15.12.11

Traição em Moçambique - IV

«(…) O que Jorge Jardim desejava era que o novo Governo tivesse metade de elementos da Frelimo e que a outra metade fosse constituída por elementos por si escolhidos entre as forças vivas de Moçambique que nele acreditavam. Fiquei espantado com a sua aceitação dos elementos que tinham aterrorizado populações indefesas durante os últimos dez anos.» (P. 211)
«Mais tarde jantámos com o capitão Vítor Caldeira e pela sua conversa fiquei esclarecido. Tinha-se transformado em mais um apoiante das doutrinas do MFA para Moçambique. Tal como centenas de outros oficiais, apoiava a entrega incondicional do território exclusivamente à Frelimo. Isto podia ser descrito como uma típica atitude dos portugueses. Em determinadas ocasiões revelava-se um povo estranho. Estava preparado para aceitar ideias teóricas sem tomar em consideração as implicações práticas. Os portugueses estavam preparados para se desfazer incondicionalmente de parte do seu país.» (P. 214)
«Enquanto os “libertadores” da Frelimo eram aliciados a avançar em todas as frentes para acelerar a retirada das tropas portuguesas, os seus compagnons de route do MFA, infiltrados nas Forças Armadas, conseguiam desmotivar ainda mais os militares de todas as unidades de tropa “macaca” e mesmo alguns, felizmente que poucos, das tropas especiais. Já era normal os soldados partirem de licença e não regressarem às suas unidades. (…)
Entretanto, os soldados recém-chegados de Lisboa recusavam-se a ir para Zonas Operacionais e chegavam mesmo a coagir os militares de recrutamento local que entravam em “estado de choque”. Muitos deste, de forma desordenada, entregaram armas e restante equipamento militar de maneira a regressarem às suas povoações ou cidades.» «Havia desertores que até regressavam a Lisboa por contra própria! Era o caos completo. O pessoal estava confuso, desorientado, sentia-se traído e, sobretudo, tinha medo do futuro. Os que tinham vindo de Portugal não viam necessidade da sua presença em África. A “temperatura” estava a subir rapidamente e permanecer em Moçambique podia significar uma bala…(Pp. 222/223)

12.12.11

Petição para a manutenção do feriado oficial do 1.º de Dezembro

A Sociedade Histórica da Independência de Portugal já tem online a petição para a manutenção do feriado oficial do 1.º de Dezembro, evocativo da Restauração da Independência de Portugal.

http://www.peticaopublica.com/?pi=SHIP

Traição em Moçambique - III

«(…) No dia anterior estivera em Nampula, com o colega Bruce Loudon do Daily Telegraph de Londres. “É um jornalista muito especial”, disse o Luiz. “Tinha uma ligação bem conhecida com muitos políticos e militares antes do 25 de Abril”. Perguntei-lhe qual seria, agora, o seu relacionamento com o MFA.
- Tens de te lembrar, Giancarlo, que em 1973, quando o Jorge Jardim e os zambianos jogaram a cartada de “Wiriamu”, foi o Bruce Loudon e o fotógrafo francês Patricke “qualquer coisa” que apoiou o plano deles. Lixaram o coronel Videira e outros oficiais superiores mas, mais importante, forçaram o Jaime Neves a colaborar com os revoltosos por este ter sido ameaçado com um Conselho de Guerra no futuro.
- Sim, compreendo. Mas agora o que está o Jorge Jardim a fazer? – perguntei.
- Está no seu ocaso… mas espera um pouco… Toma isto. Trouxe-te alguns papéis “interessantes” para o teu livro.
Era a formação do Gabinete do MFA junto do Comando-Chefe (CC) em Nampula. Dei uma olhadela às cópias que Luiz me entregou. Estava escrito:

A. FUNCIONAMENTO
1. O Gabinete do MFA junto do CC trabalha paralelamente com o CCP (Comissão Coordenadora do Programa)-MFA em íntima coordenação com este e está orientado essencialmente para assuntos de natureza militar.
2. A constituição do Gabinete é a seguinte:
Cap. ten. Rui Pereira Cruz
Ten. Cor. Nuno Alexandra Lousada
Maj. Mário Tomé
Maj. Nuno Mira Vaz
Cap. Aniceto Afonso
3. O Gabinete funciona em regime permanente no Gab. Plan. CCM (…) Nota: o regime permanente é assegurado pela presença de pelo menos um elemento do Gab. (…)
4. Todos os militares podem e devem apresentar sugestões (…)

Assim, na prática, o documento dizia que quem mandava na “guerra” era o MFA.» (Pp. 148/149)



«Durante o jantar, o Luiz compartilhou connosco muitas “novidades quentes”! Disse-nos que os primeiros grupos armados da Frelimo estavam a ser introduzidos por elementos portugueses em muitas localidades isoladas para evitar o receio por parte das populações. Por outro lado, muitos militares portugueses estavam a ir ao mato buscar guerrilheiros que depois transportavam para as pequenas vilas e cidades onde seriam recebidos como heróis da libertação. As Forças Armadas Portuguesas (com excepção das Forças Especiais que se mantiveram em total estado de alerta) deixaram de combater logo em Maio. Pelo contrário, a Frelimo ordenou aos seus combatentes que redobrassem os esforços de continuar a guerra e não aceitassem um cessar-fogo antes do colapso total dos portugueses. Para tentar integrar todas as unidades no “comboio da paz”, a Força Aérea Portuguesa tinha gasto dezenas de horas de voo com a “Operação Panfleto”, deitando milhares de folhetos de papel, montados e impressos pela 5.ª Repartição do QG em Nampula. Nesses folhetos era aclamado o fim da guerra e apoiadas todas as iniciativas de contacto que viessem a estabelecer um clima de paz entre a Frelimo e as Forças Armadas. Havia a esperança que a “guerra do folheto” ajudasse a desmobilizar os combatentes da Frelimo, sendo que a maior quantidade destes impressos fora lançada sobre as chamadas “zonas livres” ou fora de controlo das autoridades administrativas portuguesas. Existiam também rumores de que os aviões utilizados tinham sido abonados com o fogo das anti-aéreas do “ex-inimigo” e que até um dos aviões tivera de fazer uma aterragem de emergência… As principais vítimas deste “ataque” de propaganda eram os próprios militares portugueses, muitos dos quais foram aliciados a deixar-se fotografar ao lado dos frelimos, para benefício dos Serviços de Imprensa e Informações Militares. Os elementos que se apresentavam como representantes da Frelimo pareciam mais modelos de revista de moda quando comparados com os seus irmãos que viviam no mato. Todos eles pareciam ter saído da recepção de um hotel de luxo e vestidos com equipamento nunca antes utilizado e uniformes camuflados de estilo chinês. Tudo polido e a brilhar!
Em Lisboa, os novos chefes da guerra estavam sem dúvida alguma muito contentes com tudo isto! A Frelimo preparava-se para receber as rédeas do país e como tal, devia dar a impressão de estar em condições de o vir a fazer. Do ponto de vista puramente militar, Moçambique estava agora completamente perdido para Portugal.» (Pp 198/199)

9.12.11

Traição em Moçambique - II

«Ainda estava a tentar esquecer-me do cônsul e da carta do Luiz quando um conjunto de fotografias foi reproduzido na primeira página do jornal Notícias de Lourenço Marques do dia 20 de Junho. Na folha laurentina via-se o que se dizia serem “soldados” da Frelimo vindos do mato para apertar a mão aos militares portugueses. Eu tinha conhecimento de que a 5.ª Repartição do QG em Nampula estava directamente envolvida na reprodução das fotografias destes encontros entre pseudo-adversários. Os alferes milicianos do coronel Passos, responsável da APSIC, a Acção Psicológica, estavam eufóricos com este golpe publicitário. Tudo era pré-combinado e envolvia alguns ex-Frelimo que os agentes da DGS diziam ser “guerrilheiros em part time ou “recuperados”. A verdade é que nem mesmo a Frelimo autorizara estes encontros e, além disso, nenhum verdadeiro guerrilheiro se deixaria fotografar com tanta facilidade. Tal seria um salvo-conduto para a sua própria morte!
Esta farsa tão bem montada que, antes de serem apresentados à frente das objectivas, os “pseudofrelos”, como os alferes da APSIC os chamavam, eram devidamente preparados para poderem representar os mais ferozes combatentes do mundo, sorrindo condescentemente para as fotografias tiradas de diferentes ângulos. Sabe-se que a 5.ª Rep. aproveitou várias destas imagens e que depois as espalhou por todas as zonas de combate. Uma coisa era certa: com esta acção de marketing masoquista tinha sido possível desmobilizar muitos dos melhores combatentes. A excepção, dentro dos Comandos, foi a actuação do Mota, que se prestara a tirar as fotografias e que por isso terá sido duramente punido, até com conhecimento do general Costa Gomes mas sem a aprovação consensual da Junta em Lisboa. Porquê Costa Gomes? Sabia-se que em Maio ele tinha enviado a todas as unidades uma nota do CEMGFA que dizia: “Considero todos os militares integrados doravante no Movimento das Forças Armadas”. Poucos notaram que esta inteligente e astuta decisão do general terá sido para diluir a força dos revoltosos. Se todos eram doravante membros do MFA, não havia diferença entre aqueles que, no dia do golpe, estavam ou não estavam com os revolucionários.» (P. 148)

«Falando com alguns doentes, maioritariamente soldados pretos, cheguei à conclusão de que muitos apoiantes da Frelimo não tinham uma opinião precisa sobre o 25 de Abril, muito menos tinham conhecimento do “programa” do MFA ou sequer sabiam quem eram os membros do movimento entre os militares estacionados em Moçambique. Aqui não havia nem bons nem maus. Os militares faziam todos parte da máquina do adversário. O interessante era que enquanto os portugueses iniciavam o “desmoronamento” das suas defesas, Samora Machel incitava os seus homens a levarem a guerra até à “derrota total do inimigo”. Três dias depois das fotografias serem publicadas no Notícias (Domingo, 23 de Junho), Samora Machel repetiu em Dar-es-Salam que o seu objectivo era a independência total de Moçambique; até esta ser conseguida dizia, “a guerra não iria parar”. Claro que a Frelimo nunca aceitaria parar a guerra e ir a votos ou a referendo, como se propunha em Portugal. Os seus dirigentes não eram parvos e queriam receber de bandeja o futuro Governo. Tudo fariam para correrem com os portugueses de Moçambique. “Paz” e “cessar-fogo” foram palavras nunca mencionadas pela liderança da Frelimo nos contactos efectuados com o MFA. Luiz disse-me muitas vezes que quanto menos portugueses ficassem em Moçambique, mais fácil seria para a “escumalha” branca e os comunistas tomarem conta do Governo.
(…) Três meses mais tarde, em Lusaka, o MFA e os governantes de Lisboa desistiram de negociar o que quer que fosse e aceitaram todas as condições impostas pela Frelimo que incluíam um acordo autónomo para Cabora Bassa e um outro, de carácter militar, que exigia que a defesa e segurança de Moçambique fossem asseguradas por Portugal até ao dia marcado para a data da independência, 25 de Junho de 1975! O acordo principal, assinado entre as duas partes na capital da Zâmbia, foi tornado público mas os outros dois, considerados “reservados”, ficaram no segredo dos deuses. Na prática, Machel disse aos portugueses: “Foram vocês que fizeram aquele muro (Cabora Bassa). É vosso, fiquem com ele”. O acordo militar que criou a Comissão Militar Mista foi apenas parcialmente divulgado. Nele, as Forças Armadas Portuguesas eram obrigadas a defender as fronteiras terrestres e marítima moçambicanas de qualquer invasão ou incursão por parte de forças “hostis” à Frelimo. Em mente tinha-se as agressões vindas da África do Sul e da Rodésia. Os acordos “reservados” ditavam que também a segurança interna de Moçambique seria uma responsabilidade de Lisboa.
Até hoje, ninguém foi capaz de compreender como é que o orgulho lusitano se deixou envolver nesta armadilha que, por ironia política, obrigava os portugueses a proteger o antigo inimigo? Na altura em que os Acordos de Lusaka foram firmados era ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal o Dr. Mário Soares. A sua sombra do MFA era o major Ernesto Melo Antunes. Do team faziam também parte: Almeida Santos, Victor Crespo, Almeida Costa e Casanova Ferreira. De Moçambique vieram Antero Sobral, representando o “Governo” e o coronel Nuno Alexandre Lousada, delegado do MFA do QG de Nampula. Todos eles, debaixo dos flashes da imprensa internacional, assinaram por Portugal. Pela Frelimo, “bastou” a assinatura de Samora Machel!» (Pp. 150/151)

5.12.11

Movimento Falcata no 1.º de Dezembro, nos Restauradores

Petição contra a extinção do feriado do 1.º de Dezembro, dia da Restauração de Portugal.

Petição contra a extinção do feriado do 1.º de Dezembro, dia da Restauração de Portugal.

Traição em Moçambique - I

«Nos últimos dias de Maio, a situação em Moçambique agravou-se. Muitos militares recusavam-se a sair para o mato. Não queriam fazer operações ofensivas para não provocar feridos e mortos. Não poucos homens das milícias desertavam com armas ao mesmo tempo que as populações fugiam ao controle das autoridades coloniais. Dezenas de colonos começavam a abandonar Moçambique. A maioria deles fugia para a Rodésia.
Um mês depois do golpe, os soldados pediam à Frelimo para cessar-fogo, sobretudo nas zonas de maior actividade operacional. O poder colonial português estava em derrocada.
Os serviços de informação e de propaganda já não podiam “tapar o sol com a peneira”. Ao mesmo tempo, Aquino de Bragança, conselheiro pessoal de Samora Machel, andava por Lisboa. Aí foi apresentado à figura-chave do golpe: o major Ernesto Melo Antunes. Oficial “anti-colonialista” desde o início dos anos sessenta. Melo Antunes era o poder por detrás do trono e o verdadeiro “cérebro” do golpe. Melo Antunes sabia que era a altura para Portugal acabar com as guerras africanas. Tinha o apoio de muitos… incluindo do general Costa Gomes. Tinha de facto muito mais peso na nova administração portuguesa do que muitos julgavam, e prometeu ao Aquino de Bragança que o Exército não iria mais combater a Frelimo. (…) Na prática, o objectivo era permitir o avanço da Frelimo, dando assim a impressão de que já controlava todo o país. Esta era a razão porque o QG em Nampula tinha dado ordem para as Forças Armadas não abrirem fogo contra as guerrilhas a não ser em caso de legítima defesa. Assim, pode considerar-se que todo o sangue dos soldados mortos depois de Maio, mancham as mãos dos “golpistas”… que nunca dão a cara.» (P. 91)

«Inicialmente, militares como o major Freitas não queriam acreditar na hipótese do general Spínola ser desautorizado por elementos do MFA com ligações ao PCP, o Partido Comunista Português. Mas, em finais de Maio, quando os chefes do Estado Maior dos três ramos das Forças Armadas transmitiram ordens, pouco apropriadas para o momento que se vivia na metrópole e nas províncias ultramarinas, tiveram que aceitar que se tinham enganado redondamente.
As ordens de serviço foram despachadas logo a seguir à partida de Portugal do major Artur Freitas. Embora estas fossem secretas, a maior parte dos oficiais superiores tinha conhecimento do seu teor.
A primeira era a de que as Forças Portuguesas se deviam abater de tomar a iniciativa de ataque à Frelimo. Todos os patrulhamentos dentro das zonas de que eram responsáveis deviam assim cessar. As patrulhas só deviam acontecer por força de uma deslocação dos pontos A para B e com uma missão superiormente pré-definida. As únicas reacções justificadas seriam as baseadas no factor defesa pessoal. Por outras palavras, a Frelimo teria que abrir fogo primeiro para que fossem autorizados a defenderem-se!
As razões por detrás deste volte-face nas instruções dadas eram claras. Para começar, o Governo em Lisboa tinha decidido que a guerra contra a Frelimo iria terminar. Isto acontece menos de um mês após o golpe. Sendo este o caso, os guerrilheiros da Frelimo deviam ser autorizados a penetrar onde desejassem fazê-lo.
Com uma boa dose de apoio na retaguarda em Lisboa, a Frelimo tinha deixado repentinamente de ser o inimigo; era agora o bem-vindo herói da libertação. Havia três importantes políticos que desejavam que Moçambique fosse entregue apenas à Frelimo: Mário Soares, líder dos socialistas; Almeida Santos, ex-laurentino e “socialista independente”, e Álvaro Cunhal, o mais pró-moscovita líder comunista europeu.
Era um dado adquirido que o chefe máximo do comunismo em Lisboa só fazia o que os soviéticos lhe ordenassem. O objectivo dele era retirar Portugal da NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e transformar o país num ponto para os soviéticos no flanco ocidental da Europa.
Esta troika lisboeta desejava entregar as colónias aos movimentos nacionalistas pró-soviéticos o mais rapidamente possível e transformar Portugal num servil aliado.» (P. 101/102)

20.11.11

Mais dados sobre a traição de Jorge Jardim em Moçambique

«(…) O que Jorge Jardim desejava era que o novo Governo tivesse metade de elementos da Frelimo e que a outra metade fosse constituída por elementos por si escolhidos entre as forças vivas de Moçambique que nele acreditavam. Fiquei espantado com a sua aceitação dos elementos que tinham aterrorizado populações indefesas durante os últimos dez anos.» (P. 211)

«(…) No dia anterior estivera em Nampula, com o colega Bruce Loudon do Daily Telegraph de Londres. “É um jornalista muito especial”, disse o Luiz. “Tinha uma ligação bem conhecida com muitos políticos e militares antes do 25 de Abril”. Perguntei-lhe qual seria, agora, o seu relacionamento com o MFA.
- Tens de te lembrar, Giancarlo, que em 1973, quando o Jorge Jardim e os zambianos jogaram a cartada de “Wiriamu”, foi o Bruce Loudon e o fotógrafo francês Patricke “qualquer coisa” que apoiou o plano deles. Lixaram o coronel Videira e outros oficiais superiores mas, mais importante, forçaram o Jaime Neves a colaborar com os revoltosos por este ter sido ameaçado com um Conselho de Guerra no futuro.» (P. 149)

Livro: A Cauda do Escorpião. Giancarlo Coccia




A Dinalivro editou em Junho deste ano este testemunho do jornalista italiano Giancarlo Coccia, "A Cauda do Escorpião - O Adeus a Moçambique", sobre os vergonhosos acontecimentos da traição e do abandono da província ultramarina de Moçambique pelos abrileiros que em Lisboa conspiravam a favor dos planos mundialistas e soviéticos a troco de... salvarem a pele por meia dúzia de escudos!
N.º de páginas - 376
P.V.P. - 24€.

4.11.11

Completamente de acordo!

"Como escreveu há dias o Miguel Castelo-Branco, os palermas riram-se de Salazar e da cultura do aforrozinho. Era para eles uma visão campónia e atrasada, incompatível com os seus projectos desenvolvimentistas. Prometeram-nos a Europa, a felicidade, a abundância e dinheiro a rodos. O resultado deste programa extraordinário tem feito os títulos da imprensa. Estamos cada vez mais pobres: na verdade, falidos e mal pagos. Destruídas a agricultura, a pesca e a indústria, dependemos da ajuda externa, sem a qual morreríamos de fome e inanição. Vamos sobrevivendo ligados à máquina da troika, que é quem manda. No estrangeiro, experimento todos os dias a vergonha de ser português. Chegou a hora de apontar o dedo ao regime. Ou acabamos nós com ele, ou há-de a besta fatalmente acabar connosco. "

É isso mesmo, Bruno Oliveira Santos.

2.11.11

Lucien Rebatet. Prof. António José de Brito

LUCIEN REBATET


Depois do triunfo da cruzada democrática de 1939-45, a categoria dos “escritores malditos” recebeu um dos consideráveis reforços. Um dos países que mais se distinguiu na especialidade foi, sem dúvida, a França dos direitos do homem, da liberdade, da igualdade e da fraternidade.
Os anos, contudo, passaram e os furores pouco a pouco atenuaram-se, embora não tenham desaparecido. Já não se fuzila com toda a naturalidade o herético e com lastimável frouxidão condena-se apenas à obscuridade e ao silêncio. E, por vezes, vozes surgem a defendê-lo e a dar-lhe uma relativa absolvição. Na maior parte dos casos, a defesa e a absolvição consistem em apresentá-lo como um frouxo, dominado, por hesitações a caminho de passar para o outro lado da barricada – só que não teve tempo.
No entanto, de entre os malditos, há um de nível supremo, para o qual, - salvo raríssimas excepções – não há perdão nem piedade possíveis. É o caso de Lucien Rebatet. Drieu La Rochelle e Robert Brasillach já vão recuperando, muito atenuadamente, conforme se compreende, o direito de cidade. Rebatet, não, continua a ser um repulsivo, um abjecto, à máxima potência.
Por certo alguns traços caracteriológicos da sua personalidade não o tornam em extremos atraente. Durante o julgamento não mostrou a intransigente coragem de Robert Brasillach ou de Pierre Antoine Cousteau. E, após, a saída da prisão patenteou um certo amolecimento.
Apesar de tudo, não deixou jamais de merecer o qualificativo “d`étonnant garçon” conforme o classificou o autor dessa bela e delicada evocação de “Notre Avant Guerre”.
Diga-se, desde já, que as suas ambições literárias, corporizou nos romances “Les épis mûrs” e, sobretudo, em “Les Deux Étendarts”, não me parecem atingidas. Excelentes críticos consideram essas obras, em especial a última, como textos marcantes do século vinte. Na minha modesta opinião, “Les Deux Étendarts”, tem demasiada teologia e metafísica para uma obra de ficção e demasiada ficção para o que possui de teológico e metafísico. Quanto a “Les épis mûrs”, a grande exibição de conhecimentos técnicos de músicas faz quase desaparecer a estrutura da narrativa.
O que julgo uma obra-prima no género são “Les Décombres”. Grande êxito durante a Ocupação e, depois da chamada “libération”, alvo de pudicas, escandalizadas e virtuosas refutações. Trata-se de um mero panfleto político, dir-me-ão. Panfleto político, com certeza, mas não um “mero” panfleto político.
São seiscentas e sessenta e quatro páginas explosivas, em que se mesclam invectivas frementes, caricaturas implacáveis, ataques furibundos, sátiras impiedosas, demolições sem par, enquadradas numa atmosfera de irrespeito e cólera. Trata-se de uma espécie de vendaval a que está, imanente um patriotismo frustrado, bem como um revolucionarismo intomável.
A decadência francesa, testemunhada na maior e mais vergonhosa das derrotas, põe Rebatet fora de si. Na sua exaltação aplica o ferro em brasa à ferida, com a esperança de fazer desaparecer as causas da catástrofe terrível.
Na reedição, inserida nas “Mémoires d`un fasciste”, ele suprimiu algumas partes por motivos de gratidão pessoal perfeitamente respeitáveis. Pela minha parte prefiro os Décombres sem insinuações, na sua força impiedosa e terrível. Claro que nem sempre Rebatet é duma justiça perfeita. No tocante a Maurras, se aponto justeza deficiências na sua acção política, esqueceu que o passivo foi amplamente superado pelo activo. Sem Maurras, talvez não houvesse pensamento anti-democrático visível na Europa.
Em 1969 veio a público, “Une Histoire de la Musique” apaixonada e apaixonante, evidenciando a imensa cultura do escritor. Mero diletante seria atrevimento meu se formulasse reparos de fundo. Apenas uma breve anotação.
Assevera Rebatet que Richard Strauss detestava o regime nacional-socialista. Talvez se baseie em declarações feitas ou atribuídas pelo admirável criador do “Cavaleiro da Rosa” depois de 1945. A verdade é que, nas já citadas “Mémoires d`un Fasciste”, Rebatet o mostra, no Festival Mozart em Viena, organizado por aquele regime, recebendo os representantes franceses com toda a naturalidade. E os seus oitenta anos foram festejados em toda a Alemanha, com felicitações de Hitler e tudo o mais.
Adiante, porém.
Sob o pseudónimo de François Vinneuil, Rebatet mostrou-se um excelente crítico de cinema. Recentemente foram reeditados alguns dos seus artigos com o título “Quatre ans de cinema (1940-1944)".
Ao ler essa compilação voltaram à minha memória algumas das grandes produções da época, que é considerada a idade de ouro do écran francês.
Não havia em tal obra grandes referências a películas alemãs. Em todo o caso, aparecem as considerações que ele consagrou a três admiráveis produções germânicas: a “Cidade Dourada”, o “Barão Aventureiro” e “Opereta”.
Na primeira, um deslumbrante colorido fazia esquecer a banalidade da história (uma jovem camponesa seduzida). Na segunda, a cor alia-se à mais extraordinária fantasia, acompanhadas pela estupenda interpretação de Hans Albert.
Quanto à “Opereta”, permitam-me algumas notas pessoais. Quando – há que anos! – vi o filme, fiquei desiludido. Esperava algo predominantemente musical, com relevo para os grandes compositores do género, entre eles Franz Lehar. A leitura do artigo de Rebatet fez-me hoje mudar de opinião. Mau grado o título, tratava-se apenas da história de um grande métteur en scène (a expressão francesa é a que parece mais adequada) na Viena do século XIX, que acaba por triunfar, nesse ambiente delicioso de despreocupação, alegria e pitoresco. Com um grande fair play, o nacional-socialismo permite a ressurreição e, em certa medida, a reabilitação desse período decerto porque, apesar de toda a sua frivolidade, mostrava grande qualidade do teatro ligeiro germânico e o mérito dum labor incessante, para além de intrigas de bastidores e rivalidades pessoais.
Lucien Rebatet, embora, tardiamente, permitiu-me ver com outros olhos a “Opereta”. Graças lhe sejam dadas, a ele, o maldito entre os malditos.

António José de Brito

26.9.11

Pedro Guedes da Silva no Expresso do Ocidente

Pedro Guedes da Silva e a análise semanal no Expresso do Ocidente.

Livro: D. Sebastião, o Elmo e Alcácer-Quibir. Rainer Daehnhardt


PVP: 36,90€
São 240 páginas a cores e em papel couché!
Encomenda já disponível na Editora com 10% desconto - 33,21€
Contacto:
apeiron.edicoes@gmail.com e Apeiron Edições.


Sinopse: Dom Sebastião é uma figura histórica única, para todo o Mundo-Outrora-Português, que ainda se mantém ligado através da língua e cultura de Camões.Desde o Brasil até Macau, surge um entusiasmo crescente pelo aparecimento do elmo usado por este monarca luso, na Batalha denominada “DOS TRÊS REIS”, por, supostamente, três Reis nela terem perdido a vida. Dois foram Rei Mouros e um Português.
Nunca se chegou a saber ao certo se Dom Sebastião caiu em combate, ou apenas desapareceu. Facto é, que se trata do único monarca do Mundo Português perdido numa batalha. Isto teceu lendas e mitos a seu respeito, que o elevaram ao pedestal da adoração, como se de um Santo se tratasse.
Há 250 milhões de pessoas no mundo que falam português. Necessitam de ser informadas sobre os espantosos resultados que os exames feitos ao seu elmo nos revelaram.
Hoje, temos provas que nos esclarecem perguntas, nunca antes colocadas. Também se levantam novas questões, que futuras gerações terão de investigar.
Perante os novos conhecimentos, obtidos através do estudo das feridas presentes no elmo de Dom Sebastião, considero o acesso a dados até há pouco desconhecidos, sendo um dever cívico compartilhá-los com todos os que com a sua lusa origem se identificam.

Museu Luso-Alemão

15.9.11

Cá por umas coisas...





Os utilizadores da AppStore em França deixaram de ter acesso a uma aplicação que consistia numa listagem de personalidade classificados como sendo judias ou não judias
A aplicação «Judeu ou Não Judeu» apenas esteve disponível 48 horas mas gerou uma elevada polémica o que levou a empresa a retirar a mesma.
A Apple alegou que a retirada desta aplicação da sua loja online se ficou a dever ao facto de a mesma desrespeitar a legislação francesa.
A aplicação consistia numa listagem de 3.500 personalidades de religião judaica, que eram depois classificadas de acordo com vários critérios. O criador da aplicação é um jovem judeu e a mesma está disponível em vários países, incluindo os EUA, onde não foi levantada nenhuma polémica em torno da mesma.

A vida de Brian. Um filme extraordinário!



10.9.11

Em nome da (des)ordem democrática

Há dias Paulo Portas reforçava as ideias e as palavras de Passos Coelho segundo as quais não irão ser permitidas alterações da ordem pública por desordem e caos social que a fome e o desespero provocarão.
Ora, estes senhores prevêem que no futuro - e bem a curto prazo - rebentará o caos social devido ao esmagamento dos impostos que recaem nos mini-bolsos dos portugueses.
Já Sócrates - em 2009 - previu isso mesmo e preveniu o regime democrático - porque é o que está em causa e o Bloco Central (PS-PP-PSD) bem o sabe - com a nova Lei de reorganização das forças armadas (em parvas) de utilização das Forças Armadas em operações contra a própria população, como força supletiva às Forças de Segurança – PSP e GNR – quando as mesmas forem incapazes de tomarem conta do recado. Ou seja perspectiva-se a possibilidade dada aos políticos (dependem nesse caso do Governo e não do Comandante Chefe – Presidente desta República) de usarem o aparelho militar para reprimir e atirar sobre o povo português.
Tudo isto em nome da ordem democrática, do povo, da (in)justiça, dos direitos do homem, da liberdade... claro está!
A Nova Ordem Mundial a isso obriga!

3.9.11

Mentira e propaganda barata

Assim se manipula, se mente com uma acção de propaganda nos meios televisivos de (des)informação!


2.9.11

Vandalismo em nome da superioridade moral da democracia

Os defensores da apregoada democracia, liberdade de expressão, direitos do homem, da igualdade vandalizaram a campa de Salazar.
Como diz Mário Soares, tudo em nome da da superioridade moral da democracia.
Já cá faltava o presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão defender a remoção do memorial porque "o memorial é motivo de conflitos e pode ser foco de problemas."
Em nome da cobardia, é preferível retirar o memorial para evitar conflitos e defende, este senhor, a criação do Museu!!!

15.8.11

2.º Encontro Nacional do M.O.N.

O Movimento de Oposição Nacional realizou o seu 2º Encontro Nacional na zona da Batalha, com um almoço de convivio e de camaradagem política sob o tema «Forjar um Destino!» e a evocação do desafio heróico do Condestável, na madrugada de 7 de Agosto de 1385, ao partir de Abrantes apenas com os seus 3.000 homens, ao encontro do inimigo. Dois dias depois o Rei e o resto do exército venciam a indecisão que marcara o Conselho em Abrantes, e encontraram-se com Nuno Álvares em Tomar, onde se reuniria então a totalidade das forças portuguesasantes de partir para Aljubarrota. «A Decisão do Condestável foi a raiz da nossa Vitória», declaração assumida pelos presentes.
Depois, já no Campo de S. Jorge, local histórico da batalha de Aljubarrota, os novos Voluntários Nacionais assumiram o seu Compromisso de Combate «perante a memória de Nuno Álvares Pereira e dos Mortos por Portugal.»
A Direcção Nacional do M.O.N. defende, entretanto e no actual momento, o início de uma «Guerra Política por Portugal» mais intensa, contínua e sem tréguas, orientada por objectivos claros e mobilizadora da convergência de todas as forças nacionalistas e Patrióticas» na luta pela Liberdade Nacional.
Na foto alguns dos 40 participantes que responderam à convocação, em pleno coração de Agosto - uma atitude «quase heróica», neste momento e em Portugal, assegurou a O Diabo um dos dirigentes daquela Associação Política e Cultural.

10.8.11

14 de Agosto em S. Jorge de Aljubarrota

No próximo 14 de Agosto, Domingo, organizamos uma jornada de grande sentido político, de camaradagem nacionalista e patriótica. Vai ser uma uma reunião com todos os que quiserem vir connosco assumir o seu compromisso de luta pela Vitória das forças Nacionais e discutir as grandes linhas do Combate político.
Inclui transporte em pullman a partir de Lisboa, um almoço próximo da Batalha, a assistência à sessão histórica multi-media no Centro de Reconstituição da Batalha, em S. Jorge, e uma cerimónia sóbria, seguida de regresso à Batalha, com visita ao Mosteiro. Partida de Lisboa às 9.30h.
De outros pontos em hora e local a combinar.


14 de Agosto em S. Jorge de Aljubarrota,
Compromisso pela Liberdade Nacional
UM PACTO DE SANGE COM PORTUGAL



É uma convocatória séria - e a sério. Não é mais uma qualquer «proclamação patriótica», é um compromisso revolucionário. Comparecer, só por si, é uma escolha para o Futuro. Porque temos uma Missão política e um propósito de combate concreto que vai muito além das proclamações. Porque temos que agarrar e vencer nesta realidade ou, morrer na tentativa. Para os mais fortes será assim mesmo. É uma atitude que envolve um Pacto de Sangue com Portugal, ali bem presente no Campo de S. Jorge. É o assumir de uma Consciência nova, que ultrapasse as divergências «ideológicas» e nos eleve ao plano em que se fundem a Fidelidade essencial à Nação e à luta pelo Estado Nacional dos Portugueses, o desejo de aptidão para o confronto decisivo, a capacidade de respeitar todos os voluntários, todos os queiram ser nossos camaradas na Guerra pela Pátria, para atingir objectivos comuns. Para os Voluntários, será uma entrega total à Vontade, ao Conhecimento, e à Acção consequente por Portugal - E Mais Nada, com tudo o que isso implica, custe o que nos custar, por cima de todos os Inimigos. Tal como em Aljubarrota disse o Comandante D. Nuno, «os poucos vão vencer muitos»!
Este é o nosso Espírito e o nosso Voto.

5.8.11

Apresentação do Elmo de D. Sebastião

A reunião de apresentação do Elmo de D. Sebastião terá lugar no Domingo, dia 7 de Agosto, pelas 16 horas, na Quinta Wimmer (Estrada Nacional 117, ao km 10), em Belas.
São convidadas todas as pessoas que sentem Amor por Portugal e curiosidade de saber acerca do regresso do Elmo de Alcácer-Quibir.
Haverá uma exposição, com cerca de 25 vitrinas contendo centenas de objectos ligados à temática de D. Sebastião, para nos aproximar mais da época do Desejado.
Os três palestrantes serão:
1º O Embaixador Professor Doutor Jorge Preto, que nos falará sobre D. Sebastião e o mito lusíada que ele inspirou.
2º Rainer Daehnhardt, cuja temática será o regresso do elmo e o que as "feridas" nos contam.
3º O Ten. Cor. Pilav. João José Brandão Ferreira, que nos falará sobre a importância do reaparecimento do Elmo de D. Sebastião na nossa geração.
Pede-se aos membros diplomados do Núcleo dos Amigos do Elmo, que venham duas horas mais cedo (pelas 14 horas), para que, individualmente, possam ter o Elmo de D. Sebastião, por um instante, nas suas próprias mãos.
A partir das 15 horas, voltará à sua vitrina (montada então no Pavilhão Indo-Português), onde poderá ser visto por todos, a partir das 16 horas.
Saudações sebastianistas,
Rainer Daehnhardt

1.8.11

Riccardo Marchi e a extrema-direita


Revista Notícias Sábado distribuída com Diário de Notícias e com Jornal de Notícias
30.07.2011

Livro: Parsival. Wolfram von Eschenbach




A Nova Vega teve a feliz ideia de editar Parsival de Wolfram von Eschenbach.
N.º de páginas - 356.
P.V.P - 22,26€

21.7.11

A superioridade moral da democracia



Desta vez, exumaram o corpo de Rudolf Hess para evitar a peregrinação anual ao cemitério de Wunsiedel todos os 17 de Agosto, e as suas cinzas serão lançadas ao mar.
Já não bastou condenarem-no a prisão perpétua e de ter sido assassinado por elementos do SAS inglês a 17 de Agosto de 1987.
Rudolf Hess - Presente!

19.7.11

5.7.11

A necessidade de responsabilizar os políticos... Rainer Daehnhardt

A NECESSIDADE DE RESPONSABILIZAR OS POLÍTICOS

PELOS ESTRAGOS QUE CAUSAM COM AS SUAS ACÇÕES



Qualquer automobilista é responsabilizado pelas suas acções no trânsito.
Um restaurante é responsabilizado pelo que serve à mesa.
Um médico é responsabilizado pela sua conduta profissional.
Então, por que razão, nenhum político é responsabilizado pelos seus actos?
Instalou-se mundialmente um sistema de intocabilidade religiosa em dois meios fortemente interligados, que são o financeiro e o político.
O pior que pode acontecer a um financeiro ou a um político é não ser reeleito para o seu cargo. As desgraças que as suas actuações causam a tanta gente são consideradas irrelevantes.
Isto está profundamente errado!
Procurar vestígios de corrupção, para ver se algum banqueiro ou governante acumulou fortunas pessoais de forma ilegal, é apenas um levantar de uma cortina de fumo, para não mostrar a verdadeira gravidade da situação.
Os seus comportamentos devem ser vistos, individualmente, como as origens das feridas, que as suas acções causaram, com efeitos nefastos, ao povo e à pátria, que supostamente deviam defender.
Proponho que pessoas qualificadas "avaliem a performance" (permito-me, neste caso específico, a usar a terminologia dos próprios), de todos os políticos, que ocuparam cargos no pós-25 de Abril de 1974.
Apoderaram-se de uma nação, que existia em harmonia desde da Ilha do Corvo até Macau.
O que fizeram dela?
Deve-se calcular, em números, os prejuízos, que suas actuações causaram, não apenas à metrópole, mas também aos povos ultramarinos.
Deve-se criar um escalão onde se atribua as percentagens de peso nas decisões, que correspondam a cada lugar governamental e por dia de ocupação.
De seguida, deve-se procurar saber quais foram as pessoas que ocuparam estes lugares e qual o montante de estragos por elas causados.
Logicamente, devem ser responsabilizados pessoalmente; a igualdade de direitos e deveres com todas as outras profissões a isto obriga.
Não existe fundamento lógico que justifique que os governantes não possam ser chamados à responsabilidade. Qualquer taxista, talhante, dentista ou educador é responsabilizado pelos seus actos.
Um julgamento público, devidamente transmitido pelos média, é suficiente para acabar com o assassinato da identidade nacional e conseguir o reestabelecimento imediato da soberania!
Qualquer um dos políticos responsabilizados devem ter direito de defesa e explicação do porquê das suas acções.
A justiça e a ordem pública têm de prevalecer!
Se as suas acções forem consideradas justificáveis perante o povo e a pátria, será absolvido.
Se as suas acções forem causadoras de endividamento da nação, do empobrecimento (espiritual ou monetário) do povo, terá que tentar indemnizar a nação e o povo. Caso não tenha bens suficientes para fazer face ao peso dos danos, terão que responder todas as pessoas, firmas ( incluindo os seus accionistas), ou instituições, que lucraram com as suas decisões e responder dentro dos montantes por eles indevidamente recebidos, para que se reponha o estado da Nação ao nível da data da sua tomada de posse.
Este julgamento terá, como consequência imediata, a dissuação do aparecimento de novos caçadores de fortunas fáceis na governação.
Isto, por sua vez, será a vassourada de limpeza ética que uma profissão (que devia ser merecedora de respeito) necessita urgentemente.
Quando o Dr. António de Oliveira Salazar assumiu a sua longa caminhada para tirar a pátria do endividamento estrangeiro e a criação de uma das mais fortes e respeitadas moedas então existentes, totalmente coberta por reserva de ouro, apenas pediu que lhe fosse pago o mesmo ordenado, que recebia, enquanto era professor da Universidade. Nunca aceitou mais um tostão. Nunca possuiu um grão de areia que fosse numa conta off-shore, nem desviou fortunas para familiares seus.
Um verdadeiro GOVERNANTE tem de ser RESPONSÁVEL pelas suas acções, como qualquer cidadão comum.
Já assim era no tempo de Viriato e no futuro terá de o ser de novo!


Rainer Daehnhardt

In revista Finis Mundi, nº1, págs. 209/211