30.1.10

Berlim, 30 de Janeiro de 1933

"Assim que Goering surge à varanda e anuncia à multidão que o Führer acaba de ser nomeado Chanceler, revoam na Wilhelmstrasse aclamações sem fim. Ao mesmo tempo que os telégrafos e os telefones comunicam a lista ministerial aos jornais do mundo inteiro, a notícia propaga‑se na cidade. Alguns instantes mais tarde, todas as casas estão engalanadas e de todos os cantos da capital acorrem militantes em número sempre maior. Uma multidão cada vez mais densa aflui em direcção do Tiergarten e do bairro dos Ministérios. Do Unterdenlinden até à Leipzigerplatz, as ruas ficam cheias de gente. Pouco a pouco o entusiasmo converte‑se em delírio... Uma multidão desatada invade a Wilhelmsplatz e concentra‑se junto da fachada da Chancelaria. Membros dos Sthalhelm e Camisas Castanhas, reconciliados na vitória, confraternizam nas ruas com os agentes da Polícia. E, em todo o centro da cidade, um tumulto ensurdecedor, alternadamente dominado pelo Deutschland Uber Alles e pelo Horst Wessel Lied.
Mas é à noite que o espectáculo adquire um carácter de apoteose: empunhando archotes acesos e marchando em filas cerradas atrás de milhares de estandartes, um cortejo de 25.000 homens, pertencentes às SA, às SS e aos Capacetes de Aço, desfila das 19 horas à 1 da manhã sob a Porta de Brandeburgo. Vinda da calçada de Charlotenburg, a longa serpente de fogo atravessa o Unterdenlinden, inflecte para a Wilhelmstrasse e passa diante de Hindenburg e de Hitler, na direcção dos quais se elevam ovações frenéticas.
«À mesma hora — escreve Gerhart Rüher — idênticas cenas se desenrolam em todas as províncias da Alemanha. Milhões de homens percorrem as ruas das cidades à luz dos archotes. Milhões de alemães bordejam as estradas do campo e saúdam, de braço estendido, o advento do III Reich»."


Jacques Bénoist‑Méchin
In História do Exército Alemão, 3.º volume.

Roda Solar

Manlius faz três anos!

Faz hoje três anos que o Manlius se converteu à blogosfera, o que levou muitos a festejarem o facto.
Três anos passados, espera-se e deseja-se que o Zé Carlos se torne mais praticante, de forma a poder ensinar o que bem sabe.

28.1.10

À Tona da Maré por Couto Viana

À TONA DA MARÉ

Para a Judi Campos e Sousa

Vim à luz em Covadonga.
Morro em Alcácer-Quibir.
Vou sepulto à flor da onda:
Onda que vai voltar a vir.


O meu nome é Portugal
Trago a alma baptizada
Pela Távola Redonda.
Vim demandar o Graal,
Vim à luz erguendo a espada.
Vim à luz em Covadonga.

Fiz-me ao mar à descoberta,
A bordo da caravela,
Dos mundos por descobrir.
Mas perdi a rota certa.
Deu-me no peito a procela:
Morro em Alcácer-Quibir.

Nos tempos d`El-Rei Diniz,
Perguntei: - “Ai Deus i u é?”
Sem que ninguém me responda.
Sempre quis a quem me quis.
A rimar fé com maré,
Vou sepulto à flor da onda.

Diz-me El-Rei Sebastião,
Que a bruma oculta de véus,
Se peço pra me acudir:
- “Aguarda a ressurreição.
Jamais te direi adeus.”
Onda que vai voltar a vir.

Vim à luz em Covadonga.
Morro em Alcácer-Quibir.
Vou sepulto à flor da onda:
Onda que vai voltar a vir.

António Manuel Couto Viana
03.05.2009.
In Ainda Não, Ed. Averno, Lisboa, pp. 41/42.

Livro: Ainda Não de Couto Viana

Ainda Não foi desta que António Manuel Couto Viana, poeta maior da Poesia Portuguesa, nos deixou de brindar - como todos os anos o faz - no dia do seu aniversário com mais um livro de Poesia, editado pela Averno.
São mais cinquenta páginas, a acrescentar às milhares que ao longo de mais de sessenta anos tem presenteado a Cultura Portuguesa, pelo preço de 10 euros e com tiragem única de 300 exemplares.
Os pedidos podem ser feitos para a
página da editora ou para o email: ed.averno@gmail.com.
A Editora Averno já tinha dado à estampa os magníficos Restos de Quase Nada e Outras Poesias (2006) e Disse e Repito (2007) de Couto Viana.

Pintura de Ilya Glazunov: Vikings

The grandsons of Gostomysl: Rurik, Truvor and Sineus - 1986

19.1.10

RTP censura Rodrigo Emílio e Marcelo Rebelo de Sousa



A Censura está em grande.
Depois de Manuela Moura Guedes chegou a vez de Marcelo Rebelo de Sousa e dos livros.
No mês passado, no programa As escolhas de Marcelo, exibido no dia 13, o ex-dirigente do PSD aludiu ao extraordinário livro de Brandão Ferreira, qualificando-o de "autor da direita radical" nas suas palavras argumentando que o programa era pluralista o que levou o autor de
Em Nome da Pátria a publicar uma réplica contundente, nas páginas 18/19 do jornal O Diabo, do dia 22 de Dezembro de 2009.
Feita a primeira partida, fez a segunda no passado domingo, ao
apresentar a fantástica Antologia Poética de Rodrigo Emílio, "um poeta de direita... direita", sabiamente organizada pelo meu amigo e camarada, Bruno Oliveira Santos e brilhantemente prefaciada por António Manuel Couto Viana.
Curiosa coincidência. Marcello Rebelo de Sousa após divulgar dois autores politicamente incorrectos, vê o contrato do seu "programa pluralista" rescindido pela RTP.
Outro facto curioso: na apresentação dos dezanove (19) livros feita pelo político social-democrata, a RTP omite na página onde exibe uma lista de 17 dos livros recomendados no Programa de 17.01.2010, o livro do Rodrigo Emílio.
Coincidências coincidentes...

Carta entreaberta ao Prof. Marcelo de Brandão Ferreira

Na sua prédica domingueira, do passado dia 13 de Dezembro, o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa (MRS), contemplou nas suas "escolhas" o meu mais recente livro "Em Nome da Pátria". E neste acto de mostrar o livro é que a coisa passou a inusitada.
De facto MRS não se limitou a mostrar a capa do livro mas a tecer considerações que nunca o havíamos visto fazer a nenhuma das centenas de obras que já deu a conhecer.
Pese embora a falta de equidade para com os restantes autores - um pecadilho para a sua qualidade de jurista - eu só teria a agradecer a distinção se ela não fosse eivada de descortesia. Estamos, pois, em face de uma discriminação negativa que exige algum contraditório.
Que disse então MRS? Basicamente três coisas: que não concordava com o conteúdo do livro; apelida o autor de "radical de direita" e que, apesar de tudo, o livro também "tem lugar aqui, isto é um programa pluralista".
MRS é livre de ter as opiniões que entender e também de as dar a conhecer ou guardar para si. Ao contrário do que fez, porém, relativamente à esmagadora maioria dos livros que exibe, deste quis dizer que não concorda, o problema sendo, que toda a gente ficou sem saber com o quê, dado não ter referido sequer do que é que o livro trata. Ou seja, é uma recusa literal da obra.
Afirmar que o seu programa é pluralista (era suposto não ser?), parece um pleonasmo. Eu julgava, mesmo sem ser matemático, que tal era um axioma, isto é, não carecia de demonstração. Assim passou a carecer...
Não, o que MRS, lá no seu íntimo, quis dizer aos espectadores era que o livro era tão (?), que estaria nas barbas do pluralismo...
Teria sido mais honesto e menos ínvio, ignorar o livro, que nada o obrigava a trazer à colação.
Mais grave se apresenta a adjectivação de "radical de direita".
Não quero maçar ninguém com os diferentes significados que tem o termo "radical". É incontroverso que ele foi aplicado na sua vertente política o que me classifica entre os adeptos do "radicalismo". Ora o radicalismo em ciência política é o sistema político que "pretende reformas absolutas e profundas na organização social". Não parecendo ser isto,também, o que MRS quis dizer - ele o desmentirá se for o caso - só resta a hipótese do comentador me querer remeter para aquilo que a "vox populi" entende por radical, isto é, extremista, fundamentalista, etc. Foi ou não foi, Professor?
Quanto ao termo "direita" (dextra) estou certo, também, que MRS não quis atribuir-me o epiteto de "pessoa recta", mas sim colocar-me entre as forças políticas, que se sentam à direita do presidente do parlamento (o que tem origem na Revolução Francesa).
Ou seja, MRS quis rotular-me como estando na extrema do leque partidário da AR (que por caso acaba ao centro...).
Julgo, porém, menos apropriado, que um distinto professor universitário, e proclamado democrata, venha dizer na televisão de uma pessoa que ele não conhece, que não tem filiação partidária, e não está presente para se defender, que ele é "radical de direita". E substituindo com isso a critica ao livro com um anátema sobre o autor...
Será que o título do livro, que nem sequer pronunciou, lhe queima os lábios? Será que algo no conteúdo lhe faz doer, nalgum lado?
Alguma coisa será, de outro modo não me teria dispensado segundos preciosos do seu apertado tempo de antena.
Tudo somado e pela sua prestação, dou-lhe três valores, um por cada questão que levantou. Nos meus tempos de estudante, tal equivalia a um reprovativo "Mau".

João José Brandão Ferreira
TCor/Pilav (Ref)
In O Diabo, n,º 1721, 22.12.2009, págs. 18/19.

16.1.10

"Lisboa pode transformar-se na praia de Madrid", diz o ministro das Obras Públicas!

Uma praia ocidental de Madrid para a prática de surf? Este senhor, ministro das Obras Públicas é o exemplo acabado de um iberista encapotado que supera o antigo ministro Mário Lino.
Do deserto à praia ocidental...!

Uso e abuso de mensagens subliminares?

Espectadores de Avatar deprimidos e suicidas

Mais um sinal dos tempos de decadência

A primeira transexual no governo dos Estados Unidos

E querem comemorar a carcaça? por Eurico de Barros

"No meio do intenso cheiro a podre exalado por este país em acelerado fim de regime e com a identidade em saldos, foi anunciada a programação das comemorações do centenário dessa velha caquética, atontada e promíscua, com joanetes e reumático, tuberculosa das instituições e sofrendo de corrupção em jacto contínuo, chamada República. Nasceu já torta e à força, encharcada no sangue derramado por magnicidas, e nunca mais se endireitou.
Vão ser torrados 10 milhões de euros dos já muito sangrados contribuintes para celebrar tal carcaça, numa programação festivo-"pedagógica" a tresandar a propaganda, a bourrage de crâne e à promoção dessas divertidas abstracções que são a "ética republicana" e a "cultura republicana", e que tem um núcleo centrado nesse exemplaríssimo e iluminado período do século XX português que foi a I República. Regime de "terrorismo de Estado" (Vasco Pulido Valente dixit, não eu), uma "oligarquia das bestas", segundo Fernando Pessoa, entre outros mimos que dedicou às suas figuras mais gradas, nomeadamente Afonso Costa ("É homem para mandar assassinar", escreveu - ver Da República (1910-1935)).
A sem-vergonha vai ao ponto de o postal editado para representar o "Eixo República nas Escolas" (leia-se: a parte do programa das comemorações que visa impingir a tralha dos "valores republicanos" às incautas criancinhas em idade escolar) ter a fotografia duma menina de totós a ir para a escola, com os livros e um Magalhães (decerto uma invenção do Afonso Costa...) às costas.
É de fazer um sujeito bandear-se para a monarquia sem pestanejar."

Eurico de Barros
In Diário de Notícias, 09.01.2010.

1.1.10

Lembrando...


... a república,
a carbonária,
a camioneta fantasma,
a formiga branca
e a balbúrdia demo(ni)ocrática!