28.6.08

Descoberta sensacional

O jornal Público noticia hoje, na página 16, que uma empresa alemã que serviu os nazis tem estado a imprimir dinheiro para Mugabe.
Em 1941, a dita empresa alemã teve de recorrer à impressão de dinheiro a pedido de Himmler tendo esta sido obrigada a recorrer aos prisioneiros dos campos de concentração para a satisfação do pedido.
O que o Público não diz e acho incrível e injusto é que esse trabalho foi feito por judeus, gente especializada na matéria e que a empresa alemã é hoje uma empresa cripto-neo-nazi, sendo as reuniões dos mais altos cargos da empresa feita com estes vestidos com a farda das SS, recriada pela celebérrima rede Odessa.
Bem digo e não acreditam: a Internacional Negra está em todo o lado!

Adeptos croatas nazis, racistas e anti-semitas

O Público de hoje, na página 36, denuncia o comportamento racista, nazi e anti-semita com referências ao movimento Ustacha, movimento nacionalista croata de carácter fascista.
A UEFA já a está a investigar. Podem ficar descansados...
São nazis por todo o lado!!!

27.6.08

Ex-combatente chama vigarista a Mário Soares em Barcelos - 11/12/2005

Espanha 1936 - 2008

Em especial para o Humberto Nuno Oliveira e para o Pedro Guedes.

Livro: Estado Novo, uma cronologia. Fernando Castro Brandão


Obra editada, em Abril deste ano, por Livros Horizonte e que medeia entre o início a 11 de Abril de 1933 e o fim a 25 de Abril de 1974. O dia a dia, mês a mês, ano a ano em cerca de 480 páginas que incluem um índice remissivo para uma consulta rápida.
Uma obra de fôlego que deve constar em qualquer biblioteca que se preze pelo estudo do Estado Novo.

26.6.08

O Benfica e a extrema-direita

O Orelhas contratou para o Benfica Balboa do... Real Madrid!
Balboa recusou ofertas super-milionárias do Manchester United, do Chelsea e do Inter de Milão para vir para o Benfica sem o conhecimento de Pinto de Costa!
Oficialmente, vai ocupar a extrema-direita havendo a possibilidade de exercer a posição de segurança.
Que será à família do Rocky Balboa?
Agora é que o Vale e Azevedo não volta pelo seu pé ao Benfica para cobrar o que lhe devem!

Angola, os dias do desespero de Horácio Caio

Angola, os dias do desespero - o livro de Horácio Caio integralmente disponível online. São cerca de centena e meia de páginas onde o autor, repórter da RTP, relata os cinco primeiros meses em Angola, entre 14 de Março de 1961 e 8 de Julho de 1961, do eclodir do terrorismo provocado pelos turras da UPA/FNLA no norte de Angola, no antigo Congo português.
São as suas impressões e relatos dos factos verdadeiramente impressionantes e impressionáveis mas - infelizmente - verdadeiros e reais.

25.6.08

Tutu, Mugabe e Frankenstein

O protesto de Alfredo Pimenta contra o filme Camões

O MEU PROTESTO CONTRA O FILME «CAMÕES»


Sinto-me no dever indeclinável de o lavrar - para que conste, no presente e no futuro, tanto mais formal e público, quanto é certo que o facto que ele visa obteve (nem sei como o conte!) a sanção oficial.
É inacreditável, mas é assim mesmo.
Estava na Madre Deus, quando se estreou no cinema de S. Luís, o filme intitulado Camões. Não tiveram descanso, os badalos de todos os sinos, sinetas e campaínhas, a aclamar, como glória suprema do cinema português, esse filme.
Conheço em demasia os cordelinhos destas manifestações apoteóticas - e por isso não me convenci. E fiquei à espera de ocasião oportuna para ver e julgar.
Fui ontem ver o filme.
Não sou cinéfilo, nem percebo nada da gíria dos cinéfilos. Quer dizer: não sou técnico. Sou muito simplesmente o homem da rua que contempla o que se exibe no quadro branco, e julga, consoante a natureza do que viu, e à luz do seu critério.
Se me oferecem uma fita ciêntifica, como só o cinema alemão sabia convenientemente apresentar, aprecio-a como fita cientifica; se se trata de fita sentimental ou sadiamente sentimental, vejo-a desse ângulo; se se trata de fita policial ou de aventuras cowboyescas, observo-a desse plano; se me dão fita que seja a biografia de personagem célebre, exijo que não ma deformem, não ma falsifiquem, portanto, que não me intrujem.
Li outro dia que o Cinema não é História. É deturpação?
O Cinema é o instrumento mais poderoso de educação ou perversão. Muito mais do que o livro, o jornal ou o teatro. Atinge as camadas mais ínfimas da sociedade; apanha, na sua rede, as crianças.
O homem, o espectador, pode ser pervertido nos seus sentimentos ou na sua inteligência, quer dizer, nos seus costumes ou nos seus juízos, se lhe fornecem, respectivamente, espectáculos de devassidão ou espectáculos deformadores das realidades.
Se o Cinema é instrumento de Educação e Cultura, e se, por outro lado, não é História, devem ser implacavelmente proibidos os filmes históricos, ou que abordem assuntos históricos, ou que descrevam biografias de personagens históricos.
A não ser que os autores destes filmes se documentem escrupulosamente, e se cinjam fielmente às realidades indiscutíveis.
É preferível deixar na paz dos túmulos, na sombra espessa do esquecimento, as grandes figuras da História, a arrastá-las numa publicidade mentirosa e caluniosa, levando as multidões a juízos errados a seu respeito. E quando essas figuras são nossas, maior cuidado deve ser o nosso.
Ora o filme que se chama Camões é uma deplorável mistificação. Mais: é um ultraje imperdoável à verdade, que não exalta, não dignifica, não impõe o Poeta, e suja indelevelmente a Infanta, filha d`El-Rei D. Manuel, Grande Senhora, em tudo.
Historicamente, é uma mentira. Moralmente, uma abjecção. Sacodem, os autores, a água do seu capote, alegando que se encostaram ao parecer de Afonso Lopes Vieira. Era escusado declará-lo: aquela galinha que apareceu no quarto dos estudantes em Coimbra deve ser uma das que Lopes Vieira exibia nos seus salões da Costa do Castelo, para espantar os palermas...
Mas que autoridade tinha o poeta do Náufrago, em tal matéria? Absolutamente nenhuma. Ele podia depor sobre a beleza ou incorrecção, a elegância ou a grosseria de um verso. Nada mais. Porque não sabia absolutamente nada dos problemas camonianos, como de qualquer outro. Famas não lhe faltaram, em vida, e depois da morte. Mas de famas está o mundo cheio. Tomou à sua conta o Gil Vicente; mas quem quer conhecer o poeta dos Autos, não lê Lopes Vieira: lê Carolina Michaelis, lê Anselmo Braancamp, lê Brito Rebelo, lê Aubrey Bell, lê Menendez y Pelayo, lê Paulo Quintela. Serviu-se do Amadis - mas quem conhecer os problemas que o Amadis levanta, lê toda a gente, em Portugal e fora de Portugal, menos Lopes Vieira. Serviu-se da Diana de Montemor, mas não escreveu uma linha crítica sobre o Autor, ou sobre a obra. Finalmente, serviu-se de Camões, de braço dado com José Maria Rodrigues - mas não nos deixou um estudo, grande ou pequeno, do problema camoniano. De sorte que bater-lhe à porta para o consultar sobre o filme Camões só podia lembrar a pessoas completamente ignorantes do assunto.
Pois está aí vivo, são e escorreito, quem, com saber, critério e honestidade, podia informá-las, guiá-las e aconselhá-las: o prof. da Universidade de Coimbra, Costa Pimpão.
Eu compreendo que, em filme histórico, nem tudo seja rigorosamente exacto, e haja, algumas vezes, necessidade de se recorrer a inferências ou à ficção. Mas isso, em pormenores secundários; digamos: nas falhas, para se construir o edificio.
Mas as paredes mestras, os pontos essenciais de apoio, os alicerces, esses devem ser rigorosamente exactos.
No filme Camões que é fundamental? Os amores do Poeta e da Infanta. Quase se pode dizer que tudo gira à volta dessa mentira, com pormenores que ultrapassam a própria inverosimilhança.
Ontem, era, segundo o cartaz, a sétima semana que tal monstruosidade se exibia. Há quarenta e nove dias ou, melhor, pois que há espectáculos de tarde e à noite, há noventa e oito dias que milhares de pessoas aprendem a mais escandalosa deturpação da vida de Camões.
Crianças, moços e velhos; cultos e incultos; inteligentes e estúpidos, há noventa e oito dias que recebem aquela lição de mentira que é o filme Camões. E isto, com aplauso e sanção do Estado!
No filme, há coisas belas, e inofensivas: paisagens interiores - cenários e música; algumas caras das actrizes. Há pormenores bem achados, como esse do ferimento de Camões, em Ceuta, quando erguia a bandeira de Portugal.
A vida do Poeta em Coimbra passa, se fecharmos os olhos ao recitativo do Leonor vai para a fonte que é ridículo até mais não ser, o que é singular, porque o dizer do Não sei se me engana Helena, embora nada autorize a que se tivesse efectuado naquela ocasião, tem graça e beleza.
A vida do Poeta em Ceuta não desperta reparo de maior. E até é lindíssimo aquele bocadinho em que ele, na fortaleza, canta a xácara A dor que a minha alma sente.
A gente perdoa a fantasia do ferimento, por, como já disse, bem achada.
Mas tudo o que se passa em Lisboa merece pateada, e pateado geral. Porque não se trata de fantasias desculpáveis: trata-se de mentiras escandalosas que se acumulam de instante a instante.
Já não falo daquela pastuquíssima entrada de Camões em Lisboa, em que ele nos aparece, salvo o devido respeito, com cara de parvo. Mas que me dizem à ordem escrita do Rei expulsando Camões de Lisboa, e mandando-o a ares para o Ribatejo? Quem autorizou os autores a essa falsificação criminosa? O problema dos desterros é um dos grandes enigmas da vida de Camões. Não há o mais pequeno vestígio documental de que tivesse sido desterrado. Como é que se exibe a ordem régia escrita?
Que me dizem ao golpe verdadeiramente apáchica da Má-Fortuna, quando mete um suposto bilhete da Infanta D. Maria, que ela forjou, dentro de um livro que a mesma Senhora mandara entregar a Camões? Quem se atreveria a tal ignomínia que, descoberta, só a morte pagaria? E em que estado se encontravam as relações do Poeta com a Infanta, para que ele acreditasse em tão estapafúrdio convite? Mas se eram grandes as revelações entre os dois, não conhecia Luís de Camões a letra da Infanta? Ou era a Má-Fortuna tão sabida, que imitava a caligrafia da Grande Senhora?
E que me dizem à cena repugnante e revoltante da Varanda das Galés, em que Luís de Camões, em precursos do Dâmaso Salcede, se atira à Infanta D. Maria? Autêntico sistema do atracão que Dâmaso Salcede proclamaria, três séculos depois, ser o seu sistema!
E isto com a Infanta D. Maria!
Mau olhado teve aquela Côrte da famosa Senhora. Um arrasta Luísa Sigêa ao pelourinho das maiores vergonhas, dando-a como autora das páginas mais pornográficas; agora, vêm os actores do filme Camões, guiado por Afonso Lopes Vieira, transformar a impecável Princesa em objecto consentido da paixão atrevida dum poeta brigão e arruaceiro, frequentador do Mal-Cozinhado!
Vá lá! Os autores do filme não chegaram à infâmia de um tal francês que não hesitou em apresentar-nos a Infanta a entregar-se a Luís de Camões, nos jardins do seu Palácio! Os actores do filme no atracão...
É falso, tal como o descreve o filme, o incidente do dia de Corpus Christi. Os factos foram pouco mais ou menos assim: levantou-se desordem no Largo de S. Domingos. Nessa desordem figuravam amigos de Camões. Este interveio, e feriu um dos contendores, Gaspar Borges. Mas fosse como fosse, ninguém autorizou os autores do filme a darem ao público o espectáculo de Camões proceder à caça ao homem, com este a esgueirar-se, como quem pretende fugir a castigo - entre as gargalhadas alvares do público.
Para remate da monstruosidade cinematográfica, vem a cena da leitura dos Lusíadas, na Penha Longa, a D. Sebastião!
O Poeta, de pé, diante duma estante, lê o Poema. O Rei, com galgo deitado, ouve...
O leitor ponha na sua ideia esta coisa absolutamente inepta de um homem, precocemente envelhecido, como, dada a vida que vivera, devia ser Camões, aguentar, a pé firme, a declamação, durante horas, sem fim, dos dez cantos dos Lusíadas, com mil e oitocentas estâncias, ou oito mil e oitocentos versos!
A admitir-se a possibilidade de se manter sempre o mesmo ritmo, se Camões gastasse meio minuto a ler cada oitava, consumiria a recitar todo o Poema, nove horas e um quarto! Só se fosse de ferro. E não haveria Rei, por mais Rei que fosse, e por mais galgos que trouxesse na sua companhia, que aturasse nove horas de declamação, sem, pelo menos, quatro ou cinco sonos regalados...
A historieta inventou-a Garret - e esse mesmo, para ter coragem de a levar até o fim, não deixa de intercalar, no recitativo, a entrada em cena de «moços de pellote», a trazer aos circunstantes, «Em ricas salvas d`ouro alto-lavradas», a merenda reconfortante. Chama-lhe ele «refeição leve»; não digo que não; mas por mais leve que fosse, merenda de Rei no século XVI, não devia ser coisa somenos, e indigna de se exibir no filme...
Que me dizem os srs. àquelas patacoadas que os autores põem na boca do Rei D. Sebastião - tipicamente acaciais? Pobre Rei! Não lhe bastou ter morrido no sacrifício cruento de Alcácer. Era-lhe preciso ainda ser trazido para o pano branco do Cinema, a proferir palavras idiotas que o Conselheiro desdenharia!
Portanto, as pinceladas fundamentais da tela cinematográfica são todas mentira. Os desterros - mentira; a ordem do Rei a desterrar o Poeta - mentira; o ferimento em Ceuta, no alto dos muros da fortaleza - mentira; o incidente do dia do Corpo de Deus, com o Poeta a correr atrás de Gaspar Borges - mentira; as relações com a Infanta D. Maria, desde o bilhete apócrifo ao atracão, na Varanda das Galés - mentira; a leitura dos Lusíadas, em Sintra - mentira; até a morte é morte.
Alega-se, em defesa desta maneira de educar as camadas da população, a necessidade dos efeitos, e invoca-se a impossibilidade de uma obediência estricta à verdade histórica. De acordo. Mas ninguém é obrigado a tratar assuntos que não se prestam às realidades. Ninguém é obrigado a explorar figuras históricas, da grandeza de Camões ou da Infanta D. Maria.
Se daqui a dois séculos, alguém se lembrasse de compor uma fita chamada Os autores do filme Camões, e nela aparecessem estes a furtar carteiras no Rossio ou a abraçar passageiros nos eléctricos, ou a andar às cabriolas de palhaços pelas ruas, quem desculparia ou justificaria ou aplaudiria tal atrevimento? Se, amanhã, alguém se lembrar de compor um filme sobre o Marquês de Pombal, e exibir este vestido de jesuita a roubar conventos ou a comandar salteadores, acham bem? Se se trouxer D. João II ou D. João I, D. Leonor ou D. Filipa para o cinema, apresentando-os como vadios ou regateiras, escrocs elegantes ou vamps de alfurja - acham bem? Se alguém se lembrasse de exibir no cinema a Jeanne d`Arc de Voltaire, achavam bem? Se alguém ousasse exibir no cinema a figura de Jesus tal como sai dos trabalhos pseudo-científico de Binet-Sanglé, achavam bem?
Sabe-se muito pouco da vida de Camões; mas o pouco que se sabe pode-se aproveitar eficazmente, sem haver necessidade de recorrer ao escândalo mentiroso, e à mentira escandalosa. Porque se não aproveitou, para efeitos dramáticos ou cénicos, a Dinamene, realidade averiguada, e se foi sujar a Infanta D. Maria, caluniando-a?
Além de tudo o mais, o filme Camões é uma detestável lição fornecida ao público. Escrevendo este artigo, quero deixar bem patente o meu protesto, para que não se diga, um dia, que toda a gente se prestou a ser cúmplice dessa lição perniciosa.

17.11.1946.

Alfredo Pimenta.
In «A Nação», nº 41, págs. 1/10, 30.11.1946.


Dedicado aos cinéfilos João Marchante e Eurico de Barros.

Sarkozy declara apoio incondicional a Israel

Durante a visita oficial a Israel, o presidente francês Nicolas Sarkozy assegurou no Knesset (parlamento israelita) que «o povo francês estará sempre ao lado de Israel caso a sua segurança seja ameaçada»
O primeiro-ministro israelita Ehud Olmert, pelo seu lado, elogiou a linha dura adoptada pela França em relação à «ameaça nuclear» iraniana.
«Damos-lhe o reconhecimento pela declaração na qual afirmava que a segurança de Israel não pode ser objecto de negociações e pela posição firme e decidida frente ao perigo nuclear iraniano», disse Olmert.
Ao lembrar que a partir de Julho a França vai assumir a presidência temporária da União Europeia, Olmert acrescentou: «estou certo de que esta será uma ocasião excelente para pressionar a União Europeia para uma posição unida e disposta a comprometer-se frente à ameaça nuclear do Irão»

24.6.08

A Descolonização em Angola vista por Nogueira Carvalho

«Militarmente a guerra e aqui refiro-me a Angola onde me encontrava em 1974, estava ganha. O domínio territorial era absoluto.
O desenvolvimento económico em Angola era uma realidade indesmentível pelo que o peso da guerra do Ultramar diminuía na economia Portuguesa.» (P. 33).

«Combatendo contribui para a garantia da ordem e da lei e para segurança das populações locais, tendo a nossa acção, a dos militares em África, sido profundamente patriótica, humana e humanitária.
E se hoje me perguntarem se esse esforço e se esse sacrifício se justificou, responderei com a tranquilidade de quem cumpriu um sagrado dever, e com o exemplo resultante em que se transformaram os novos Países Africanos que portugueses foram. Estes estão totalmente destroçados pelos massacres étnicos, pelas guerras civis, pelas ditaduras tribais bem mais terríveis que quaisquer outras, pela corrupção e alguns dos seus dirigentes, tendo sido negada às populações que hoje mais sofrem que nunca, se Portugueses queriam continuar a ser.» (P. 38).

«Este o resultado duma descolonização em que os responsáveis pela mesma dizem ter sido a possível, talvez na tentativa de lavagem das suas consciências. Nós pela primeira vez e contrariando todos os manuais de guerrilha, tínhamos a guerra ganha e total domínio do território, e aqui refiro-me a Angola onde me encontrava em 1974.» (P. 39).

«Em 1974 estavam completamente derrotados no campo militar, pelas Forças Armadas Portuguesas e outras forças especiais militarizadas das quais destaco os Flechas, que com elas colaboravam.
Estas tinham conseguido o seu aniquilamento, a ponto das superpotências que apoiavam os movimentos, se interrogarem se deveriam continuar a prestar-lhes auxílio.
Foi então que surge a insurreição do 25 de Abril de 1974 (rebelião não inocente para alguns), cujos mentores da acção, decidem para espanto de alguns camaradas de armas e de alguns movimentos, entregar-lhes sem período de transição, as nossas ex-Províncias Ultramarinas, permitindo-lhes ainda a expulsão e perseguição dos brancos que lá se encontravam.» Pág. 52

«Toda esta gente viria a ser abandonada em 1974, atraiçoada e apelidada contudo de usurpadora e exploradora. Não pelos negros que tinham defendido e aos quais tinham incutido perspectivas de esperança e segurança despreocupada, mas por aqueles que se auto apelidaram de libertadores sem sequer ouvir os nativos, que dizem ter libertado, para um destino de miséria e violência.» Pág. 87

Livro: Era tempo de morrer em África de Nogueira e Carvalho

“Era tempo de morrer em África”, foi editado em 2004, pela Prefácio Editora, na sua colecção Memórias de guerra”, da autoria de Nogueira e Carvalho, prefaciado por José Pinheiro da Silva e com um comentário do General - Governador-geral de Angola (1962-1966 e 1974-1975) - Silvino Silvério Marques.
É um testemunho apaixonante da experiência do combatente que viveu e combateu em Angola e Moçambique e que dá um contributo para esclarecer os motivos que originaram a guerra em Angola, desde 4 de Fevereiro de 1961 até 11 de Novembro de 1975, data da independência.
O seu autor, José Victor de Brito Nogueira e Carvalho foi Capitão Miliciano de Infantaria, Inspector da DGS em Angola, funcionário superior da Polícia de Informação Militar e do Gabinete Especial de Informações Militares do Comando-Chefe das Forças Armadas em Angola.
As suas duas comissões militares efectuadas em Angola e Moçambique, foram sempre em zonas operacionais e não na “rectaguarda do ar condicionado”.

Foi um dos impulsionadores dos “Flechas” (comandos especiais africanos negros) que eram recrutados e treinados pela DGS, muitos deles oriundos das forças inimigas e que seriam «abatidos a sangue frio, e cujo único crime foi o de defenderem os interesses da Nação Portuguesa» (P. 205).
Foi um dos Comandos Especiais que participou sob as ordens do Tenente-Coronel Gilberto Santos e Castro na tentativa de assalto militar a Luanda - antes da data da proclamação da independência, 11 de Novembro de 1975 -, com as forças da FNLA e da África do Sul mas acabou vítima da traição sul-africana que, à última da hora, recuaram para a fronteira – por ordem e pela voz americana de Henry Kissinger - sem antes tirarem os dispositivos de tiro e as culatras dos canhões deixando assim abandonados à sua sorte os Comandos Especiais e a FNLA.
Diz:
«À FNLA e a nós, só restava a retirada.
A guerra e os sonhos duma terra prometida estavam perdidos.
Nada mais havia a fazer.
Dias depois com as lágrimas nos olhos, dirigi-me ao avião que de Kinshasa me traria de volta a Portugal.
Sabia que jamais iria voltar.
Lembrei-me de todos os amigos e camaradas de armas que tinham tombado.
Lembrei-me daqueles que ficavam, e que em mim tinham confiado, acreditando na esperança que lhes tinha incutido.
Era uma sensação de desconforto, como que de traição e conivência com a covardia, já que a coragem não tinha de ficar, e com eles encarar a morte que se antevia e avizinhava.
Como era possível apregoar-se a liberdade, a defesa dos oprimidos, e cantar-se a ignomínia, a falsidade e a traição.
O avião levanta voo.
Tinha-se gorado a última tentativa.» (P. 230).

Um livro a ler com muito interesse.
Pena é que o autor se fique apenas pelas 244 páginas do livro, na certeza que - graças à sua acção como Inspector da DGS em Angola, funcionário superior da Polícia de Informação Militar e do Gabinete Especial de Informações Militares do Comando-Chefe das Forças Armadas em Angola - muito ficou por dizer.
Aliás, o próprio o confirma na nota de rodapé da página 230:
“Este capítulo é apenas um resumo muito sucinto do que foi a guerra a caminho de Luanda. Descrevê-la em pormenor, com os seus altos e baixos, as esperanças e as desilusões, os actos de bravura e de heroísmo, constituiria por si só matéria para um livro.”

Talvez um dia se venha a saber toda a Verdade.

23.6.08

Nietzsche: Vida, pensamento e obra



Editado hoje pelo Público e pelo preço de 12,90, com uma selecção antológica de textos de "O Crepúsculo dos Ídolos", "A Filosofia na Idade Trágica dos Gregos", "Ecce Homo" e "O Anti-Cristo".

Colóquio sobre o Pensamento e Obra de António José de Brito

A pretexto da celebração dos 80 anos do filósofo, vai decorrer em Lisboa, a 25 de Junho de 2008, no anfiteatro da Sociedade Histórica da Independência de Portugal – SHIP (Palácio da Independência, Largo de São Domingos, n.º 11) um colóquio sobre o Pensamento e Obra(s) filosófica(s) do Prof. Doutor António José de Brito, na qual participam algumas das mais destacadas personalidades da vida cultural portuguesa.
Programa e intervenientes:
10 h - Início dos trabalhos
- A noção de “Insuperável” – Miguel Real
- O conceito de razão – Manuel Candido Pimentel
- O idealismo – Carlos Morujão
- A dialéctica – Samuel Dimas
- O argumento ontológico – Carlos Silva

13 h - Intervalo para almoço

15 h - Recomeço dos trabalhos
- O direito natural e os direitos humanos – Mário Bigotte Chorão
- Integralismo, Nacionalismo e Democracia – Ana Paula Loureiro de Sousa
- O diálogo crítico de António José de Brito com Miranda Barbosa e Cabral da Moncada – António Braz Teixeira
- António José de Brito perante o problema da filosofia portuguesa – Celeste Natário
- Perspectiva Ética do pensamento de António José de Brito – Carlos Leone

- Breve reflexão a propósito de António José de Brito – Renato Epifânio

19 h - Encerramento do Colóquio

Considero este Colóquio uma justíssima homenagem ao pensamento filosófico de António José de Brito face ao quase ostracismo e silêncio cultural a que tem sido votado por ser Fascista e Monárquico, propriamente dito, como dizia o
Rodrigo Emílio.

21.6.08

Jansenista, Degrelle e os insultos

O Jansenista - com a sua imensa credibilidade - produziu mais esta pérola onde cai no insulto fácil e intitula os defensores de Degrelle "de uns tontos crédulos" e de "gente sem credibilidade, muito naturalmente...", para além de erradamente dizer "que embarcam no «Rex Appeal», como ele lhe chama...)" e que "Degrelle foi o inventor do «arianismo belga»"!
Senhor Joãosionista, prove como e quando Degrelle foi o inventor do «arianismo belga»?
Sobre o "mitómano", queira saber o significado: é aquele que padece de mitomania, que por seu lado, é a mania de certos indivíduos arquitectarem seres e histórias fantásticas em que eles próprios acreditam.
Ora, o sr. ao adjectivar Degrelle de "mitómano" está a querer dizer que Degrelle conta histórias fantásticas em que ele próprio acredita, logo pressupõe-se que seja uma invenção! E vem dizer, eufemisticamente, "embelezador da sua autobiografia"!!!
Relativamente ao Rex-Appeal queira o sr. saber a verdadeira origem que não é a versão que apresenta.

Robert Brasillach, no seu livro/entrevista - "Léon Degrelle et l`avenir du Rex" -, diz sobre Degrelle que as mulheres belgas gostavam dele e que o achavam muito bonito e que os belgas em jeito de blague diziam que era o rex-appeal, o pitoresco jogo de palavras e trocadilho do sex-appeal.
Quer isto dizer que nunca foi Degrelle que o disse! Quem o disse foram os rexistas!
Aqui fica a frase original para que não haja equívocos, falsas interpretações e mentiras:

"Tout naturellement, c'est d'abord de la personne du chef que la légende s'est emparée. Il est jeune, et les hommes vous disent avec un peu d'ironie : «Les femmes aiment beaucoup Léon Degrelle. Elles le trouvent si beau!» Mais les rexistes eux-mêmes en plaisantent et ils ont fait à ce sujet un affreux jeu de mots, qui est tout à fait dans leur manière: «C'est, disent-ils, ce que nous nommons le Rex-Appeal.»"
(Robert Brasillach, «Léon Degrelle et l`avenir du Rex», cap. La jeunesse de Léon Degrelle, Plon, Paris, pág. 5, 1936.).

Caro Dr. Fernando Araújo, deixe-nos em paz!!!
Irra!!!

Solstício de Verão


"Solstício de Junho, instante ambíguo, marcado por uma espécie de mentira, como ele me perturba, me enerva, me agrada. Durante meses ainda, o ano vai parecer lançar-se para o seu zénite de calor e de esplendor, e, entretanto, tudo está pronto: os dias começam a encurtar. O Sol inclina-se, o Sol morre.

A vitória da roda solar não é somente vitória do Sol, vitória do Paganismo. É a vitória do princípio solar, o que tudo faz girar («a roda gira», diz o povo). Vejo triunfar neste dia o princípio de que estou imbuído, que cantei, que com uma consciência extrema sinto governar a minha vida.

A alternância. Tudo o que está submetido à alternância. Quem o compreende, compreendeu tudo. Os gregos estão cheios disso."



20.6.08

Reviver o passado

O meu amigo e camarada Manlius conta-nos ontem mais uma das suas experiências vividas no pós 25 de Abril com o postal A propósito de uma discussão.
Logo me veio à memória o meu Pai, sempre informado dos golpes, contra-golpes que se iam praticar durante o PREC que iam acontecer no dia tal, às tantas horas, que acontecimento, etc., etc...
O informador do meu Pai era um dos seus grandes amigos até que um dia o meu Pai disse-lhe:
«Olha, deixa-te de brincadeiras. Só oiço falar em golpes de estado, contra-golpes, atentados com anúncio do dia, data, hora e local. A minha experiência na Legião Portuguesa ensinou-me que são raros aqueles que sabem deste tipo de iniciativas e nunca vi um tipo de acção desse calibre com anúncio prévio em que toda a gente já sabe e espera.»
Eram as reuniões conspiratórias e preparatórias que duravam horas para se chegar à conclusão que ainda não era o momento ideal apesar de tudo estar devidamente preparado. E foram-se passando dias, semanas, meses, anos e nada acontecia!
Por um lado, os "operacionais" sempre prontos e disponíveis para a acção e por outro, os "estrategas", os "pensadores" que tanto pensavam e planeavam e que nada fizeram. Diziam que o apoio dos americanos estava garantido e que o plano era para ser efectuado.
Nesta triste história, venceram os "estrategas" e os "pensadores" e quem perdeu foi a Pátria e todas as gerações vindouras!
Alguns chegaram a dizer que havia que pensar na família, na mulher, nos filhos e, também, em nós!
Quer dizer: temos que olhar primeiro para o nosso umbigo, para a nossa vidinha e continuar a viver habitualmente. Foi isso que quiseram e tiveram. Olharam no imediato e não pensaram nem viram o futuro das próximas gerações. Essa triste e leda realidade foi o que aconteceu a Portugal! Na chamada Direita, os burgueses de estilo de vida e de pensamento em contraposição aos revolucionários, ou melhor dizendo, aos contra-revolucionários. Na esquerda, os burgueses dos democratas e os comunistas.
Resultado: nessa altura, os comunistas, muito principalmente o PC, perceberam ao fazer a contagem das espingardas que se avançassem para uma guerra civil iriam perdê-la, preferiram nada fazer. Quem acaba por sair vencedor desta situação é a burguesia e o pensamento burguês, bem democrata, que usaram e abusaram da ingenuidade de alguns nacionalistas que inclusive lhe guardavam as costas em manifestações e desfiles e que acabaram por ser "engolidos" na voragem revolucionária urdida pelos (mal)ditos americanos.

Fala quem sabe: Rosa Coutinho em 1975

«Numa entrevista do Almirante Rosa Coutinho ao Diário de Notícias de 10 de Novembro de 1975, diz-se: "Uma das dificuldades que se apresentou para a descolonização de Angola foi o facto de militarmente a guerra colonial não apresentar ali, em 25 de Abril, as mesmas condições que se verificavam em Moçambique ou na Guiné. Assim, em Angola, as forças portuguesas dominavam praticamente quase todo o território. Os movimentos, de certo modo, estavam a ser batidos, excepto na região de Cabinda, e o movimento que mais sofreu com isso foi exactamente o MPLA.
Dada a acção das guerras coloniais portuguesas, o MPLA, no 25 de Abril, estava praticamente destroçado, sob o ponto de vista militar. Naturalmente que esta situação veio depois a complicar o problema da descolonização, já que o movimento com maior implantação política era, na altura, o militarmente mais fraco".
Não sabemos, no que se refere a Cabinda, em que se fundamenta a afirmação feita de que "os movimentos, de certo modo, estavam a ser batidos, excepto na região de Cabinda...", pois no 1.º trimestre de 1974, bem como em 25 de Abril, a actividade contra essa parcela do território de Angola era exercida apenas pelo MPLA e consistia em incursões de pequena profundidade e duração ou em acções de fogo, a partir da República Popular do Congo, que nunca chegaram a constituir perigo grave.»
General Joaquim da Luz Cunha

In "África - a vitória traída", Editorial Intervenção, 1977, págs. 182/183.

18.6.08

Salazar e a Monarquia vista por Alfredo Pimenta

«Salazar, na sua Nota Oficiosa de 26 de Março de 1938, escreveu que perante os dois centenários da Fundação e da Restauração, não devíamos «alhear-nos das figuras centrais daqueles dois grandes factos históricos - D. Afonso Henriques e D. João IV», cumprindo-nos honrá-los «de modo especial».
Temos, pois, os factos - a Fundação e a Restauração; e temos as suas personagens centrais - D. Afonso I e D. João IV.
Um e outro foram Reis de Portugal. Como Reis de Portugal entraram nos dois acontecimentos históricos. E estes devem à sua qualidade de Reis de Portugal, a direcção que tomaram, e o resultado que obtiveram.
Manda a justiça que se preste homenagem ao Presidente do Conselho pela independência de espírito, pela clarividência de critério, e pela nobreza intelectual que revelou, impondo à nossa admiração e ao nosso culto, a figura do Duque de Bragança, tão deformada, tão traiçoeiramente caluniada pelo Liberalismo político, e pela História enfeudada a esse Liberalismo.
Bem haja Salazar, pela coragem intelectual que deu, passando por cima dos velhos dogmas da História oficial e consagrada, e repelindo os manipanços académicos serventuários dessa História.»1
«... Imaginem Salazar, este Salazar grave e sério, consagrado inteiramente às coisas sérias e graves do seu País - alvo da chacota de nulidades parlamentares! Nem dois segundos se conservaria no Poder.
Ora a orgânica política dentro que Salazar actua, e que é a conditio sine qua non da sua obra; a orgânica política do Estado actual que se não pode separar de Salazar, porque ela e ele se completam, justifica e esclarece a minha asserção de que, ao julgarmos os Reis da Fundação e da Restauração, não podemos abstrair da Realeza que eles personificam.
Se Salazar é o Estado Novo - e ninguém contesta que o seja, os Reis são a Realeza.
Consagrar os Reis é consagrar a Realeza. Exaltá-los é exaltar esta. Prestar-lhes culto, é prestar culto à Realeza. Ninguém compreenderia que a consagração dos Reis se traduzisse em homenagem à República.»2

«... Acaba, Salazar, de nos restituir Deus. Praza à Padroeira do Reino, que nos restitua também a Realeza!
Como português falo, como português que primou sempre por dizer claro o que pensa - porque só assim entendo que devo servir o meu País.
E se falo assim, se penso assim, é porque extraio dos actos e dos pensamentos de Salazar, o que há, neles, de profundo e substancial, o que há, neles, para além das formas expressionais que todos ouvem, mas nem todos compreendem.
Reparem, Senhores: o pensamento político de Salazar que se denuncia nas Festas centenárias que idealizou e promoveu, que raízes tem? De que sangue se alimenta? Em que doutrinas se funda? Numa palavra, - de onde emana, o Pensamento político de Salazar? 3
(…) Veja-se a orgânica política do Estado Novo - obra de Salazar: a Assembleia política, reduzida ao mínimo, no tempo, e nas funções; quase só consultiva e esclarecedora, é a versão actual das nossas Côrtes tradicionais; a Câmara corporativa é o reconhecimento legal dos grandes elementos tradicionais da Nação - desde a Família à Província, desde as Corporações aos ofícios; o predomínio da Autoridade, benéfico para todos, sobre a Liberdade, prejudicial para todos; o predomínio do Bem comum sobre o Bem individual; o conceito da Família primando sobre o conceito do Indivíduo; o Social preferido ao Individual; o Bem de cada um consequência do Bem de todos, em vez do Bem de todos consequência do Bem de cada um - tudo isto que é se não de origem tradicional, obra da Realeza secular da nossa terra?
E se isto não bastasse, tínhamos no princípio da reeleição presidencial sem limites, garantindo na Constituição em vigor, o reconhecimento da grande virtude da Realeza, - como adopção da minha velha lei: «a República é tanto mais perfeita quanto mais se aproximar da Monarquia, sem nunca a atingir».
Qual tem sido o grande fundamento da obra de Salazar?
A continuidade no Poder.
Há perto de trinta anos que eu formulei, diante do público, as condições essenciais de um governo fecundo: estabilidade, continuidade e homogeneidade - características específicas da Realeza hereditária.
Têm essas características sido o instrumento feliz da política de Salazar. Estabilidade: - há mais de dez anos que governa o País; Continuidade: - promete e realiza, porque a Estabilidade lho permite; Homogeneidade: - com todas as suas falhas e desvios, os elencos ministeriais têm-se, mais ou menos, adaptado ao pensamento director do Presidente do Conselho.
A sua política, quer nas directrizes de técnica constitucional, quer nos processos realistas da execução, é de pura inspiração monárquica, e anda manifestamente distante do Estado de coisas que preparou o regime de 5 de Outubro.
E Salazar, o homem profundamente nacionalista, católico como o Portugal de sete séculos; ele que proclamou D. Afonso I «fundador do nacionalismo» português; Salazar, o espírito culto e reflectido que é, não podia sonhar para os tempos novos que idealiza, para o futuro português que prepara, outros alicerces morais que não fossem os do Catolicismo, e outros alicerces políticos que não fossem os da Realeza hereditária, matriz admirável em que se criou Portugal: ou sejam - o Trono e o Altar.
Portugal foi durante sete séculos um Estado hierarquizado, vertebrado - imagem do Homem ou imagem de Deus: um pensamento a mandar; órgãos a executar; e o corpo a obedecer.
Só assim o Rei D. Afonso I pôde fundar Portugal, e o Rei D. João IV pôde restaurar a sua Independência.
Só assim Portugal pôde realizar a grande obra de seus descobrimentos e do seu Império.
Pulverizem a Autoridade de um só; invertam as funções, e ponham o dirigente à mercê dos votos ou caprichos dos dirigidos - e nem Portugal se teria fundado, nem Portugal se teria restaurado, nem o Império português se criaria.
Como podia Salazar inspirar-se no Portugal acéfalo ou anárquico, invertebrado e catastrófico da Demência parlamentar e liberal que a Revolução de 1820 introduziu entre nós, e a de 5 de Outubro consagrou, se tudo nele é propósito realizador, dentro do mais estreme nacionalismo?
Não fosse, Salazar, a Inteligência que eu defino, o Pensamento que eu revelo, a Intenção que eu formulo - que nunca se celebrariam as datas sublimes da Fundação e da Restauração, - obra de dois Reis, e da Realeza que eles corporizam. Nunca a Nação seria convidada a prestar as honras do seu culto, e a afirmar a sua gratidão aos Antepassados que estivessem para além dos Gomes Freire, dos Josés Estevãos, dos Mata-frades, de outros sujeitos da mesma natureza, com a única excepção do Marquês de Pombal, inimigo da Igreja católica, e anunciador das doutrinas equívocas em que havia de gerar-se o Liberalismo dissolvente.
Não fosse, Salazar, o Homem que eu defino e o Pensamento que eu traduzo, e nunca poderíamos, no Ano Áureo de 1940, fazer subir na torre de Menagem do Castelo de Guimarães, a bandeira da Fundação do Estado - ou seja a de D. Afonso I, nem erguer, em frente do Palácio Ducal de Vila Viçosa, a estátua consagradora de D. João IV.
Não fosse, Salazar, o Homem que eu vejo, que não teríamos agora o Estado reconciliado com a Santa Sé, revogada, felizmente, a Lei sacrílega da Separação.
Não fosse, Salazar, o Homem que eu descrevo - que não poderia estar eu, Senhores, nesta Sala, e investido do honroso encargo de orador oficial da Câmara Municipal de Guimarães, a proclamar-lhes as verdades eternas da Nação, aquelas verdades, à luz das quais Balzac confessava ter escrito a sua obra, aquelas verdades que são a razão de ser de todos os Impérios do Mundo - desde os Impérios da mais afastada antiguidade até ao Império português; a verdade de Deus, e a verdade da Realeza.
Indicou-nos, o sr. Presidente do Conselho, como dever imperativo, o de nos juntarmos todos no mesmo Sentimento de admiração e gratidão diante do Rei que fundou o Estado Português, e do que restaurou a sua Independência.
Levou bem mais longe a sua compreensão da missão histórica que desempenha, pois convidou para se fazer representar nas Festas Centenárias, o herdeiro legítimo e directo de D. Afonso I e de D. João IV, - e é, hoje, assim, reconhecido oficialmente como chefe indiscutido da muito nobre casa de Bragança.
De lastimar é que as trágicas circunstâncias presentes da Europa privem Guimarães de, neste momento, ter o prazer e a honra de apresentar as homenagens do seu respeito a Sua Alteza Real a Senhora Infanta D. Filipa de Bragança, a quem Seu Augusto Irmão, o Senhor D. Duarte II confiou tão alta representação.
Então isto não significa nada, Senhores?
Tudo isto significa superiormente o culto do Passado - mas um culto que não é inerte, antes se quer que seja vivo e fecundo.
Saibamos compreender plenamente a lição que Salazar nos dá; aproveitemo-la, na integralidade do seu significado; façamos o acto de contrição sincera, confessando os nossos erros, as nossas alucinações, os nossos desvairos, e, de olhos postos na bandeira da Fundação, juremos, Senhores, inspirar-nos sempre no amor exclusivo da Pátria - da Pátria católica, e não paganizada e materialista; da Pátria portuguesa, obediente à voz dos mortos que D. Afonso I e D. João IV simbolizam, e não da Pátria bastarda que dá ouvidos às indicações da III Internacional e ainda hoje confia na vitória das Democracias ocidentais para voltar a reger os destinos de todos nós.»4

Notas:
1 - In Alfredo Pimenta, A Fundação e a Restauração de Portugal, p. 30. Edição C. M. de Guimarães, 1940.
2 - In Idem, Ibidem, p. 33.
3 - In Id., Ib., p. 34.
4 - In Id., Ib., pp. 35/38.

A Monarquia e Dom Miguel vistos por Alfredo Pimenta

«... A Monarquia portuguesa foi sempre Pura, Perfeita, Hereditária - até 1834, não se falando no período nefasto de 1820 a 1828. Sempre! Os nossos Reis nunca foram eleitos, escolhidos, partidários, plebiscitados, frutos de facções, filhos do Sufrágio Universal ou restrito. O próprio D. João I foi Rei, por direito hereditário, pelo melhor direito. Demonstrou-o, nas Côrtes de Coimbra, João das Regras. A sua exposição é toda histórica e jurídica. O único que prescindiu da História e do Direito, e quis apelar para a força simplista, foi, se Fernão Lopes não mente, Nun`Álvares. Mas os factos históricos e as alegações jurídicas que o jurisconsulto desfiou, impuseram-se à Assembleia política, e ela não votou: aclamou.
No caso único de 1640, não foi o Sufrágio que fez Rei o Duque de Bragança, nem a Revolução. Esta afastou do Poder o intruso, eliminou o obstáculo que desde 1580 embaraçava o acesso ao Rei natural e legítimo. E o Duque de Bragança ocupou o lugar vago, pela força do seu direito hereditário, e não pela maioria do número dos eleitores.
Quando D. João VI morre, o Rei legítimo era sem contestação o Infante D. Miguel. D. Pedro deixara de ser português. Mercê das cabalas maçónicas e revolucionárias, ele, o estrangeiro, porque abdicara a sua qualidade de português, repudiara a sua Pátria de origem, e se constituíra Réu de alta traição por se ter revoltado contra a Nação, realizou uma série de passes absurdos, intitulou-se Rei de Portugal, que nunca podia ser, transmitiu à filha um direito que não tinha, e mandou-nos uma Constituição, sem competência nem autoridade para o fazer. A Força consagrou tudo isto. E se essa Constituição, na sua letra, não estabelece a Monarquia democrática, os factos ultrapassaram a letra da Constituição, e conduziram à consagração prática da Soberania Popular, em 5 de Outubro de 1910.»

In Cartas Monárquicas Escritas ao Estudante Caetano de Melo Beirão, pp. 16/18, Mensagem, 1947.

Breves notas sobre D. Duarte de Bragança

Para que não haja dúvidas, eis a primeira profissão de fé do sr. Duarte de Bragança na democracia, recém-chegado a Lisboa no dia 26 de Abril de 1974.

«Mensagem do Príncipe da Beira, D. Duarte Pio João de Bragança (1974)

Vivo intensamente este momento de transcendente importância para a Nação Portuguesa e julgo dever comunicar o meu pensamento na hora presente:
1. Dou o meu inteiro apoio ao Movimento das Forças Amadas e à Junta de Salvação Nacional, a minha plena adesão ao seu Programa, especialmente em ordem à instauração de uma verdadeira e consciente Democracia, saneamento da vida pública e solução do problema do Ultramar, no mais estrito respeito pelos inalienáveis direitos da pessoa humana.
2. Peço a todos os Portugueses que ponham todo o seu entusiasmo, energia e inteligência ao serviço da nova sociedade, fundada na liberdade e na participação, para a construção e defesa do bem comum.
3. Reitero o meu propósito de que o nome monárquico não seja utilizado em contradição com os princípios de dignidade da pessoa humana, justiça social, liberdade e pluralismo política, e participação de todos nas decisões, princípios que não podem ser ofendidos sem grave prejuízo para o viver do Povo Português e para o futuro da nossa Pátria comum.

Dom Duarte Pio João»


Mas o sr. Dom Pio continuou ao longo destes anos a porfiar com a sua crença na democracia e deixa-nos estes belíssimos testemunhos recolhidos nas entrevistas de Manuela Gonzaga, editadas em livro, com o título O Passado de Portugal no seu Futuro, 1995:

«Já houve quem dissesse que eu era uma espécie de Torre de Belém com fato e gravata. Pese embora o que haja nisto de irónico ou até anedótico, não há dúvida nenhuma que tem um fundo de verdade. Assim como são importantes para a imagem que temos da nossa Pátria a Torre de Belém, os Jerónimos ou a Batalha, assim o representante dos Reis de Portugal teria uma função análoga mas muito mais importante, global» (pp. 12-13).
«O que eu estou a dizer é que hoje neste final do século XX as monarquias têm de ser absolutamente democráticas» «é claro, pressuposto de tudo isto é a consagração destas ideias e concepções pela vontade popular» (p. 10).
«Durante muitos anos pensei que do movimento monárquico saísse uma redefinição clara da doutrina... Tenho de reconhecer que tal não aconteceu... Teria de ser eu a fazer esse trabalho... Teria de ser eu - (digo-o um pouco melancolicamente)...»; «porque mais ninguém saiu à estacada. Mas também me fui convencendo que fui eu por outra razão. É que havendo uma parte dos monárquicos ainda apegada às teorias autoritárias, outra que caminha para monarquia democrática e ainda muitos outros que vivem numa tremenda confusão ideológica, só eu teria autoridade suficiente para reafirmar uma revisão doutrinária» (p. 45).

Numa entrevista ao programa televisivo “Portugal no Coração” de Tânia Ribas de Oliveira e de João Baião em 11/12/2007, declarou:
«O Presidente da República tem sido um bom exemplo como um chefe de Estado tem de agir como um Rei. Referia-me, no caso concreto, do general Eanes e do dr. Mário Soares, mas sobretudo o general Eanes que definiu o seu mandato desta maneira: “eu tentei agir como um monarca constitucional".»

Foi, também, ao concurso televisivo 1,2,3, com a apresentadora Teresa Guilherme em que mais parecia a
Bota Botilde!
Querem mais?

No seu casamento, celebrado no Museu dos Jerónimos, com uma neta de um dos regicidas, Sr.ª D. Isabel de Herédia, convidou o presidente da república, Mário Soares e o Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano.
Foi, pelo menos, uma vez ao
Palácio Maçónico a convite do então Grão-Mestre da Maçonaria, António Arnaut. Por certo, para fazer as pazes com os regicidas/assassinos do Rei D. Carlos e do Príncipe D. Luís Filipe e até, quem sabe, receber alguma lembrança do seu tetravô, Pedro I, Imperador do Brasil e grão-mestre da maçonaria brasileira.
Patrocionou o vinho kosher da Adega Cooperativa da Covilhã pela Casa Real Portuguesa, se não me engano, Terras de Belmonte.
Para finalizar, o livro biográfico, da autoria de Mendo de Castro Henriques, "Dom Duarte e a Democracia", tem um prefácio de Manuel Alegre e um testemunho de Mário Soares, (re)conhecidos republicanos, socialistas e laicos.


E sobre o Senhor D. Duarte está tudo dito!

Nota:
Não trato o Senhor D. Duarte por Sua Alteza para não ferir as suas susceptibilidades republicano-democráticas.

17.6.08

O Prof. Dr. Rui Albuquerque e um desafio


No meu zapping pelos blogues, mormente o Pasquim da Reacção, descobri este engraçado comentário do sr. Prof. Dr. Rui Albuquerque, aludindo aos antigos jantares do 28 de Maio na Casa Branca, em Lavadores, Vila Nova de Gaia.
Escreve este ex-membro responsável do Movimento Nacionalista do Porto que
«A efeméride continua, hoje, a ser celebrada, já não no mesmo sítio, que não há gente, ao que me dizem celebrada por uma rapaziada sem cabelo, muito dada à cacetada e às coisas do espírito. Companhias que o Doutor Salazar, com os seus pergaminhos coimbrões, muito haveria de apreciar.»
Assim é, a efeméride continua a ser celebrada por vontade indómita do Prof. Dr. António José de Brito e nos presentes já se nota alguma “rapaziada sem cabelo”, não o nego, o que é perfeitamente natural com o decorrer dos anos – garanto-lhe que não é o meu caso – e que seria o seu se continuasse a estar presente, pois a última vez que o vi, nas televisões por causa dos escândalos da Universidade Moderna e da cooperativa gestora, a Dinensino, tinha um corte de cabelo radical: skin bem ao meio e com algum cabelo nas partes laterais.
A gente “dada à cacetada”, também, lá está. Não são permitidas armas brancas, apenas cromadas!
A gente dada “às coisas do espírito”, julgo que seja toda. Até hoje, nenhum dos presentes se declarou ateu!
Caro Sr. Prof. Dr. Rui Albuquerque, já que referiu os jantares da Casa Branca, aqui fica uma fotografia de um deles e lanço um desafio a todos: descubram quem é quem!

12.6.08

Homem Cristo Filho, 05.03.1892 - 12.06.1928 - Presente!



Respondendo ao sr. Pedro Coutinho com Rodrigo Emílio

Face a um comentário deixado na caixa de comentários cuja resposta obriga a que seja longa, espero e desejo que seja esclarecida e esclarecedora para o sr. Pedro Miguel Cunha Coutinho.

Caro Senhor,
Diz que o meu nacionalismo é importado. Não sei o que leva a concluir isso!
Saiba que não importei nem exporto nacionalismo. Sou o que sou: português, nacionalista, monárquico – propriamente dito – como dizia o Rodrigo Emílio. Ou se quiser, citando Alfredo Pimenta, outro português, logo, nacionalista, monárquico – propriamente dito: «Estou na extrema-direita da extrema-direita: à minha direita não fica ninguém.» (In A Questão Monárquica, p. 22, Ed. das Juventudes Monárquicas Conservadoras, 1920)
Conheço o Nacional-Socialismo, o Fascismo, o Nacional-Sindicalismo, o Falangismo espanhol, o Rexismo belga, a Guarda de Ferro romena, o movimento das Cruzes Flechadas húngaras, a Action Française, o pensamento Tradicionalista, o Integralismo Lusitano, o pensamento e obras de Salazar e vem-me dizer que o meu nacionalismo é uma importação?
Pelos vistos, tem alguma reserva em relação Integralismo Lusitano. Olhe, que não era um movimento importado da Action Française como chegou a ser acusado pelos seus detractores e que Hipólito Raposo no seu livro «Dois nacionalismos» escreveu: “As doutrinas do Integralismo Lusitano, não as inventámos, nem importávamos de França, porque elas não se filiam nem precisam de inspirar-se nas ideias políticas da Action Française, (…). São antes um património histórico-político de bons portugueses, os grandes tratadistas da primeira metade do século passado”; ou, “Sem a Action Française, o Integralismo Lusitano teria nascido; com a Action Française, ele pôde viver e alentar-se por uma nova e poderosa razão de estímulo intelectual (…)”. (In Dois Nacionalismos, Lisboa, 1929, págs 101-102).
Não tenho qualquer reserva sobre o Integralismo Lusitano. Reserva tenho-a, sim, em relação a alguns ex-integralistas ou pseudo-integralistas como Hipólito Raposo, - apesar deste, nos momentos anteriores à sua morte, ter dito a João Ameal, que tinha errado na sua posição em relação ao Estado Novo e a Salazar (afirmação da qual não há testemunho escrito de João Ameal) - Luís de Almeida Braga e Marcello Caetano que se tornaram traidores ao ideário integralista. Sardinha, foi o grande mestre e Pequito Rebelo, logo que percebeu, em 1961, com o eclodir do terrorismo em Angola que estava em causa a política ultramarina portuguesa e apoiou Salazar na defesa da sua política nacional.
Julgo que aspecto que mais lhe desagrada no Integralismo Lusitano é o Racismo.
Nem eu nem o Sardinha temos culpa disso. O Racismo, não era também uma doutrina importada, nem da França via Drumont, nem via Guarda de Ferro romena, nem via Alemanha nacional-socialista!

Não vejo onde e como “o fascismo e afins fazem uma apologia de um nacionalismo de pacotilha...”
Por acaso, estará o senhor esquecido que foi o Fascismo que fez o Acordo de Latrão com a Santa Sé através de Mussolini e do Cardeal Gasparri, representante de Pio XI, pondo assim fim à Questão Romana? E que agradecimento teve o Duce da Santa Sé aquando do seu assassinato por agentes da SAS inglesa e o seu corpo pendurado na Piazalle Loretto? Nem uma palavra!!!
Relativamente ao pensamento tradicionalista, reitero José Maria Péman quando afirmou que “o Tradicionalismo casa com o Fascismo”.
Penso que o senhor mete tudo no mesmo saco e espero que compreenda uma coisa.
Ninguém é detentor da Verdade. Agora, alguns são possuídos pela Verdade e esse foi o caso dos movimentos nacionalistas que irromperam pela Europa nos anos 20 e 30!
A Monarquia é uma Instituição – e nunca um regime político! - que pode e deve coexistir em regimes nacionalistas!
Afirma:
“custa-me ver alguém a misturar os reis da primeira dinastia com aspirantes a reis (e portanto reizetes) como Salazar... Poder prepétuo só um REI o deve ter!”
Ninguém, pelo menos eu, mistura reis com aspirantes a reis como Salazar… Poder perpétuo só o Rei deve ter.
Esclareço que Salazar nunca teve aspiração a ser Rei ou reizete como depreciativamente qualifica o ex-Presidente do Conselho.
O que Salazar “gostaria de ter sido era primeiro-ministro de um rei absoluto” como o afirmou a Manuel Múrias, um dos seus amigos e um dos cérebros da revolução de Maio de 1926 (Testemunho de Barradas de Oliveira no livro «Salazar sem máscaras», Nova Arrancada, 1998, pág. 87).
Salazar não fez nada nem teve culpa que o princípio monárquico incarnasse nele e não num Duque de Bragança.
Se bem me lembro, o regresso da Família Real a Portugal deve-se a Salazar bem como o regresso dos restos mortais do último grande Rei português: D. Miguel I.
Pelos vistos, o princípio monárquico acertou em cheio ao não incarnar num membro da Família Real e preferiu incarnar, rapidamente e bem, em Salazar!
Assim, deixo-lhe aqui o pensamento de Rodrigo Emílio que era monárquico propriamente dito - sobre o princípio monárquico.

Este pensamento está expresso na sua Tese da Direita intitulada «Por uma Direita moderna... muito antiga, que apele ao Chamamento Nacional - uma tese polémico-doutrinária».
No capítulo «Princípio Monárquico e Solução Real» escreve:
«Devo igualmente dizer que, como monárquico (e monárquico que ainda agora preciosas razões, as razões de ouro em boa hora aduzidas pelo Conducator da histórica Legião de São Miguel Arcanjo, e carismático fundador da Guarda de Ferro, da Roménia, Corneliu Zelea Codreanu, num incomparável trecho de sua lavoura, acerca da permanente e irrefutável validade do ideal monárquico, e da lei que o rege — peça de doutrinação tão decisiva quanto mal conhecida, levando por título «A Monarquia e a Sua Lei» e que reza assim:
“À frente da Raça, e sobrepondo se aos seus núcleos de selecção, avulta a Monarquia.
Recuso a república.
Ao longo da História, bons Monarcas houve, muitos deles óptimos, alguns débeis, outros maus; uns, honrados, e que fruiram do amor do(s) seu(s) povo(s) até ao fim da vida; outros houve a quem cortaram a cabeça.
Nem todos os Monarcas foram bons.
A Monarquia, em si, porém, sempre foi boa: é sempre boa.
Convém não confundir a instituição ou regime com os homens que, episodicamente, povoaram ou povoam uma e outro, deduzindo daí conclusões precipitadas e/ou daí retirando falsas consequências.
Pode haver maus sacerdotes e nem por isso é lícito admitir a eventualidade – ou advogar a necessidade — de se proceder à extinção e abolição da religião, à dissolução da Igreja, à refutação de Deus.
Há, seguramente que sim, Monarcas débeis, outros maus, mas não se segue daí que possamos, lá por isso, contestar ou rejeitar a Monarquia, pôr em dúvida e em causa a perene e sempiterna validade da mesma.
Na faina agrícola, a um ano bom sucede um mau, ou dois maus anos a fio seguem se, por vezes, a um bom; apesar disso, não passa pela cabeça de ninguém a ideia de abandonar a agricultura por tão pouco.
Faz um Rei o que quer? E então, nesse caso, quando é que Ele é grande, quando é que é pequeno? Quando é bom e quando mau?
Um Monarca não faz só o que bem Lhe apetece; um Monarca é pequeno quando faz o que quer, e grande quando faz o que deve.
Existe uma linha da vida da Raça. Um Monarca é grande e é bom sempre que se mantém fiei a essa linha, e dentro dela, e pequeno e mau na medida em que dela se afaste ou que a ela se oponha.
Esta é a lei da Monarquia.
Outras linhas há que podem também fascinar um Monarca: a linha dos interesses pessoais, a dos interesses de grupo, a dos de casta e extracção social, a dos interesses sectoriais, a linha dos interesses estrangeiros, seja ela abraçada intra ou extramuros.
Deve o Monarca postergá-las, a todas, e seguir a linha da Raça.”

E continua Rodrigo Emílio:

«O próprio fascismo é fenómeno de natureza retintamente monárquica, por boa e larga soma de razões, a começar numa, que é esta: o projecto fascista aponta, em cheio, apela em pleno, para a construção de um Estado acima das ordens e corpos sociais. Ora, como acentua António José de Brito — que, por sinal, também é monárquico, e monárquico propriamente dito —, «só um Poder» assim, «independente como o do Rei, consegue sobrepôr-se, duradoiramente, a todos os antagonismos societários».
Segue-se que o fascismo responde cabalmente a esse quesito.
Logo, e portanto, o princípio fascista não só não invalida nem contraria o monarquismo de ninguém, como até o reforça.
E o que dizer, já agora, da divisa de fundo do próprio nacional­‑socialismo, Ein Volk, ein Reich, ein Führer: — não encerrará ela um enunciado eminentemente monárquico?»
Abreviando razões e resumindo-as de vez, acentuarei, enfim, que sou monárquico nacionalista por princípio e fascista por conclusão.»

Sobre a questão do «nazi» aqui lhe deixo outro trecho da supracitada tese de Direita e julgo que está dada a resposta pelo próprio.

«Como não sou nada impressionável, nem especialmente sensível a agressões psicológicas, sejam elas exercidinhas ad hoc ou ministradas por via verbal, «armo-me» de uma dose de paciência literalmente evangélica e passo a explicar caridosamente ao meu fraco e modesto antagonista que não só não há mal de maior em ser apodado de «nazi», como até é muito bom sinal, visto que «nazi» vem a ser a abreviatura inicial da palavra que, em alemão, significa «nacional» (nazional), ou da que, na mesma língua, quer dizer «nacionalista» (nazionalistisch). Assim sendo, aceito lindamente — e reclamo, reivindico mesmo, para mim — esse nobilitante epíteto de «nazi», desde logo como sinónimo de «nacionalista», que sou, sim, que sou, de facto, e na medida em que todo e qualquer «nacionalista» tem de ser, à letra, e por definição, e necessariamente, pois, um «nazi», sendo a inversa igualmente verdadeira, do ponto em que todo o «nazi» não pode, forçosamente, deixar de ser um «nacionalista», como aí fica por demais demonstrado, creio eu, depois de por mim brandidas, para o efeito, razões tanto mais decisivas quanto é certo serem elas do foro propriamente etimológico.»

Espero que tenha ficado esclarecido.
Com os meus cumprimentos