26.7.10

Afonso V... longe das invenções de Humberto Nuno Oliveira

Afonso V... longe das invenções
Alheio às polémicas que nestes anos de desacerto socialista vêm marcando a sua direcção, o Museu Nacional de Arte Antiga apresenta-nos uma notável exposição, patente até 12 de Setembro, embora com alguma reserva minha quanto ao título (muito politicamente correcto, como convém...) “A Invenção da Glória. D. Afonso V e as Tapeçarias de Pastrana”, como se a glória africana do Rei D. Afonso V, reconhecida por toda a Europa do seu tempo, carecesse de ser "inventada".
É a primeira vez, que as quatro Tapeçarias encomendadas por D. Afonso V em Tournai (na Flandres), quatro enormes panos de armar com quatro metros de altura por dez de largura, são expostas entre nós. Ocasião, pois, que nenhum Português cioso do seu passado deve perder. Numa época em que tal era inédito, foi este o modo pelo qual, D. Afonso V entendeu legar para a posteridade uma imagem dos seus feitos de 1471 em Arzila e Tânger.
Ainda hoje não se sabe com pormenor como é que os quatro panos saíram do país, existindo distintas teorias para tal facto. Produzidas nas oficinas flamengas no último quartel do século XV, terão chegado provavelmente apenas já no reinado de D. João II, e em 1532, poucas décadas depois de terem sido feitas, aparecem em Espanha, no inventário dos bens dos duques do Infantado". Por estes foram cedidas posteriormente à Colegiada de Pastrana (de onde lhes advém o nome), onde permaneceram desde então. Notáveis peças, esquecidas pelo mundo até que, no início do século XX, os historiadores José de Figueiredo e Reynaldo dos Santos as "encontraram" naquela localidade de Castela-a-Velha.
Críticas sempre possíveis aparte trata-se absolutamente de uma deslumbrante exposição que apresenta esse notável património nacional que, infelizmente, voltará a Espanha terminada a exposição. Ante a magnificência do que está exposto (e só isso bastaria), importa alinhavar algumas considerações menos positivas, mas creio que justas, sobre a exposição. O espaço de observação é exíguo para duas das tapeçarias – Desembarque e Tomada - sendo certo que em nenhum museu (excepto, eventualmente, um construído de raiz para peças de tal dimensão) tal tarefa seria fácil; o percurso expositivo revela-se deficiente, uma vez que, ao subir a escada, o visitante se depara com a fabulosa tapeçaria do Cerco (seguramente a mais conhecida e emblemática, mas que é a segunda do conjunto), o que o leva o visitante a ter que voltar atrás, sem indicação de qual o lado pelo qual o deve fazer, para seguir o percurso da história, pois é disso - a história visual da conquista de Arzila – de que tratam as três tapeçarias, na realidade, ao visitante que não conheça as peças (que creio bem sejam uma significativa maioria) não é sugerido qualquer percurso de visita o que pode dificultar o entendimento global.
Notável relato, dessa notável expedição, organizada em três locais diferentes, para assegurar o sigilo, zarpando, posteriormente, de Lagos uma imponente força de mais de quatro centenas de velas e um efectivo de 30.000 homens. Uma impressionante força que a 22 de Agosto de 1471 ancorava diante de Arzila. No dia seguinte, apesar das adversas condições do mar, efectuou-se o desembarque, operação difícil que custou dezenas de vidas e uma caravela, mas que ainda assim não fez esmorecer o Rei que logo desembarcou. Seguiu-se a azáfama dos preparativos a montagem do acampamento, a paliçada de cerco, as primeiras bombardas, protegidas com trincheiras, bastilhas e outros artifícios de fortificação ligeira. Nesse mesmo dia, já o fogo das bombardas nacionais derrubaria dois lanços da poderosa muralha da cidade. A 24 de Agosto, à alvorada, as escadas de assalto eram encostadas às muralhas e operava-se o assalto pelas brechas abertas na véspera. Aterrados, os mouros não logravam controlar as muralhas, refugiando-se na alcáçova e na mesquita, cujas portas os Portugueses derrubaram, atacando-os aí com grande vigor e ferocidade amontoando-se os cadáveres. Era, assim, tomada Arzila aos mouros, sendo o Príncipe D. João que se bateu com distinguida bravura, armado cavaleiro na ocasião. É esta a gesta notável que, com precisão quase fotográfica as Tapeçarias nos relatam.
A quarta tapeçaria relativa à ocupação de Tânger, essa forte praça, que tanto sangue, suor e lágrimas havia custado a Portugal e cujos habitantes, aterrados com a notícia da fulminante vitória dos Portugueses em Arzila, abandonaram para não sofrerem a mesma sorte. A 28 de Agosto, D. Afonso V mandou ocupá-la pelo primeiro e único Marquês de Montemor-o-Novo, D. João (filho de Fernando I de Bragança, 2º Duque) então 7º condestável de Portugal, esta tapeçaria, relatando outra história, encontra-se bem diferenciada das demais.
Tirando estas poucas críticas a visita é, devo confessar-vos, um absoluto momento de êxtase, por diversas razões. Primeiro, porque o conjunto é deslumbrante e único (na época, como se sabe, apenas se faziam tapeçarias sobre heróis míticos ou mitológicos e/ou de temas religiosos) não de feitos presentes (o que entre outros o imperador Carlos V retomará depois), segundo, porque o tão maltratado historiograficamente soberano "Africano” – memória revivida do velho Cipião - aqui revela o seu verdadeiro esplendor e finalmente porque aqui se revela uma das fontes primárias para o estudo da emblemática pessoal do Rei, entre muitas outras razões que variarão consoante a sensibilidade e formação dos visitantes.
Acompanha a exposição um catálogo de elevadíssima qualidade gráfica e preço consonante (30€) mas absolutamente normal para publicações análogas. De qualquer modo, independentemente da escolha de um historiador espanhol para fazer o enquadramento da história das conquistas de D. Afonso V e da total ausência de um estudo da emblemática do soberano (a sua famosa empresa) cremos que este catálogo (cuja primeira apreciação não resulta ainda da atenta leitura) será de leitura e consulta obrigatória para qualquer trabalho futuro sobre iconografia da política africana e/ou emblemática de D. Afonso V.
Um pormenor, relativamente desconhecido, mas importante que importa referir, o de Salazar ter tentado a sua devolução a Portugal o que não foi conseguido logrando-se apenas a realização das cópias que se encontram no Paço Ducal de Guimarães.
Vão, pois, ao MNAA que vale, absolutamente, a pena.


In jornal O Diabo, 20.07.2010, p. 18.

23.7.10

Salazar: “melhor investidor sem ganhos”

A Bloomberg está hoje a elogiar a "astúcia" de Salazar enquanto investidor. É que o "falecido ditador português" foi responsável pela "maior reserva de ouro da Europa".
Elogio ou não, Salazar recebe o título de “melhor investidor sem ganhos”, já que foi o responsável pela aquisição de 695 toneladas de ouro em 24 anos. E tudo com receitas de exportações como volfrâmio e atum enlatado.
Como o ouro valorizou 26% no ano passado e este é o décimo ano de valorizações consecutivas, a decisão do antigo ditador deixa o país com um activo cada vez mais valioso, diz a Bloomberg. Mas também um de que não pôde beneficiar nas situações de maior aperto por que já passou. João Lima da Bloomberg explica assim, que Salazar poderia ser lembrado como “o melhor investidor português”, se as regras do Banco de Portugal (BdP) “permitissem ao país beneficiar do seu negócio mais astuto: A maior reserva de ouro da Europa”, face à dimensão da sua economia.
É que o ouro do país é gerido pelo BdP, cuja lei diz que os ganhos de alienação de activos têm de ser colocados numa reserva e pagam dividendos em função dos resultados com juros e activos.
Assim, as reservas de ouro que equivalem a 6,8% do PIB português, não impedem a Standard & Poor’s de atribuir a segunda pior classificação de crédito da Zona Euro a Portugal. Terão sido mais úteis após a revolução de 1974, quando o país chegou a ser um dos mais pobres da Europa Ocidental. É que nesse período, o BdP podia criar moeda. Hoje, como não pode, a Moody’s “não olha” para as reservas de ouro, quando avalia a qualidade de crédito da republica. “Com a subida do preço do ouro têm bons ganhos em balanço, mas não os podem realizar”, disse o estratega do Commerzbank, David Schnautz à Bloomberg. “É um pára-choques para um cenário extremo”, acrescentou.
O Banco de Portugal vendeu ouro entre 2003 e 2006, ao abrigo de um acordo com outros bancos centrais europeus, que limita as vendas de ouro, segundo disse o BdP. As suas reservas são hoje de 382,5 toneladas de ouro, que estão avaliadas em 14,7 mil milhões de dólares ou 6,8% do PIB. Já as reservas da Alemanha são de 4,2% do PIB, as de Itália equivalem a 4,8% e as da Grécia são iguais a 1,4%. “As reservas de Portugal são muito antigas”, disse o presidente da Associação Portuguesa de Bancos, António de Sousa, à Bloomberg. “Além do valor simbólico muitas vezes atribuído ao ouro, é um activo como qualquer outro. É uma questão de gestão de carteira”.

16.7.10

Portugal e os portugueses de Duarte Branquinho

O Diabo, p. 12, 13.07.2010
(clicar na imagem para aumentar)
O meu amigo e camarada Duarte Branquinho é o autor destas linhas de clarividência publicadas no último número (1750) do jornal O Diabo.

15.7.10

Até já avisam...!

Ministro aconselha: guarde comida na despensa e numa mochila de emergência

"O ministro da Agricultura apresentou esta terça-feira a campanha «Previna-se e Viva», que passa por recomendar à população que guarde alimentos na despensa e numa mochila de emergência para responderem a situações de crise."
"É ainda recomendada uma mochila para emergências, que deverá conter alimentos base e utensílios como guardanapos, fósforos, panelas pequenas, canivete multiusos e lanterna.
Outras informações podem ser encontradas
neste site, como ementas para situações de emergência quando não há disponibilidade de água ou para cozinhar."

Não fiquem em polvorosa!

14.7.10

O Primeiro Rei de Pedro Lino


Vídeo animado que dá a conhecer a vida e os feitos do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques. Com argumento e realização da autoria de Pedro Lino, resulta de uma parceria conjunta entre o Museu de Alberto Sampaio e a Câmara Municipal de Guimarães e foi desenvolvido no âmbito das Comemorações dos 900 Anos do Nascimento do primeiro monarca português.

13.7.10

Livro: Homens, Espadas e Tomates de Rainer Daehnhardt



A Zéfiro lançou no mercado este magnífico livro Homens, Espadas e Tomates de Rainer Daehnhardt com mais de 12.000 exemplares vendidos.
Este livro que relata episódios de feitos heróicos dos Portugueses dos Descobrimentos acaba por ser uma verdadeira afronta aos portuguesinhos de hoje que deviam ler e meditar sobre a Heroicidade da gesta de Quinhentos em contraposição aos dias de hoje.
Número de Páginas - 288.
PVP - 20€

A Batalha de Ormuz
Pintura de Mestre Carlos Alberto Santos

10.7.10

Diário de Notícias: Grupos aterrorizam pessoas nos autocarros para Algés

Jovens geram desacatos desde que saem de casa, no concelho da Amadora, espalhando o pânico nas carreiras rodoviárias, nos comboios e nas praias da Linha de Cascais.
Viajar nos autocarros da Carris e da Vimeca que servem o terminal rodoviário de Algés está a tornar- -se "cada vez mais perigoso, desde que começou o Verão", denunciam vários passageiros. Queixam-se de grupos de jovens que utilizam aquelas carreiras para chegar até Algés, onde depois apanham os comboios da Linha de Cascais para as praias da costa do Estoril. Relatam que esses grupos "entram e levam tudo à frente, não pagam bilhete, empurram as pessoas, insultam-nas e até as ameaçam". Há utentes que falam mesmo em roubos a passageiros.
"E não há nada a fazer", lamentam os passageiros e os próprios motoristas, referindo que a carreira 750 da Carris (Estação do Oriente/Algés) "é uma das mais problemáticas, porque passa por zonas complicadas como Alto da Damaia, Buraca, Bairro do Zambujal e Bairro da Boavista". Da empresa Vimeca, algumas das carreiras mais frequentadas por grupos indesejáveis têm os números 10, 12 e 162, servindo Monte Abraão, Bairro do Zambujal e Damaia.
Para perceber como funcionam as deslocações destes grupos para as praias da Linha de Cascais, a reportagem do DN apanhou o autocarro 750 no terminal da Gare do Oriente, em Lisboa, que levou quase uma hora e meia até Algés.
Deu para notar que alguns desses grupos, oriundos da Damaia e da Buraca, no concelho da Amadora, são os mesmos que têm gerado desacatos nos comboios e nas praias da Linha de Cascais. Em Algés, onde mudam do autocarro para o comboio - ou vice- -versa, ao final da tarde -, aproveitam para se ir abastecer ao supermercado Minipreço, mesmo defronte da estação da CP, furtando vários artigos.
A primeira parte da viagem decorreu de forma pacífica e normal até à zona de Benfica, onde o autocarro passou a ser "invadido" por grupos de jovens nas paragens seguintes, junto à estação de comboios de Benfica, no Alto da Damaia e Buraca.
Entram e avançam, sem comprar nem validar qualquer título de transporte. Outros entram pelas portas de trás, destinadas à saída de passageiros, empurrando-os e impedindo-os de sair. Desta forma, também evitam qualquer controlo de título de viagem.
O sossego acabou. O barulho é ensurdecedor, porque estes grupos não sabem falar a não ser aos gritos. Berram palavras num dialecto que só eles percebem, entremeadas com muitos palavrões.
Para aumentar ainda mais o barulho, alguns levam aparelhos de som e telemóveis a tocar música durante toda a viagem, que já parece um inferno interminável.
Os outros passageiros vão tentando afastar-se deles, mas é quase impossível fazê-lo, porque esses grupos encheram completamente o autocarro. Expressões mais incomodadas notam-se nas caras de utentes femininas, que parecem aterrorizadas por estarem entaladas e apertadas entre elementos daqueles grupos.
O calor e o cheiro intenso a transpiração vão-se tornando cada vez mais insuportáveis. O autocarro até tem ar condicionado, mas as pessoas teimam em abrir todas as janelas, fazendo sair o ar fresco e deixando entrar o bafo quente do exterior.
No final da viagem, já em Algés, os grupos de jovens saem do autocarro e dividem-se. Uns vão para o Minipreço e outros para a estação do comboio. Os outros passageiros e o próprio motorista respiram de alívio por terem chegado ao seu destino sem problemas de maior.
Mas nem sempre é assim. Utentes habituais desta carreira contam ao DN que "isto está muito mau e cada vez pior. Parece que eles são donos disto tudo. Empurram as pessoas, insultam e ameaçam. Às vezes armam brigas uns com os outros e vão de encontro aos outros passageiros".
As mesmas testemunhas referem já terem alertado os motoristas dos autocarros sobre estas situações de insegurança, mas "eles dizem que nada podem fazer, a não ser continuar a conduzir e a esperar que nada de grave aconteça até ao final da viagem".
O DN perguntou a um motorista porque não exigia bilhetes a esses grupos. "O problema é que eu sou só um e eles são muitos. O que é que eu posso fazer?", questionou.»

Livro: Qual de nós terá razão de Silvino Silvério Marques



Número de páginas - 220
PVP - 15€
Prefácio Editora
R. Pinheiro Chagas 19 – 1º - 1050-174 Lisboa
tel.: 21-314 33 78 fax: 21-314 33 80
email: editora.prefacio@mail.telepac.pt

4.7.10

Em nome da liberdade, da justiça e da democracia


"O toque do telefone de um homem, de 54 anos, surpreendeu os passageiros do comboio em que viajava. Não por ser um toque muito alto ou estridente, mas por ser a reprodução de um discurso de Hitler, advogando “a destruição do mundo judeu”. O indivíduo seguia numa viagem para Hamburgo, quando o telefone tocou repetidamente, provocando a agitação de outras pessoas que também iam no comboio.
O telemóvel do passageiro foi confiscado, na hora, por um polícia alemão que acabou por descobrir no aparelho fotografias da cruz suástica e mensagens que diziam que o líder nazi era “o grande comandante de todos os tempos”.
O homem é acusado de violar a Constituição alemã que proíbe e condena a exibição pública de símbolos nazis e agora arrisca uma pena de seis meses de prisão."

EUA ajudam a financiar Museu de Auschwitz

Mais 15 milhões de dólares

2.7.10

Couto Viana, o voto de pesar e a troca de correspondência entre José Campos e Sousa e Pedro Mexia

Recebi do meu bom amigo José Campos e Sousa e de Pedro Mexia - com a devida autorização de ambos - esta troca de correspondência sobre o tema da negação do voto de pesar a António Manuel Couto Viana.
"Meu Caro Pedro Mexia
Assisti, fora de horas, como algumas vezes faço, ao “Eixo do Mal“ . Vi com surpresa que estava presente, em missão de substituição.
Falou-se do inevitável Saramago e da forçosa falta que ele faz aos Portugueses. Quero desde já dizer-lhe que pertenço à imensamente ignorante parte de Portugal a quem ele de pouco serve e a quem também não faz falta nenhuma.
A páginas tantas criticou-se a sábia ausência do P.R. nas exéquias. E lá vieram as carpideiras do costume.
O Pedro Mexia lembrou, e muito bem, aquilo que se passou com o António Manuel Couto Viana, a quem foi negado um voto de pesar na A.R. por ser ele simpatizante do regime salazarista.
Aqui para nós, o António Manuel, lá no Céu onde certamente se encontra, está muito mais agradado e aliviado com essa nega.
Mas eis senão quando o bloquista de serviço volta à carga e tem o desplante de qualificar o nosso Grande Poeta António Manuel como um Poeta menor, estando assim, na sua (dele) triste lógica, perfeitamente justificada, a nega da A.R.
É aqui que eu o venho criticar, Pedro Mexia!
Você calou-se - ou balbuciou qualquer coisa.
Calou-se, porquê?
Porque concorda?
Bastava ter perguntado ao bloquista de serviço, o que é que ele leu do AMCV para ser tão incisivo, agreste e definitivo na sua apreciação.
Cheira-me que o bloquista não leu mesmo nada e que fala unicamente por odiozinhos políticos.
O António Manuel Couto Viana é um Poeta da Pátria, Poeta que tenho a honra de ter musicado e cantado muitas vezes. Mas meu caro amigo, Pátria não é palavra nem conceito grato ao léxico do Bloquista. Atrevo-me mesmo a dizer que não faz parte do léxico dos Bloquistas e afins.
Logo e logicamente, terão que achar o António Manuel, um poeta menor.
Por isso, não critico e, acho até natural o tique do esquerdista.
- Já o seu silêncio…!……
- O Pedro Mexia calou-se quando devia ter falado!
Estive presente, há uns anos, no lançamento de um Livro do AMCV, no Círculo Eça de Queiroz.
-Você falou bem nesse dia, Pedro Mexia!
Ontem, calou-se! E o silêncio nem sempre é de oiro…
Meu Caro Pedro Mexia:
Em conversa com um amigo, que até talvez seja comum, e ainda sobre o António Manuel Couto Viana, ele disse-me, comentando estes esquecimentos, uma frase que me marcou:
- “ Politicamente correcto, politicamente covarde !
Espero, sinceramente, que V. nunca mais vista esta frase!

Os meus cumprimentos
José Campos e Sousa"
A resposta de Pedro Mexia:
"Caro José Campos e Sousa:
A minha opinião sobre o Couto Viana está clara em dois artigos escrevi sobre ele, num posfácio a uma antologia dele, e nessa apresentação a que se refere. Ontem, na televisão, limitei-me a discutir um princípio geral. Se o Couto Viana fosse um poeta menor, eu nem o tinha citado. Mas o que estava ali em causa era o critério: discute-se a obra de um autor ou as suas ideias políticas? O PC e o Bloco recusaram o voto de pesar por causa das ideias do Couto Viana, e foi isso que eu contestei, até porque eles acusam a direita de não gostar do Saramago por causa das ideias. Disse ao Daniel Oliveira que não discutia literatura naquele caso, porque há sempre quem ache os escritores «maiores» ou «menores», e isso é subjectivo; ali, o que me importava era a dualidade de critérios: então não se pode criticar o escritor Saramago por causa das ideias, e ao Couto Viana pode ser negado um simples voto de pesar por causa das ideias? Se eu tivesse discutido a qualidade literária do Couto Viana, o Daniel dir-me-ia: «é a tua opinião, subjectiva»; mas perante a dualidade de critérios, que é objectiva, ele reconheceu que eu tinha razão.
Cordialmente
Pedro Mexia"