21.1.09

Livro: Leni - A vida e obra de Leni Riefensthal de Steven Bach

Livro interessante este editado em 2007 sobre a extraordinária realizadora alemã Leni Riefensthal. Ao longo das 468 paginas é-nos dado um relato sobre a sua vida e obras não deixando o autor, Steven Bach, de lançar umas atoardas sobre a vida amorosa de Leni para a qual ninguém deve ser chamada seja ela verdadeira ou falsa. A vida amorosa é do foro privado de cada um e nunca por nunca deverá ser exposta, goste-se ou não.
Das suas páginas destaco os seguintes trechos.

Boicote judaico:

«Os jornais da especialidade Daily Variety e Hollywood Reporter traziam anúncios de página inteiros pagos pela Liga Antinazi de Defesa da Democracia Americana, de Hollywood. O título dizia: «Coloque isto na sua agenda.»
O texto recordava aos leitores que a Liga tinha, um ano antes, protestado contra a visita de Vittorio Mussolini, “filho do Il Duce, colaborador de Adolf Hitler” e anunciava agora que “LENI RIEFENSTHAL, chefe da INDÚSTRIA DO CINEMA NAZI (sic), chegou a Hollywood”. Continuava com enfática tipografia:

Não Há Lugar Em Holywood Para LENI RIEFENSTHAL!
Neste momento, em que centenas de milhares de nossos irmãos aguardam uma morte certa, feche as suas portas a todos os Agentes Nazis.
Façamos Saber Ao Mundo
Não Há Lugar Em Hollywood para AGENTES NAZIS!» (p. 255)

«Em Hollywood, naturalmente, enfrentei a resistência dos judeus, que, à minha chegada, já tinham publicado um anúncio gigantesco em vários jornais – sob o título “Não há lugar em Hollywood para Fraülein Riefensthal” – exigindo um boicote contra mim. Numerosos realizadores de cinema americanos não se atreveram a receber-me por causa da sua dependência dos homens do dinheiro judeus. Uma honrosa excepção (foi) Walt Disney, criador da Branca de Neve, (que) me acolheu calorosamente e me mostrou os seus vastos estúdios e até o seu último trabalho. Foi gratificante conhecer como os americanos decentes se distanciam das campanhas de calúnias dos judeus.» (p. 261)

Desnazificação, Perseguição e Censura:

«”A oposição a si, pessoalmente”, lia-se na carta, “é tão grande que – perdoe-me por lhe dizer a verdade – nunca mais poderá exercer a sua profissão.”» (p. 360)
«“Leni mantinha-se ocupada a processar editores no continente, em regra estabelecendo acordos extrajudiciais de montantes não revelados e retractações das habituais acusações de que tinha sido nazi ou amante de Hitler. Entre os seus alvos de litigância estava a editora francesa Plon que publicou uma biografia de Adolf Eichmann onde este alegava que ela tinha feito documentários nos campos da morte. Esta nova acusação, conquanto foi totalmente inventada, foi suficientemente inflamatória para reacender a controvérsia do IBF e pôr em risco a licença de trabalho para A Luz Azul que Leni tinha de obter do Governo britânico.» (p. 365)

No excelente documentário de Ray Müller, com a duração de 180 minutos, O Poder das Imagens (Die Macht der Bilder), exibido em 1993, Leni declarou: «“Sou culpada de quê?”, desafiou-o, acrescentando (falsamente) que “nunca uma palavra anti-semita saiu dos meus lábios” e (verdadeiramente) que “nunca lancei bombas atómicas”. Talvez o mais sugestivo momento do filme, o que mais apontou para uma auto-revelação inconsciente, tenha sido o que mostrou Leni à sua mesa de montagem em Pöcking, revendo, extasiada, cenas de O Triunfo da Vontade que tinha, sem dúvida, visto mil vezes ou mais. Os seus olhos cintilavam e não era possível saber se estavam perdidos de admiração pelas suas soberbas aptidões de edição ou se pelo actor principal do filme observando a multidão massificada na submissão à sua vontade, ou pelas duas coisas.» (p. 410/411)

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