20.6.08

Reviver o passado

O meu amigo e camarada Manlius conta-nos ontem mais uma das suas experiências vividas no pós 25 de Abril com o postal A propósito de uma discussão.
Logo me veio à memória o meu Pai, sempre informado dos golpes, contra-golpes que se iam praticar durante o PREC que iam acontecer no dia tal, às tantas horas, que acontecimento, etc., etc...
O informador do meu Pai era um dos seus grandes amigos até que um dia o meu Pai disse-lhe:
«Olha, deixa-te de brincadeiras. Só oiço falar em golpes de estado, contra-golpes, atentados com anúncio do dia, data, hora e local. A minha experiência na Legião Portuguesa ensinou-me que são raros aqueles que sabem deste tipo de iniciativas e nunca vi um tipo de acção desse calibre com anúncio prévio em que toda a gente já sabe e espera.»
Eram as reuniões conspiratórias e preparatórias que duravam horas para se chegar à conclusão que ainda não era o momento ideal apesar de tudo estar devidamente preparado. E foram-se passando dias, semanas, meses, anos e nada acontecia!
Por um lado, os "operacionais" sempre prontos e disponíveis para a acção e por outro, os "estrategas", os "pensadores" que tanto pensavam e planeavam e que nada fizeram. Diziam que o apoio dos americanos estava garantido e que o plano era para ser efectuado.
Nesta triste história, venceram os "estrategas" e os "pensadores" e quem perdeu foi a Pátria e todas as gerações vindouras!
Alguns chegaram a dizer que havia que pensar na família, na mulher, nos filhos e, também, em nós!
Quer dizer: temos que olhar primeiro para o nosso umbigo, para a nossa vidinha e continuar a viver habitualmente. Foi isso que quiseram e tiveram. Olharam no imediato e não pensaram nem viram o futuro das próximas gerações. Essa triste e leda realidade foi o que aconteceu a Portugal! Na chamada Direita, os burgueses de estilo de vida e de pensamento em contraposição aos revolucionários, ou melhor dizendo, aos contra-revolucionários. Na esquerda, os burgueses dos democratas e os comunistas.
Resultado: nessa altura, os comunistas, muito principalmente o PC, perceberam ao fazer a contagem das espingardas que se avançassem para uma guerra civil iriam perdê-la, preferiram nada fazer. Quem acaba por sair vencedor desta situação é a burguesia e o pensamento burguês, bem democrata, que usaram e abusaram da ingenuidade de alguns nacionalistas que inclusive lhe guardavam as costas em manifestações e desfiles e que acabaram por ser "engolidos" na voragem revolucionária urdida pelos (mal)ditos americanos.

1 comentário:

Vítor Ramalho disse...

Tu sabes quanto eu sei, que tudo o que escreves-te é a mais pura verdade.