Para a Judi Campos e Sousa
Vim à luz em Covadonga.
Morro em Alcácer-Quibir.
Vou sepulto à flor da onda:
Onda que vai voltar a vir.
O meu nome é Portugal
Trago a alma baptizada
Pela Távola Redonda.
Vim demandar o Graal,
Vim à luz erguendo a espada.
Vim à luz em Covadonga.
Fiz-me ao mar à descoberta,
A bordo da caravela,
Dos mundos por descobrir.
Mas perdi a rota certa.
Deu-me no peito a procela:
Morro em Alcácer-Quibir.
Nos tempos d`El-Rei Diniz,
Perguntei: - “Ai Deus i u é?”
Sem que ninguém me responda.
Sempre quis a quem me quis.
A rimar fé com maré,
Vou sepulto à flor da onda.
Diz-me El-Rei Sebastião,
Que a bruma oculta de véus,
Se peço pra me acudir:
- “Aguarda a ressurreição.
Jamais te direi adeus.”
Onda que vai voltar a vir.
Vim à luz em Covadonga.
Morro em Alcácer-Quibir.
Vou sepulto à flor da onda:
Onda que vai voltar a vir.
03.05.2009.
In Ainda Não, Ed. Averno, Lisboa, pp. 41/42.
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