José de Brito

Uma excelente iniciativa das Edições Réquila: os Diálogos de Doutrina Anti-Democrática são reeditados trinta e quatro anos depois da sua primeira edição com a qual o autor tudo fez para ser preso pelos campeões da liberdade do Processo Revolucionário Em Curso.
Livro de compra (7 euros) e de leitura obrigatória onde são desmontados atráves de um pensamento lógico e coerente todos os dogmas democráticos!

«NOTA À SEGUNDA EDIÇÃO

Os Diálogos de Doutrina Anti-democrática foram publicados, a minhas expensas, durante o animado período do PREC em que se procedeu, alegremente, à destruição de Portugal.
Era um livro de ideias e, por isso, não encontrou repercussão nenhuma no chamado público, muito preocupado com a oratória do incendiário mental Sr. Vasco Gonçalves, as ameaças do grande Sr. Otelo Saraiva de Carvalho, ou as inteligentes congeminações do resplandecente Sr. Melo Antunes, inspirador, ao que parece do Documento dos Nove, uma salada, altamente pitoresca, em cuja redacção, se disse, colaborou, também, a Ex.ª Sr.ª Dr.ª Maria de Lurdes Pintassilga.
Em plena manifestocracia, onde a preocupação era arrebanhar multidões para um lado ou para o outro a ver quem fazia barulho mais estrondoso e arrebanhava massas mais volumosas, as controvérsias de princípios não empolgavam ninguém. Assente, dogmaticamente, a intangibilidade de Abril e benemerência extraordinária do Movimento das Forças Armadas, composto por profissionais da guerra que acima de tudo não desejavam combater, as celebrações, as comemorações ocupavam o tempo todo. Quem queria dedicar alguns minutos, poucos que fossem, a pensar? Vivia-se numa agitação frenética que seria inteiramente cómica se não fosse interrompida por alguns episódios trágicos e o sangue não começasse a correr, com abundância nas províncias portuguesas de além-mar.
Tudo foi sossegando, os comunistas, satisfeitos, acomodaram-se, após terem conseguido desmembrar a nossa pátria, conforme era do interesse da pátria deles – a U.R.S.S.
Cunhal achou que gramara, na vida, maçadas suficientes (já no 28 de Setembro, prudentemente, recolhera à embaixada de Cuba, não fosse o diabo tecê-las) e os soviéticos não estiveram para arriscar uma guerra só para possuírem, num cantinho da Península Ibérica, um satelitezinho abjecto.
Assim, o Evangelho de S. Marx, ao invés do que eu temia, não passou a ser lei divina no ex-Portugal.
Nos meus Diálogos de Doutrina Anti-democrática dediquei um Prólogo, aos eventos pós abrilinos, até ao Verão quente de 1975 (data da sua aparição). Esse Prólogo perdeu, evidentemente, bastante da sua actualidade. Conservo-o, no entanto, porque mantém um valor histórico e nele se transcrevem alguns textos, preciosos, que testemunham a falta de vergonha e sobretudo de palavra, de alguns grands seigneurs ainda hoje celebrados, da denominada revolução dos cravos, baptizada por Bissaia Barreto (que nada tinha de fascista), com felicidade, de rebentamento de um cano de esgoto.
Não sendo dominante o Evangelho de S. Marx, um outro recebe a adoração da generalidade dos habitantes do rectângulo. É o Evangelho democrático. Quem o não perfilha é excomungado e, mais ou menos, marginalizado. A democracia assumiu foros de religião. E não se pense que é uma religião que não faz uso do braço secular. Sem dúvida, proclama tal uso uma selvajaria, só própria de eras ainda não iluminadas pelo esplendor da nossa civilização – a civilização da bomba atómica. Porém o que ela diz é uma coisa, outra é o que faz. A democracia condena as fogueiras da Inquisição, mas aprova as fogueiras de Dresden, Hamburgo, Colónia, etc. Acha as cruzadas uma coisa indigna e um papa (democrata claro) pede desculpa pelas mesmas embora não tenha uma palavra de censura para o que o Sr. Eisenhower, inteiramente insuspeito na matéria, baptizou de Cruzade in Europe. E assim por diante. Escandalizam-se com a Gestapo, a Ovra, a Pide, e simultaneamente atribuem às suas polícias métodos e poderes semelhantes. Lembremos só num exemplo brevíssimo o que se passa no Iraque e em Guantánamo.
Em resumo a democracia berra contra a violência na altura exacta em que a emprega.
Claro que tomamos, aqui, democracia não como simples forma de governo mas como uma concepção axiológica. De resto uma e outra estão interligadas. O governo do povo pelo povo implica, obviamente, que os homens tenham liberdade de formar partidos e agrupamentos isto é, sejam dotados de liberdade de reunião. E, para formarem livremente os seus partidos ou agrupamentos, é indispensável que circulem sem obstáculos os ideais ou doutrinas, em volta dos quais aqueles se aglomerem – logo é indispensável a livre expressão do pensamento.
Qual o fundamento porém de tais liberdades? Obviamente, a imensa dignidade dos seus titulares, os homens, as pessoas humanas. Cada homem, cada pessoa humana será uma espécie de deusinho intangível e autónomo (claro que com excepção dumas pessoas humanas chamadas fascistas que, nem vale a pena discuti-lo, não têm obviamente a dignidade inerente a todas as pessoas humanas).
Torna-se patente que tais deusinhos não podem ser governados senão por si próprios e voltamos ao começo, à democracia enquanto regime.
Quer dizer, o regime exige uma certa axiologia e, por seu turno, a axiologia postula o regime.
Por outras palavras, a democracia implica a ética filosófica personalista e a ética filosófica personalista tem a concretização na soberania popular. Implicação recíproca que significa igualdade.
Designaremos pois pelo termo único de democracia o que envolve, a um tempo, a fundamentação ética e a sua expressão política.
Da democracia expusemos nesta obrinha as intrínsecas contradições e ilogismos. Com toda a humildade utilizamos a forma dialogal, seguida por grandes mestres, como Platão, Giordano Bruno, Schelling e outros a que estamos a anos-luz de distância.
A propósito do final dos Diálogos quero traçar, agora, com muita, muita brevidade, alguns esclarecimentos.
Podia objectar-se que se a democracia é absurda não existiria (tal como o círculo quadrado). E então para quê combater a democracia? Eu respondo, nos Diálogos, que há que distinguir entre o absurdo deontológico mas que envolve sempre uma certa realidade e o absurdo ontológico.
A distinção não me satisfaz agora. Não irei, aqui, proceder a uma larga digressão filosófica. Direi, apenas, que a realidade intencional do absurdo, ético ou não, está sempre presente conforme ensina Husserl. Simplesmente trata-se de uma intenção que não consegue, jamais, preenchimento. Assim há quem procure efectivar o círculo quadrado ou o ferro de madeira, mas jamais o conseguirá.
Análoga coisa se passa com a democracia. Só que em grau muito maior. Procurar dar ser objectivo e concreto à democracia, é impossível, mas conduz à hipocrisia manifesta ou à aberta tontice e tolice. Um exemplo: “liberdade para todos” prega-se como norma, norma que existe, existe em palavras com as seguintes consequências: ou a liberdade para todos é verdadeiramente para todos autoaniquilando-se ao considerar legítima a liberdade dos inimigos da liberdade e logo a liberdade de destruir esta última e estamos perante um grosseiro paralogismo; ou a liberdade para todos é sinónimo de liberdade apenas para os que forem partidários da liberdade e eis-nos, aos gritos de liberdade para todos, a conceder apenas a liberdade para uns tantos numa clara manifestação de tartufismo.
Idêntica coisa se passa com outros lemas democráticos cujo conjunto forma a democracia que não se pode dizer que não existe. Existe enquanto intencionalidade mental que nunca pode ser preenchida por qualquer objecto. É o que mais ou menos ensina Husserl relativamente ao círculo quadrado. As tentativas de dar efectividade ao círculo quadrado (ou ferro de madeira) falham sempre, mas estão aí enquanto tentativas, fazendo desorientar as mentes ou servindo de pretexto para tirar proveitos explorando os ingénuos que lhes dão crédito.
O estado de espírito democrático decerto existe mas numa existência que oscila entre a má fé e a inconsciência.
Em resumo: diz-se que não é preciso combater a democracia porque a democracia não existe. Responda-se: a democracia existe com a existência sui generis do erro e da contradição que se pretendem apresentar como verdade e que nessa medida precisam de ser desmascarados.
Aí fica o esclarecimento-rectificação. É óbvio que me mantenho imutavelmente fiel ao meu anti-democratismo de sempre. Não digo como alguns imbecis dizem do nacional-socialismo (perdoai-lhes senhor porque não sabem o que dizem) que é o mal absoluto, mas que a democracia é uma série de disparates e ilogismos. Lá isso é: disparates e ilogismos de que se aproveitam os grandes espertalhões da política para explorar a multidão dos tolos e ingénuos.
Este livrinho é uma voz clamando no deserto. Que alguns a escutem e já morro satisfeito.

António José de Brito»

17.1.09

Justiça e violência

Na Amadora, um primeiro "ensaio" - a pretexto de reclamação de justiça - terminado com a esperada violência através do apedrejamento da esquadra policial feito pelos "jovens".
Atente-se nas afirmações arrogantes e mentirosas do signatário da manifestação.


15.1.09

Gaza: agência da ONU e redacções de jornais internacionais bombardeados por Israel


O exército israelita lançou hoje um pesado bombardeamento sobre Gaza, atingindo edifícios que albergavam a agência das Nações Unidas de ajuda aos refugiados palestinianos, a UNRWA, e vários media internacionais, incluindo as redacções da agência noticiosa Reuters, das televisões Fox e Sky, bem como das cadeias Al-Arabiya e MBC. A Comissão Europeia já declarou estar “chocada” e “consternada” com estes ataques.
A ofensiva israelita já provocou até ao momento, desde que os ataques contra o movimento islamista Hamas começaram – no dia 27 de Dezembro – pelo menos 1100 mortos palestinianos.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que chegou hoje a Israel, no quadro de um périplo regional, estimou que as condições estão reunidas para que os combates terminem “já”, e considerando “insuportável” o número de vítimas palestinianas.
Nos ataques de hoje, três funcionários da UNRWA ficaram feridos por um disparo de “rocket” que danificou os escritórios da agência, indicou um porta-voz da mesma. A UNRWA tinha já anunciado anteriormente que suspendia as suas operações no terreno, após um primeiro ataque contra uma sua coluna de veículos.
Ban Ki-moon indicou estar “escandalizado” com o bombardeamento de hoje contra o edifício da UNRWA, e adiantou que o ministro israelita da Defesa, Ehud Barak, qualificou o incidente de “grave erro”.
Os ataques israelitas atingiram igualmente um edifício que abrigava as redacções de vários media árabes e internacionais, incluindo a agência Reuters, as televisões Fox e Sky e as cadeias Al-Arabiya et MBC. Dois operadores da Al-Arabiya ficaram feridos.
Um incêndio deflagrou igualmente no hospital Al-Quds, que abriga os funcionários do Crescente Vermelho palestiniano, provocando cenas de pânico no interior do edifício.
Só hoje já morreram 37 palestinianos, em consequência do avanço do Exército israelita em direcção ao centro da cidade e àquele que foi, hoje, o mais pesado bombardeamento sobre os sobrelotados arredores da Cidade de Gaza em três semanas de guerra, aumentado a pressão sobre o Hamas.
Um diplomata ocidental disse que Israel parece estar a tentar obter ganhos de última hora no terreno antes de poder ser imposta uma trégua para terminar a ofensiva que iniciou a 27 de Dezembro, com o objectivo declarado de pôr fim aos ataques do Hamas – que tomou o controlo da Faixa de Gaza no Verão de 2007 – com morteiros sobre o sul do seu território.
Israel – que quer terminar como os disparos de morteiros sobre a fronteira e garantir que o Hamas não consiga obter mais armas a partir de túneis sob a fronteira com o vizinho Egipto – disse que não concordaria com uma trégua que permitisse aos islamistas palestinianos reagruparem-se e rearmarem-se.
O comissário europeu para a ajuda humanitária Louis Michel indicou hoje estar “chocado” e “consternado” pelo bombardeamento israelita “inaceitável” de agências da ONU em Gaza.“É inaceitável que o quartel-general da ONU em Gaza seja atacado por tiros de artilharia israelita”, frisou, falando de um “incidente muito grave” que irá necessitar de um “inquérito completo e independente”.»

Morte de 300 crianças em Gaza é "trágica e inaceitável"

A directora-executiva do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Ann Veneman, considerou "trágico e inaceitável" que mais de 300 crianças tenham sido mortas e outras 1.500 feridas em Gaza desde 27 de Dezembro do ano passado.
Numa declaração emitida em Joanesburgo, na ocasião em que a Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançou o seu relatório anual dedicado ao estado da saúde materno-infantil no mundo, Veneman salienta que "estes números não são apenas estatísticas, tratando-se de vidas interrompidas de crianças".
"Nenhum pai ou mãe pode assistir a isto sem pensar nos seus próprios filhos. Isto é trágico e inaceitável", refere a directora-executiva da UNICEF que apela a todas as partes para que protejam as crianças no conflito.
A declaração nota que o conflito em Gaza é único no sentido em que as crianças e as suas famílias não têm qualquer hipótese de fuga nem local para se refugiarem, estando encarceradas numa área circunscrita.
"A simples ideia de estarmos encarcerados numa área sem saídas é assustadora para qualquer adulto em tempo de paz. O que passará pela mente das crianças que se encontram armadilhadas no meio de uma violência tão implacável?", questiona a declaração assinada por Ann Veneman.
Veneman recorda que as crianças constituem a maioria da população da faixa de Gaza e que são elas que sofrem o impacto maior de um conflito que não é delas.
À medida que a batalha alastra para o coração de áreas urbanas densamente povoadas, o impacto das armas letais provocará um balanço ainda maior de vítimas entre as crianças. Prioridade absoluta deve ser dada à sua protecção", salienta o comunicado.
Recordando que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, se encontra neste momento no Médio Oriente a apelar ao respeito total e imediato pelas resolução 1860 do Conselho de Segurança que apela a um cessar-fogo imediato, duradouro e respeitado por todas as partes e pela permissão de prestação de assistência humanitária em Gaza, a responsável da UNICEF pede que as populações civis e em particular as crianças sejam protegidas no conflito.
"As escolas e instalações de saúde devem ser protegidas e consideradas zonas de paz em todas as circunstâncias", refere a declaração que conclui:
"Para além das necessidades imediatas das crianças que perderam as suas casas, não têm acesso a água, electricidade e medicamentos, para além das horríveis cicatrizes físicas e ferimentos, estão, no entanto, as profundas feridas psicológicas destas crianças e para elas o processo de sarar as feridas sociais e psicológicas será longo e difícil".
A UNICEF garante que está a fazer todos os possíveis, com os meios ao seu alcance e os parceiros disponíveis, para ajudar as crianças de Gaza nas actuais e difíceis condições.
A organização das Nações Unidas insiste que só após a declaração de cessar-fogo se poderá iniciar para milhares de crianças o processo de cicatrização dos traumas sofridos e a "longa jornada de retorno a uma situação que se assemelhe vagamente aos direitos fundamentais de uma criança, ao direito a uma vida livre de violência física e psicológica".»

Humor: Judeu Moderno

14.1.09

Lieberman, o extremista exterminador

No Público:
«O deputado ultranacionalista israelita Avigdor Lieberman defendeu hoje que Israel deveria combater o Hamas na Faixa de Gaza, como os EUA enfrentaram o Japão durante a II Guerra Mundial. A declaração mereceu já o repúdio de um influente deputado palestiniano.
“Temos de continuar a combater o Hamas como os Estados Unidos combateram os japoneses durante a II Guerra Mundial”, afirmou o líder do Israel Beiteinu (Israel é a nossa casa), formação de extrema-direita que integrou a actual coligação governamental até Janeiro do ano passado.
(...)
Apesar do conhecido extremismo de Lieberman, mesmo dentro da direita israelita, várias rádios locais em Gaza transmitiram as suas declarações, noticiando que o deputado israelita defendera o lançamento de uma bomba nuclear sobre o território, que enfrenta há já 18 dias uma intensa campanha de bombardeamentos.»

Um bom exemplo ao longo da história do povo judeu. Basta ler o Antigo Testamento... o livro mais anti-judeu e feito por judeus!
P.S. - Fotografia de uma das visitas de Condollezza Rice a Israel sendo recebida por Lieberman, autêntico defensor dos direitos humanos e líder sionista.

13.1.09

O telefonema

O telefonema de um dos chefes para o sopeiro! É ler, voltar ler, reler e treler.
Não resta a menor dúvida. Quem manda na super-potência mundial?
O Público conta como o primeiro-ministro hebreu, Olmert deu ordens ao presidente Bush, um “amigo sem paralelo” de Israel, para os EUA se absterem no Conselho de Segurança. E Bush, qual pau-mandado, cumpriu não lhe fosse acontecer algo como a Kennedy.

"Olmert conta como pressionou Bush para os EUA se absterem no Conselho de Segurança

Ehud Olmert, primeiro-ministro israelita, afirmou ontem num discurso que foi um telefonema seu para George Bush que forçou a secretária de Estado, Condolezza Rice, a abster-se durante a votação de quinta-feira, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, de uma resolução que pedia um cessar-fogo imediato para a Faixa de Gaza, deixando Rice “envergonhada”.
Olmert disse que exigiu falar com Bush apenas dez minutos antes da votação no Conselho de Segurança da resolução à qual Israel se opôs. “Quando vimos que a secretária de Estado, por razões que não percebemos, queria votar a favor da resolução... Procurei entrar em contacto com o Presidente Bush e eles disseram-me que ele estava em Filadélfia a fazer um discurso”, disse Olmert. “Disse-lhes: ‘não me interessa. Tenho de falar com ele agora’.”
O primeiro-ministro israelita caracterizou Bush como um “amigo sem paralelo” de Israel. “Eles tiraram-no do palco, levaram-no para outra sala e eu falei com ele. Disse-lhe: ‘não pode votar a favor desta resolução’. E ele respondeu-me: ‘Escute, eu não sei nada sobre isso, não o vi, não estou familiarizado com a forma como está formulado’.” Olmert contou que disse então a Bush: “‘Eu estou familiarizado com ele. Não pode votar a favor’. “Ele deu a ordem à secretária de Estado e ela não votou a favor – a resolução que ela própria concebeu, formulou, organizou e manobrou para ser aprovada. Ela ficou bastante envergonhada e absteve-se na resolução que ela própria criou.”
Dos 15 membros do Conselho de Segurança, 14 votaram a favor da resolução, com a abstenção dos Estados Unidos. No entanto, isso não foi suficiente para parar a ofensiva israelita na Faixa de Gaza nem o lançamento de rockets por parte do Hamas.
Ehud Olmert, sob investigação devido a alegados casos de corrupção, demitiu-se do cargo de primeiro-ministro no dia 21 de Setembro, mas ainda permanece em funções, liderando um Governo de transição."

Momento cómico

Crimes de guerra e armas secretas


Oslo, 12 Jan (Lusa) - Dois médicos noruegueses que passaram dez dias na Faixa de Gaza disseram hoje suspeitar que o exército israelita utiliza uma arma pouco conhecida chamada DIME (Dense Inert Metal Explosive), que produz uma explosão muito poderosa num raio limitado.
"É uma nova geração de explosivos muito poderosos de fraco volume e cuja potência se dissipa numa zona de cinco a dez metros", explicou aos jornalistas um dos dois médicos, Mads Gilbert, no aeroporto Gardermoen de Oslo.
Mads Gilbert, 61 anos, e o seu colega Erik Fosse, 58 anos, foram enviados para a Faixa de Gaza a 31 de Dezembro pela associação norueguesa NORWAC, uma organização não-governamental pró-palestiniana. Declararam ter observado no âmbito do seu trabalho no Hospital Al-Shifa de Gaza ferimentos que indicam fortemente a utilização de projécteis DIME.
"Não vimos as vítimas afectadas directamente por (armas DIME), porque a maioria está despedaçada ou não sobrevive", declarou Gilbert. "Mas vimos algumas amputações extremamente brutais (...) sem ferimentos por estilhaços, que suspeitamos fortemente tenham sido causados por armas DIME", explicou.
A existência da tecnologia DIME é conhecida desde os anos 2000. Gilbert acusou ainda o exército israelita de ter utilizado armas DIME em 2006 durante a guerra entre Israel e o movimento xiita libanês Hezbollah, e de se ter já servido dela na Faixa de Gaza antes do actual conflito com o Hamas.
Segundo informações da imprensa as armas DIME combinam um explosivo, partículas de carbono e pólvora de uma liga de metais pesados e de tungsténio. O tungsténio serve para conter o sopro da explosão num raio relativamente restrito a fim de limitar os danos colaterais.
"Creio que há uma forte suspeita de que Gaza está actualmente a ser utilizada como um laboratório de ensaios para novas armas", declarou Gilbert.
O seu colega acrescentou que os ferimentos em questão não se parecem com os ferimentos causados pelas outras bombas: "Vi e tratei muitas feridas nos últimos 30 anos em diversas zonas de guerra, e estes ferimentos têm um aspecto completamente diferente", disse.
Gilbert citou estudos segundo os quais os ferimentos causados pelas armas DIME podem causar cancros mortais em apenas meses.
"Israel terá de dizer que armas utiliza e a comunidade internacional devia fazer uma investigação", disse Gilbert.

Os discretos, a GLRP


Na Grande Loja Regular Portuguesa, - portuguesa, aonde? - passearam-se e passeiam-se ex-militantes da extrema-direita em busca do Conhecimento Tradicional, segundo eles.
A verdade verdadinha é que só encontram os conhecimentos para as grandes negociatas.

12.1.09

Estados Unidos vs Israel

No Jornal de Notícias:
Bush recusou ajudar Israel a atacar central nuclear iraniana mas prometeu que iria desenvolver a partilha de informações com Israel das operações secretas para sabotagem do programa nuclear iraniano.

Pintura de Richard Klein: O despertar

O despertar. 1937
Richard Klein
Pintor alemão - 1890-1967

10.1.09

80 anos de Tintim

A primeira reportagem de Tintim
Tintin partiu há 80 anos para o País dos Sovietes
Tintim chega em boa forma aos 80 anos
Tintin faz 80 anos
O repórter aventureiro que não envelhece faz 80 anos

A primeira reportagem de Tintim por Eurico de Barros


Faz amanhã 80 anos que um jovem repórter chamado Tintim partiu para a Rússia soviética. Começava a publicação de 'Tintim no País dos Sovietes', a primeira aventura do herói de Hergé, no 'Le Petit Vingtième', suplemento para crianças do diário belga 'Le Vingtième Siècle'.
Herói não voltou mais a escrever
No dia 10 de Janeiro de 1929, faz amanhã 80 anos, partia da gare da estação de comboios de Bruxelas, para a Rússia soviética, em serviço do Le Petit Vingtième, o suplemento infanto-juvenil do diário católico e conservador Le Vingtième Siècle, "um dos seus melhores repórteres", Tintim, acompanhado por Milu, o seu fiel fox-terrier branco.
Trajando sobretudo, calças à golfe e casaco de padrão escocês, e com um boné na cabeça, Tintim prometia enviar "postais, caviar e vodka" aos camaradas e amigos que se tinham ido despedir dele, enquanto o seu redactor-chefe dizia: "Boa viagem! Seja prudente e mantenha-nos ao corrente de tudo."
Começava assim a primeira prancha de Tintim no País dos Sovietes, desenhada a preto e branco por um jovem ilustrador chamado Hergé (pseudónimo de Georges Rémi). Começava também a fazer-se história da banda desenhada (BD), pois esta seria a primeira aventura daquele que se tornaria no maior, mais popular e mais universal herói da Nona Arte.
Tintim nasceu porque o recém-criado Le Petit Vingtième precisava de ter um herói-âncora a protagonizar uma história de longa duração que apaixonasse os pequenos leitores deste suplemento infanto-juvenil.
Hergé criou-o em poucos dias, indo buscar o escuteiro Totor, que tinha criado antes para uma revista escuta, Le Boy-Scout Belge, modificando-o e dando-lhe a companhia de Milu. Tintim permite-lhe também escapar à corveia que é desenhar Les Aventures de Flup, Nénesse, Poussette e Cochonnet, que não entrará para a história da BD...
O desenhador tinha o fascínio dos Estados Unidos, mas o abade Norbert Wallez, director do Le Vingtième Siècle, e criador do Le Petit Vingtiéme, anticomunista fervoroso, decidiu orientar a primeira reportagem de Tintim para a União Soviética, então a viver "numa espécie de caos mais ou menos organizado", como escreveu Michael Farr em Tintin, le rêve et la realité (Moulinsart). Tinham passado apenas 12 anos sobre a Revolução de Outubro, e o mundo estava cada vez mais temeroso dos seus efeitos.
Recordou Hergé: "Fui assim inspirado pelo ambiente que se respirava no jornal mas também por um livro intitulado Moscou sans voiles, de Joseph Douillet [1928], ex-cônsul da Bélgica em Rostov-sobre-o-Don, que denunciava com veemência os vícios e as infâmias do regime". No futuro, Hergé documentar-se-á cuidadosamente antes de desenhar os álbuns de Tintim.
Como escreve Pol Vandromme em Le Monde de Tintin, para este jovem repórter com espírito de escoteiro, "a Rússia leninista é uma invenção infernal", e a história de estreia da personagem, que já não é Totor mas ainda não é bem Tintim, "ilustra uma Rússia de pesadelo. Mais exactamente: uma Rússia que não é senão um pesadelo viscoso e sangrento".
Cento e trinta e seis pranchas de sátira anticomunista e peripécias depois, Tintim regressou triunfalmente à Gare du Nord de Bruxelas. No papel como na vida real, uma multidão acorreu a acolhê-lo. Seria a sua primeira e única reportagem.»
Eurico de Barros
In Diário de Notícias, 09.01.2009.

Afinal, a tropa dos eleitos "enganou-se" e quis enganar-nos

Militares israelitas admitiram que não foram feitos disparos a partir da escola de Jabaliya, atingida terça-feira por morteiros de artilharia, que mataram 42 palestinianos que ali se encontravam refugiados, revelou a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNWRA), responsável pelo estabelecimento.
O ataque à escola Jabaliya, a acção mais sangrenta depois do primeiro dia de bombardeamentos israelitas, a 27 de Dezembro, gerou uma onda de protestos internacionais e da própria ONU, que garantiu que o local estava identificado com as bandeiras da organização.
“Eles admitiram que os disparos a que as Forças de Defesa Israelitas [IDF] estavam a responder não eram oriundos da escola”, afirmou o porta-voz da UNWRA, referindo-se a uma comunicação feita por “oficiais seniores israelitas a diplomatas estrangeiros. “A IDF admitiu nesse ‘briefing’ que o ataque ao edifício da ONU não foi intencional”, acrescentou Chris Gunness, em declarações ao jornal israelita “Haaretz”.
As declarações de Gunness contrariam a versão oficial do Exército israelita, que na quarta-feira divulgou um vídeo mostrando activistas palestinianos a disparar “rockets” a partir daquele local. No entanto, o responsável garante que o vídeo datava de 2007, aquando dos confrontos entre as facções palestinianas, da Fatah e do Hamas. “Não eram imagens actuais”, garantiu: “Em 2007 tivemos que abandonar o local e foi só então que os militantes o tomaram”.
Perante estes dados, a UNWRA exige agora uma investigação objectiva ao incidente, para apurar se o bombardeamento da escola constitui uma violação da lei humanitária internacional e, caso isso se confirme, levar os responsáveis a tribunal, adianta o “Haaretz”.
Gunness revelou ainda que um palestiniano que trabalhava para a agência foi morto ontem, por um disparo de um blindado quando conduzia um camião com ajuda humanitária, junto ao posto fronteiriço de Erez. A UNWRA sustenta que o camião estava bem identificado com as insígnias da organização e que o ataque ocorreu durante a trégua humanitária de três horas que Israel se comprometeu a respeitar diariamente. Perante estes incidentes, a agência para os refugiados palestinianos anunciou ontem a suspensão da sua actividade na Faixa de Gaza, por falta de condições de segurança, deixando sem assistência metade da população daquele território que depende dela para conseguir a alimentação básica.

Cruz Vermelha acusa Israel de não prestar socorro aos feridos


A Cruz Vermelha acusou hoje Israel de não estar a ajudar os feridos de Gaza. Funcionários do Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) que estão na região detectaram, nas últimas horas, uma situação particularmente “chocante”: pelo menos quatro crianças pequenas foram deixadas sem auxílio junto aos cadáveres das suas mães, na cidade de Zeitun, indica a BBC.
O Exército israelita ainda não respondeu a esta acusação específica, mas indicou que tem estado a trabalhar em estreita colaboração com grupos de auxílio, de modo a que os civis possam receber assistência.
Esta acusação do CICV acontece no mesmo dia em que se registou o disparo de “rockets” contra Israel a partir do Líbano, temendo-se que o conflito possa alastrar àquele país vizinho. Pelo menos três “rockets” foram disparados hoje cedo em direcção a Israel, levando Israel a contra-atacar, fazendo uso da sua artilharia pesada.
Este incidente acontece no dia em que se registaram os bombardeamentos mais pesados sobre Gaza, após duas semanas de conflito, com a aviação israelita a levar a cabo pelo menos 60 ataques aéreos, alvejando posições do Hamas.
As forças israelitas estão, porém, a observar a pausa diária de três horas para fins humanitários. As pausas entraram ontem em vigor, o que permitiu às agências humanitárias entrarem no território pela primeira vez em vários dias.
Crianças esperavam junto aos corpos das mães
O CICV acusa Israel de não estar a cumprir as suas obrigações humanitárias depois de alguns dos seus funcionários terem assistido a cenas “chocantes”. Um médico encontrou 12 cadáveres numa casa atingida pelos confrontos. Junto aos corpos, estavam quatro crianças, demasiado frágeis para conseguirem andar, que esperavam sentadas junto aos cadáveres das respectivas mães, indicou o CICV.Os funcionários da Cruz Vermelha na região estiveram impossibilitados de aceder aos locais atingidos durante vários dias.
“É um episódio chocante”, disse em comunicado Pierre Wettach, chefe do CICV para Israel e para os territórios palestinianos. “Os militares israelitas deviam estar a par da situação, mas não fizeram nada para ajudar os feridos. E também não tornaram possível a nossa ajuda, ou a ajuda do Crescente Vermelho”, indicou Wettach, citado pela BBC.
Alguns analistas já indicaram que estas críticas são particularmente pesadas por parte de uma agência considerada isenta e neutra.O Exército israelita disse, porém, à Reuters que quaisquer alegações graves de negligência na assistência aos feridos seriam devidamente investigadas, uma vez apresentada uma queixa formal.
Paralelamente, a Amnistia Internacional acusou ambas as partes de usarem civis como escudos humanos. “Soldados israelitas entraram e tomaram posições em diversas casas palestinianas, forçando as famílias a ficarem numa sala do rés-do-chão, enquanto usam o resto da sala como base militar ou para posições estratégicas para os atiradores furtivos”, indicou a AI em comunicado.