31.5.08

Terrorismo literário infantil

José Jorge Letria, ex-militante do PCP e actual do PS, que foi vereador da Cultura (!!!) na Câmara de de Cascais, editou A Coragem do General Sem Medo, dado à estampa pela Campo das Letras. Trata-se da história - mal contada - da morte do general Humberto Delgado contada às crianças, com ilustrações de Evelina Pereira.
Mais uma forma de propaganda, de mentira, de falsificação lançada sobre as crianças.
Será que não percebem que nem as crianças querem saber destas historietas?
O imaginário infantil e juvenil é o do Herói!

De volta e em grande forma

Aí está, de regresso ao passado com vista ao futuro, o Dragoscópio!
Querem provas?
Leiam
Holocoiso patenteado e O enviado especial.

Os grandes filósofos: Séneca

28.5.08

Mariquices

Aí está o holocausto gay!
Berlim homenageia 'gays' vítimas dos nazis.

A Revolução de Maio


Consulte aqui.

Ao 28 de Maio, poema de Couto Viana

Ao 28 de Maio, uma vez mais,
Não falto,
Para saudar amigos de ideais,
De braço ao alto!

António Manuel Couto Viana

Nós, o 28 de Maio e a Revolução Nacional, por Rodrigo Emílio

NÓS, O 28 DE MAIO E A REVOLUÇÃO NACIONAL

Há pessoas que não sabem falar - e que não sabem sequer viver - senão no plural; outras há que só no singular sabem viver, que só no singular sabem falar.
Pertencendo embora ao número das segundas, de bom grado aqui renuncio, por agora, à primeira pessoa do singular, trocando-a desta vez pela primeira do plural, - já que, tratando-se de ponderar sobre o que foi a Revolução do 28 de Maio (e até sobre o que ela não chegou a ser...), 60 anos depois da sua eclosão, um direito e um dever me assistem: os de por aqui falar em nome de uma geração que foi a última a servir activamente o Estado Novo em vida deste, e uma das poucas que por ele se bateram depois disso - pelas armas, pelas artes, e por pensamentos, palavras e obras.
A geração decimal de 60 - pois que é dessa mesmo que se trata - serviu, de facto, a Revolução Nacional, defendendo-a, primeiro, da subversão universitária e da subversão cultural; defendendo-a, em seguida, da subversão catolaica e pseudo-cultural e da subversão armada; e, por fim, defendendo o regime do próprio regime, já na agonia do mesmo, isto é: quando a Comissão Liquidatária do Estado Novo - e que viria a ser a Comissão Instaladora do flagelo de Abril - já a seu bel-prazer operava, no alto do poder e nas suas alfurjas, por tudo quanto era sítio, através de grande parte do pessoal menor da «marcelice» e de boa parte do seu pessoal maiorzinho...
(Portugal, por essa época, ainda era da família, mas já dele se não falava senão em voz baixa. As pessoas tinham por ele essa deferência desprezível que nos merece um parente de idade, por cuja herança se esperou tempo demais. Contáva-se tostão a tostão, o que ele poderia deixar, da honra ao resto. Um dia, vem a saber-se que ele tudo delapidara já e que à sua ruína não faltava nada, nada - nem mesmo a vergonha. A Pátria desonrava as guerras que tratava sem ter a hombridade de as fazer até ao fim e já então mendigava em Washington os seus fins de mês. A desonra, como uma grande palavra desajeitada, introduzia-nos, bombásticamente, na vida pública).
Depois... Bom: depois continuámos, ainda e sempre, e na mesma, a defender a memória e bom nome do regime, não já na medida do possível, mas sim na medida do impossível, quando a traição - traição militar, traição diplomática e também política - aos territórios de além-mar-em-África-e-na-Oceania se consumou aquém-do-mar e quando aqui no que era, até então, o cais do império português na Europa - se destravaram contra nós ventos e marés de desatada perseguição, que nos encaminharam, a uns para a prisão; a outros para o exílio e para a clandestinidade; e a outros, ainda, para simples formas de resistência passiva, para formas altivas de intransigência interior.
E, uma vez depois de reagrupados, ainda forças nos soçobraram para montarmos guarda nas colunas corajosas de um semanário de combate suicida - como A RUA -, de lá descendo, de quando em vez, ao meio da rua, em ordem a tirar o medo ao país, que então tiritava, valentemente, de norte a sul.
Foi, de resto, aí - n`«o único jornal da direita que não era» (ou que talvez fosse...) «do centro» -, que desafiadoramente se comemorou, pela primeira vez depois de Abril, o 28 de Maio (promovido, entretanto, a valor proibido) e que se rendeu homenagem àquele, com quem nós, portugueses, «subimos esforçadamente a encosta duma nova restauração», - para, do alto dela, afinal, nos desempenharmos de novo (e até certo ponto, de vez): SALAZAR.
Só à simples menção do seu nome, um vivo frémito de emoção nos assalta, pois que, graças a ele - e sobretudo a ele! - é que nós já hoje nos podemos gabar - «com toda a honra, com todo o orgulho e sem nenhum proveito» - de ter pertencido à era do combate e não à do debate; à idade do duelo e não à do diálogo; à geração da guerra e não à do cessar-fogo.
(Por esta última, nutrimos, aliás um desdém desmedido, um aristocrático desprezo, uma indiferença senhorial, que já não nos damos ao cuidado sequer de disfarçar).
Desgraçadamente, quis o acaso que não nos seja concedido comemorar este Sexagésimo Aniversário do advento do Estado Novo dentro das coordenadas circunstanciais a que o mesmo faz jus. Justo seria, com efeito, que tão memorável efeméride, a pudéssemos nós assinalar dentro de parâmetros históricos diametralmente opostos aos da hora presente. De facto, a única situação consentânea com um quadro evocativo da acção, altamente empreendedora, que o antigo regime protagonizou em mais de quatro décadas nobilitantes, seria o esplendor - e nunca o fim: o fim histórico - de Portugal. Mas o que se há-de fazer?...
Esta terra, pelos vistos, antes que perder-se com gente sabida, do que salvar-se com base em provas dadas por gente sabedora?!...
De modo que chegámos ao que chegámos e aqui estamos no lindo estado de indigência em que nos achamos.
Já agora são menos do que poucos os que não consentem, sem protesto, que quase todos os dias rematados traidores recuperem a pele de honrados cidadãos. Por nós (e digamo-lo, já de caminho) nunca para esses olhamos - que não tenhamos a sensação de estar a sujar a vista; e basta pronunciar-lhes o nome - para termos logo a sensação de estar a sujar a voz; e se calha de lhes ouvirmos a voz - lá temos nós a sensação de estarmos a sujar os tímpanos.
... E assim por diante.
É natural. Somos gente dotada de sentidos bastante apurados e realmente exigentes.
Daí que tudo aquilo que por cá nos servem não nos sirva.
Estávamos nós habituados a «viver habitualmente» - e estávamos, afinal, muito mal habituados, a verdade é essa. E nisso, vão direitinhas para o Estado Novo (honra lhe seja!) todas as culpas e mais algumas. Quer pela alta qualidade, quer ainda pela infinidade dos serviços que à Nação prestou - e esses, sim: de utilidade pública -, ao largo de um período histórico de longo curso, o antigo regime teve o condão de nos dotar de muito má boca... Pena foi que o mesmo regime não se tivesse sabido dotar de orgãos de duração, efectivos e eficazes.
Resultado: a sequência foi desagradável. De um dia para o outro, nós não éramos mais o Cristo das nações, mas um povo ocupado, que choramingava baba e ranho sobre os seus infortúnios. É sempre aborrecido, muito penalizador, imensamente humilhante, termo-nos considerado o umbigo do mundo e ver, às tantas, que não somos senão as suas glândulas lacrimais.
Em 1974, quando foi a vez de russos e americanos se substituírem aos portugueses na «libertação» - digo: na presúria - do solo lusíada, a atmosfera que se criou foi imediatamente a de um exame. O corpo docente do reviralho e todos os seus sociais oportunistas (que já, à data, eram mais do que as mães) pegaram e meteram o país numa sala de aulas. Foi então que cada qual se viu obrigado a recitar, de cor e salteado, a sua liçãozinha de terrorismo. Finda a guerra (e bem mal e porcamente findou ela!...), uma grande aragem de boa vontade percorreu de lés-a-lés o território. Nunca nós nos injuriámos tão alegremente uns aos outros; e jamais nos amámos tanto entre nós, como nessas horas.
A burguesia adorava os terroristas, com uma sensível predilecção pelos terroristas mortos. Os comunistas, esses, andavam perdidinhos de amor pelo exército, em particular, e pelas forças armadas em geral; aliás, eram quase todos Capitães, Majores, Coronéis.
Escusado será dizer que essas jornadas memoráveis forneceram um contingente de dissabores bastante apreciável. No meio disso, éra-nos recordado, a cada passo, que lutávamos pelo Direito - palavra portadora de maiúscula aos domingos e feriados. Mais. Éra-nos constantemente repetido que as chacinas são óptimas para a saúde, que ajudam imenso a activar a circulação do sangue dentro de um país e que aos assassinos, e aos peritos em falsos testemunhos que porventura sobrevivessem (e todos se encontram aí de boa saúde...), estava de antemão reservada uma situação de futuro garantido.
Quanto ao sistema político entretanto implantado, apresenta vantagens bastante consideráveis, uma vez que põe os bárbaros num lado, os neutros noutro e Portugal em parte nenhuma.
Continuando. Dizíamos nós que o regime saído da Revolução de Maio não soube criar orgãos de duração. De facto, não. E o mal foi esse. Nem tudo, porém estará perdido se redutos aguerridos como o MAN tomarem para si esse papel e se dispuserem a reanimar, «rápidamente e em força», a ordem nacional revolucionária, incursa no espírito inicial do regime, e ao depois postergada...
Por outras palavras: nada, ou nem tudo, estará irreparávelmente comprometido se todos aqueles que integram o nosso movimento se empenharem, a fundo, na produção de futuro para o destino da Revolução Nacional. - Como?
- Primeiro que tudo, subtraindo a sobredita Revolução à situação de orfandade em que a deixou o desaparecimento do seu chefe. E, depois, refazendo, de alto a baixo, aquilo que de menos imperfeito começou a ser feito à 60 anos - e a ser desfeito à 12.
Nós é certo que pouco pudemos contra o 25 de Abril; mas o 25 de Abril também nada pôde nem poderá contra nós.
Enganaram-se os que dizem, pois, que a Revolução Nacional dorme em paz.
Não dorme tal. Não. Ainda mexe. Mais: prepara-se para palpitar de novo, e de vez, no ânimo, no corpo e no espírito da generalidade da gente moça.
Quer isto dizer que a Revolução Nacional não fica assim: não vai ficar onde a deixaram os que não souberam fazer até ao fim nem perecer.
O espírito de ingratidão não pode prevalecer sobre o espírito de fidelidade.
Logo, a Revolução Nacional não acabou. A Revolução Nacional continua. Vai continuar. Melhor dizendo: vai começar. Dentro de momentos...
E poderá ser que, graças a Ela, o coração exausto deste velho país recomece, enfim, a bater como dantes.


Rodrigo Emílio.

28 de Maio, Sempre!, poema de Rodrigo Emílio

28 DE MAIO, SEMPRE!


Eu não nasci para lacaio
dos papagaios da mentira.
De Maio é que já não saio.
De Maio ninguém me tira!

Rodrigo Emílio.

Porto, aos 28 de Maio.

O 28 de Maio, por Manuel Maria Múrias

O 28 de Maio


Passam na próxima segunda-feira cinquenta e três anos sobre o Movimento Militar do 28 de Maio. À voz de Gomes da Costa, herói de África, o Exército levantou-se em Braga, avançou sobre Lisboa — e suspendeu o regime da democracia partidocrática que, ao longo de um século, conduzira Portugal à última das misérias. Quarenta e oito anos depois, uns centos de capitães, tomaram conta das emissoras de rádio e televisão lisboetas, disseram por elas que tinha sido restaurada aquela mesma democracia partidocrática — e, em pouco menos dum lustro, fizeram-nos regressar ao ponto zero de 1926, à miséria, à corrupção, à desordem institucional que nos envergonhara durante cem anos.
Durante os seus dois primeiros anos de vigência, governando em ditadura, os revoltosos do 28 de Maio, sem atentarem contra o que de estrutural fundamentava o velho Estado democrático, limitaram-se a manter a ordem nas ruas e a pregar um ou outro prego. Chegando Salazar ao Ministério das Finanças em 1928, logo nesse ano se equilibrou a Conta Geral do Estado e se iniciou um processo de recuperação económica e financeira do país que bem sustentado politicamente redundou em 1933 numa Constituição que, pretendendo ser corporativa, manteve intocáveis a maioria dos defeitos estruturais da constitucionalidade anterior: o Estado Novo viveu, a partir daí, do génio pessoal de Salazar, pouca gente duvidava que, morrendo Salazar, o regime se afundaria no caos, afundando Portugal com ele.
Temos já perspectiva histórica para bem podermos avaliar o que foram estes nossos últimos cento e cinquenta anos de vida nacional com tantas constituições, tantos regimes, tantas personalidades e tantos erros. Como se andássemos pendurados nos alcatruzes duma nora, temos tido sempre sempre a tendência de regressarmos ao ponto zero, repetindo sistematicamente os erros do passado e recomeçando tudo de novo. O que é fundamental e essencial na organização política do poder tem-se mantido inalterável durante este século e meio. O Estado todo poderoso continua inamovível e inalterável; todos os seus malefícios centralizador, concentracionários e burocráticos têm sido multiplicados de tal jeito que, lentamente, afogaram quase todas as forças vivas da Nação.
O que definiu o Estado Novo foi o génio de Salazar. Para além dele, a tendência estatizante que vinha a impor-se desde a Revolução de Setembro, foi dominando tudo, estrafegando irremissivelmente a criatividade natural dos povos, a sua independência autêntica e — até! — o seu patriotismo.
Como se fora um lema a frase — Portugal é Lisboa, o resto é paisagem — foi aplicada ferozmente pelos burocratas do Terreiro do Paço e de S. Bento: é em Lisboa que se decide todo o importante para a vida da província; como se fora um monstro teratológico a bela cidade de mármore e de granito, cabeça dum império, sorveu durante séculos o melhor dos recursos morais e materiais da Nação.
Sobre este aspecto o Estado Novo limitou a acentuar desmedidamente os erros do passado. O primeiro governo de Salazar não chegava a ter dez membros; o último ultrapassava largamente os vinte. Chegámos ao 25 de Abril com um ministério constituído por mais de trinta pessoas. Vivemos hoje miseravelmente com mais de cinquenta ministros, secretários e subsecretários de Estado, directores-gerais às grosas e muitos milhares de funcionários públicos. O Estado é aquele monstro que profetizava Hobbes continuando como continuamos a agigantar o seu aparelho corremos dentro de muito poucos anos o risco iminente de virmos a muito poucos anos o risco iminente de virmos a ser, todos, seus empregados. Dum momento para o outro, empurrando-se outra vez a porta aberta do Quartel do Carmo, tomando conta das emissoras e calando o governo, podemos estar diante duns novos senhores que, substituindo estes, continuem a obra de agigantamento do poder, transformando Portugal inteiro numa imensa repartição pública.
Salazar foi um estadista de génio. Era um homem de bem. O seu Estado foi eficaz e foi — como ele dizia — uma pessoa de bem porque Salazar foi eficaz e honrado. E o seu Estado desmesuradamente alargado o que subsiste da imensa obra. Todavia, destruído, desordenado e corrupto, atacado de elefantíase, sem ele, só serve para nos atravancar a vida e imobilizar a Nação.
Fundamentalmente a República de 1910 limitou-se a empolar os defeitos da Monarquia de 1820. Depois, o 28 de Maio continuou na mesma senda, até ao 25 de Abril onde os defeitos dos homens se enxertaram nos defeitos do sistema para nos conduzirem à mais extrema decadência, praticamente retornados à configuração geopolítica gerada no Séc. XIII pelo Tratado de Zamora.
Comemorar o 28 de Maio é, por isso mesmo (para além das legítimas implicações contestatárias que o caso tem) comemorar o cume do poder do Estado português, e relembrar revoltadamente a personalidade política de Oliveira Salazar. Mas não pode ser mais nada. Não pode ser, principalmente, uma manifestação de saudade e de retorno às instituições ultrapassadas que o vintismo, o jacobinismo republicano, o corporativismo de 26 e o socialismo de 76 nos impuseram manu militari.
Mas tem que ser o princípio duma revolução estrutural que, contra Lisboa, levanta toda a província a proclamar a independência viva — para que, como em 1910 e como em 1974, não mais seja possível alguém apossar-se da Nação pelo telefone.
O mesmo Exército que nos impôs a democracia partidocrática no século passado, impôs-nos a República em 1910, doou-nos o Sidónio em 1917, obrigou-nos ao corporativismo em 1926, e forçou-nos ao socialismo em 1974. Devendo depender do consenso, depende o Estado português ainda hoje da força das armas; é ilegítimo por isso mesmo; contra o facto nos devemos legitimamente revoltar todos, procurando impor pela pura acção política a verdadeira independência nacional.



Manuel Maria Múrias
In A Rua, n.º 157, pág. 24, 14.06.1979.

28 de Maio, visto por Alfredo Pimenta

«... A data de 28 de Maio de 1926 marca efectivamente, na vida do Estado republicano, uma fase essencial.
Aquilo que Pimenta de Castro, o honrado e ingénuo General, e o cavalheiresco Sidónio Pais não puderam realizar, por falta de decisão, o primeiro, por carência de doutrina, o segundo, realizou-o em parte o 28 de Maio.
A ditadura das Espadas não revelou ninguém; a ditadura dezembrista revelou uma alma - Sidónio; o 28 de Maio revelou um Estadista - Salazar.
Salazar é uma ideia, uma doutrina, tendo ao seu serviço uma vontade.»


In Palavras à Juventude, p. 19, ed. Pola Grey, 1941.


«... O país sucumbia asfixiado; o seu instinto de salvação deu-lhe energias para um esforço decisivo.
E foi o 28 de Maio.
Fechou-se o Parlamento. Institui-se a Ditadura.
Todas as Ditaduras são, por natureza, provisórias. A Ditadura do 28 de Maio, trazia, além desse carácter, outros defeitos de origem. Ia a naufragar - quando, de Coimbra, vem um homem de intenções rectas, de saber profundo, de ideias claras, e de vontade de bronze: Salazar. Antes de salvar a Nação, Salazar salvou a Ditadura de 28 de Maio.
Sejamos justos: a Ditadura entregando-se a Salazar, foi inteligente. Quem no-lo trouxe? A Providência.



In Palavras à Juventude, p. 21, ed. Pola Grey, 1941.

28 de Maio de 1926


27.5.08

Soares, a crise e a pobreza

Mário Soares, o papá da democracia portuguesa que ajudou a parir há 34 anos, está preocupado com a crise, com a pobreza, com as desigualdades sociais e tudo o mais.
No entanto, esta preocupação de quem já levou o país que resta à bancarrota - lembram-se das bandeiras pretas em Setúbal? - faz pensar no que Soares estará a pensar mas não diz.
Será que está preocupado com o financiamento estatal à sua Fundação Mário Soares ou será que, como bom socialista, está a pensar em abdicar desse simpático e generoso financiamento e distribuí-lo para famílias mais carenciadas, como bem gostam de dizer?
Em que ficamos?

Os traidores vendilhões da Pátria comemoraram a perfídia, a cobardia e a traição

OS TRAIDORES VENDILHÕES DA PÁTRIA COMEMORARAM
A PERFÍDIA, A COBARDIA E A TRAIÇÃO.

— Comemoraram certamente os mais de 3 milhões de mortos em Angola.
— Pacíficos seres humanos, pretos, brancos e mestiços, foram brutalmente espoliados, assassinados, humilhados, violados e muitas vezes perante a passividade dos militares portugueses.
— Também comemoraram o dia 15 de Março de 1961, data em que em Angola, foram assassinadas pela UPA, 5.000 pessoas, sendo a maioria desses crimes realizados na presença dos familiares.
Os pais viram os filhos esquartejados na sua presença e as mulheres violadas e esventradas diante dos maridos e dos filhos.
— Comemoram as ordens para que os terroristas do MPLA aterrorizassem por todos os meios os brancos, matando, pilhando e incendiando a fim de provocar a sua debandada de Angola.
— Comemoraram certamente o assassinato na Guiné, de milhares de comandos africanos que o Ten. Cor. Fabião desarmou e entregou à senha assassina do PAIGC que os fuzilou.
— Talvez também tenham comemorado o assassinato do régulo dos manjacos, Joaquim Baticã Ferreira, que na Guiné defendia que a melhor solução era aceitarem o governo de Portugal para viverem em paz. Também muitos outros régulos foram assassinados perante a passividade do tal Fabião.
— Comemoraram a entrega de Moçambique a 1.200 maltrapilhos, guerrilheiros da FRELIMO, muitos deles marginais da Tanzânia e Zâmbia.
Também se regozijaram pelo vexame, que consta, de militares portugueses na zona de Cabo Delgado terem sido sodomizados pelos guerrilheiros da FRELIMO.
— Também possivelmente comemoraram a entrega forçada de Cabo Verde, de São Tomé e Príncipe e também de Timor contra a vontade das populações.
— Devem ter comemorado o assassinato do piloto Nascimento Costa do Paquete Santa Maria.
— Até talvez tenham comemorado o assassinato do Sub-secretário de Estado do Exército, Tenente-Coronel Jaime Filipe da Fonseca, que assassinaram no assalto ao quartel de Beja em 1 de Janeiro de 1962. Assalto comandado pelo capitão Varela Gomes.
— Comemoraram, certamente com grande regozijo, a destruição de todo um Império de mais de 500 anos de administração portuguesa em que as populações viviam em paz.

O que dói é que a justiça dos homens por muito que o desejemos já nada fará.

Mas temos o dever de transmitir à juventude a VERDADE.
E PELA MEMÓRIA DE SALAZAR ASSIM FAREMOS.

Cumprimentos
Artur Silva – Santarém


Nota: Com a devida vénia ao Sr. Artur Silva e ao Salazar, o obreiro da Pátria de onde este extraordinário texto acusatório foi retirado.

21.5.08

Onda de violência racista na África do Sul

No centro de Joanesburgo, onde outrora os portugueses tinham uma presença fortíssima com estabelecimentos comerciais e escritórios de empresas lusas, como a TAP-Portugal, bancos, agências de viagens e restaurantes, existem hoje pouquíssimas lojas ainda geridas por portugueses e nenhuma delas foi atacada ou saqueada nos últimos oito dias de violência xenófoba.
Na zona que foi em tempos designada por «Rossio» - um ponto da baixa de Joanesburgo situado na confluência das ruas Kerk e Troye - por ser o ponto de encontro da comunidade em Joanesburgo, os símbolos e nomes outrora dominantes, como «Belém», «Agência Novo Mundo», «Lusoglobo» e «Nicola», foram hoje substituídos por referências de África desde a região austral até ao Magrebe.
Os comerciantes são hoje etíopes, somalis, nigerianos, alguns (poucos) sul-africanos, todos especializados em vestuário e calçado com origem predominantemente chinesa e indiana.
«O actual tecido social das grandes cidades, profundamente alterado e muitas vezes desfigurado pelos estrangeiros, associado a condições sociais difíceis, é propício ao aparecimento de fenómenos de xenofobia», explica o sociólogo Arthur Brown.
Para este especialista, a liberdade conquistada pelos sul-africanos tem preços que muitas vezes são difíceis de calcular e os desequilíbrios manifestam-se muitas vezes de forma violenta como é o caso da onda de violência xenófoba em curso.
«Quando os governos do ANC apertaram as leis da imigração para estancar o fluxo de europeus, na sua maioria técnicos superiores qualificados, esqueceram-se que nem todos os imigrantes africanos são bem aceites pelos sul-africanos de raça negra porque os números em causa ameaçam a sua sobrevivência num cenário de elevado desemprego», salienta Brown.
"
Quem quiser ver umas imagens esclarecedoras sobre esta violência racista, veja aqui.
Esta onda de violência e de massacres lembra-nos o que se passou nas antigas províncias ultramarinas portuguesas como em Angola (1961 e 1975), Moçambique (1975) e na Guiné (1975).
Deixo aqui umas imagens desses massacres racistas quer contra as tribos africanos que defendiam a Bandeira portuguesa quer contra os portugueses de raça branca.

17.5.08

Carta de Einstein sobre o judaísmo

O Público de hoje, revela a existência de um carta de Einstein endereçada ao filósofo Eric Gutkind, datada de 3 de Janeiro de 1954, onde Einstein rejeita a ideia de que os judeus são um povo eleito por Deus. "A religião judaica, tal como todas as outras, é uma encarnação das superstições mais infantis. E o povo judeu, ao qual estou contente por pertencer e por cuja mentalidade tenho profunda afinidade, não é diferente de qualquer outro povo para mim." E ainda: "Tanto quanto a minha experiência permite, [os judeus] não são melhores do que outros grupos humanos, apesar de estarem protegidos dos piores cancros pelo facto de não terem poder. De outro modo, não vejo neles nada de "escolhido"."

Carta de um Aluno ao Professor de História

Exmo Senhor Professor,

Sou obrigado a escrever-lhe, nesta data, depois de ter escutado, com toda a atenção, a aula de História, que nos deu sobre a Revolução de Abril de 1974.
Li todos os apontamentos que tirei na aula e os textos de apoio que me entregou para me preparar para o teste, que o Senhor Professor irá apresentar-nos, na próxima semana, sobre a Revolução dos Cravos.
Disse o Senhor Professor que a Revolução derrubou a ditadura salazarista e veio a permitir o final da Guerra Colonial, com a conquista da Liberdade do Povo Português e dos Povos dos territórios que nós dominávamos e que constituíam o nosso Império. Afirmou ainda que passámos a viver em Democracia e que iniciámos uma nova política de Desenvolvimento, baseada na economia de mercado.
Informou-nos também que a Censura sobre os órgãos de Comunicação Social terminara e que a PIDE/DGS, a Polícia Política do Estado Fascista acabara, dando a possibilidade aos Portugueses de terem liberdade de expressão, opinião e pensamento. Hoje, todos eles podem exprimir as suas opiniões nos jornais, rádio, televisão, cinema e teatro, sem receio de serem presos.
Disse igualmente que Portugal era um país isolado no contexto internacional e que agora fazemos parte da União Europeia e temos grande prestígio no mundo. Que somos dos poucos países da União a cumprir, na íntegra, os cinco critérios de convergência nominal do Tratado de Maastricht para fazermos parte do pelotão da frente com vista ao Euro.
Li os textos de apoio do Professor Fernando Rosas, onde me informam que os Capitães de Abril são considerados heróis nacionais, como nunca houvera antes na nossa história, e que eles são os responsáveis por toda a modernidade do nosso país, pois se não tivesse acontecido a memorável Revolução, estaríamos na cauda da Europa e viveríamos em grande atraso, em relação aos outros países, e num total obscurantismo.
Tinha já tudo bem compreendido e decorado, quando pedi ao meu pai que lesse os apontamentos e os textos para me fazer perguntas sobre a tal Revolução, com vista à minha preparação para o teste, pois eu não assisti ao acontecimento histórico, por não ter ainda nascido, uma vez que, como sabe, tenho apenas dezasseis anos de idade.
Com o pedido que fiz ao meu pai, começaram os meus problemas pois ele ficou horrorizado com o que o Senhor Professor me ensinou e chamou-lhe até mentiroso porque conseguira falsificar a História de Portugal. Ele disse-me que assistira à Revolução dos Cravos dos Capitães de Abril e que vira com os olhos que a terra há-de comer o que acontecera e as suas consequências.
Disse-me que os Capitães foram os maiores traidores que a nossa História conhecera, porque entregaram aos comunistas todo o nosso império, enganando os Portugueses e os naturais dos territórios, que nos pertenciam por direito histórico. Que a Guerra no Ultramar envolvera toda a sua geração e que nela sobressaíra a valentia dum povo em armas, a defender a herança dos nossos maiores. Que já não existia ditadura salazarista, porque Salazar já tinha morrido na altura e que vigorava a Primavera Marcelista que, paulatinamente, estava a colocar Portugal na vanguarda da Europa. Que hoje o nosso país, conjuntamente com a Grécia, são os países mais atrasados da Comunidade Europeia. Que Portugal já desfrutava de muitas liberdades ao tempo do Professor Marcelo Caetano, que caminhávamos para a Democracia sem sobressaltos, que os jovens, como eu, tinham empregos assegurados, quando terminavam os estudos, que não se drogavam, que não frequentavam antros de deboche a que chamam discotecas, nem viviam na promiscuidade sexual, que hoje lhes embotam os sentidos.
Disse-me também que ele sabia o que era Deus, a Pátria e a Família e que eu sou um ignorante nessas matérias.
Aliás, eu nem sabia que a minha Pátria era Portugal, pois o Senhor Professor ensinou-me que a minha Pátria era a Europa. O meu pai disse-me que os governantes de outrora não eram corruptos e que após o 25 de Abril nunca se viu tanta corrupção como actualmente. Também me disse que a criminalidade aumentara assustadoramente em Portugal e que já há verdadeiras máfias a operar, vivendo à custa da miséria dos jovens drogados e da prostituição, resultado do abandono dos filhos de pais divorciados e dum lamentável atraso cultural, em virtude de um Sistema Educativo, que é a nossa maior vergonha, desde há mais vinte anos.
Eu fiquei de boca aberta, quando o meu pai me disse que a Censura continuava na ordem do dia, porque elemanda artigos para alguns jornais e não são publicados, visto que ele diz as verdades, que são escamoteadas ao Povo Português, e isso não interessa a certos órgãos de Comunicação Social ao serviço de interesses obscuros.
O meu pai diz que o nosso país é hoje uma colónia de Bruxelas, que nos dá esmolas para nós conseguirmos sobreviver, pois os tais Capitães de Abril reduziram Portugal a uma "pobreza franciscana" e que o nosso país já não nos pertence e que perdemos a nossa independência. Perguntei-lhe se ele já ouvira falar de Mário Soares, Almeida Santos, Rosa Coutinho, Melo Antunes, Álvaro Cunhal, Vítor Alves, Vítor Crespo, Lemos Pires, Vasco Lourenço, Vasco Gonçalves, Costa Gomes, Pezarat Correia... Não pude acrescentar mais nomes, que fixara com enorme sacrifício e trabalho de memória, porque o meu pai começou a vomitar só de me ouvir pronunciar estes nomes. Quando se sentiu melhor, disse-me que nunca mais lhe falasse em tais "sacanas de gajos", mas que decorasse antes os nomes de Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, Diogo Cão, D. João II, D. Manuel I, Bartolomeu Dias, Afonso de Albuquerque, D. João de Castro, Camões, porque os outros não eram dignos de ser Portugueses, mas estes eram as grandes e respeitáveis figuras da nossa História. Naturalmente que fiquei admirado, porque o Senhor Professor nunca me falara nestas personagens tão importantes e apenas me citara os nomes que constam dostextos do Professor Fernando Rosas.
Senhor Professor, dada a circunstância do meu pai ter visto, ouvido, sentido e lido a Revolução de Abril, estou completamente baralhado, com o que o Senhor me ensinou e com a leitura dos textos de apoio. Eu julgo que o meu pai é que tem razão e, por isso, no próximo teste, vou seguir os conselhos dele.
Não foi o Senhor Professor que disse que a Revolução nos deu a liberdade de opinião? Certamente terei uma nota negativa, mas o meu pai nunca me mentiu e eu continuo a acreditar nele. Como ele, também eu vou pôr uma gravata preta no dia 25 de Abril, em sinal de luto pelos milhares de mortos havidos no nosso Império, provocados pela Revolução dos Espinhos, perdão, dos Cravos. O Senhor disse-me que esta Revolução não vertera uma gota de sangue e agora vim a saber que militares negros que serviram o exército português, durante a guerra, que o Senhor chamou colonial, foram abandonados e depois fuzilados pelos comunistas a quem foram entregues as nossas terras.
Desculpe-me, Senhor Professor, mas o meu pai disse-me que o Senhor era cego de um olho, que só sabia ler a História de Portugal com o olho esquerdo. Se o Senhor tivesse os dois olhos não me ensinaria tantas asneiras, mas que o desculpava porque o Senhor era um jovem e certamente só lera o que o Professor Fernando Rosas escrevera.
A minha carta já vai longa, mas eu usei de toda a honestidade e espero que o Senhor Professor consiga igualmente ser honesto para comigo, no próximo teste, quando o avaliar.

Com os meus respeitosos cumprimentos,
O seu aluno

(Recebido por email.).

16.5.08

Céline vivant em DVD

As Éditions Montparnasse editaram em DVD duplo as três entrevistas de Céline à televisão francesa: Lecture pour tous (1957), Voyons un peu (1958) e En français dans le texte (1961).

Para além das entrevistas, faz parte a gravação sonora da releitura e correcção de um extracto do livro Nord.

Este DVD inclui vários testemunhos bem como um pequeno livro de trinta e seis páginas da autoria de Émile Brami.

Aconselho vivamente a compra deste extraordinário documento, cujo preço é de 30 euros.

15.5.08

Coronel Costa Campos - Presente!

«Hoje às 00h02, 11 de Maio de 2008, faleceu no HML, um dos “Boinas Verdes” mais condecorados da Guerra de África. Pioneiro nos Páras, precursor, instrutor e excelente Combatente.
Foi o fundador e Comandante do Centro de Instrução do Batalhão de Grupos Especiais Pára-Quedistas ( GEP), no Dondo em Moçambique.
GE e GEP - Uma Força de Elite, formada pelo Coronel Pára-Quedista, Costa Campos, Comandante do Centro de Instrução de Grupos Especiais Pára-Quedistas, uma Unidade Militar que nunca aceitou a rendição a favor do inimigo, por manter até final o bom propósito para que fora treinada - o de respeitar o dever para com os valores daqueles que juraram defender, os Portugueses do Ultramar e de Portugal.
-Aqui "Galeão" – chama. Há alguém no ar? Digam se me ouvem – escuto. Negativo, "Galeão", estais sós, entregai-vos. Resposta – NUNCA !! Esta foi uma das últimas mensagens transmitidas pelo “espírito de grupo” da Unidade do Centro de Instrução de Grupos Especiais Pára-Quedistas, no Dondo em Moçambique no pós 25 de Abril.
Até hoje, dos 1.000 Pára-Quedistas que fizeram parte dos 12 Grupos da Força de Intervenção Rápida e dos cerca de 20.000 GE, não consta que alguém se tenha entregue ou rendido no final do conflito ás forças inimigas.
Para nós GEP, fica a imagem de um amigo, corajoso e de um verdadeiro Combatente por Portugal. Não partirá do coração de quem fica.
Luís Fânzeres Martins – GEP
Pres. Direcção da Associação de GE/GEP.»


Nota: comunicado da Direcção da Associação GE/GEP.

Delgado: volta a tese espanhola

A farsa da morte de Delgado continua!
O seu neto defende que Delgado foi morto à paulada num acto premeditado e não morto a tiro.
É sabido que Delgado andava sempre armado com uma pistola e que o encontro em Villanueva del Fresno, na raia de Badajoz com a brigada da PIDE se deve a que este se ia entregar à mesma.
Ora, estando Delgado armado com uma pistola como é possível que o tenham espancado? Por muita Coca Cola que tivesse bebido não era parvo!
As perguntas que ficam são:
Porque razão Delgado foi assassinado por um tiro de pistola de Casimiro Monteiro ao que se supõe agente da CIA?
Porque razão Salazar, o grande português, ficou furioso quando soube da morte de Delgado?
Terá a PIDE tem culpa que um dos seus agentes, considerado o mais rápido e com melhor pontaria ao não cumprir as ordens superiores e o acordo com Delgado, ao que parece, era um agente duplo da CIA?
Será que Delgado se queria entregar para manifestar o seu apoio a Salazar por causa da guerra ultramarina?
Sendo essa a razão, a quem interessaria a morte de Delgado senão aos amiguinhos americanos e aos seus amiguinhos do reviralho, de Argel e companhia?
Santos Costa, na sua "Correspondência de e para", relata uma conversa com o oposicionista Aquilino Ribeiro, onde pergunta, ainda durante a campanha eleitoral, se a oposição queria mesmo Delgado como Presidente. Aquilino foi sincero: "Mas é evidente que não, meu caro amigo. Nós precisamos, acima de tudo, é de alguém que nos abra a porta. O resto se verá depois."
Com amiguinhos destes...

10.5.08

Na revista Sábado

No último número (210) da Sábado são revelados dois acontecimentos:
1 - a celebração de um traidor à Alemanha;

2 - a "descoberta" do Diário Rutka, a Anne Frank em versão polaca, ao fim de 62 anos! O diário esteve inicialmente, escondidinho debaixo do soalho da casa dos Lasker no gueto de Bedzin e que muito cuidadosamente revelou a uma amiga antes de ser enviada para Auschwitz onde o seu livrinho estava e aquela foi lá buscá-lo, guardou-o e revelou-o no seu 80.º aniversário. Graças a Yahvé, o irmão e "descobridor", Zahava Laskier ofereceu o diário ao museu municipal que estava no armário dos lençóis engomados na casa dos pais de Zahava Laskier Scherz em Israel. Um verdadeiro e comovente milagre!

Solidariedade comunista, democrática e humanitária

Na recente "visita" à China, o PCP reafirmou o reconhecimento da soberania chinesa no Tibete reforçando as declarações do ex-operário metalúrgico Jerónimo de Sousa e actual secretário-geral do PC que, em Março, já tinha afirmado quando se registaram as manifestações anti-chinesas pela ocupação do território do tibetano, em Lassa, que o PC reconhecia o Tibete como parte integrante da China.
O "Diário do Povo", jornal oficial do PCC, Liu Yunshan, Secretário do Comité Central do PCC, agradeceu ao PCP "o apoio precioso nas questões sobre o Tibete, Taiwan e direitos humanos".
Pelos direitos do homem, pela liberdade... solidariedade comunista, democrática e humanitária!

8.5.08

Massacres em Angola - 1961. Esclarecimento de um protagonista

(Recebido por e-mail)

Caros Camaradas e Amigos
Tenho vindo, de maneira superficial, a acompanhar estes comentários sobre o início do designado «terrorismo» em Angola, sobre os massacres então ali ocorridos, sobre os primeiros reforços militares enviados e respectivas actuações e, tal como já previa, acabo por constatar os mesmos lapsos ou (no mínimo) omissões que de forma lastimável, incompreensível e inadmissível se têm verificado e repetido, nomeadamente, até em registos de natureza, dimensão e importância qualitativamente muito diferentes já que "se inscreverão na história", tais como publicações e livros diversos - alguns deles (infelizmente) de autores militares -, intervenções avulsas ou contextualizadas nos "media" nacionais, programas e séries de TV em que não deixo de incluir a recente produção da autoria do jornalista J. Furtado.
Procurarei, assim, e para já exclusivamente no que respeita à questão particular referente às primeiras forças militares enviadas (mobilizadas) para Angola, após a eclosão do conflito (noite de 15/16 de Março de 1961), repor a verdade sobre os factos ocorridos com vista a clarificar os lapsos e/ou omissões acima citados, mais que não seja, como acto de muito respeito e testemunho de veneração por todos aqueles que já não se encontram entre nós, precisamente por, nesse tempo distante mas sempre tão presente, terem dado as suas vidas no cumprimento do nobre dever que só a «condição militar» (especificidade tão incompreendida e tão maltratada, até, tem vindo a ser nestes últimos tempos) obriga. Falo, como é óbvio, dos deveres para com a Pátria, mormente, o do sacrifício da vida, inscritos no Código e no Juramento de Honra do cidadão militar.
Passemos, porém, aos factos em apreço. A 16 de Março, logo que conhecidos foram pelo poder político, na (então) Metrópole, os sangrentos e criminosos actos ocorridos em Angola na data acima referida, por decisão superior foi determinado o imediato envio para ali, por via aérea em aviões da TAP, da 7ª Companhia de Caçadores Especiais - 7ªCCE (posteriormente denominada 78ª) que se encontrava sedeada no B.C.5 em Lisboa e que muito recentemente havia completado a sua instrução de aprontamento operacional no Centro de Instrução de Operações Especiais - CIOE, em Lamego. A urgência imposta revestiu tal grau que a nenhum seu militar, inclusive aos residentes em Lisboa e na sua cintura, foi autorizada a saída do quartel para contacto e despedida dos seus familiares; houve, nessa tarde, que se proceder à vacinação de todo o pessoal no Institudo de Medicina Tropical, fazer espólios, distribuir novas dotações de fardamento camuflado, distribuir armamento ligeiro e munições aos graduados e receber instruções adequadas à situação.
Esta sub-unidade era comandada pelo Capitão de Inf. Abílio Eurico Castelo da Silva, que ao princípio da noite de 16 de Março de 1961, marchou com um 1º escalão da mesma num Super-Constellation da TAP (via ilha do Sal); face à total indisponibilidade de mais qualquer aeronave da respectiva frota, nessa data, só a 18 e 19 de Março, nas mesmas condições, marcham os 2º e 3º escalões da Companhia, sendo este último comandado por mim (Alferes de Infª, cmdt do 1º Pelotão e Adj. do Cmdt.).
Esta primeira força militar rapidamente encaminhada para o teatro de operações e, normalmente, pouco citada antes quase sempre omitida, até, nas mais diversas referências e descrições, quer faladas quer escritas, àcerca do início do conflito em Angola, ocorre relativamente apreciável tempo antes, ainda, da mobilização de unidades de escalão Batalhão - e acaba por realizar, à semelhança de outras muito poucas sub-unidades para lá mobilizadas ainda antes de 15 de Março de 1961, assim como das também poucas para lá deslocadas na circunstância, missões difíceis em condições perigosas, que exigiram sacrifícios de toda a ordem num ambiente de enorme tensão e de grande e generalizada instabilidade psicológica, por que não dizer mesmo de verdadeiro pânico das populações e de muita preocupação por parte das autoridades civis e militares.
É, pois, neste quadro que a 7ª CCE cumpre múltiplas missões nos Distritos do Quanza Norte e do Uige, centradas em toda a região dos Dembos (e rio Dange), área das inúmeras e grandes roças produtoras de café, que constituíram os «alvos» preferenciais da barbárie, em pé de igualdade com a quase totalidade das pequenas povoações, algumas das quais sedes de Administrações e de Postos Administrativos, onde, em comum, se desenrolaram os mais traiçoeiros e impiedosos ataques efectuados pelo movimento dirigido por Holden Roberto, designado, então, por "União das Populações de Angola" - UPA.
Esta intervenção de grande mobilidade sobre os Dembos é realizada pela 7ªCCE (-), já que dois dos seus pelotões foram destacados para garantir a segurança da capital de Distrito do Quanza Norte (Salazar), das povoações de Dondo e de Lucala e da barragem de Cambamba à data em plena construção, e pela 6ª C Caçadores (-) com a qual se verifica idêntico emprego atribuindo-se-lhe a segurança das povoações de Quibaxe, Bula-Atumba, Pango-Aluquem entre outras. Estas forças foram, para o efeito, integradas num Comando de Batalhão (muito reduzido), denominado por "Batalhão Eventual" e cujo comando foi atribuído ao (então) Major de Infª Rebocho Vaz que, até aí, desempenhava as funções 2º Cmdt do RI de Luanda.(Recorda-se aqui que o Ten Inf Jofre Prazeres, morto poucos dias depois, era seu adjunto e pertencia, igualmente, àquele RI).
Nas acções, inicialmente desenvolvidas, sempre em condições muito complexas e sem o mínimo apoio logístico, por total inexistência de meios, o seu pessoal procede ao levantamento dos hediondos danos cometidos pelo inimigo por toda essa vasta região, tenta a identificação e trata dos inúmeros mortos encontrados, salva e recupera bastantes colonos e nativos (bailundos) assalariados nas roças, que haviam conseguido furtar-se aos ataques (chacinas) fugindo e escondendo-se na mata e noutros locais seguros, dando-lhes todo o auxílio e protecção na desesperada busca de familiares não encontrados assim como na recuperação de alguns bens mais significativos, presta socorros a feridos que surgiram nas mais díspares situações e ajuda as populações a organizar-se em autodefesa nas povoações não atacadas e não abandonadas. Simultaneamente e com frequência, efectivos seus, na exploração de notícias obtidas e na perseguição de grupos inimigos, confrontam-se e travam com eles acções de combate, sobretudo aquando vítimas de emboscadas, por norma, montadas em locais difíceis e preparados com abatises.
É neste cenário e nestas condições que, decorridos que foram cerca de 15 dias de permanência em Angola, não obstante as inúmeras baixas provocadas ao inimigo, a 7ª CCE contava já, também, com um considerável número de baixas em combate - 7 mortos e 1 desaparecido.
De entre os mortos figurava o próprio comandante, Cap. Castelo da Silva, chefe que todos, mas todos, os seus subordinados veneravam profundamente e que, por todas as formas, tentavam tomar como exemplo (morto e chacinado com outros militares, em 02 de Abril de 1961, numa emboscada sofrida no triângulo Aldeia Viçosa - Vista Alegre - Cambambe, concretamente em Cólua).
Figura ímpar nas suas dimensões de Homem e de Militar sobravam-lhe qualidades e virtudes que o tempo - não fosse todo o infortúnio desse nefasto acontecimento - inexoravelmente se encarregaria de conferir os devidos reconhecimento e realce.
Ocorre de forma inverosímil, injusta e vergonhosa que este Distinto, Valente e Exemplar Militar nem, postumamente, merecedor foi de um singelo louvor.
O historial pátrio tem inscritos, também, exemplos destes!!
Valdemar Diniz Clemente (Cor. Infª Reformado)
NOTA – O autor deste comentário pede a todo e qualquer cidadão e agradece, profundamente, que faça dele a maior divulgação já que, face ao pensamento corrente e dominante nas actuais "elites", tão distraídas, rejeitantes e altamente aleivosas desse passado nacional, o simples conhecimento destes factos assim como de tantos outros da mesma sorte, possa constituir uma salutar lufada de natureza conceptual relativa à Honra, ao Respeito e à Gratidão.
Por outro lado e da nossa parte, tal gesto representará sempre uma pequeníssima Homenagem ao Cap. Infª A. Eurico Castelo da Silva e a todos os demais militares vítimas dos repugnantes acontecimentos desse período.
Este pedido abrange a inserção em blogues que, pela sua estratégia editorial, possibilitem o esclarecimento dos acontecimentos militares de 1961 em Angola e outros semelhantes.

7.5.08

O General Diogo Neto e a guerra do Ultramar

«Na verdade, estas guerras raramente se ganham militarmente embora possam perder-se militarmente. Não era este o nosso caso. Em Angola a situação estava completamente controlada: a FNLA estava totalmente paralisada e a UNITA opunha-se ao MPLA que, por sua vez, quase não tinha expressão armada. Controlada estava também a situação em Moçambique, como se prova pela construção de Cabora-Bassa. Na Guiné a situação era sem dúvida muito complicada, em virtude das características do terreno, muito cortado pelas linhas de água e pela grande variação das marés, que chegam a cobrir um terço do território. O inimigo, apoiado em bases nos territórios do Senegal e na Guiné-Conakry, a coberto da densa vegetação e dispondo de armamento muito sofisticado - SAM/7, Foguetões 122, RPG-7, Morteiros 120, etc., - era na realidade um osso muito duro de roer.»
General Diogo Neto
In jornal Novo Século, n.º 1, 15.11.1981.

Samora Machel dixit

«Enfrentamos generais portugueses corajosos como Caeiro Carrasco e Kaúlza de Arriaga, que nos teriam derrotado. Mas não queremos ver em Moçambique, depois da independência, esses oficiais e soldados que se renderam cobardemente, sem sequer defenderem aquilo por que morreram tantos dos seus.»
Samora Machel
In Fatos e Fotos, n.º 724, 07.07.1975.

Paço Ducal de Guimarães - XI

4.5.08

Delgado, o 28 de Maio e a sua morte

O Público de hoje traz no seu Caderno P2 este resumo da participação do general Coca Cola na revolta e marcha triunfal do movimento de 28 de Maio de 1926.
O livro biográfico, com base no processo judicial que se julgava "desaparecido" e que foi encontrado(?!!!) numa cave do Tribunal da Boa Hora, em Lisboa, será publicado pela Esfera dos Livros e é da autoria do seu neto Frederico Delgado Rosa, que sustenta que a ideia de que Delgado foi morto a tiro pela PIDE "foi uma mentira conveniente que permitiu ilibar muita gente" e que «O processo criminal ficou viciado à partida e quando chegaram tardiamente elementos do processo espanhol já estava construído um dogma em relação ao "como" do crime».

Aqui fica capa do livro daquele que foi um indefectível apoiante de Salazar e do Estado Novo, antes da sua "conversão" à Coca Cola e à democracia.

«A participação de Humberto Delgado no "28 De Maio" de 1926

Entre os primeiros e muitíssimos rumores acerca da iminente eclosão de um golpe militar, corria o de que a Aeronáutica estava nele fortemente envolvida, razão pela qual os jornalistas lisboetas se precipitaram, na manhã do dia 28 de Maio de 1926, para a Esquadrilha de Aviação "República", aquartelada na Amadora. Confrontado com o boato de que "a aviação está revoltada", o segundo comandante respondeu:
"- Ora essa! A nossa atitude é a que o meu amigo está vendo. Estamos de prevenção. Dou-lhe a minha palavra de honra que enquanto eu aqui estiver ninguém se revolta."
Contudo, os rumores tinham fundamento, pois até mesmo Humberto Delgado estava implicado na eclosão do movimento. Apesar de recém-chegado à Escola Militar de Aviação, também chamada Granja do Marquês, aí recebeu instruções do tenente Paixão Moreira para comparecer na Amadora à uma da madrugada do dia 28, "apercebido de armas e cartuchames", a fim de ajudar a "implantar a Ditadura e disciplinar o Exército". Foi acompanhado por um camarada de Artilharia, Reverendo da Conceição, que se deixou contagiar pelo seu entusiasmo: "Ao saber por mim ao que se ia nessa noite, num assomo de patriotismo, sem estar comprometido, sem nada saber até aí, disse: "vou contigo". E foi realmente, tendo para esse fim vestido o fato de cotim, assim como eu." Ao apanharem o último comboio na estação do Rossio, encontraram os tenentes João Soares, Paiva Simões e Tadeu da Silveira. Estes três camaradas da Granja do Marquês avisaram Humberto Delgado que "a "polícia do tacho" do António Maria já andava na Amadora, e que ali, ao contrário do combinado, fingiam nada saber!" Depois de confirmarem o aviso, resolveram regressar da Amadora a Sintra, à Escola Militar de Aviação, aconselhando Reverendo da Conceição a voltar para Lisboa, para a sua Escola de Esgrima, "com o que este se conformou após regatear e querer ir connosco."
Entretanto, a Granja do Marquês entrara em prevenção rigorosa por ordem do Ministério da Guerra, o que só aumentou a expectativa de Humberto Delgado e dos seus camaradas quanto à evolução dos acontecimentos, que tinham Braga por epicentro. Pela madrugada, a oficialidade da guarnição apresentou de viva voz a sua adesão ao general Gomes da Costa e foi obtida por via telegráfica a adesão das restantes forças do Norte, numa verdadeira reacção em cadeia que acabaria por fazer do "28 de Maio" uma revolução sem derramamento de sangue. Foi recebido em delírio nos sucessivos quartéis que percorreu, incitando a soldadesca à dignificação do Exército: "Gostam de estar neste chiqueiro que nem para porcos serve? Não reagem?" O general Gomes da Costa recordava com nostalgia o reconhecimento internacional do "esforço hercúleo e sobre-humano" dispendido pelo Corpo Expedicionário Português na Grande Guerra, já que entretanto caíra por terra "o nome respeitável de Portugal", cujos governantes malbaratavam o dinheiro necessário ao Exército, que "é a própria expressão da nacionalidade". O movimento pretendia pois abolir o Parlamento, afastar definitivamente os democráticos do Poder e constituir um governo militar, "alheio por completo a toda e qualquer cor política". Tratava-se, por parte da "única entidade com força" para tal, de "cumprir o que a opinião pública exige".
Acentuavam-se agora os rumores de que a Aeronáutica estava implicada na revolta, mas as respostas dadas na Amadora, por uns quantos "aviadores tresnoitados" do Grupo de Esquadrilhas de Aviação "República", continuavam sem dar a entender para que lado pendia a quinta arma.
"- Então não há nada, por aqui?
"- Continuamos de prevenção. Nada mais.
"- Não esteve aqui Fulano? - E disparamos um nome conhecido, que alguém nos apontara e dissera estar comprometido no movimento.
"- Que ideia! Nem tinha nada que fazer cá, - diz muito calmamente um dos aviadores.
"- Alguém vai subir?
"- Agora, depois duma noite em branco!? Não me parece. Mas, se for preciso..."
E foi preciso. No dia 29, chegou de Santarém uma notícia que teve um efeito catalizador sobre as unidades de aviação. Por ordem do Governo, fora preso o dito "Fulano", major António Brito Pais, o famoso piloto da primeira viagem aérea Lisboa-Macau, que pertencia agora ao estado-maior do comandante Mendes Cabeçadas, um dos líderes do movimento. "Essa notícia foi o rastilho." Houve descolagens imediatas de Tancos e de Alverca, para lançar nas ruas de Lisboa e de Santarém uns panfletos muito reveladores de toda uma preparação prévia: "Soou solenemente a hora da redenção da nacionalidade! A Revolução segue triunfante!" Era a primeira vez que a Aviação estava assumidamente implicada num golpe militar, o que se justificava, nas palavras de um aviador anónimo, pelo repúdio unânime da classe política, sentimento que ganhara raízes em todas as fileiras do Exército e da Armada: "A aviação nunca entrou em movimento nenhum, apenas neste, porque o reputa um carácter nacional e militar. Os políticos nada têm que ver com isto, mas sim e apenas a gente sã que queira trabalhar."
O comandante da Escola Militar de Aviação, major João Luís de Moura, era amigo do Ministro da Guerra e abstinha-se de tomar qualquer posição, contra ou a favor do Governo. Foi então que o alferes Humberto Delgado, "à falta de ordens", decidiu "agir por conta própria", estando de oficial de prevenção. "Cheio de entusiasmo, avancei com umas ideias e propus que se fizesse algo. O resultado destas reuniões com os meus camaradas foi que, acompanhado por dois tenentes, fui a Mafra, à Escola Prática de Infantaria, a fim de persuadir a unidade a juntar-se a nós." Mafra representava uma das principais forças de Infantaria e a sua adesão ao movimento era tão mais relevante quanto havia outras unidades da 1ª Divisão Militar que se mantinham hesitantes.
A iniciativa de Humberto Delgado, a que fechou os olhos o seu comandante, era bastante insensata à primeira vista, tendo em conta o peso incomparável da Escola de Infantaria em relação à de Aviação. No entanto, corriam já boatos de "certas desinteligências" entre as tropas ali aquarteladas. "Mafra engana. Quem chega e bate com os olhos na grande mole do convento, fica na ideia de que tudo ali, na boa terra saloia, vive em paz monástica, longe de preocupações revolucionárias." Na verdade, o quartel fervilhava ante a indecisão titubeante do comandante, coronel José Oliveira Gomes, que causou a pior impressão em Humberto Delgado, desde logo pela falta se sentido hierárquico. "Assisti a este espectáculo que ainda hoje me ruboriza: o senhor comandante tocou a oficiais e sargentos e, tendo juntas, ambas as classes, na mesma sala, e depois de ter bebido um copinho de água (...), deitou então o speech." Este consistiu no seguinte:
"- Eu... espero os acontecimentos..."
O facto é que a chegada de Humberto Delgado, acompanhado dos tenentes João Maria Esteves e Frederico da Conceição Costa, para além de sargentos, cabos e praças da Granja do Marquês, foi motivo de entusiasmo generalizado em Mafra. O jovem alferes, então com vinte anos, completados poucos dias antes, precipitou a entrada dos infantes no movimento graças ao seguinte bluff: "O comandante ficou assaz pálido quando eu lhe disse que não podíamos perder muito tempo porque qualquer demora seria interpretada como sinal de que fôramos presos e os aviões viriam bombardear o quartel. (Não havia quaisquer bombas...)" Humberto Delgado descreveu com sarcasmo a tão aguardada resolução do coronel a favor do movimento: "quase desmaiou nos meus braços devido à "grande responsabilidade" que sentia".
A Escola Prática de Infantaria iniciou a sua marcha para Sintra, tendo como guarda avançada três cavaleiros que impressionaram Humberto Delgado pela atitude corajosa e decidida, entre os quais um futuro ministro da guerra, Namorado de Aguiar. Por se deslocar sobre rodas, tomou-lhes a dianteira e ficou sabendo, à chegada, que o comandante da Escola Militar de Aviação "fora para casa", sendo substituído interinamente por Sarmento de Beires. Com a expectativa de se juntarem as forças de Mafra às de Sintra, a Escola Militar de Aviação estava-se convertendo num dos pólos aglutinadores da revolta. Os primeiros a chegar foram cento e cinquenta praças e vários oficiais do Grupo de Esquadrilhas de Aviação "República", encabeçados por aquele major aviador. "No 28 de Maio, o Beires apareceu a tomar o comando da Aviação em Sintra", recordaria Humberto Delgado alguns anos mais tarde. "Estou a vê-lo, ao receber-me, quando eu acabava de chegar num side-car e lhe preguei uma continência das minhas para lhe comunicar que a coluna da Escola Prática de Infantaria deixara já Mafra e seguia para a Granja." Na realidade, Sarmento de Beires não estava ali por convicção. Cinco dias antes, tinha escrito no seu diário: "Correm boatos insistentes sobre um próximo movimento fascista. (...) triste orientação para um país onde está provado que as ditaduras dão sempre mau resultado". Ao assumir o comando da Granja do Marquês, receava pela concretização do maior sonho da sua vida, a volta ao mundo em avião, que já obtivera luz verde do governo democrático mas poderia não sobreviver à mudança política.
Pelas onze da noite, chegaram finalmente a Sintra os infantes de Mafra, que foram bivacar num pinhal, por detrás dos hangares. Exactamente à mesma hora, António Maria da Silva apresentava o seu pedido de demissão ao Presidente Bernardino Machado, que pela madrugada dentro encarregaria o comandante Mendes Cabeçadas de constituir governo. O movimento revolucionário era vitorioso, mas ainda estava iminente o perigo de o fazerem "despir a farda militar, com que se apresentou severamente vestido para corrigir males e vícios, e enfiar a primeira rabona que os políticos lhe ofereçam". Via rádio, chegou à Granja do Marquês um apelo de marcha sobre Lisboa, para não deixar ninguém "empalmar a situação". Pela tarde do dia 30, iniciou-se de facto nova marcha, não sobre Lisboa, mas ainda assim para mais perto, sendo escolhido o Grupo de Esquadrilhas de Aviação da Amadora como novo local de concentração, aonde as tropas chegaram já de noite. Entre oficiais, sargentos e praças, Humberto Delgado era apenas um dos quinhentos homens da Aeronáutica, a que se juntavam dois mil da Infantaria. (...)»