29.10.08

Livro: António Oliveira Salazar e Pedro Teotónio Pereira - Correspondência Política 1945-1968 de João Miguel Almeida

Acabado de vir a lume pelo Círculo de Leitores e pela Tema e Debates a correspondência entre Salazar e Pedro Teotónio Pereira, embaixador em Madrid e em Londres entre 1945 e 1968, reunida num volume de 764 páginas.

Europa Eterna


«O blog “Europa Eterna” será um blog sem qualquer tipo de ligação a uma organização política. É um blog claramente identitário, europeísta e nacionalista.
Irá ser um espaço de informação, discussão política e de divulgação da cultura europeia. Tentaremos divulgar igualmente alguns textos e campanhas de organizações europeias relacionadas com o âmbito deste blog.
Os responsáveis por este espaço não escondem a sua vincada vertente nacionalista, não defendemos porém um nacionalismo anacrónico, completamente desajustado da nossa realidade. É altura de olhar em frente, não esquecer o passado mas nunca viver refém dele.»

Humor: Geração Magalhães - II

28.10.08

O milagre da economia portuguesa

A economia e a democracia estão em grande pujança.
Depois do financiamento estatal à banca portuguesa, segue-se agora o financiamento dos partidos políticos que vão receber 100 milhões de euros do Estado acabando-se assim com o desemprego nos partidos como já eram públicos os problemas financeiros do Partido Comunista.
Apoio a ideia do professor universitário Manuel Meirinho Martins, docente do Instituto Superior de Ciências Sociais, autor do estudo em fase de investigação "Os custos da democracia eleitoral portuguesa" que sugere: "Podia-se criar um fundo para a democracia, com um valor fixo que depois seria distribuído pelos partidos"».
Assim, esse fundo entraria na Bolsa e seria um sucesso para os partidos e para os accionistas.
A célebre palavra de ordem Um homem - um voto está ultrapassada!
Agora, nesta era de Novas Oportunidades, os partidos defendem com unhas e dentes: Um voto - 3,16 euros!
Aguardam-se as reacções de Jerónimo de Sousa e de Xiquinho Louçã face a este financiamento estatal que não serão as mesmas que tiveram sobre o financiamento aos bancos, pois estes 100 milhões de euros são a garantia que o desemprego partidário não irá acontecer para regozijo dos defensores da classe trabalhadora, operária e camponesa.
Outro aspecto positivo desta medida é a possibilidade da extinção dos Institutos de Emprego e Formação Profissional sendo substituídos pelas agências de emprego a abrir em todas as sedes dos partidos espalhadas por este país.
Com isto, os partidos aumentarão o número de filiados e a taxa de abstenção - na casa decimal dos 40% - irá baixar porque o eleitor/contribuinte/empregado vai querer votar para que o seu partido/patrão tenha o maior número de votos possíveis, deixando de ser importante que vença ou perca as eleições.
Qual crise, qual quê!
Milhões de euros - para os bancos que todos os anos têm lucros escandalosos e para os partidos que são o garante da democracia - não faltam!

Pintura de Ferdinand Leeke: Odin e Brunhilde

Odin e Brunhilde, 1908
Ferdinand Leeke
Pintor alemão
1859 - 1925

Humor: Geração Magalhães - I

24.10.08

Covadonga e Pelágio!


“Os que têm lido a história daquela época sabem que a batalha de Cangas de Onis foi o primeiro elo dessa cadeia de combates que, prolongando-se através de quase oito séculos, fez recuar o Corão para as praias de África e restituiu ao Evangelho esta boa terra de Espanha, terra, mais que nenhuma, de mártires. Na batalha de junto de Auseba foram vingados os valentes que pereceram nas margens do Chrysus; porque mais de vinte mil sarracenos viram pela última vez a luz do Sol naquelas tristes solidões. Mas, nesse dia de punição, esta devia abranger assim os infiéis, como os que lhes haviam vendido a pátria e que ainda vinham disputar a seus irmãos a dura liberdade de que gozavam nas brenhas intratáveis das Astúrias.
O ardil de Pelágio para resistir com vantagem aos muçulmanos, cem vezes mais numerosos que os cristãos, surtira o desejado efeito. Ainda que muito a custo, os cavaleiros enviados em cilada para a floresta à esquerda das gargantas de Covadonga puderam chegar aí sem serem sentidos dos árabes, que se haviam aproximado mais cedo do que o fizera crer a narração do velho Velido. Os infiéis pararam nas bordas do Deva, no sítio em que rompia do vale, e os seus almogaures tinham ousado penetrar avante. Os cavaleiros da cilada, que a pouca distância passavam manso e manso, ouviram distintamente o tropear dos ginetes inimigos.
Mas, quando, ao primeiro alvor da manhã, Pelágio se encaminhava com o seu pequeno esquadrão para a garganta das serras, já os árabes rompiam por ela e começavam a espraiar-se, como ribeira que, saindo de leito apertado, se dilata pela campina. Os cristãos recuaram, e os infiéis, atribuindo ao temor esta fuga simulada, precipitaram-se após eles. Pouco a pouco, o duque de Cantábria atraiu-os para a entrada da gruta de Covadonga. Chegado ali, pondo à boca a sua buzina, tirou um som prolongado. Imediatamente os cimos dos rochedos, que pareciam inacessíveis, cobriram-se de fundibulários e frecheiros, e uma nuvem de tiros choveu de toda a parte sobre os africanos e sobre os renegados godos. Vacilaram; mas o desejo da vingança levou-os a apinharem-se, esquadrões, à entrada da caverna, onde, finalmente, encontravam desesperada resistência. Então, como se despegassem do céu, grandes rochedos começaram a rolar sobre eles dos cimos do precipício que lhes ficava sobranceiro. Mãos invisíveis os impeliam. Cada rocha traçava no meio daquele vulto informe que oscilava, naquela vasta planície de alvos turbantes e de capacetes reluzentes, uma escura mancha, semelhante a chaga horrível. Eram dez ou vinte guerreiros, cujos membros esmagados, cujos ossos triturados, cujo sangue confundido espirravam por cima das frontes dos seus companheiros. Era medonho!, porque a esse espectáculo se ajuntava o grito de raiva e desesperação dos pelejadores, grito feroz e agudo, só comparável ao bramido de cem loas a quem os caçadores assinalaram profundamente os elmos de Opas e Juliano. No mesmo momento mais três ferros reluziam.
Um contra três! Era um combate calado e temeroso. O cavaleiro da Cruz parecia desprezar Mugueiz: os seus golpes retiniam só nas armaduras dos dois godos. Primeiro o velho Opas, depois Juliano caíram.
Então, recuando, o guerreiro cristão exclamou:
- Meu Deus! Meu Deus! Possa o sangue do mártir remir o crime do presbítero!
E, largando o franquisque, levou as mãos ao capacete de bronze e arrojou-o para longe de si.
Mugueiz, cego de cólera, vibrara a espada: o crânio do seu adversário rangeu, e um jorro de sangue salpicou as faces sarraceno.

Como tomba o abeto solitário da encosta ao passar do furacão, assim o guerreiro misterioso do Chrysus caía para não mais se erguer!...
Nessa noite, quando Pelágio voltou à caverna, Hermengarda, deitada sobre o seu leito, parecia dormir. Cansado do combate e vendo-a tranquila, o mancebo adormeceu, também, perto dela, sobre o duro pavimento da gruta. Ao romper da manhã, acordou ao som de cântico suavíssimo. Era sua irmã que cantava um dos hinos sagrados que muitas vezes ele ouvira entoar na Catedral de Tárraco. Dizia-se que o seu autor fora um presbítero da diocese de Hispalis, chamado Eurico.
Quando Hermengarda acabou de cantar ficou um momento pensando. Depois, repentinamente, soltou uma destas risadas que fazem erriçar os cabelos, tão tristes, soturnas e dolorosas são elas: tão completamente exprimem irremediável alienação de espírito.
A desgraçada tinha, de feito, enlouquecido.”

In Eurico, o Presbítero, Biblioteca Essencial, 2007, pp.238/243.

22.10.08

Livro: Páginas Minhotas de Alfredo Pimenta

Foi através de António Manuel Couto Viana que tive conhecimento desta nova edição de Páginas Minhotas de Alfredo Pimenta a cargo da Opera Omnia dado à estampa em 2007. São 295 páginas que retratam o sangue e o solo minhotos.
Faz parte de ambas as edições o magnífico desenho a carvão do ilustre e extraordinário pintor, Ruy Preto Pacheco.

Sendo já detentor da 1.ª edição a cargo das Organizações Bloco, Limitada, sob a orientação de Manuel da Costa Figueira, em 1950, 236 páginas, não deixei de adquirir a segunda edição.

21.10.08

Salvador Dalí e Hitler

O Enigma de Hitler. 1939.
Óleo sobre tela, 51,2x79,3cm.
Museo Nacional Reina Sofia. Madrid.

Fotografia de Hitler que inspirou Salvador Dalí na metamorfose do rosto de Hitler em "Paisagem ao Luar com acompanhamento - Serenata de Tosseli". 1958.

Óleo sobre tela, 25,5x31 cm.
Colecção Particular

Medina Carreira ataca de novo no Jornal da 9 da SIC Notícias!

19.10.08

I Encontro de Blogues Nacionalistas

Está agendado para 29 de Novembro (sábado) um encontro de blogues nacionalistas, uma ideia de Alma Pátria, com o objectivo de trocar conhecimentos e experiências, na região de Coimbra.
Os interessados devem contactar o Alma Pátria-Pátria Alma ou enviar email para
vitorramalho1@gmail.com

Leitura semanal

A Cidade do Sossego
Realeza e Pontificado
O céu belicoso
Democracia e pós-guerra

A Voz Portalegrense
Crónica de Nenhures: Paliativos que agravam

Alma Pátria-Pátria Alma
Crise! Que crise

Caceteiro
Alfredo Pimenta

Dragoscópio
Haia com Deus
Venha a higiene!

Falangista Campense
Já que não respeitam a memória dos mártires...

Gladius
Memórias da BD portuguesa - Tónius, o Lusitano

Movimento Legitimista Português
A burguesia é o inimigo

O Pasquim da Reacção
Sobre os Não-Matrimónios
O Novo Socialismo de Sacristia

O Reaccionário
A Revolução não pára!
A Europa enlutada

Pena e Espada
Homenagem a Céline: Viagem ao fim do efémero

Reverentia
In Memoriam

Sexo dos Anjos
Recordando Jacques Brel: les bourgeois c'est comme les cochons
Os negócios do "anti-racismo"

Inconformista
Pt No Media
Pt NovoPress
Revisionismo em Linha

17.10.08

Livro: Os Judeus de José Vilhena

"Estando eu, um dia, às seis horas da tarde, sentado na minha biblioteca a pensar escrever um desses livros que tanta fama me dão, vi descer do céu um anjo que me disse: «José, porque não contas a história do Povo Eleito?»
Compreendendo que aquela aparição, em camisola branca e com asas, era um sinal do Altíssimo, logo me deitei ao trabalho.
Os judeus, para falar verdade, nunca foram um povo da minha simpatia e, desde os tempos em que, com rara aplicação, estudei o catecismo, sempre se mostraram desprezíveis aos meus olhos. Afiguravam-se sensuais e mulherengos, constantemente sujos, com a barba por fazer, só tomando banho (pela Páscoa) nas águas estagnadas do Mar Morto, e isto para cumprir o preceito, que não por motivos de higiene. Gente desta, que ainda por cima empresta a 20% (1), nunca mereceu a minha simpatia, embora a necessidade (bendito Deus!) me tenha feito recorrer a eles, por desgraça minha, demasiadas vezes.
Mas na galeria judaica abundam também as mulheres – e que mulheres! – todas esplêndidas, tão célebres pelas suas formas como pelas taras sexuais que tinham entranhadas no sangue. Desde as prostitutas de Jerusalém, até às meninas virgens, de boas famílias, que se deitavam com David (patriarca avançado em anos e em velhacaria) a fim de que o velho se aquecesse, essas simpáticas criaturas tornam a Bíblia um livrinho quase tão apreciado como o Kamassutra, a Vida Sexual do Professor Egas Moniz ou as Noites de Amor da Duquesa Olga.
Isso tenta a minha musa, como diria o Gerónimo Bragança(2).
Vestindo uma camisa de dormir, indumentária própria para estes e outros cometimentos, fui beber ao sagrado livro – fonte de toda a verdade – inspiração e sabedoria.
Consola-me a ideia de que, desta vez, ninguém duvidará das minhas palavras, nem as menosprezará, pois logo incorre no risco de ser excomungado, confundido nas profundas dos infernos e passar à eternidade transformado em tocha, frito em azeite ou, mais naturalmente , em Margarina Vaqueiro, pois outro óleo não se usa nas infernais cozinhas (diz-nos a Sr.ª D. Luísa Meireles, da Amadora…)
De facto, segundo Leão XIII, na Encíclica Proventissimus Deus, a divindade inspira quem trata destas coisas. Embora seja humana (bem humana, falível e mortal – ai de mim!) a mão que empunhou a pena, foi Deus quem a guiou sobre o papel. Daí a responsabilidade do autor desta obra estar reduzida a metade, porque a escreveu de parceria, não sendo, portanto, mais do que o instrumento. E se alguém se queixar à digníssima Comissão de Censura(3), deve fazê-lo honestamente, apontando Deus em primeiro lugar, já que ele é a causa principal e primeira, como ensina, e muitíssimo bem, S. Tomás.
Aproveito para pedir desculpa se a linguagem vos parecer descabelada, se surgir mesmo um ou outro palavrão, acidente que procurei evitar a todo o custo. Se acontecer é porque, de acordo ainda com o citado e sapientíssimo Leão XIII, Deus utiliza o modo humano para falar com os homens(4).

Notas do Autor:
1 – Ao mês!
2 – O príncipe dos poetas portugueses.
3 – Filantrópica instituição que tem levado muitas almas para o céu, tirando-lhes a tempo, da frente dos olhos as leituras ruins.
4 – Refiro-me, evidentemente, ao deus de Israel, não tendo isto nada a ver com o Nosso – o Único e Verdadeiro."

In Introdução, pp. 11/17.

16.10.08

Livro: O Fim do Tormento - O Livro de Hilda de Hilda Doolitle e Ezra Pound

Editado pela Assírio&Alvim em 2002, com 206 páginas, passou despercebido no meio literário português como não podia deixar de ser. Porquê? Trata de Ezra Pound, o maior poeta e escritor americano do século XX e genial autor de Os Cantos e das emissões Aqui a Voz da Europa - Rádio Roma.
É um livro dividido em dois: o diário de Hilda Doolitle, mulher de Ezra Pound e "O Livro de Hilda", livro de poesia.
No diário encontramos referências ao tratamento - em nome dos direitos humanos e da liberdade - a que foi submetido em Pisa e no hospital psiquiátrico de St. Elizabeth`s, na ala dos loucos criminosos, em Washington D. C., onde o queriam dar com insanidade mental e louco!

14.10.08

Jornal de Notícias: Imaginem de Mário Crespo

Anda o Mário encrespado!
Vai acabar como arrumador de carros. Ai vai, vai!

Livro: Eurico, o Presbítero de Alexandre Herculano

Editadas pela Oficina do Livro com exclusivo para os hipermercados Continente e Modelo na colecção "Biblioteca Essencial", as obras clássicas da literatura portuguesa como Os Maias de Eça de Queirós, Viagens na minha Terra de Almeida Garrett, As Pupilas do Senhor Reitor de Júlio Dinis, Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco pelo preço de 4,99€.
Uma magnífica iniciativa que saudamos e comprovamos que livros impressos com qualidade podem orçar valores baixos como os 4,99€.
Fico a aguardar com esperança a publicação das obras: O Monge de Cister (que completa o Monasticon), O Bobo, e Lendas e Narrativas de Alexandre Herculano.

"Libertação" da Boémia em 1945

12.10.08

Leitura semanal

A Cidade do Sossego
Modernidade e Nacional-Socialismo
Os elementos constituivos do fascismo
O centro supremo oculto durante o Kali-Yuga
Ética republicana

A Voz Portalegrense
Desabafos
Crise
Crónica de Nenhures: História exemplar

Alma Pátria-Pátria Alma
Célula terrorista israelita

Arqueofuturismo
Sobre cartazes, um vereador xenófilo e seus desvarios

Caceteiro
Reflexões acerca da situação actual

Democracia
Falências da banca
Bolsas...

Demokratia
O que nós queremos!
O que nós queremos! - adenda
Elevar a fasquia

Estado Sentido
Um português ilustre (1)
Um português ilustre (2)
Diário de N. White Castle: Lisboa, 5 de Outubro de 1910
Diário de N. White Castle: 6 de Outubro de 1910, adeus Lisboa

Gladius
A batalha de Tours
O Secular das Nuvens - I
O Secular das Nuvens - II
O Secular das Nuvens - III

Jantar das Quartas
Um longo e amargo adeus

Manlius
O meu 5 de Outubro...
O PBEC

Movimento Legitimista Português
O 5 de Outubro
Um clarão de esperança

O Pasquim da Reacção
Perder à partida

Pena e Espada
O mau jornalismo habitual (VII)
O reconhecimento do Kosovo (I)
O reconhecimento do Kosovo (II)
O reconhecimento do Kosovo (III)
Justiça?
Danos colaterais (II)
Proibir ideias?
A difícil defesa da liberdade
Terra e Povo
A difícil defesa da liberdade (II)
“Desenvolvidos”

Sexo dos Anjos
Les Partisans Blancs
Xenofobia
Evolução e continuidade
De ora em diante, cartazes em Lisboa só com aprovação de Sá Fernandes?

Um Homem das Cidades
Mário Crespo - Pactos de Silêncio
Money as Debt – Dinheiro é Dívida
Revisionismo - método cientifico ou dogma negacionista?

Inconformista
Pt No Media
Pt NovoPress
Revisionismo em Linha

Terra e Povo - Portugal

Foi oficialmente apresentada a Associação Terra e Povo, projecto cultural sério de uma comunidade de combate cultural identitário em Portugal, inserida numa rede europeia de associações congéneres.
Fruto da vontade comum de vários interessados, a
Associação Terra e Povo foi constituída este ano e desenvolvia já um trabalho preparatório de lançamento de vários dos seus projectos: publicações, conferências, acções de formação, entre outros. Uma associação que se quer activa no preenchimento de uma lacuna no combate cultural e metapolítico no nosso país, bem como no estreitamento de relações paneuropeias. Uma associação em defesa da nossa Terra e do nosso Povo.
Endereço electrónico:
http://www.terraepovo.com/
Correio electrónico: terraepovo@gmail.com

Em nome da democracia

Castelo de Almourol

11.10.08

Coincidente: a morte de Jörg Haider

"Viena, 11 Out (Lusa) - O líder do partido populista austríaco BZÖ e governador da Caríntia, Jörg Haider, morreu hoje vítima de um acidente de viação, anunciou à agência de imprensa APA a polícia de Klagenfurt. "O governador da Caríntia e líder do BZÖ, Jörg Haider, morreu na sequência de um acidente de viação às primeiras horas do dia, hoje em Klagenfurt", anunciou a agência, citando a polícia local.
Segundo as primeiras indicações, Haider, 58 anos, circulava sozinho a bordo da sua viatura de serviço no sul da capital da Caríntia quando sofreu um despiste por uma razão ainda desconhecida.
Haider ficou gravemente ferido na cabeça e no tórax e morreu pouco depois vítima dos seus ferimentos, revelou igualmente a APA."

Bento XII e a beatificação de Pio XII, o protector dos judeus

O Público fez a referência acima sobre «A lenda negra sobre Pio XII começou em meados da década de 1960, com a peça O Vigário, estreada em 1963. O autor da peça, Rolf Hochhuth, admitiria mais tarde que não conhecia alguns textos de Pio XII em que ele tomava posição contra o nazismo. Um diplomata alemão em que Hochhuth se baseara tinha-se vangloriado de ter conseguido o silêncio de Pio XII, mas não transmitira para Berlim as notas de protesto do Vaticano, a que respondera com mais perseguições do regime nazi."

E assim é fabricado mais um mito, mais uma vigarice, mais um conto do vigário!

Por seu lado,
o Sol publica hoje em título: Papa diz que silêncio sobre Holocausto foi «eficaz» e desenvolve desta forma:
"O Papa Bento XVI acredita que o silêncio de Pio XII durante o Holocausto nazi e a segunda-guerra mundial foi «eficaz» para o povo judeu. Para o Papa, não se tratou de medo ou conivência com o regime Nazi, mas antes a escolha do silêncio como arma.
Numa altura em que se lembram os 50 anos da morte do Papa Pio XII, que 'governou' a Igreja Católica de 1939 a 1958, Bento XVI acredita que o seu silêncio sobre o Holocausto dos judeus no periodo Nazi foi a opção mais «eficaz».
Segundo Bento XVI, que participou numa missa de aniversário da morte do Papa, não se tratou de medo ou conivência, mas uma escolha que acabou por ser uma melhor ajuda e solidariedade para com os judeus.
Com esta declaração, o Papa acabou por dar a 'luz verde' para o processo de beatificação de Pio XII, que tinha sido parada no passado e retomada em 2006, com um voto unânime da Congregação da Causa dos Santos. O próprio Ratzinger pediu na altura uma investigação histórica mais aprofundada.
A polémica começou já esta semana quando o rabino de Haifa, Shear Yesuv Cohen, disse que «não devia ser beatificado ou tomado como exemplo, porque não conseguiu levantar a voz ou ajudar-nos secretamente».
No domingo, a comunidade de Santo Egídio e os judeus de Roma marcham juntos pelo bairro romando de Trastévere para recordar os mais de mil judeus que foram deportados da capital italiana para Auschwitz durante a ocupação nazi."

Repressão na Alemanha contra a organização juvenil Heimattreue Deutsche Jugend (HDJ)

No Portugal Diário:

Polícia alemã lança operação contra grupo juvenil neonazi

"As autoridades alemãs lançaram, ao início desta quinta-feira, uma operação em todo o país contra a organização juvenil Heimattreue Deutsche Jugend (HDJ) (Juventudes Alemãs Fiéis à Pátria), de cariz neonazi.
As operações, que começaram às 6 da manhã, levaram os agentes policiais a entrarem em cerca de 100 casas e escritórios. Foram interrogadas mais de uma centena de elementos deste grupo, considerado como um centro de formação de elementos de extrema direita.
O carácter desta iniciativa das autoridades incidiu sobre 14 dos 16 estados germânicos. Só em Berlim, foram alvo de visita policial 15 locais.
Durante o verão, um acampamento desta organização foi visado pelas autoridade. Encontraram entre outros objectos suspeitos, bandeiras e livros relacionados com a o regime nazi. Segundo o governo alemão, apesar da organização de «actividades de ócio aparentemente apolíticas, como acampamentos de verão», as HDT «têm como finalidade doutrinar crianças e jovens na ideologia nacional-socialista, para convertê-los em extremistas», cita o jornal El Mundo.
Esta organização, contestada por todos os partidos alemães com assento na câmara baixa do parlamento nacional, foi criada em 1990, em Berlim, mas só em 2001 adoptou o nome actual, e alargou-se a todo o país.
O movimento reúne mais uma centena de elementos e milhares de simpatizantes, com idades entre os sete e os 29 anos. As suas publicações são de tom anti-semita e racista."

8.10.08

Livro: Até na prisão fui roubado! de Artur Agostinho

Um livro de memórias das prisões da liberdade abrilinas, este “Até na prisão fui roubado!” onde Artur Agostinho nos relata a sua experiência nas masmorras da Penitenciária de Lisboa e de Caxias em nome da liberdade às mãos da tropa fandanga do COPCON.
Artur Agostinho foi vítima da farsa do filme cómico em que muitos outros foram intérpretes involuntários na mesma acusação, tipo chapa 4, a da hilariante e anedótica acusação de andarem de carro funerário a transportar armas “fascistas” para o golpe spinolento de 28 de Setembro de 1974.


“Alguém me havia encarregado de fazer um transporte de armas que, pelo seu volume, teria de ser rodado de extremos cuidados. Foi, por isso, que imaginei – dizia-se – a macabra encenação de fazer esse transporte num carro funerário. No caixão, em vez de um defunto, seguiam espingardas, metralhadoras e algumas granadas de mão. Dentro do carro (sentado junto do caixão) ia eu, vestido de padre, não para a cerimónia da encomendação da alma do inexistente defunto mas para vigiar a preciosa carga e a fazer a sua entrega aos revolucionários a que se destinava.
Apesar de impecavelmente disfarçado e das barbas postiças que tivera o cuidado de colocar, fui descoberto, numa «barreira», à entrada da ponte sobre o Tejo. Foi, então, que os diligentes «vigilantes» chamaram o COPCON que me transportou a Caxias.
Esta a «maravilhosa» versão posta a circular, no dia seguinte à minha prisão.
(…) Outras versões mais ou menos fantásticas seriam posteriormente postas a circular.
Uma delas, era apenas «variante» da primeira, pois limitava-se a uma mudança de guarda-roupa: em vez de padre eu era… uma freira! A história caiu pela base porque se esqueceram que eu usava bigode e francamente, uma religiosa com aquele «ornamento» seria pouco… convincente.
Também se disse que eu tinha, lá para as bandas de Colares, um verdadeiro arsenal de armas e munições, além de uma emissora clandestina.
Finalmente, chegou-me aos ouvidos uma outra história segundo a qual fora detido nos estúdios da Radiotelevisão, quando me preparava para ler uma proclamação ao País, anunciando o êxito do já citado «golpe» de 28 de Setembro. Mas também à volta desta havia algumas variantes: enquanto, para uns eu estava na RTP, para outros encontrava-me na Emissora Nacional. Para outros ainda, a minha prisão tivera lugar à entrada do Rádio Clube Português onde pelos vistos, também me dispunha a… «proclamar»!
Concluindo: fui preso numa quantidade de lugares, ao mesmo tempo, graças a um dom de ubiquidade que não sabia possuir.
Afinal, a minha prisão fora simplesmente efectuada quando estava a dormir tranquilamente na minha casa, «disfarçado» com um pijama de riscas azuis que não é sequer, dos que mais gosto de usar…”

Artur Agostinho, “Até na prisão fui roubado!”, pp. 61/62/63, 1976.

7.10.08

Mishima: O hara-kiri do silêncio

«O HARA-KIRI DO SILÊNCIO

Não, senhor Mishima! O senhor não nos interessa; o senhor pertence a um universo desconhecido, a uma longínqua galáxia onde os homens ainda se recusam a aprender a grande lição da sociedade de consumo: mete-te na tua carapaça, ocupa-te do teu estômago, refocila em tudo o que se possa comprar e vender, em tudo quanto possas apetecer graças ao crédito e às vantagens de que dispões. E aprende... e aprende tu, que és escritor, com esse Curzio Malaparte, torna-te cínico como ele e faz sorrir as gentes com o relato de como as mulheres do teu povo foram desfloradas pelo invasor ao ponto de uma donzela virgem se ter convertido num espectáculo digno de larachas.
É este o paradigma das redacções do jornais que, em todo o mundo, falam o patuá de Moloch: esta, a razão pelo qual o gesto do escritor japonês, duas vezes candidato ao Nobel de Literatura, personalidade tida como fulgurante nos géneros da narrativa, do conto e da novela, mereceu tão escassa atenção dos chamados meios de comunicação social que, a ritmo crescente, e de acordo com os avanços da técnica, se converteu, cada vez mais, em meios de opressão entre os homens e de incomunicabilidade entre as comunidades.
A história do escritor que aureolado pela fama internacional, best-seller no seu país e nos Estados Unidos, um belo dia decidiu praticar o hara-kiri em presença de um general que esqueceu deveres, poderá parecer um acto de fanatismo se não for esclarecido desde a origem. É o que vamos tratar de fazer, a fim de não termos de passar pela vergonha colectiva de ignorar uma vida consagrada toda ela ao amor da Pátria e do povo. Esta, como se vai ver, é também a história que se opõe à materialização dos espíritos, de um rebelde com causa, que não precisou de deixar crescer as guedelhas, não se deixou devorar pelo esterco, nem tão pouco agitou bandeiras demagógicas para chamar a atenção sobre a sua doutrina e a sua filosofia, de resto bem simples: acima do povo, a Pátria; acima da Pátria só a sombra de Deus.
«Há uma coisa que não entendo - que os nossos militares confundam a ideia do Japão com a do Imperador e que nunca tenham considerado a eventualidade de não haver Pátria possível desde que a ela se subtraiam os seus filhos. É isto, justamente, o que ocorre no Japão actual: existe uma grande insensibilidade, uma extraordinária incapacidade nacional para ver que deixámos de ser um povo soberano, com uma cultura várias vezes milenária, e nos convertemos em mais uma colónia do imperialismo norte-americano, da sua pastilha elástica e das grandes marcas das suas indústrias internacionais. A chuva de dólares que, por outro lado, cai do lombo do povo trabalhador, alienou a tradição da honra nacional.»
Isto se transcreve de um artigo de Mishima. O escritor iniciou a sua actividade de jornalista imediatamente depois da guerra. Para o povo japonês, esta terminou, como se sabe, com os holocaustos de Hiroshima e Nagasaki ao deus da civilização democrática.Vinte anos antes, Yukio nascia num dos bairros elegantes de Tóquio. Seu pai, vinculado ao partido de Tojo, veio a ser subsecretário-geral do Ministério da Agricultura e sua mãe, pertencente à aristocracia, era uma das damas de companhia da Imperatriz. Completavam a família dois irmãos: o mais velho viria a ser membro destacado da diplomacia nipónica; a irmã morre aos dezassete anos.
A infância de Mishima foi bastante triste. Ele mesmo o confessa: «Meu pai era quase um desconhecido que eu via apenas nas festas tradicionais, quando o clã familiar se reunia. Sendo a minha família constituída por umas quatrocentas pessoas, mal me dedicava a sua atenção. Quanto a minha mãe, o seu carinho era exagerado, ao ponto de ficar em cuidado quando eu saía com amigos, tanto em criança como mais tarde, já mocetão».
O facto de Yukio não mostrar apego de maior pelo estudo levou o pai a colocá-lo em lugar subalterno do Ministério da Agricultura. Queria que ele fosse engenheiro, embora a vocação de Mishima tendesse mais para as Belas Artes e para a Literatura.
Quando aluno do Instituto Sakhumiu, aí por volta dos treze anos, Yukio, que se refugiava nas letras para furtar-se à pressão paterna e à asfixia que lhe causava o ambiente do lar destruído à míngua de amor, escreve a sua primeira novela, uma novela que nunca teve título e que narrava a bela história de um condenado, evadido da prisão, que na fuga encontrou um garoto que lhe oferece flores. O condenado, apesar da pressa que levava, uma vez que era perseguido pela polícia, esquece-se de tudo e vai de passeio com o seu amiguinho. Este acaba por convidá-lo a ir comer a sua casa, onde chegam depois de várias peripécias. O pai do garotito, inteirado de que o homem é um trânsfuga da justiça nega-lhe hospitalidade. O evadido então retira-se, mas, à guisa de recordação daquele dia, leva com ele o ramo de flores. Dois anos mais tarde, em 1940, escreve a sua segunda obra. Desta vez, com título: O Bosque Florido. No entanto, a sua vasta produção inicia-se, de facto, imediatamente após a guerra. Trabalha então num vespertino, o que lhe permite escrever durante a noite. Com paixão de artista, deveras sensível à situação política e social do país, que sofre na altura a presença ultrajante das tropas norte-americanas e os abusos de toda a ordem cometidos por elas, entrega-se devotadamente à criação literária, erguendo verdadeiros tipos populares, arrancados ao meio ambiente nipónico de então. Idealiza uma espécie de episódios nacionais (à maneira de Benito Pérez Galdós) série encetada com A Pequena de Ouro — seu primeiro best-seller — e prosseguida com Sabor de Glória nas livrarias, forçando os editores a sucessivas edições. Este livro atinge a consciência do povo japonês e, com o tempo, converter-se-á num dos breviários mais caros aos militantes do movimento nacionalista, que com ele argumentam, reivindicando a retirada das tropas dos Estados Uniddos.
A popularidade de Mishima cresce continuamente. No Japão lê-se muito e o ramo editorial é um grande negócio. Existe uma autêntica literatura de massas: os diários, revistas e outras publicações abundam nos quiosques e livrarias, a um preço acessível, encontrando sempre um público ávido de consumi-los. Os escritores são muitos, embora só dois deles sobressaíam com nitidez. Um, é o velho deus Kawabata, alcandorado a sumo sacerdote da literatura; os seus livros possuem larga audiência popular, alimentam espiritualmente o povo ao mesmo tempo que dele inspiradamente se nutrem, e o reflectem, em fresco prodigioso, multitudinário, do qual o novelista extrai como heróis e heroínas exemplares, os delicados personagens da sua pena.
Pouco antes da sua morte, cerca de uma semana antes, em entrevista dada ao italiano Giuseppe Grazzini, que quis saber qual a obra que Mishima estava preparando, responderá assim: «Creio que estou a ultimar a minha obra definitiva, aquela que maior trabalho me tem dado, mas a que realizei também com mais ilusões. Há cinco anos que lhe dei início e estou prestes a concluí-la. Compõe-se de cinco volumes e neles faço a narração de uma epopeia: a do meu povo e da minha Pátria através dos séculos. A história gira ao redor de uma família: os membros que a constituem morrem, mas as tradições continuam a ser incessantemente cultivadas através das gerações que sintetizam, no seu conjunto, o espírito permanecente da nação.»
Politicamente, Yukio Mishima reclamava o direito que assistia ao povo japonês de recuperar a sua soberania e de desfrutar da justiça social: era partidário da conservação das tradições, desde que estas não entorpecessem a adaptação do país à técnica industrial contemporânea, sem, contudo, jamais se sacrificar o homem a imperativos que não fossem os do humanismo social que defendia.
«A morte» — disse ele, em certa ocasião — «é uma espécie de castigo eterno, infligido à materializada sociedade ocidental que vive afastada da Natureza. Para nós não o é, de modo absoluto, uma vez que nos consideramos parte integrante da Natureza. Devido a isto, a morte, aos olhos do meu povo, é um prémio, algo assim como a transformação, a libertação da matéria. Morrer é partir, não desaparecer. Outrora, o mundo cristão, creio, tinha igual ou semelhante filosofia. E foi então que logrou consolidar-se. Pois bem: nós queremos recuperar plenamente esse estilo de vida e aplicá-lo a uma grande política nacional e popular. O contrário seria o mesmo que aceitar a hibernação indefinidamente da alma japonesa.»
No decurso de 1964, em consonância com esses altos ideais de vida, fundara ele a Associação do Escudo, movimento militarizado inspirado no ideário básico do escritor, e cujas linhas-de-força representavam um flagrante e vivo protesto contra a inoperância, a apatia do amorfo Exército Japonês, que, como se sabe, não é mais que uma polícia, mais destinada a reprimir o povo, do que uma milícia capaz de salvaguardar a Nação.
Símbolo da Associação, o Estado — Tate-no-kai, em japonês — é a espada do samurai, a arma daqueles guerreiros lendários cujo conceito de honra os obrigava aos maiores sacrifícios. Simplesmente, a espada do samurai — aquela que jamais podia embainhar-se sem glória —, não foi utilizada, através dos tempos, unicamente contra os inimigos do guerreiro. Muitas vezes, este a terá virado contra si próprio, apoiando-a contra o ventre. Cravando-a e revolvendo-a em si de alto a baixo, e rasgando, assim, diagonalmente a carne, o guerreiro consumava o hara-kiri, terrível ritual de suicídio que exige têmpera física e moral para ser executado. Foi isto mesmo o que sucedeu na manhã de 25 de Novembro de 1970, no Quartel-General da Guarda Japonesa, em Tóquio. Yukio Mishima, depois dos seus camaradas da Associação do Escudo terem tomado de assalto o Quartel e terem reduzido a refém o general Kanetoshi Mashita, falou aos soldado, reunidos por ordem sua no pátio central. Falou-lhes da dignidade do Povo, da necessidade de promover a justiça social e de recuperar a honra e a liberdade para a Pátria ocupada pelo vencedor.
Seguidamente, perante o chefe militar, com toda a serenidade, cravou a espada samurai em si próprio.
Acabava ali a vida de um intelectual de grande envergadura, de um artista que se serviu do seu nobre ofício de escritor para defender a Pátria; e que, podendo ter escolhido o caminho da comodidade e da riqueza, soube renunciar ao sensualismo da fama, pondo termo à sua exigência tal como a havia pregado: sacrificando-se pessoalmente, sem arriscar a vida de terceiros, com o único objectivo de chamar a atenção do mundo — e, em primeiro lugar, de todo o seu povo — para a situação do País em que nascera.
Só que o mundo não teve olhos nem ouvidos para Yukio Mishima, contra-figura, por excelência, desse Régis-Debray tão exaltado pela imprensa internacional.
Como ficou dito mais acima, a causa do escritor está muito desprestigiada neste nosso tempo. Morrer pela Pátria parece ter perdido todo o sentido na sociedade de consumo.Conforta a esperança de que nem sempre seja assim...Yukio Mishima: eis um homem cuja imolação não mereceu os costumados espaços que a grande imprensa internacional, e a outra, a internacionalista, tão generosamente consagram à exaltação do crime, da pornografia e do sexo. Yukio Mishima teve um grande gesto, um gesto por antonomásia, que chega para defini-lo como um homem íntegro, um homem da cabeça aos pés. Simplesmente, numa época em que se toleram tantas afrontas ao espírito da dignidade, da liberdade, da paz e da justiça: em tempos tão perversos e materialistas em que o homem se deixa converter em mercadoria, mais uma, no armazém dos demiurgos capazes de transformar o heroísmo em cobardia e o belo em fealdade — que importância tem, afinal, que um Homem se sacrifique por uma ideia tão antiquada como é a ideia da Pátria?»


In «Política», n.º 26, pág. 12, 31.01.1971.

A morte de Mishima

6.10.08

Ciclo Mishima, Um Esboço do Nada no CCB

Ciclo Mishima, Um Esboço do Nada no CCB - Novembro e Dezembro 2008
3 a 16 Nov. Sala D/CPA

A CAMINHO DO JAPÃO, À BOLEIA DA ESCRITA

Oficina de Caligrafia Japonesa para escolas, adultos e famílias
[Com o apoio da Embaixada do Japão]
17 Nov. a 14 Dez. Galeria Mário Cesariny

MISHIMA, MANIFESTO DAS LÂMINAS

Exposição de Tiago Manuel
Galeria Mário Cesariny
17 de Novembro a 14 de Dezembro
Inauguração às 19:00 (ENTRADA LIVRE)
Segunda a sexta-feira das 14:00 às 18:00
Sábados, domingos e feriados das 14:00 às 20:00

EDIÇÕES DOS LIVROS DE YUKIO MISHIMA

Exposição [especial cedência de Jorge Meireles]
17 de Novembro a 14 de Dezembro
Inauguração às 19:00 (ENTRADA LIVRE)
Segunda a sexta-feira das 8:00 às 20:00
Sábados, domingos e feriados das 10:00 às 20:00

COMUNIDADE DE LEITORES

Orientada por Armando Silva Carvalho
SALA DE LEITURA
18, 19 e 20 de Novembro
Das 18:00 às 20:00

A SENHORA DE SADE

Teatro, de Yukio Mishima e direcção de Carlos Pimenta
Dias 21, 22 e 24 de Novembro às 21:00
Dia 23 de Novembro às 19:00
Sala Sophia de Mello Breyner

MISHIMA E O CINEMA

Afraid to Die, de Yasuzo Mazumura - 15h
O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar de Lewis J. Carlino - 17h
Mishima de Paul Schrader - 19h
25 Nov. Pequeno Auditório - Sala Eduardo Prado Coelho

CORRESPONDÊNCIA ENTRE YUKIO MISHIMA E YASUNARI KAWABATA

Leitura Encenada - 21h
Participação de José Manuel Mendes e Luís Madureira
25 Nov. Pequeno Auditório - Sala Eduardo Prado Coelho

QUICK SILVER
Dança
De Ko Murobushi (Butô) - 21h
29 e 30 Nov. Pequeno Auditório - Sala Eduardo Prado Coelho

WORKSHOP DE BUTÔ
Por Ko Murobushi - 13h
Pequeno Auditório - Sala Eduardo Prado Coelho
29 e 30 de Novembro das 10:00 às 13:00

Para mais informações, contactar:

Fundação Centro Cultural de Belém
Praça do Império
1449 - 003 Lisboa
Telefone: (+351) 21 361 24 00
Fax: (+351) 21 361 25 00
Correio electrónico: ccb@ccb.pt

Mishima: a vida em quatro capítulos de Paul Schrader

A (re)ver no CCB, dia 25 de Novembro, às 19h.

3.10.08

Notícias Sábado: Entrevista de Rui Araújo

No fim de semana passado li uma interessante entrevista-promoção a Rui Araújo, o autor de O Diário Secreto que Salazar não leu, publicada pela Notícias Sábado (pp. 22/26, 27.09.2008) sobre os agentes secretos portugueses ao serviço dos serviços secretos alemães na Segunda Guerra Mundial. O livro é baseado nos 12 volumes diários secretos do director da contraespionagem inglesa, Guy Lidell do MI5 bem como nos arquivos da CIA, da PVDE, Arquivos da Marinha e militares.
Da referida entrevista destaco as seguintes passagens:


“- Teve 40 anos de espionagem… É desmiolado imaginar hoje que haja em Lisboa (e arredores) pontos de encontro de alta espionagem, secretas e organizações mafiosas ou terroristas?
Acontece aqui como noutros países. Hoje, no plano exclusivo dos serviços portugueses, parece-me um panorama preocupante. Terrorismo? Desde o terrorismo à portuguesa, assaz peculiar, não houve senão um ou dois casos, incluindo o do palestiniano Issam Sartawi, dirigente da OLP que foi assassinado no Algarve, em que houve de facto uma acção. A violência dá jeito a muita gente neste momento. O mensageiro não me parece ser o mais preocupante. É importante saber quem beneficia desta violência. E o porquê.
- Nunca teve vontade de ser espião, alistar-se nas secretas?
Fui convidado para trabalhar num serviço de informações e recusei. Se me convidaram sabendo quem eu sou cometeram o primeiro erro amador. Já deviam saber que eu recusaria. Ao contrário de algumas jornalistas famosas e no activo que têm um pé nas secretas. Disse jornalistas.
- Quem?
Prefiro não dizer.
- Como encara o panorama da imprensa portuguesa actual?
O panorama é preocupante, mas num país onde nenhuma instituição funciona, não há razão para a imprensa ser a excepção. A informação é, hoje, uma mercadoria como as outras, promovida como tal. É lamentável. A demissão e a resignação dos jornalistas acabarão, inevitavelmente, por destruir a frágil relação de confiança com o público. A credibilidade passa pelo profissionalismo e a promoção de uma cultura de cidadania. Creio que a nossa primeira obrigação devia ser a procura da verdade, reportando-a com factos, rigor, contexto e um tratamento equilibrado. Isso não sucede muitas vezes. E a culpa não é só dos patrões dos grandes grupos…
- Revê-se na expressão do seu amigo Miguel Sousa Tavares de que atravessamos «um cataclismo de consequências imprevisíveis»?
Sim, independentemente de ser amigo do Miguel. E de não ser fatalista. Aquilo que está em causa é a própria democracia. Em Portugal, como em muitos outros países ocidentais, os objectivos financeiros dos grupos de imprensa sobrepõem-se frequentemente ao interesse público…"

Nota: o sr. Rui Araújo não refere as FP/25 de Abril no terrorismo à portuguesa que foi crime de sangue.
Estranha-se o silêncio do Sindicato dos Jornalistas face a estas gravosas declarações.