30.4.08

O PCP tinha uma estrutura no Exército desde Goa

Mais elementos sobre a traição à Pátria.
Tudo começou na Índia Portuguesa!
Leiam e tirem as vossas conclusões desta
entrevista publicada no Diário de Notícias feita ao catalão Josep Sánchez Cervelló, professor de História na Universidade Rovira i Virgili, em Tarragona, e académico correspondente da Real Academia de História. Investigador, dedicou a sua tese de doutoramento à Revolução Portuguesa e sua Influência na Transição Espanhola (1961-1976), que viria a ser (parcialmente) editada em Portugal pela Assírio e Alvim, em 1993.
Nada melhor do que ler os testemunhos dos revolucionários abrileiros...

Pintura de Acácio Lino

João das Regras

Câmara Municipal do Porto

Não sabiam?!, por Joaquim Letria

«Contaram-me que o presidente da República descobriu, num estudo, que os portugueses com idades compreendidas entre entre os 18 e os 29 anos não sabem raspas do 25 de Abril. Então era preciso um estudo para se descobrir isso?! Ande por aí e converse com as pessoas que fica logo a saber.
Ao fim de 10 anos de cavaquismo e de 6 de guterrismo, e mais 18 anos de governos avulsos, em Portugal ninguém sabe porra nenhuma! Perguntem a um secretário de Estado quem formava a ínclita geração, um deputado que diga quantos são 7×8, um engenheiro que fale em que ano foi a Restauração e um arquitecto que diga quem foi Miguel de Vasconcelos e vão ver a surpresa que apanham.
Não se esqueçam de que até Ferreira Leite, o Roberto Carneiro e o Vítor Alves foram ministros da Educação!
Dizem-me que na manif da Avenida da Liberdade só os “Toca a Rufar” e os reformados sabiam o que andavam ali a fazer. Natural no resto, muitos foram lá para o chefe ver. Como já acontece em Portugal desde a segunda dinastia…»

Joaquim Letria
in
24 Horas, 28 de Abril de 2008

P.S. - Até o Joaquim Letria...

29.4.08

Quatros anos de Pena e Espada

Para o meu amigo e camarada, Duarte Branquinho, que continua firme com a Pena e Espada, aquele abraço!

Uma dúvida do Manlius

Não se passa nada, pois não?

Em Beja foi assim, em Moscavide assim foi.
Será que foram de carjacking?
Depois das esquadras, que tal umas pilhagens nas farmácias, nos supermercados, nos hipermercados, nos shopping centers?
O tal workshop está a produzir efeitos. Olá, se está!!!
Já dizia o outro: o povo é sereno!
E digo eu: não há problema, vivemos num estado de direito e democrático!

28.4.08

Salazar: 28 de Abril 1889 - 2008


Memória da «libertação» da Itália





«Manicómio» policial/jurídico

«Através das escutas telefónicas e da monitorização do site fórum nacional chegámos à conclusão que se tratava de um forum de cariz nazi, fascista, racista, xenófobo e homofóbico, em que alguns personagens resolveram associar o nacional e o social, e através do qual os individuos pretendiam criar uma rede/network ligada às células/chapters no estrangeiro, que por sua vez têm ligação com o terrorismo internacional, isto com o objectivo de levar a cabo atentados e derrubar o estado de direito democrático.»
Não há hospital psiquiátrico que os trate?

26.4.08

Algumas desmitificações de Silva Cardoso

Deixo umas breves notas, a título de exemplo, sobre a desmistificação que no livro “25 de Abril – a Revolução da Perfídia” o sr. general considera «ser a mais insidiosa manipulação da nossa História entre 1933 e 1975 nomeadamente nas seguintes linhas de força:

- a guerra do Ultramar foi, principalmente, um episódio da guerra entre os EUA e a URSS e não uma luta de autolibertação e desenvolvimento dos povos;

Cita os textos da autoria de José Manuel Barroso publicados no Diário de Notícias a 27 e 28 de Fevereiro de 202, intitulados: “Luanda na mesa das Superpotências” (págs. 28/29/30) e “Concentrar meios no elo mais fraco” (págs. 36/37) onde analisa e desenvolve historicamente ambos os textos.

- a guerra estava a ser ganha militarmente e a batalha do desenvolvimento atingia crescimentos sociais e económicos muito elevados;
«Bastará comparar os efectivos dos guerrilheiros que se nos opunham com os dos recrutados localmente e que combatiam ao nosso lado. Na Guiné, o PAIGC dispunha dum efectivo na ordem dos cinco mil homens, contra cerca de doze mil guineenses que se lhe opunham; em Angola, depois da derrota do MPLA na frente Leste, da apresentação e entrada para os Flechas dos duzentos guerrilheiros da primeira região político-militar do Quanza Norte, a de duzentos homens mal armados e sem dispor de qualquer apoio externo; a FNLA, cujos efectivos eram difíceis de estimar, mas que através da fraquíssima acção desenvolvida no terreno não iria além dos três mil homens, a maioria dos quais zairenses descendentes de angolanos, dispondo as forças da contra-subversão de recrutamento local perto de quarenta mil militares, alguns dos quais constituíam forças de elite como os Flechas e os TE`s representando um potencial considerável; por fim, em Moçambique, aquando dos acordos de Lusaca, a Frelimo não dispunha de mais de mil guerrilheiros moçambicanos, tendo recorrido a zambianos e tanzanianos para acabar por surgir com pouco mais de cinco mil homens, contra dez mil militares de unidade de combate especiais GE`s (Grupos Especiais) e GEP`s (Grupos Especiais de Pára-Quedistas) e uma série de unidades regulares (milícias) que, na sua totalidade, ultrapassavam as forças deslocadas da Metrópole. (Pág. 64).

«Em 1973/74 a realidade nos territórios africanos sob a jurisdição portuguesa era, sem qualquer margem para dúvidas, altamente promissora para a constituição de comunidades com padrões de vida substancialmente acima da média dos verificados nos países africanos que se tinham tornado independentes com os “ventos da História”, especialmente na década dos anos 50.» (Pág. 56)

«um território cujo padrão de vida antes do 25 de Abril era o terceiro de toda a África sub-sahariana (sendo apenas suplantado pelo da África do Sul e pela, então, Rodésia)…» (Pág. 23)

- a subversão na retaguarda e a inoculação do vírus revolucionário nas Forças Armadas foi a solução que a URSS opôs à nossa vitória militar;

Escreve: «A quebra da unidade na retaguarda iniciou-se logo após o desaparecimento de Salazar, com as indecisões de Marcello Caetano, a crise estudantil de 1968 e o movimento grevista onde o PCP, na clandestinidade, era certamente o motor.» (Pág. 85).

Refere o “descontentamento provocado em Julho de 1973, ao nível dos capitães e majores do quadro permanente que vinham lutando em África, com a publicação do Decreto-Lei 353/73” e refere as entrevistas de Salgueiro Maia à revista “Fatos e Fotos”, em que este afirmava que “o que esteve na base do chamado Movimento dos Capitães foi a legislação que punha em causa a dignidade da carreira militar”; e a de Otelo ao Expresso, na qual este abrileiro considerava uma injustiça, “ a ultrapassagem na escala de antiguidades de oficiais do quadro permanente pelos oriundos do quadro de complemento, em condições que os primeiros – aqueles que entraram para a Academia Militar depois de completarem o sétimo ano do liceu.”» (Pág. 46)

Aborda a incapacidade do governo de Marcello Caetano na resolução desta questão e que essa «incapacidade foi aproveitada pelo Partido Comunista para pôr em prática o plano que iria conduzir ao golpe comunista do 25 de Abril. As iniciativas políticas do General Spínola na Guiné dão origem a uma primeira cisão ou enfraquecimento da unidade da retaguarda que, na óptica da URSS, era imperioso promover. Para quebrar a coesão nas unidades militares actuando nas frentes de combate, foram constituídas células comunistas no seio das tropas, essencialmente formadas por oficiais e sargentos milicianos que tinham estado na génese do levantamento académico de 1968.» (Págs. 46/47)

«O virús revolucionário, segundo os planos de Moscovo, nasceu na Guiné e rapidamente alastrou pelos restantes teatros de operações, não só às unidades como igualmente a outros órgãos das Forças Armadas empenhados em debelar a subversão e proteger as populações.
(…) Também na Metrópole as iniciativas de grupos mais ou menos organizados pelos comunistas levaram a efeito acções tendentes a incrementar o espírito anti-guerra colonial como por exemplo de:
- Direcção da Organização Regional do Sul do PCP:
- Comité Directivo da Resistência Popular Anticolonial;
- Federação dos Estudantes Marxistas-Leninistas;
- Contestação da Capela do Rato (1972);
- Congresso da Oposição Democrática em Aveiro a 27 de Maio de 1973;
- Encontro de Liberais em Lisboa e 6 de Junho de 1973.
E outros eventos como greves, demonstrações de rua, etc, todos com o mesmo objectivo de quebrar a unidade na retaguarda.» (págs. 88/89).

- os autores da traição e do descalabro têm nomes e são os que, conscientemente, fizeram o jogo da URSS, isto é, o PCP e seus “compagnons de route”.»
Abstenho-me de transcrever esta parte porque a selecção é difícil dada a sua quantidade.

Um reparo: o sr. General não refere uma única vez o papel do Grupo Bilderberg, da Maçonaria e da Igreja (mormente nos padres missionários protestantes, verdadeiros agentes da CIA e alguns católicos em África que pregavam a doutrina democrática e comunista) neste descalabro trágico que marcou o fim histórico de Portugal.

As desmistificações do General Silva Cardoso

O sr. general desmistifica o que considera «ser a mais insidiosa manipulação da nossa História entre 1933 e 1975 nomeadamente nas seguintes linhas de força:

- a guerra do Ultramar foi, principalmente, um episódio da guerra entre os EUA e a URSS e não uma luta de autolibertação e desenvolvimento dos povos;

- a guerra estava a ser ganha militarmente e a batalha do desenvolvimento atingia crescimentos sociais e económicos muito elevados;

- a subversão na retaguarda e a inoculação do vírus revolucionário nas Forças Armadas foi a solução que a URSS opôs à nossa vitória militar;

- os autores da traição e do descalabro têm nomes e são os que, conscientemente, fizeram o jogo da URSS, isto é, o PCP e seus “compagnons de route”.» (Pág. 25)

25.4.08

Prof. Silva impressionado com o alheamento da juventude

Segundo o Público de hoje:

«O Presidente da República, Cavaco Silva, mostrou-se hoje "impressionado" com a ignorância de muitos jovens sobre o 25 de Abril e o seu significado e denunciou uma "notória insatisfação" dos portugueses com o funcionamento da democracia.
No seu discurso na sessão comemorativa do 25 de Abril, no Parlamento, Cavaco Silva divulgou extractos de um estudo que mandou realizar sobre o alheamento da juventude face à política, e atribuiu parte da responsabilidade aos partidos políticos.
O Presidente considerou "não ser justo" para aqueles que se bateram pela liberdade, tantas vezes arriscando a própria vida, que a geração responsável por manter viva a memória de Abril persista em esquecer que a revolução foi um projecto de futuro.
"Os mais novos, sobretudo, quando interrogados sobre o que sucedeu em 25 de Abril de 1974 produzem afirmações que surpreendem pela ignorância de quem foram os principais protagonistas, pelo total alheamento relativamente ao que era viver num regime autoritário", declarou o Chefe de Estado perante o hemiciclo.
O Chefe de Estado fez eco da "notória a insatisfação dos Portugueses com o funcionamento da democracia, assim como a existência de atitudes favoráveis a reformas profundas na sociedade portuguesa".
Cavaco Silva disse aos deputados e convidados da sessão solene do 25 de Abril ser seu propósito promover em breve um encontro com representantes de organizações de juventude, tendo por objectivo colher a sua opinião sobre o distanciamento dos jovens em relação à política e sobre as medidas que possam contribuir para minorar ou inverter esta situação.»

O sr. Prof. Silva já devia saber que os jovens são ingratos e então há que incorporá-los nas jumentudes partidárias existentes e dar-lhes doses industriais e democráticas sobre a democracia a começar logo no pré-escolar e com umas visitas de estudo à sede da Pide, ao Forte de Peniche, ao Tarrafal em Cabo Verde, promovendo o turismo juvenil anti-fascista.
O problema é que a juventude assume com naturalidade que a democracia é anti-natural, nada quer com ela e está-se nas tintas para a mesma.
Logo, conclui-se que a separação entre a juventude e a democracia é porque a juventude não quer viver num manicómio político-social tipicamente burguês.
A outra, a jumentude, faz um negócio com a democracia: filia-se no partido e na jumentude e com o decorrer dos anos vai subindo na carreira pulhítica, e no mínimo, ser deputado e daí receber uma pensão de sobrevivência e no máximo ser presidente de uma empresa estatal. Essa é a que chamaram a
geração rasca!
Agora, aguentem-se e não há estudos ou encontros que resolvam o que é insolúvel!

Motivo de preocupação

O Público de hoje, refere estas declarações de Vasco Lourenço: «os tempos actuais são complicados". Do seu ponto de vista e não apenas em Portugal, "o actual regime democrático parece esgotado", com os detentores do poder a fugirem para a frente, sem se aperceberem de que, cada vez mais, vão ajudando a degradar a situação, o que lhe lembra "os velhos senhores de Roma, que não viam o fim do Império a aproximar-se, de forma acelerada, e continuavam em festas e orgias".
Vasco Lourenço defende que os partidos políticos voltem "à essência da sua criação", pois "não podem continuar a ser agências de empregos, coberturas e agentes de luta do poder pelo poder, causadores e encobridores de corrupção, enfim, maus agentes da democracia".»

Ora, o capitão "melena e pá" está a chegar às mesmas conclusões a que cheguei há muitos anos. Percebeu, agora, trinta e quatro anos depois que o regime democrático está esgotado e que os partidos não podem nem devem ser agências de emprego, criadores e causadores de corrupção e que são maus agentes da democracia.
Ora, se os partidos são isso tudo o presidente da associação 25 de Abril está a negar a essência da democracia, porque não há democracia sem partidos!
Se estas são as conclusões do capitão abrileiro, vou consultar imediatamente um psiquiatra, um psicólogo e um psicanalista para me provarem que não pensa o mesmo que eu!
Mais vale sozinho do que mal acompanhado...

Vasco Lourenço e Silva Cardoso

O Público de hoje, traz a público estas declarações de Vasco Lourenço, uma verdadeira e total autoridade moral democrática: «Para fazer ouvir a sua voz, seja quem for, tem que ter autoridade moral no que respeita aos temas em que quer ser ouvido. Infelizmente, isso não acontece, muitas vezes." Nos casos em apreço, "por escandaloso, há um que sobressai mais. O general Silva Cardoso, pelo seu passado, pela sua postura, não tem perfil nem qualquer autoridade para afirmar seja o que for. Até porque, normalmente, mente descaradamente", critica.»

O que me leva a concluir que o general Silva Cardoso só diz a verdade no seus livros "Angola - Anatomia de uma tragédia" e "25 de Abril de 1974, a revolução da perfídia".
Diz-me quem te critica que dir-te-ei quem és...
Bingo!

A revolução da perfídia

«Em 25 de Abril ocorreu a revolução da perfídia. Toda ela estava viciada, chocou-se um ovo de monstro no nosso ventre, que quando a casca se partiu, rapidamente cresceu e nos quis devorar. Os portugueses resistiram e fizeram-lhe frente, mas dos seus tentáculos cortados escorreu um visco venenoso que ainda hoje se agarra a tudo e nos tolhe os movimentos. Fomos aldrabados por "heróis de pacotilha" que se encheram de honras e de dinheiros fáceis. O sonho rapidamente se transformou em pesadelo e aqueles que já acordaram rangem os dentes de impotência. Era bom voltar a sonhar com outros protagonistas: a verdade, a humanidade e a justiça. Mas dizem-nos dos bastidores que essa peça não está no repertório desta companhia de teatro. Só temos guarda-roupa para interpretar peças de vilões e de perfídia.
Teremos de continuar com a "revolução da perfídia", peça estreada há mais de trinta anos, de autor estrangeiro, sempre com protagonistas que se esquecem de olhar para o público, nem nisso estão interessados pois o público, embora remoendo impropérios, não tem outro espectáculo para ver.»

General Silva Cardoso
In "25 de Abril de 1974 - A Revolução da Perfídia", Prefácio - Edição de Livros e Revistas. Lisboa, 2008, págs. 225/226.

Livro: O 25 de Abril de 1974, a revolução da perfídia

Com a chancela da Prefácio, foi editado mais um livro do general António Silva Cardoso intitulado “25 de Abril de 1974 – a revolução da perfídia”.
Nas 234 páginas do livro, o general Silva Cardoso lavra uma fortíssima acusação e denúncia sobre o golpe de estado abrilino e as repercussões que este teve para Portugal.
Na realidade, o general António Silva Cardoso é o mesmo que fez parte da Junta Governativa de Angola chefiada por Rosa Coutinho, acumulando esse cargo com o Comando da 2.ª Região Aérea. Na sequência do Acordo do Alvor foi designado Alto-Comissário (ou Alto-Corsário como dizia o
Rodrigo Emílio) para o período de transição, onde se manteve até princípios de Agosto de 1975.
Ora, o sr. general António Silva Cardoso, na sua qualidade de membro da Junta Governativa de Angola chefiada por Rosa Coutinho e de Alto Comissário de Angola foi co-responsável pela criminosa e racista descolonização, pelo desmembramento do Império português e morte de milhares de portugueses que com os seus rios de sangue inundaram o solo das Províncias Ultramarinas traindo, dessa forma, o esforço de quinhentos anos de presença e soberania portuguesa no Ultramar!
Foi o autor de "Angola, Anatomia de uma tragédia", editado pela Oficina do Livro, no ano de 2000, 690 págs., em cuja capa se vê o sr. general ao lado de Melo Antunes e de Mário Soares - em que o último a assina o "acordo".
Por muito que o sr. general escreva - e já vai em cerca de mil páginas - , já não se pode voltar atrás e pedir comovidamente desculpa como o faz no Preâmbulo deste livro, remetendo-nos para "Angola, Anatomia de uma tragédia":
«A resposta, pronta e inevitável, centra-se na constante, abusiva e obcecante tentativa de mistificação da História de Portugal relativamente a esse período. A minha vivência da maioria dos factos relatados e as imagens com frequência nos entram em casa mostrando o drama terrível e pungente que se tem abatido sobre o povo angolano para quem a fome, a dor, a doença, a tremenda incerteza do futuro, os estropiados e a morte são uma constante perante os olhos atónitos, incrédulos, mas também passivos, do mundo, levaram-me, num imperativo de consciência, a escrever a minha própria verdade como a tinha sentido e vivido. Quanto à segunda questão, porquê só agora, limito-me a citar um dos últimos parágrafos do livro:
Os anos passaram. Muitos outros hão-de ainda passar e a História, como se diz, fará o seu juízo.
(…) Naquilo que me diz respeito afirmo que a descolonização, tal como se cumpriu, será considerada como o episódio mais catastrófico, mais desprezável e mais estúpido de toda a História de Portugal; na parte que mais de perto me toca, eu julgo que é também meu dever contribuir para a formulação do juízo da História. E esta precisa de distanciamento em tempo para poder ser escrita.» (Pág. 21/22)
Assim é. Já passaram trinta e quatro anos. Duas gerações quebraram um elo de quinhentos anos de laços históricos e o sr. General foi um dos que contribuiu para essa trágica realidade!
Demasiado tarde, rios de sangue correram nas províncias ultramarinas de África que desaguaram no oceano Atlântico e no oceano Índico!
Escreve o sr. general: «Omitia a Dr.ª Maria Barroso que o seu marido é um dos grandes responsáveis pela tragédia que se abateu sobre aquele território após a chamada descolonização que ele começou por classificar de espectacular, depois de exemplar e, por fim de possível. Como é possível tal atitude quando o ilustre casal Soares sabia quem foram os seus compatriotas que transformaram um território cujo padrão de vida antes do 25 de Abril era o terceiro de toda a África sub-sahariana (sendo apenas suplantado pelo da África do Sul pelo da África do Sul e pela, então, Rodésia) num país em que se estima estarem cerca de quatro milhões de pessoas de pessoas ameaçadas de morrer de fome!» (Pág. 23)
O sr. general desmistifica o que considera
«ser a mais insidiosa manipulação da nossa História entre 1933 e 1975 nomeadamente nas seguintes linhas de força:
- a guerra do Ultramar foi, principalmente, um episódio da guerra entre os EUA e a URSS e não uma luta de autolibertação e desenvolvimento dos povos;
- a guerra estava a ser ganha militarmente e a batalha do desenvolvimento atingia crescimentos sociais e económicos muito elevados;
- a subversão na retaguarda e a inoculação do vírus revolucionário nas Forças Armadas foi a solução que a URSS opôs à nossa vitória militar;
- os autores da traição e do descalabro têm nomes e são os que, conscientemente, fizeram o jogo da URSS, isto é, o PCP e seus “compagnons de route”.»
(Pág. 25)

Um livro a ler com atenção para se compreender as razões do golpe de estado abrileiro, a descolonização, o PREC, enfim, a democracia em Portugal!
O crime de traição à Pátria
pela "
prática do crime previsto no art.º 141 do Código Penal, crime consubstanciado em documentos de que os acusados foram signatários, em pareceres dados no exercício de funções oficiais, e em declarações prestadas publicamente, usando assim de meios fraudulentos com vista à separação de parcelas do território português, objectivo que conseguiram alcançar em directa colaboração com os que pretendiam por acções violentas a apropriação das províncias ultramarinas, como eram designadas na Constituição então vigente."

O 25 de Abril e a História por António José Saraiva

«Os cravos do 25 de Abril fanaram-se sobre um monte de esterco... Os militares portugueses, sem nenhum motivo para isso, fugiram como pardais, largando armas e calçado, abandonando os portugueses e os africanos que confiavam neles. (...) Foi a maior vergonha de que há memória desde Alcácer Quibir (...) Era natural que os capitães quisessem voltar depressa para casa. Os agentes do MFA exploraram e deram cobertura ideológica a esse instinto das tripas, justificaram honrosamente a cobardia que se lhe seguiu. Um bando de lebres espantadas recebeu o nome respeitável de "revolucionários" (...) Com estes começos e fundamentos, falta ao regime que nasceu do 25 de Abril um mínimo de credibilidade moral. A cobardia, a traição, a irresponsabilidade, a confusão, foram as taras que presidiram ao seu parto e, com esses fundamentos, nada é possível edificar (...)»

Prof. António José Saraiva
(in Diário de Notícias, 26.01.1979)

Piparotes satíricos de Rodrigo Emílio

PIPAROTES SATÍRICOS NO 25 D`ABRIL:

MALAS-ARTES, PARTES-GAGAS, UNS ÀPARTES E UMAS PRAGAS

PRIMEIRO PIPAROTE — MOVIMENTO DAS FARSAS (AL)ARMADAS

25 d`Abril. Peca data
em que só desertores agem,
renegados, e uma data
d`acéfalos cheios de lata,
de cobardes sem contagem…

A traição brota em cascata.
—Vá de fartar, vilanagem!...

Andam vendilhões à cata
de não sei bem que homenagem
à pilhagem…

E a Nação em peso acata
a heroicidade barata
que sem cessar se desata
d’um capitão-democrata,
e a tiritar de coragem!...

SEGUNDO PIPAROTE — MOVIMENTO DAS FORÇAS... A ARMAR

Em tom de viva bravata,
Soa um grito formidando:
— «Ó Capitão-democrata,
Vai p’ró mato, meu malandro!...»

(Ai, como dói, como dói
Ver tanto filho-da-puta
A apregoar que é herói
Todo aquele que foge à luta...)

TERCEIRO PIPAROTE — MOVIMENTO DAS FORÇAS ARMADAS… EM FORÇAS
O major, na manjedoura,
Vai chuchando caramelos.
Por trás dele, em lugar d’honra,
Dois retratos paralelos:
— O do Cristovão de Moura
E o do Miguel Vasconcelos.

(Melhor nos fôra, melhor,
Que ao democrata-major
O bom-bom fosse indigesto.
— Talvez, então, o major
Desse o corpo-ao-manifesto...)

Mas, degustado o primeiro
Chupa-chupa,
Já o chalupa do major é brigadeiro,
E upa! Upa!

Promoções em espiral
Ascensional:
— À garupa, os galões
De general!
QUARTO PIPAROTE — NA HORA DA PLEBE: COM UM CRAVO À BANDA
E DOIS DEDOS EM GALHO
Ora, enfim!
Por mais gozo,
Contrafeito,
Que me dê,

Ver-te, assim,
De cravo piroso
Ao peito,
E com os dedos em V,

— Nada iludirá o alarme
Que me pôs de sentinela,
Para o caso de tentares vir profanar-me
A lapela...
QUINTO PIPAROTE — RIFÃO D’ABRIL
Foi à guerra,
Como nós para os empregos
Da lei!

(Mas nesta terra
De cegos,
Quem tem monóculo é rei...)

PIPAROTE FINAL — GLOSA D’UMA SÁTIRA DE JOÃO DE DEUS, PARA A HORA ACTUAL

Há mil e tantos dias, simplesmente,
Que este sistema nos governa, e vêde
Comércio, indústria, tudo florescente!
Os caminhos-de-ferro é uma rede.
E quanto a instrução, toda esta gente
Faz riscos de carvão numa parede.

O 25 de Abril por Manuel Maria Múrias

COMEMORAR A TRAIÇÃO, A VERGONHA E A COVARDIA

«As comemorações do 25 de Abril tiveram várias vantagens. Em primeiro lugar permitiram que os mais moços se apercebessem bem da infâmia; em segundo lugar porque, apesar da propaganda desenfreada, contribuíram bastante para desmistificar a vergonhosa revolução. Cada um dos seus actores dizendo enormidades, a direita ripostando valentemente. Comunistas e socialistas metendo a viola no saco durante as discussões, para irem falar sozinhos para onde os não contradizem.
Acabou-se com o mito terrorífico da P.I.D.E. O inspector Óscar Cardoso, sem receios e com orgulho, calou sobranceiramente o desgraçado do Tengarrinha e o pobre do Sousa Castro, desmentindo-os sem apelo nem agravo. A P.I.D.E. foi uma polícia como as outras, tão dura e tão bruta como as demais. Não se encontrou uma prova que negasse a valentia, o patriotismo e a honradez da maioria dos seus agentes. Durante dezenas de anos perseguiu implacavelmente os comunistas, os conspiradores, os desertores, os traficantes de droga e os proxenetas internacionais. Prendeu assassinos como o Francisco Martins Rodrigues, ladrões como o Palma Inácio, desertores como o Manuel Alegre, bombistas como João Roque. Cometeu excessos? Com certeza. Não se apurou todavia, nada de tão violento, de tão terrorífico ou de tão ordinário como foi a acção do COPCON ao longo dos anos de 74/75, nem nada que se possa compara às infâmias praticadas no Porto pela miserável Corvacho. Os tribunais que, um a um, julgaram os homens da P.I.D.E. só condenaram uma a uma pena pesada. Os outros sentenciados a alguns dias de prisão (já largamente cumpridos antes dos julgamentos) foram condenados porque uma lei com efeitos retroactivos pelo simples facto de terem pertencido à P.I.D.E. e, evidentemente defendido Portugal contra a canalha que hoje ainda nos governa.
Quanto à descolonização ficámos também conversados. Na aflição das desculpas, os abrileiros tentam desesperadamente atirar as culpas para cima de Salazar (se se tivesse descolonizado mais cedo...) ou procuram achar nos eventuais intentos descolonizadores de Marcello Caetano a prova da sua razão. Deliberadamente esquecem que antes e depois da sua descolonização todas as outras se afundaram e continuam a afundar-se no sangue e nos ódios tribais; a maioria das populações da África Negra vive ainda na Idade da Pedra; abandoná-las sozinhas a instituições estatais mais ou menos europeias, dominadas por calcinhas foi entregá-las ao genocídio, à corrupção e à inépcia infantil de uns mulatos semi-civilizados alcandorados ao poder.
Em relação ao desenvolvimento económico retrogradámos para os índices de 1962. Caminhamos com rapidez para a destruição da indústria e para o fim da agricultura. Diante de qualquer crise internacional, sem Ultramar, sem marinha mercante, sem dinheiro, crivados de dívidas, diminuída de forma catastrófica a produção nacional — corremos o risco de morrer de fome e da desordem que, inevitavelmente trará consigo a intervenção espanhola.
A ruína de Portugal é um facto atestado pela maioria dos intervenientes dos vários talk-shows com que as televisões nos ensafuaram o juízo nos últimos tempos. Desde a esquerda aparvalhada à direita amaricada, ninguém se atreveu a negar a realidade. Como girândola final, para além do ridículo da sessão solene no Largo do Carmo, explodiu a polémica entre o Spínola e o Costa Gomes insultando-se mutuamente nas páginas do «Diário de Notícias». Os marechaloides não pouparam amabalidades. Para Spínola, Costa Gomes é um traidor nato; para Costa Gomes o Spínola é um esquizofrénico. Entre a traição nata do Gomes e a esquizofrenia inata do Spínola, Portugal desgraçou-se.
De todos os personagens do 25 de Abril, Costa Gomes é, talvez, o mais complicado. Traiu — é verdade. A sua traição, todavia, é muito mais provocada pela imbecilidade e traição do Spínola do que, propriamente, pela sua vontade de trair. Gomes é levado pelas circunstâncias enquanto Spínola foge. Costa Gomes fica para não perder o lugar, mas também para evitar males maiores. Que teria sido de Portugal se Costa Gomes, como Spínola, tivesse fugido em 74 e em 75, deixando-nos entregues às fúrias epilépticas do Vasco Gonçalves e do mefás?
Guiado pela vaidade, o antigo governador da Guiné, ao contrário de Costa Gomes, embarca na primeira frioleira que lhe propõem os acólitos. Primeiro em 28 de Setembro de 1974, aceita como boa a impossível manifestação da maioria silenciosa com a qual pretendia fazer um golpe de estado; depois, em 11 de Março de 1975, estimula a sublevação dos páraquedistas aquartelados em Tancos, para depois outra vez fugir, abandonando com o rabinho entre as pernas e o monóculo no olho, quantos contavam com ele.
Nos primeiros momentos da sua efémera glorieta de 74 Spínola não parece ter-se apercebido de que não dispunha de autoridade. Ronceiro de entendimento e, por pouco, iletrado, baldo de qualquer senso moral, o generaloide do monóculo vivia ensimesmado na sua estulta fesporrência. Nem uma vez lhe relampejou na ténue cabeça poder ser desprezado pelos «rapazes» do M.F.A. Era o «maior» — segredava-lhe a presunção. Os outros eram menores — e, enquanto os comunistas se iam, apoderando dos manípulos da governação ele entretinha-se a pilotar a barca do estado, sem atentar que deixara de haver estado. Rapidamente se esvaneceram todos os vão sonhos de grandeza que acalentara na Guiné enquanto Governador da província.
Spínola, já em 1968, era considerado nos meios ultramarinistas como um sujeito ininterruptamente tonto, vaidoso como um pavão, ambicioso e perigoso por ser azoinado da cabeça. Dos secretos dinheiros da província que podia gastar sem o visto do Tribunal de Contas, dispendeu muitos milhares em propaganda pessoal, procurando impôr-se à opinião pública como um militar da estirpe de Rommel, de MacArthur, do Mousinho ou, ao menos, do Eric von Stroheim. Dizia ter lido relatórios do Mousinho e aspirava pelo seu Marracuene, pelo seu Chaimite, com a correspondente entrada triunfal em Lisboa no alto duma quadriga, coberto de loiros, o Amílcar Cabral algemado de pés e mãos como acontecera ao Gungunhana. Queria ser Presidente da República. Suspeitava que Marcello Caetano lhe acarinhava as ambições. Para chegar a Belém e ter mais uma estrela na manga do dólman, seria capaz de matar a mãe.
Atingira o generalato porque Salazar o impusera em Conselho de Ministros, recordado dos tempos em que o pai do «herói» fora seu secretário, e duma carta amanteigada em que o homenzarrinho lhe escrevera em 61, depois do gorado golpe de Botelho Moniz e Costa Gomes. Chegara a Governador da Guiné nos últimos tempos decadentes de Salazar, depois de lhe ter sido negado o Governo Geral de Angola.
Desembarcado em Bissau, poucos meses antes de Salazar ser demitido, não precisou de muito tempo para verificar que o seu Chaimite tinha sido chão que dera uvas. Em Moçambique, no final do séc. XIX, os vátuas, armados e financiados pelos rodesianos, lutavam de cara descoberta; ali, no meio de pântanos e picadas enlameadas, os turras, armados pelos soviéticos, batiam e fugiam. Fugir é a táctica suprema do guerrilheirismo — e não por medo, não — por inteligência. Guerrilheiro que não sabe fugir não dura um piscar de olhos — e o Spínola não sabia fazer aquela Guerra que não vinha explicada nos manuais da Escola do Exército. Nem a queria fazer. O que queria era a Campanha da Rússia. O que desejava era Austerlitz, o Almeida Bruno e o António Ramos feitos duques no amanhecer encarniçado da vitória. O que ambicionava era vencer Iena, ganhar Friedland, atravessar os Alpes no dorso dum elefante. Sofria de caprolália. Faltava-lhe um rim. Só bebia água do Luso e comia galinha cozida.
Quando no princípio de 1972 um advogado do Porto, especulador bolsista, o dr. Francisco de Sá Carneiro o convidou para se candidatar à Presidência da República recusou, convencido de que Marcello Caetano o levaria a Belém. Quando o Presidente do Conselho de Ministros resolveu fazer recandidatar o Almirante Américo Thomaz, sentiu-se traído. Resolveu, então trair a Pátria fomentando o descontentamento corporativo dos capitães que começava a ronronar.
Chegado a Belém, cavalgando o M.F.A., ainda tentou dissolver e atraiçoar os capitães, e vigarizar Costa Gomes; mas, enganado pela própria jactância, acabou no exílio. Arranjara mais uma estrela no dólman. Destruíra Portugal.
Graças aos Spínolas, aos Costa Gomes aos Soares, aos Sás Carneiros, aos Freitas do Amaral e a muitos outros, nós somos hoje um estado exíguo na iminência da dissolução. Ao comemorar-se o 25/A comemora-se a estupidez e a traição. Só quando nos livrarmos desta sarna fulurenta poderemos tentar ressurgir.»
Manuel Maria Múrias
In Agora!, n.º 6, pág. 3, Junho/Agosto de 1994.

Pensamento de Miguel Torga

«Coimbra, 20 de Junho de 1975

Estranha revolução esta, que desilude e humilha quem sempre ardentemente a desejou. A mais imunda vasa humana a vir à tona, as invejas mais sórdidas vingadas, o lugar imerecido e cobiçado tomado de assalto, a retórica balofa a fazer de inteligência. Mas teimo em crer que apesar de tudo valeu a pena. Assistir ao descalabro. Pelo menos não morro iludido, como os que partiram na véspera do terramoto.»
Miguel Torga
in Diário XII, 3ª edição revista.

23.4.08

Pena de Morte em Portugal

"Eh pá, porreiro!"
Aprovado o Tratado de Lisboa, a Assembleia da República vai ratificá-lo, pois estas coisas não vão a referendo popular e já temos a Pena de Morte em Portugal e na Comunidade Europeia como e bem alertou o Manlius!
Vivam os Direitos do Homem, a Liberdade de Expressão, a Igualdade, a Fraternidade e a Tolerância!

Livro: A Batalha de Aljezur

Graças ao Reverentia fiquei a saber da existência do livro "A batalha de Aljezur", da autoria de José Augusto Rodrigues, editado pela Junta de Freguesia de Aljezur, em 2004, com 150 páginas e já vai na 2.ª edição.
Chegou ontem e li-o com todo o interesse e sugiro que os demais o façam quanto mais não seja por ser um documento histórico.

22.4.08

Lisboa já tem memorial judaico/católico

O sempre bem informado, nestas matérias, jornal "Público" noticia na sua edição de hoje, na página 13, a inauguração deste memorial.
Para um melhor aprofundamento desta e outras questões sugiro a leitura deste magnífico livro:

Paço Ducal de Guimarães - VIII

21.4.08

O Papa anti-nazi e anti-racista

No Público de ontem, e no último dia da visita papal aos States, o Papa Bento XVI «recordou como foi obrigado a integrar a juventude hitleriana, como os seus pais eram anti-nazi e como fez serviço militar numa companhia anti-aérea e foi preso por tropas norte-americanas.“
Foram anos governados por um regime sinistro, estes da minha juventude. Regime que pensava que tinha resposta para tudo à medida que a sua influência crescia, contaminando as escolas, a política e até a religião. Até que o mundo viu o monstro que se agigantava”, disse o Papa enquanto aconselhava os jovens a desfrutar da sua liberdade e a respeitar quem a possibilita, mas a ter muito cuidado para não cair na escuridão.»
Por seu lado, a
Agência Ecclesia noticia que «O Papa apresentou uma reflexão sobre liberdade e o sentido da verdade no mundo de hoje, pedindo-lhes que erradiquem males como a pobreza, a droga ou o racismo.
Partindo da experiência que teve durante o regime nazi, Bento XVI deixou votos de que esse “monstro” não volte a ensombrar a vida das pessoas e os jovens consigam eliminar a escuridão nos nossos dias.
Mesmo na liberdade oferecida pela democracia, alertou, “continua a haver o poder de destruir”.
O nazismo, referiu, “baniu Deus” e por isso ignorou tudo o que fosse bom e verdadeiro. Hoje, disse o Papa, males como a toxicodependência, a pobreza, o racismo, a violência e a degradação das mulheres resultam também do tratamento das pessoas como objectos e da negação da dignidade humana dada por Deus.
Para Bento XVI, a manipulação da verdade é “particularmente sinistra”. “Quando a liberdade não tem em conta a verdade absoluta, relegando-a para a esfera privada do indivíduo, o relativismo toma conta de tudo”, observou.»

Interessante a reflexão sobre a manipulação da verdade vinda de quem tem o dom da Infabilidade. Logo, condena o nazismo e o racismo tornando-se um defensor anti-nazi e anti-racista fervoroso!
É este o representante de Deus na Terra...
Deus nos valha!

Paço Ducal de Guimarães - VII


20.4.08

Adolf Hitler e Eva Braun

Hitler pintor








Leitura semanal

Dragoscópio
6, esse número mágico...

Fascismo em rede
Criar imprensa nacionalista

Jantar das Quartas
Holocausto em Angola

Manlius
Nós continuaremos...
Um dia depois...
O senhor Bensaúde e o rolha
A anedota de décadas

Mote para Motim
José Aguiar Branco: o senhor que se segue
DN: «Há que passar pelo crivo Bilderberg»

Pena e Espada
Rosa Coutinho no Holocausto em Angola
Delito de opinião

Sexo dos Anjos
Holocausto em Angola

Um Homem das Cidades
História contada por burlões e traficantes


Revisionismo em linha

Sobre o centenário de Afonso Lopes Ribeiro:
Afinidades Electivas
Alma Pátria-Pátria Alma
Caceteiro
Eternas Saudades do Futuro
Jantar das Quartas

Jantar das Quartas (2)
Manlius
Nova Frente
Odisseia
O Jansenista
O Povo

O Povo (2)
Porta do Vento
Reverentia
Voz Portalegrense
Diário de Notícias
Jornal de Notícias

Charles Maurras: 20.04.1868 - 16.11.1952


20.04.1868 - 16.11.1952

18.4.08

Cinemateca Portuguesa

A Cinemateca Portuguesa passou no passado dia 3 pelas 19:30, o filme de Jorge Brum do Canto, CHAIMITE, com duração de 157 minutos, realizado em 1953.
Resumo do argumento da Lisvendas: «A população de Lourenço Marques, em 1894, sobre os frequentes ataques iniciais da campanha africana, por António Ennes e seus colaboradores. As façanhas de Caldas Xavier, Aires de Ornelas, Eduardo Costa, Paiva Couceiro, Freire de Andrade e, mais tarde, Galhardo e Mouzinho de Albuquerque para libertarem Moçambique. Grandes jornadas de guerra: Marracuene, Magul, Coolela, incêndio de Manjacaze, Chaimite (rapto de Gungunhana), Macontene... Paralelamente, o amor de dois soldados pela mesma rapariga.»

Como bem refere o
Eurico de Barros a Cinemateca vai homenagear António Lopes Ribeiro com um ciclo de filmes em Setembro. Bem, mais vale tarde do que nunca. Sempre à boa maneira portuga...

17.4.08

Futuro Presente n.º 63: Salazar

Acabei de ler o último número da Futuro Presente dedicada a Salazar. Dos seus artigos destaco:
- "Filme de Guerra - o cinema português e a guerra de Espanha", por José Luís Andrade;
- "Ultramar - o Estado Novo e as campanhas de afirmação da soberania em África: uma visão militar" de Francisco Garcia;
- "A Vida dos Outros", crítica do filme feita por Miguel Freitas da Costa;
- "Como sobreviver à infância", entrevista feita por Alexandra Martins ao escritor tolkieano Ricardo Pinto;
- "O momento salazariano - a propósito de um concurso de televisão.", o texto de fundo da revista, da autoria de Jaime Nogueira Pinto.
Deste texto, sublinho duas interessantes passagens.
A que revela e denuncia as reacções dos campeões da tolerância face ao resultado esmagador da vitória de Salazar (41%) no concurso "Os grandes portugueses":
"As reacções à vitória de Salazar no concurso ilustraram essa intolerância real dos tolerantes «oficiais». Já antes essa possibilidade causava uma notória apreensão, sobretudo quando foi observado que as coisas não corriam de feição e tudo, efectivamente, foi apresentado como remédio preventivo para a tão perigosa «ressurreição» do fascismo que implicaria Salazar ganhar. Vitória que, entretanto, depois, se quis minimizar. A estratégia da «tolerância» teve várias fases:
Primeiro: antes de mais, proibir «Salazar» de participar, quer dizer não incluir o seu nome nas listas dos candidatos.
Segundo: depois de «incluído» ou melhor «engolido» arranjar-lhe uma biografia tenebrosa, só divertida, porque comparada com a de Cunhal, demonstrava o facciosismo «burro» dos autores.
Terceiro: o segredo guardado como «segredo de Estado» da classificação relativa dos «dez mais» seleccionados para a final.
Quarto: a coligação «negativa» articulada na noite da finalíssima, e os actos de clara hostilidade à escolha dos votantes - dos «portugueses» - como diria a Teresa Guilherme.
Quinto: a patética invenção de uma «sondagem» que antecedeu o anúncio dos resultados da finalíssima e a pretensão de contrapôr o carácter «científico» da amostra de menos de 1000 inquiridos ao carácter «pouco científico» da amostra de mais de 200.000 que votaram na finalíssima.
Sexto: a própria noite da «finalíssima» em que, com duas excepções - Rosado Fernandes e José Miguel Júdice - todos os intervenientes e parte das «claques» se sentiram obrigados, mais que defender o seu candidato, a directa ou indirectamente fazerem a sua guerra a Salazar. Assistimos assim, até ao «branqueamento» em termos de «direitos humanos» (como grande defensor da população muçulmana de Lisboa conquistada) de D. Afonso Henriques. E vimos o Dr. João Soares a sustentar o «humanismo» do Marquês de Pombal!
Porque a correcção política mandava que naquela noite, o mau da festa tinha que ser Salazar! E só ele!
A seguir ao programa, houve algumas explosões de escândalo «incontido» - logo ali na própria RTP a magnífica lição de civismo e cultura democrática de Odete Santos. Depois de alguns comentários apocalípticos de conhecidos antifascistas, mudou completamente a toada: foi a «desvalorização" - que não passava de um concurso (o que eu disse na noite da vitória) - e que os estudos «científicos» - as sondagens ad hoc - davam outro resultado.
Mas nelas, Salazar continuava à frente de todos os contemporâneos, isto é, dos «grandes portugueses» do século XX.» (págs. 20/21)

A outra passagem é esta:
«Em 1961, começa a guerra em África, em Angola. Salazar entende do interesse nacional de defender o Império porque nele sempre viu a base de massa crítica e da diferença nacional, isto é um sine qua non da própria independência do país. Deste modo, e graças a um clima de patriotismo e reacção nacional aos ataques da UPA-FNLA no Norte de Angola, ordena a mobilização das tropas. Depois de vencer a conspiração de Júlio Botelho Moniz, ministro da Defesa. Em 1963 a guerra começa na Guiné e em 1964 em Moçambique. Esta "questão do Ultramar", ou "colonial", é hoje o ponto principal dos seus críticos. Podia ter feito outra coisa? Post res perditae, é sempre mais fácil racionalizarmos o acontecido. Ou seja se se perdeu era para perder. Pessoalmente, eu que fui um defensor na época, e muito jovem, dessa unidade para sempre, dou-me conta de que independentemente da bondade da situação, realisticamente, um médio ou pequeno-médio poder não pode, indefinidamente, lutar contra a História e a ordem internacional.
E mais: a minha observação da África pós-independência leva-me a concluir que não era tão impossível uma manutenção de interesses - culturais e económicos e até de influência política - sem a soberania." (Pág. 25)

Pois é. Penso que o senhor Jaime Nogueira Pinto, hoje uma pessoa amadurecida, evoluída, sem aquelas ideias "anarco-fascistas" típicas de um jovem, prefere uma manutenção de interesses sem a Soberania.
Compreendo-o perfeitamente. Como Portugal já não existe, terminou com a traição do 25 de Abril e com a "integração europeia", a soberania portuguesa já não existe mais. O que existe é, sim, "uma manutenção de interesses" e ninguém melhor do que o próprio para defender tal tese tendo em atenção a sua "manutenção de interesses" na barragem moçambicana de Cabora Bossa bem como em Angola, primeiro com a Unita e agora com o MPLA.
Por mero acaso e coincidência lembro aqui as palavras de
António Barreto:
"Confirma o que se sabia: que a esquerda perdoa o terror, desde que cometido em seu nome. Que a esquerda é capaz de tudo, da tortura e do assassinato, desde que ao serviço do seu poder. Que a direita perdoa tudo, desde que ganhe alguma coisa com isso. Que a direita esquece tudo, desde que os negócios floresçam. A esquerda e a direita portuguesas têm, em Angola, o seu retrato. Os portugueses, banqueiros e comerciantes, ministros e gestores, comunistas e democratas, correm hoje a Angola, onde aliás se cruzam com a melhor sociedade americana, chinesa ou francesa. Para os portugueses, para a esquerda e para a direita, Angola sempre foi especial. Para os que dela aproveitaram e para os que lá julgavam ser possível a sociedade sem classes e os amanhãs que cantam. Para os que lá estiveram, para os que esperavam lá ir, para os que querem lá fazer negócios e para os que imaginam que lá seja possível salvar a alma e a humanidade. Hoje, afirmado o poder em Angola e garantida a extracção de petróleo e o comércio de tudo, dos diamantes às obras públicas, todos, esquerdas e direitas, militantes e exploradores, retomaram os seus amores por Angola e preparam-se para abrir novas vias e grandes futuros. Angola é nossa! E nós? Somos de quem?»
Aqui temos um típico representante da direita dos interesses, a direita muito direitinha é a tal que só interessa à esquerda e com ela (con)vive! É a direita das negociatas que se está a marimbar para a Pátria, para a Soberania, para o Povo! Essa, a direita do sistema económico-financeiro que tudo vende e troca por meia dúzia de tostões, quero dizer, dólares!

16.4.08

Centenário de António Lopes Ribeiro

Faria hoje cem anos de vida um Senhor da Cultura Portuguesa, de seu nome António Filipe Lopes Ribeiro.
Sobre a sua vida e obra é de consulta obrigatória o texto da autoria de João Marchante, na Alameda Digital: "Preparando um centenário" bem como este surpreendente texto publicado pelo Centro de Língua Portuguesa/Instituto Camões na Universidade de Hamburgo, na Alemanha e não esquecendo os textos de Lopes Ribeiro, o Senhor Cinema assinado por Eurico de Barros bem como o de Ana Vitória intitulado "António Lopes Ribeiro nasceu há cem anos".
Fez parte de uma lista de candidatos Independentes de Direita integrados na lista do PDC às eleições intercalares de 3 de Dezembro de 1979, onde concorreu como o n.º 3 da lista de Leiria.

Dessa célebre lista de Independentes de Direita constavam: Manuel Maria Múrias (1.º na lista de Lisboa), Gilberto Santos e Castro (1.º na lista de Leiria), Fernando Jasmins Pereira (2.º da lista de Leiria), António Manuel Couto Viana e Maria Valentina da Silveira Machado (1.º e 2.º da lista de Viana de Castelo), da qual obtiveram uma votação de 70 mil votos.
Foi também candidato por Lisboa da coligação PDC-MIRN-FN que concorrou às eleições legislativas de 5 de Outubro de 1980 e cujo resultado viria a significar o desmembramento de toda a Direita nacionalista graças à vitória da AD, já que a direita inteligente, abrangente, evoluída, a tal direita direitinha votou na coligação democrática convencida que ao dar a vitória à AD acabaria com o PS em Portugal. Trágicas ingenuidades...


Pela minha parte, deixo aqui este seu poema sobre a "descolonização exemplar".

REQUIEM NOS CAIS DE LISBOA

Desde Belém ao Beato,
Descarregados de botes,
Empilham-se ao desbarato
Muitos milhares de caixotes.

Numa larga, extensa linha,
Ocupam lados e centro
Do cais; mas não se adivinha
O que contêm lá dentro.

— O que será? — perguntei
A dois ou três empregados.
Respondeu um: — P`lo que sei,
É tudo dos retornados.

Exclamei: - Senhor! Senhor!
(E comecei aos pinotes)
Tanta coisa de valor
Metida à força em caixotes!

Onde estão, que descaminho
Levaram (sabe-se lá!)
As estátuas de Mouzinho
E de Correia de Sá?

Quantas camas, quanto berço
Transformado num caixão?
E não há quem reze o terço,
Quem murmure uma oração?...

Desceu a noite. No escuro,
Perguntei, sem ver mais nada:
— E qual será o futuro
Dessa gente atraiçoada?...

Sem consultar um oráculo,
Eu contemplei, indignado,
O pavoroso espectáculo
Dum império encaixotado.

António Lopes Ribeiro

In «Resistência», n.º 128, 15.06.1976, pág. 6.

Humor

15.4.08

Livro: Angola 1960/1965: Surpresa - Guerra - Recuperação


Da autoria de Manuel Graça e Costa, "Angola 1960/1965 – Surpresa, Guerra e Recuperação", edição do Autor no ano de 1998, com 223 páginas, 268 fotografias e pelo preço de 15€.
É um livro/álbum fotográfico extraordinário onde o repórter-fotográfico através da sua máquina fotográfica mostra-nos o terrorismo praticado pelos turras na Província Ultramarina de Angola.
A ler e ver de dentes cerrados!

O livro deve ser pedido a:
Manuel Graça
Rua da Abelheira, n.º 3, R/C-Dt.º
2735-013 Agualva - Cacém

Fala quem sabe e do que sabe...

"Eu acho bem não haver uma sessão solene, acho que era dar uma péssima imagem da Madeira mostrar o bando de loucos que está dentro da Assembleia Legislativa".

Alberto João Jardim

14.4.08

Livro: Holocausto em Angola


Finalmente, a Verdade começa a vir ao de cima.
Era uma questão de tempo.
Demasiado tarde, na minha opinião, pois Portugal já não existe! Agora, é West Coast of Europe!!! E Angola, está despedaçada pela pata do colonialismo americano.Eis mais um livro sobre a descolonização exemplar ou, como dizem agora, a descolonização possível.
A traição está consumada e os responsáveis ficaram impunes face à justiça democrática! Mas, que não se esqueçam que acima da justiça humana está a Justiça Divina!
Como não creio quer em Léon Bloy que afirmava que Deus estava de braços cruzados, nos confins do céu; quer em Nietzsche que dizia que Deus tinha morrido, acredito, sim, em
Céline que asseverava que Deus está em reparação!
Após um silêncio editorial de quase trinta anos - sim, porque muito livro entre 1975 e 1980 foi publicado. A lista é extensa para ser divulgada, mas um dia fá-lo-ei - a editora Prefácio começou a publicar livros sobre a descolonização, como os da autoria do General Silva Cardoso ("
Angola, Anatomia de uma tragédia" (editado pela Oficina do Livro) e "25 de Abril de 1974, a revolução da perfídia"), do tenente-coronel António Lopes Pires Nunes ("Angola 1961 - Da baixa do Cassange a Nambuango"), do coronel Manuel Amaro Bernardo ("Combater em Moçambique (1974-1975)", "Memórias da Revolução (1974-1975)", é dado agora à estampa pelas Edições Vega, "Holocausto em Angola -Memórias de entre o cárcere e o cemitério", de Américo Cardoso Botelho, (v. Público, de 13.04.2008):

«Angola é nossa!
Só hoje me chegou às mãos um livro editado em 2007, Holocausto em Angola, da autoria de Américo Cardoso Botelho (Edições Vega). O subtítulo diz: "Memórias de entre o cárcere e o cemitério". O livro é surpreendente. Chocante. Para mim, foi. E creio que o será para toda a gente, mesmo os que "já sabiam". Só o não será para os que sempre souberam tudo. O autor foi funcionário da Diamang, tendo chegado a Angola a 9 de Novembro de 1975, dois dias antes da proclamação da independência pelo MPLA. Passou três anos na cadeia, entre 1977 e 1980. Nunca foi julgado ou condenado. Aproveitou o papel dos maços de tabaco para tomar notas e escrever as memórias, que agora edita. Não é um livro de história, nem de análise política. É um testemunho. Ele viu tudo, soube de tudo. O que ali se lê é repugnante. Os assassínios, as prisões e a tortura que se praticaram até à independência, com a conivência, a cumplicidade, a ajuda e o incitamento das autoridades portuguesas. E os massacres, as torturas, as exacções e os assassinatos que se cometeram após a independência e que antecederam a guerra civil que viria a durar mais de vinte anos, fazendo centenas de milhares de mortos. O livro, de extensas 600 páginas, não pode ser resumido. Mas sobre ele algo se pode dizer.
O horror em Angola começou ainda durante a presença portuguesa. Em 1975, meses antes da independência, já se faziam "julgamentos populares", perante a passividade das autoridades. Num caso relatado pelo autor, eram milhares os espectadores reunidos num estádio de futebol. Sete pessoas foram acusadas de crimes e traições, sumariamente julgadas, condenadas e executadas a tiro diante de toda a gente. As forças militares portuguesas e os serviços de ordem e segurança estavam ausentes. Ou presentes como espectadores.
A impotência ou a passividade cúmplice são uma coisa. A acção deliberada, outra. O que fizeram as autoridades portuguesas durante a transição foi crime de traição e crime contra a humanidade. O livro revela os actos do Alto-Comissário Almirante Rosa Coutinho, o modo como serviu o MPLA, tudo fez para derrotar os outros movimentos e se aliou explicitamente ao PCP, à União Soviética e a Cuba. Terá sido mesmo um dos autores dos planos de intervenção, em Angola, de dezenas de milhares de militares cubanos e de quantidades imensas de armamento soviético. O livro publica, em fac simile, uma carta do Alto-Comissário (em papel timbrado do antigo gabinete do Governador-geral) dirigida, em Dezembro de 1974, ao então Presidente do MPLA, Agostinho Neto, futuro presidente da República. Diz ele: "Após a última reunião secreta que tivemos com os camaradas do PCP, resolvemos aconselhar-vos a dar execução imediata à segunda fase do plano. Não dizia Fanon que o complexo de inferioridade só se vence matando o colonizador? Camarada Agostinho Neto, dá, por isso, instruções secretas aos militantes do MPLA para aterrorizarem por todos os meios os brancos, matando, pilhando e incendiando, a fim de provocar a sua debandada de Angola. Sede cruéis sobretudo com as crianças, as mulheres e os velhos para desanimar os mais corajosos. Tão arreigados estão à terra esses cães exploradores brancos que só o terror os fará fugir. A FNLA e a UNITA deixarão assim de contar com o apoio dos brancos, de seus capitais e da sua experiência militar. Desenraízem-nos de tal maneira que com a queda dos brancos se arruíne toda a estrutura capitalista e se possa instaurar a nova sociedade socialista ou pelo menos se dificulte a reconstrução daquela".
Estes gestos das autoridades portuguesas deixaram semente. Anos depois, aquando dos golpes e contragolpes de 27 de Maio de 1977 (em que foram assassinados e executados sem julgamento milhares de pessoas, entre os quais os mais conhecidos Nito Alves e a portuguesa e comunista Sita Valles), alguns portugueses encontravam-se ameaçados. Um deles era Manuel Ennes Ferreira, economista e professor. Tendo-lhe sido assegurada, pelas autoridades portuguesas, a protecção de que tanto necessitava, dirigiu-se à Embaixada de Portugal em Luanda. Aqui, foi informado de que o vice-cônsul tinha acabado de falar com o Ministro dos Negócios Estrangeiros. Estaria assim garantido um contacto com o Presidente da República. Tudo parecia em ordem. Pouco depois, foi conduzido de carro à Presidência da República, de onde transitou directamente para a cadeia, na qual foi interrogado e torturado vezes sem fim. Américo Botelho conheceu-o na prisão e viu o estado em que se encontrava cada vez que era interrogado. Muitos dos responsáveis pelos interrogatórios, pela tortura e pelos massacres angolanos foram, por sua vez, torturados e assassinados.
Muitos outros estão hoje vivos e ocupam cargos importantes. Os seus nomes aparecem frequentemente citados, tanto lá como cá. Eles são políticos democráticos aceites pela comunidade internacional. Gestores de grandes empresas com investimentos crescentes em Portugal. Escritores e intelectuais que se passeiam no Chiado e recebem prémios de consagração pelos seus contributos para a cultura lusófona. Este livro é, em certo sentido, desmoralizador. Confirma o que se sabia: que a esquerda perdoa o terror, desde que cometido em seu nome. Que a esquerda é capaz de tudo, da tortura e do assassinato, desde que ao serviço do seu poder. Que a direita perdoa tudo, desde que ganhe alguma coisa com isso. Que a direita esquece tudo, desde que os negócios floresçam. A esquerda e a direita portuguesas têm, em Angola, o seu retrato. Os portugueses, banqueiros e comerciantes, ministros e gestores, comunistas e democratas, correm hoje a Angola, onde aliás se cruzam com a melhor sociedade americana, chinesa ou francesa.
Para os portugueses, para a esquerda e para a direita, Angola sempre foi especial. Para os que dela aproveitaram e para os que lá julgavam ser possível a sociedade sem classes e os amanhãs que cantam. Para os que lá estiveram, para os que esperavam lá ir, para os que querem lá fazer negócios e para os que imaginam que lá seja possível salvar a alma e a humanidade. Hoje, afirmado o poder em Angola e garantida a extracção de petróleo e o comércio de tudo, dos diamantes às obras públicas, todos, esquerdas e direitas, militantes e exploradores, retomaram os seus amores por Angola e preparam-se para abrir novas vias e grandes futuros. Angola é nossa! E nós? Somos de quem?

António Barreto»

P.S. - Pilhado com a devida vénia d`O Sexo dos Anjos.
Um reparo às afirmações de António Barreto: "Que a direita perdoa tudo, desde que ganhe alguma coisa com isso. Que a direita esquece tudo, desde que os negócios floresçam."
Assim é, na realidade, mas essa direita a que se refere, a direita muito direitinha é a tal que só interessa à esquerda e com ela (con)vive! É a direita das negociatas que se está a marimbar para a Pátria, para a Soberania, para o Povo! Essa, a direita do sistema económico-financeiro que tudo vende e troca por meia dúzia de tostões, quero dizer, dólares!