12.6.08

Respondendo ao sr. Pedro Coutinho com Rodrigo Emílio

Face a um comentário deixado na caixa de comentários cuja resposta obriga a que seja longa, espero e desejo que seja esclarecida e esclarecedora para o sr. Pedro Miguel Cunha Coutinho.

Caro Senhor,
Diz que o meu nacionalismo é importado. Não sei o que leva a concluir isso!
Saiba que não importei nem exporto nacionalismo. Sou o que sou: português, nacionalista, monárquico – propriamente dito – como dizia o Rodrigo Emílio. Ou se quiser, citando Alfredo Pimenta, outro português, logo, nacionalista, monárquico – propriamente dito: «Estou na extrema-direita da extrema-direita: à minha direita não fica ninguém.» (In A Questão Monárquica, p. 22, Ed. das Juventudes Monárquicas Conservadoras, 1920)
Conheço o Nacional-Socialismo, o Fascismo, o Nacional-Sindicalismo, o Falangismo espanhol, o Rexismo belga, a Guarda de Ferro romena, o movimento das Cruzes Flechadas húngaras, a Action Française, o pensamento Tradicionalista, o Integralismo Lusitano, o pensamento e obras de Salazar e vem-me dizer que o meu nacionalismo é uma importação?
Pelos vistos, tem alguma reserva em relação Integralismo Lusitano. Olhe, que não era um movimento importado da Action Française como chegou a ser acusado pelos seus detractores e que Hipólito Raposo no seu livro «Dois nacionalismos» escreveu: “As doutrinas do Integralismo Lusitano, não as inventámos, nem importávamos de França, porque elas não se filiam nem precisam de inspirar-se nas ideias políticas da Action Française, (…). São antes um património histórico-político de bons portugueses, os grandes tratadistas da primeira metade do século passado”; ou, “Sem a Action Française, o Integralismo Lusitano teria nascido; com a Action Française, ele pôde viver e alentar-se por uma nova e poderosa razão de estímulo intelectual (…)”. (In Dois Nacionalismos, Lisboa, 1929, págs 101-102).
Não tenho qualquer reserva sobre o Integralismo Lusitano. Reserva tenho-a, sim, em relação a alguns ex-integralistas ou pseudo-integralistas como Hipólito Raposo, - apesar deste, nos momentos anteriores à sua morte, ter dito a João Ameal, que tinha errado na sua posição em relação ao Estado Novo e a Salazar (afirmação da qual não há testemunho escrito de João Ameal) - Luís de Almeida Braga e Marcello Caetano que se tornaram traidores ao ideário integralista. Sardinha, foi o grande mestre e Pequito Rebelo, logo que percebeu, em 1961, com o eclodir do terrorismo em Angola que estava em causa a política ultramarina portuguesa e apoiou Salazar na defesa da sua política nacional.
Julgo que aspecto que mais lhe desagrada no Integralismo Lusitano é o Racismo.
Nem eu nem o Sardinha temos culpa disso. O Racismo, não era também uma doutrina importada, nem da França via Drumont, nem via Guarda de Ferro romena, nem via Alemanha nacional-socialista!

Não vejo onde e como “o fascismo e afins fazem uma apologia de um nacionalismo de pacotilha...”
Por acaso, estará o senhor esquecido que foi o Fascismo que fez o Acordo de Latrão com a Santa Sé através de Mussolini e do Cardeal Gasparri, representante de Pio XI, pondo assim fim à Questão Romana? E que agradecimento teve o Duce da Santa Sé aquando do seu assassinato por agentes da SAS inglesa e o seu corpo pendurado na Piazalle Loretto? Nem uma palavra!!!
Relativamente ao pensamento tradicionalista, reitero José Maria Péman quando afirmou que “o Tradicionalismo casa com o Fascismo”.
Penso que o senhor mete tudo no mesmo saco e espero que compreenda uma coisa.
Ninguém é detentor da Verdade. Agora, alguns são possuídos pela Verdade e esse foi o caso dos movimentos nacionalistas que irromperam pela Europa nos anos 20 e 30!
A Monarquia é uma Instituição – e nunca um regime político! - que pode e deve coexistir em regimes nacionalistas!
Afirma:
“custa-me ver alguém a misturar os reis da primeira dinastia com aspirantes a reis (e portanto reizetes) como Salazar... Poder prepétuo só um REI o deve ter!”
Ninguém, pelo menos eu, mistura reis com aspirantes a reis como Salazar… Poder perpétuo só o Rei deve ter.
Esclareço que Salazar nunca teve aspiração a ser Rei ou reizete como depreciativamente qualifica o ex-Presidente do Conselho.
O que Salazar “gostaria de ter sido era primeiro-ministro de um rei absoluto” como o afirmou a Manuel Múrias, um dos seus amigos e um dos cérebros da revolução de Maio de 1926 (Testemunho de Barradas de Oliveira no livro «Salazar sem máscaras», Nova Arrancada, 1998, pág. 87).
Salazar não fez nada nem teve culpa que o princípio monárquico incarnasse nele e não num Duque de Bragança.
Se bem me lembro, o regresso da Família Real a Portugal deve-se a Salazar bem como o regresso dos restos mortais do último grande Rei português: D. Miguel I.
Pelos vistos, o princípio monárquico acertou em cheio ao não incarnar num membro da Família Real e preferiu incarnar, rapidamente e bem, em Salazar!
Assim, deixo-lhe aqui o pensamento de Rodrigo Emílio que era monárquico propriamente dito - sobre o princípio monárquico.

Este pensamento está expresso na sua Tese da Direita intitulada «Por uma Direita moderna... muito antiga, que apele ao Chamamento Nacional - uma tese polémico-doutrinária».
No capítulo «Princípio Monárquico e Solução Real» escreve:
«Devo igualmente dizer que, como monárquico (e monárquico que ainda agora preciosas razões, as razões de ouro em boa hora aduzidas pelo Conducator da histórica Legião de São Miguel Arcanjo, e carismático fundador da Guarda de Ferro, da Roménia, Corneliu Zelea Codreanu, num incomparável trecho de sua lavoura, acerca da permanente e irrefutável validade do ideal monárquico, e da lei que o rege — peça de doutrinação tão decisiva quanto mal conhecida, levando por título «A Monarquia e a Sua Lei» e que reza assim:
“À frente da Raça, e sobrepondo se aos seus núcleos de selecção, avulta a Monarquia.
Recuso a república.
Ao longo da História, bons Monarcas houve, muitos deles óptimos, alguns débeis, outros maus; uns, honrados, e que fruiram do amor do(s) seu(s) povo(s) até ao fim da vida; outros houve a quem cortaram a cabeça.
Nem todos os Monarcas foram bons.
A Monarquia, em si, porém, sempre foi boa: é sempre boa.
Convém não confundir a instituição ou regime com os homens que, episodicamente, povoaram ou povoam uma e outro, deduzindo daí conclusões precipitadas e/ou daí retirando falsas consequências.
Pode haver maus sacerdotes e nem por isso é lícito admitir a eventualidade – ou advogar a necessidade — de se proceder à extinção e abolição da religião, à dissolução da Igreja, à refutação de Deus.
Há, seguramente que sim, Monarcas débeis, outros maus, mas não se segue daí que possamos, lá por isso, contestar ou rejeitar a Monarquia, pôr em dúvida e em causa a perene e sempiterna validade da mesma.
Na faina agrícola, a um ano bom sucede um mau, ou dois maus anos a fio seguem se, por vezes, a um bom; apesar disso, não passa pela cabeça de ninguém a ideia de abandonar a agricultura por tão pouco.
Faz um Rei o que quer? E então, nesse caso, quando é que Ele é grande, quando é que é pequeno? Quando é bom e quando mau?
Um Monarca não faz só o que bem Lhe apetece; um Monarca é pequeno quando faz o que quer, e grande quando faz o que deve.
Existe uma linha da vida da Raça. Um Monarca é grande e é bom sempre que se mantém fiei a essa linha, e dentro dela, e pequeno e mau na medida em que dela se afaste ou que a ela se oponha.
Esta é a lei da Monarquia.
Outras linhas há que podem também fascinar um Monarca: a linha dos interesses pessoais, a dos interesses de grupo, a dos de casta e extracção social, a dos interesses sectoriais, a linha dos interesses estrangeiros, seja ela abraçada intra ou extramuros.
Deve o Monarca postergá-las, a todas, e seguir a linha da Raça.”

E continua Rodrigo Emílio:

«O próprio fascismo é fenómeno de natureza retintamente monárquica, por boa e larga soma de razões, a começar numa, que é esta: o projecto fascista aponta, em cheio, apela em pleno, para a construção de um Estado acima das ordens e corpos sociais. Ora, como acentua António José de Brito — que, por sinal, também é monárquico, e monárquico propriamente dito —, «só um Poder» assim, «independente como o do Rei, consegue sobrepôr-se, duradoiramente, a todos os antagonismos societários».
Segue-se que o fascismo responde cabalmente a esse quesito.
Logo, e portanto, o princípio fascista não só não invalida nem contraria o monarquismo de ninguém, como até o reforça.
E o que dizer, já agora, da divisa de fundo do próprio nacional­‑socialismo, Ein Volk, ein Reich, ein Führer: — não encerrará ela um enunciado eminentemente monárquico?»
Abreviando razões e resumindo-as de vez, acentuarei, enfim, que sou monárquico nacionalista por princípio e fascista por conclusão.»

Sobre a questão do «nazi» aqui lhe deixo outro trecho da supracitada tese de Direita e julgo que está dada a resposta pelo próprio.

«Como não sou nada impressionável, nem especialmente sensível a agressões psicológicas, sejam elas exercidinhas ad hoc ou ministradas por via verbal, «armo-me» de uma dose de paciência literalmente evangélica e passo a explicar caridosamente ao meu fraco e modesto antagonista que não só não há mal de maior em ser apodado de «nazi», como até é muito bom sinal, visto que «nazi» vem a ser a abreviatura inicial da palavra que, em alemão, significa «nacional» (nazional), ou da que, na mesma língua, quer dizer «nacionalista» (nazionalistisch). Assim sendo, aceito lindamente — e reclamo, reivindico mesmo, para mim — esse nobilitante epíteto de «nazi», desde logo como sinónimo de «nacionalista», que sou, sim, que sou, de facto, e na medida em que todo e qualquer «nacionalista» tem de ser, à letra, e por definição, e necessariamente, pois, um «nazi», sendo a inversa igualmente verdadeira, do ponto em que todo o «nazi» não pode, forçosamente, deixar de ser um «nacionalista», como aí fica por demais demonstrado, creio eu, depois de por mim brandidas, para o efeito, razões tanto mais decisivas quanto é certo serem elas do foro propriamente etimológico.»

Espero que tenha ficado esclarecido.
Com os meus cumprimentos

24 comentários:

Anónimo disse...

Eh!eh!eh!
O sr. Coutinho meteu-se com os esquinedes errados.

Seja humilde homem, agradeça a lição. Não é verdade que andamos sempre a aprender?
A verdade às vezes doi mas "santifica".

Optio

josé carlos disse...

Meu Caro Nonas:
Boa resposta, mesmo muito boa.
Nem calculas as filhas/os de sopeiras com que tenho deparado nestes últimos anos, armados em monárquicos nobilitados e olhando para nós - os monárquicos de ideias e não de palanques com um enorme ar de desdém como se fossemos uma aberração no meio chic em que se movem.
Como sabes (e já te contei) um dia no último jantar dos conjurados a que assisti juntamente com um grupo de monárquicos (que se necessário subiriam de novo Monsanto) fomos todos esconjurados para a última mesa do andar superior do restaurante onde decorria o tal jantar.
Motivo, nem nós, nem as nossas muito caras acompanhantes, estavam vestidas para o "evento social" que decorria. E ia estragar o efeito nas fotos das revistas do society...
Aguentámos. Calmos e ordeiros. Mas não saímos antes de perguntar se o movimento monárquico não era inter classista... Meu Deus, que pergunta parva. Escumalha misturar-se connosco, deve ter sido o pensamento daquela "gentuza".
Enfim, não aprenderam nada com o 25 do 4. ...

Joaquim M.ª Cymbron disse...

O comentário do José Carlos, a respeito do jantar dos conjurados (que de verdadeiro só tem o jantar), faz-me lembrar aquela distinção que eu, há muitos anos, estabeleci:

É preciso não confundir os salões de alguns monárquicos, materialmente mais afortunados, com os moralmente infelizes monárquicos dos salões!

Anónimo disse...

Exmo sr. Nonas,

Antes de mais agradeço-lhe o espaço que dedicou ao esclarecimento que me quis prestar.

Contudo, como deve calcular, discordo em muitos pontos daquilo que o sr. disse, usando as suas palavras e as de Rodrigo Emílio.

Quando falei de "nacionalismos importados" estava a referir-me ao fascismo e afins (que como sabe perfeitamente não nasceram em Portugal) e não ao Integralismo (com o qual discordo mas que me parece um movimento genuinamente português). Salto agora para os Nazis e para Rodrigo Emílio para dizer que me parece incrível como é que alguém que se diz católico e cristão se pode dizer Nazi ou apoiar tal regime...E ninguem me venha com a tradução de nazi para nacional porque não é disso que se está a falar (falamos obviamente do regime Nazi e não do seu nome) e eu para me rir procuro gente mais dotada...

Voltando a assuntos sérios à Monarquia e aos monárquicos devo dizer o seguinte: Salazar se era, como dizia, monárquico foi o pior monárquico de sempre. Teve a oportunidade de restaurar a monarquia e nunca o fez. Resolveu eternizar-se no poder - qual reizete - e nunca o usou o seu poder (que era total) para restaurar a monarquia na nossa Nação. Isto numa altura em que não teria oposição, não só pelo poder que detinha mas também pelo facto de a maioria da população portuguesa ser (naquela época) monarquica. Depois - a cereja em cima do bolo - ainda forçou ao exilio um dos poucos portugueses que lutou pela Monarquia: Paiva Couceiro.

O sr. Nonas tambem refere D.Miguel I como o "último grande rei portugues", sou forçado a discordar. O ultimo grande Rei português foi, como é óbvio, D. Carlos. Aceito que existam pessoas que defendam a Tradição presente em alguns aspectos do chamado "miguelismo", contudo não parece sério defender D. Miguel enquanto homem, pois de um homem sem Palavra se tratava - e até a seu Pai faltou com a Palavra. Para um Nobre, de Sangue ou de Coração, nada é mais importante que a Palavra - e se é verdade que parece estar a cair em desuso o valor à Palavra dada, permitam-me continuar assim, antiquado mas fiel à última Tradição da Nobreza!
Continuando a falar de D. Miguel, de quem muitos dos Integralistas se vieram a tornar "intimos", foi em parte essa falta de Palavra que fez com que muita da boa nobreza e gente militar que o apoiava viesse a virar-lhe as costas...
Quanto ao racismo presente em muitos dos moviemtos ditos nacionalistas, a unica coisa que me surpreende é a sua convivência com a palavra de Cristo ( e basta conhecer a nossa História antes da chegada da Inquisição - também ela conviveu estranhamente com os ensinamentos cristãos - para vermos o respeito/igualdade com que eram tratadas pessoas de outras raças e alguns cargos importantes que ocuparam no nosso Reino).

Termino dizendo que o meu Nacionalismo se faz pela minha Defesa à nossa Nação e que o meu Patriotismo se faz pelo meu Amor cego à Pátria.
Tenho pena que a Monarquia não nos una e não nos guie. E temo pelo futuro dos monárquicos que parecem não saber conciliar a Tradição com o Presente, para podermos caminhar de cabeça erguida para o Futuro!

Cumprimentos,
Pedro Miguel Cunha Coutinho

PS: Um frequentador deste blogue de seu nome Vitor Ramalho proferiu afirmações a meu respeito que não correspondem à verdade. Nunca fiz parte de nenhum partido nem me vendo por 30 dinheiros porque vivo apenas da minha Honra e do meu Trabalho. Não lhe admito a si nem a ninguém insinuações desse calibre. Trabalhei e suei muito para conseguir alcançar alguns dos meus objectivos de vida! E na maior parte das vezes o meu trabalho não foi com a "pena", foi com as mãos!

Quanto aos outros comentários nomeadamente do Sr. José Carlos apenas tenho a dizer que tenho mais que fazer do que me meter nessas patetices desses jantares - pelos vistos o sr. não...

Anónimo disse...

Exmo Sr. Nonas,

Devo-lhe também dizer que, ao contrário do que foi dito na outra caixa de comentários, não considero estas trocas de ideias - especialmente para quem tem esta afinidade monárquica- uma perda de tempo. Bem pelo contrário.

Agradeço a delicadeza com que me tratou e a atenção que sei que irá prestar à minha resposta - por muito diferentes que as nossas Ideias sejam.

Melhores cumprimentos,

Pedro Miguel Cunha Coutinho

Anónimo disse...

Ainda há Gente com nível!
Excelente Diálogo.

Anónimo disse...

Pois, gente com nível porque como eu disse meteu-se com os "esquinedes errados". Tivesse o sr. Coutinho entrado de socos como entrou aqui com o Nonas, misturando propositadamente o nazismo, o tal nazismo que teve milhares de cristãos europeus nas suas trincheiras e onde muitos perderam a vida na Frente Leste lutando contra o inimigo comum... tivesse dado com outros esquinedes, que aparentemente era o que ele queria, pensando que estava a chatear néscios, e era corrido a palavrões. Como deu com gente de bem e conhecedora das matérias em causa teve que se por à altura.
E pronto, esteve bem, continue por aqui e talvez descubra outra perspectiva tavez "pouco cientifica" mas mais verdadeira!

Optio

nonas disse...

Caro Senhor,
Permita-me que o corrija, pois nunca disse que Salazar era monárquico porque o próprio nunca o afirmou publicamente.
Gostava de saber como, quando e com quem é que Salazar poderia restaurar a Monarquia?
Salazar conhecia a realidade monárquica totalmente dividida. De um lado, Alfredo Pimenta, João Ameal, João Amaral, Caetano Beirão; do outro, a "Cidade Nova" de Jacinto Ferreira e Mário Saraiva e os pseudos-integralistas como Almeida Braga, Monsaraz, Rolão Preto e tantos outros...
O Sr. crê que o poder de Salazar era total?
Sobre a falta de Palavra do Sr. D. Miguel, diga-me o que é grave: se o sr. Dom Miguel fazer reserva mental ou o seu irmão primogénito declarar: Eu como Imperador e Vossa Magestade como Rei estamos em guerra?
O que será crime de Lesa-Magestade, punido com pena de morte,confisco de bens e perda de nacionalidade e de todos os direitos(morte civil)!
Então, o Dom Miguel não convocou as Côrtes para deliberarem se Ele era o legítimo herdeiro e se estava descomprometido para com a Carta Constitucional? E a resposta das Côrtes foi que estava descoprometido porque a Carta era uma violação da Tradição Portuguesa e nenhum rei podia fazer isso por sua iniciativa!
Relativamente ao Senhor D. Carlos, este último era um rei de uma monarquia constitucional, logo rei de uma república coroada, a qual não reconheço como Monarquia!
Queira dizer porque diz que «o último grande Rei português foi, como é óbvio, D. Carlos.»
Sobre Paiva Couceiro, tenho uma grande estima como militar mas como político era e foi um desastre.

Anónimo disse...

O problema do sr. Coutinho é o nazismo.

De facto a ocupação da europa (que para o Sr. Coutinho se chamou libertação) e propaganda de diabolização do NS tem dado os seus frutos.

Pena é que a brutalidade só foi, segundo alguns "crentes", característica de uns e não de outros.

Enfim, isto ou é problema de visão ou interesses no mínimo obscuros ou cripto-qualquercoisa Sr. Coutinho.

Anónimo disse...

Nonas,
Parabéns pela tua resposta que deixou o Coutinho sem argumentos perante factos que apresentaste.
Surpreendeu-me que não tivesses sido demolidor mas lá saberás porquê.
Não percebeu nada do que o Rodrigo Emílio queria dizer com a etimologia "nazi" e são de bradar aos céus aquelas em que acusa Salazar de ser o pior monárquico de sempre, da falta à Palavra de rei D. Miguel o que só mostra desconhecimento ou má-fé vinda de alguém que se diz monárquico mas que não o é. Deve ser daqueles que aprova o Duarte Pio de Bragança!
Uma vez mais, parabéns e gabo-te a tua paciência evangélica e seres um autêntico apóstolo junto desse senhor.

Vítor Ramalho disse...

Hoje em dia a diabolização do nacional-socialismo serve apenas os interesses do sionismo.

Anónimo disse...

Meus Senhores,

Por manifesta falta de tempo (visto que me econtro fora de casa a resolver assuntos profissionais) não pude até agora responder ás mensagens que me foram endereçadas. Vou agora faze-lo, dando a minha opinião sobre alguns pontos que foram aqui expostos e com os quais não concordo minimamente.

1º - Salazar teve hipotese de restaurar a monarquia com os monárquicos (a maioria) que lhe pediram apoio para o casamento de D.Duarte Nuno com D. Maria Francisca - esta união gerou consenso entre grande parte dos monárquicos. Para além disso Salazar tinha o poder necessário para o fazer.
2º - Quanto a D. Miguel e o valor da Palavra devo dizer o seguinte: mesmo esquecendo os problemas que D. Miguel teve com o seu próprio Pai, D. Miguel faltou de facto à palavra. Jurou a Carta na Austria e em Portugal e depois esqueceu tudo - tal é pura e simplesmente indigno para um Rei. Se não concordava com a vontade de seu Pai (que nomeou D. Pedro seu sucessor) devia ter agido de maneira diferente.
3º - Quanto ao reconhecimento de D.Miguel pelas Cortes apenas devo dizer que estas eram compostas, como seria natural, pelos seus partidários. Não foi Filipe II reconhecido pelas Cortes?
4ºApoio obviamente o sr. D. Duarte Pio como legitimo herdeiro do trono de Portugal.

Cumprimentos,
Pedro Miguel Cunha Coutinho

Joaquim M.ª Cymbron disse...

O Sr.Cunha Coutinho tem-nos deslumbrado com a sua profunda ciência política.

Lamentavelmente, continua sem dizer a razão pela qual considera o Sr.D.Carlos como «o último grande Rei português».

Este pedido de esclarecimento foi feito pelo Nonas. A esse, junto eu
outro: Já agora queira ter a bondade de nos informar qual o melhor presidente da República Portuguesa?

Espero que o seu impoluto monarquismo se não enxofre com a pergunta: é que o Sr.D.Duarte Pio não desdenhou considerar Mário Soares --- notoriamente, um integérrimo português --- como alguém que desempenharia por forma satisfatória as funções de um rei liberal.

O Sr.Cunha Coutinho apoia «obviamente o sr.D.Duarte Pio como legítimo herdeiro do trono de Portugal». E eu não lhe regateio o meu aplauso pela escolha que faz. Anda muito bem, o Sr.Cunha Coutinho.

Com efeito, o Sr.Cunha Coutinho, que reconhece a realeza do Sr.D.Carlos, a quem chama «o último grande Rei português», acaba apoiando como herdeiro da coroa o bisneto daquele que, para ele, desonrara «a última Tradição da Nobreza» pois que «de um homem sem Palavra se tratava».

O Sr.D.Duarte Pio, provém de uma linha que fora proscrita para sempre (Carta de Lei, de 19 de Dezembro de 1834, art.1.º). Esta lei foi revogada, como aconteceu em plena vigência do Estado Novo.

Quer dizer: se o Sr.D.Duarte Pio, descendente de «um homem sem Palavra», representa hoje alguma coisa, deve-o a um órgão de soberania, que legislava ao compasso marcado pelo «reizete», senhor de um «poder (que era total)».

Por uma questão de coerência, isto devia levar quem professa as ideias do Sr.Cunha Coutinho ao absoluto repúdio pelos direitos atribuídos ao Sr.D.Duarte Pio. Mas só à primeira vista é assim. Se nos detivermos um pouco, logo descobriremos o imenso sentido de humanidade de que o Sr.Cunha Coutinho está possuído: a Lei de Banimento era, de facto, uma crueldade; e a verdade é que Salazar, que foi nem mais, nem menos do que «o pior monárquico de sempre», esse monarcófago não restaurou a monarquia.

E porque o Sr.Cunha Coutinho mostra acreditar na legitimidade do Sr.D.Pedro, não encerro este comentário sem prestar àquele príncipe da Casa de Bragança a minha homenagem:

Desembarcado no Mindelo, que faz o Sr.D.Pedro? Entre outras pérolas, proclama ao povo esta coisa sublime:

«Não me obrigueis a empregar a força para vos libertar.» (Chronica Constitucional do Porto, n.º1, 1832, pp.3 e s.). É bonito ou não?

Ah, grandes liberais, ínclitos democratas, quanto sois credores da Pátria!

Anónimo disse...

Senhor Cymbron,

Não o querendo importunar mais com as minhas opiniões informalmente transmitidas neste blog – a que o senhor, usando de fina ironia, apelida de "profunda ciência política" – irei apenas transmiti-las na medida do estritamente necessário. Para rebater outros pontos de maior interesse e maior alcance vou ousar recomendar algumas leituras – bastante recomendáveis. Faço-o, não por desprezo aos meus ilustríssimos antagonistas, mas por que sei que tais leituras (que provavelmente até já fizeram mas das quais não estão recordados) serão, certamente, bem mais esclarecedoras que o meu por vezes apressado português. Perdoem-me se não for exacto nas referências bibliográficas ou nas citações mas, como já referi anteriormente, encontro-me fora de casa em trabalho.

Comecemos pelas minhas opiniões:

Quanto aos presidentes da República não me pronuncio, não voto neles e não quero saber.

Quanto à opinião do sr. D. Duarte, é livre de a defender e de opinar sobre o que quiser (se o sr. Cymbron, tal como outros frequentadores desta casa, estiver presente nos jantares dos Conjurados imagino que tenha a oportunidade de perguntar ao Duque de Bragança o que entender…).

Quanto as Monarquias, tal como foi dito pelo sr. Nonas, são uma instituição. Como tal há Monarquias e Repúblicas – sendo que dentro delas podem caber vários regimes.

Leituras:

Para saber porque SAR D. Carlos foi o último grande Rei português: “D.Carlos” por Rui Ramos

Para saber porque o sr. D. Duarte é o legitimo herdeiro do Trono de Portugal: Ler “Diário de um Monárquico” pelo sr. Conde de Mafra (onde é dito se não me engano algo do género atribuído a sra. D. Amélia falando da sucessão após a morte de SAR D. Manuel II: Eles [a Família de D. Duarte] são os únicos.
Para além disso lembro ao sr. Cymbron que o sr. D. Duarte é bisneto do sr. D. Miguel e tetraneto do sr. D. Pedro e que com o pacto de Dover, D. Manuel II afirmou que não tendo filhos a sucessão ficaria no ramo da Casa de Bragança a que hoje pertence o sr. D. Duarte.

Sobre a posição do Professor Oliveira Salazar em relação a D. Duarte Nuno e ao seu casamento ler “O Roubo do Príncipe” de João Amaral (aborda alguns assuntos complexos e também controversos). Ler as diversas entrevistas em que o sr. D. Duarte falou sobre estas matérias.

Sobre D. Miguel, apesar de não ter comigo bibliografia sobre o tema, deixo-lhe esta citação: "Juro fidelidade ao Senhor D. Pedro IV e à Senhora D. Maria II, Legítimos Reis de Portugal; e entregar o Governo do Reino à Senhora D. Maria II, logo que ela chegar à maioridade. Juro igualmente manter a Religião Católica Apostólica Romana e a integridade do Reino; observar e fazer observar a Constituição Política da Nação Portuguesa, e mais leis do Reino, e prover ao bem geral da Nação, quanto em mim couber". É bonito não é?

Joaquim M.ª Cymbron disse...

O Sr.Cunha Coutinho tomou como fina ironia a profunda ciência política que descobri nele. Não foi justo comigo, mas paciência.

Por outro lado, no que se refere a presidentes da República, dá-nos a conhecer que não se pronuncia, não vota neles e não quer saber.

Fabuloso! Isto é monarquismo e do mais puro: um monárquico fiel à realeza, não gasta tempo com republicanices.

Esta atitude conforta-nos com a certeza de que o Sr.Cunha Coutinho não olha para outras monarquias, espalhadas por essa Europa, a começar na vizinha Espanha para acabar nos países escandinavos. Pois se o Sr.Cunha Coutinho, que se apresenta como monárquico, ignora os presidentes da República, também não pode, na qualidade de português, com um «Amor cego à Pátria» como ele próprio se afirma, não pode nem deve seguir modelos estrangeiros.

Seguidamente, o Sr.Cunha Coutinho fornce-me a lista das leituras que ele considera «bastante recomendáveis». Eu devia, então, ler: Rui Ramos; o conde de Mafra; João Amaral; e as entrevistas do Sr.D.Duarte Pio.

Espanta que o Sr.Cunha Coutinho para nos elucidar por que razão considera o Sr.D.Carlos como sendo o «último grande Rei português»; no objectivo de sublinhar os direitos do Sr.D.Duarte Pio como legítimo pretendente ao trono de Portugal; e, finalmente, porque deseja definir a posição de Oliveira Salazar relativamente ao Sr.D.Duarte Nuno, surpreende, insisto, que me envie para uma bibliografia que, convenhamos, não é lá grande coisa.

O Sr.Cunha Coutinho não deixou foi de me lembrar que o Sr.D.Duarte Pio «é bisneto do Sr.D.Miguel e tetraneto do Sr.D.Pedro».

Eu já tinha umas luzes a esse respeito. E isto apesar de não ter lido as fontes indicadas pelo Sr.Cunha Coutinho, para as quais, neste ponto e com grande surpresa minha, não me remeteu. De qualquer modo, agradeço a sua boa vontade.

Presumo que o Sr.Cunha Coutinho terá alguma dificuldade em compreender ou, então, por razões que me escapam, não quererá aceitar que não é uma questão dinástica aquilo que nos divide.

Na matéria, em que vou entrar, pedia que as palavras que seguem fossem pesadas como minhas, unicamente minhas. Não porque tenha o monopólio da doutrina que elas contêm. Eu não a enunciei e muito menos a criei: limitei-me a aderir a ela, como muitos outros antes de mim o fizeram e assim continuará enquanto Deus o quiser.

Nestes termos, requeiro apenas o exclusivo da responsabilidade por alguma incorrecção na forma como vou expor o tema.

A legitimidade do Sr.D.Duarte Pio é indiscutível. Mas eu falo da legitimidade de origem. Porque legitimidade de exercício não tem nem ponta dela. Esta foi a querela que dividiu, de forma sangrenta, a sociedade portuguesa ao longo de todo o século XIX.

O Sr.D.Pedro, sendo mais velho que seu irmão, o Sr.D.Miguel, não tem dúvida que era a ele que cabia a coroa. Proclamar a excelência de um sobre o outro, por aspectos da personalidade ou por actos menos louváveis, é passatempo, no mínimo de diletantes da política que daqui a anos continuarão a esgrimir argumentos, mais ou menos académicos, sem se preocuparem com a solução de fundo.

Nunca ninguém me ouviu, nem ouvirá dizer que o Sr.D.Miguel era imaculado e, muito menos, que foi o melhor rei de Portugal. Uma avaliação destas é dificílima de estabelecer, tanto mais que, de uma maneira geral, foram bons os nossos reis.

Todos ou quase todos, cumpriram dignamente. Tivemos essa felicidade. No entanto, se me pedissem um nome, eu arriscaria o de D.João II.

Porém, com a mesma equanimidade de espírito que tive para escrever o que atrás deixo, sempre direi que entre o Sr.D.Pedro e o Sr.D.Miguel a guerra que correu foi uma guerra de princípios, que nenhum parentesco tem com uma mesquinha usurpação de herança.

E se é certo que se o Sr.D.Miguel não era, no campo político, o homem de génio que as circunstãncias exigiam, não é menos verdade que foi um rei com um espírito de sacrifício raras vezes igualado.

Seria crime de lesa-história fechar este comentário sem duas citações de Oliveira Martins:

1-«Tornava-se indispensável dar à revolução um carácter de legitimidade, e a opinião favorável a D.Miguel era geralmente sincera e ainda hoje defendível para os juristas. Nós que não o somos, abster-nos-emos de entrar nessa obscura selva de debates judiciários: a legitimidade de D.Miguel está para nós na unanimidade com que era aclamado. É a legimidade do Mestre de Avis.» (Portugal Contemporâneo, I, Lisboa, Guimarães & C.ª Editores, 1976, pp.106 e s.).

2-«(...) esse príncipe que, por uma excepção talvez única, não pôs dinheiro nos bancos para o caso de retirada forçada, e teve de viver das esmolas que de Portugal lhe mandaram os seus partidários e amigos. Se a dinastia de Avis terminou heroicamente, a de Bragança teve em D.Miguel um tipo de honradez simples. Os dois príncipes mais desditosos --- acaso por isso os que o povo mais amou! --- personalizaram as duas melhores faces do carácter nacional.» (Ib., p.315).

josé carlos disse...

Senhor Coutinho:
Sendo eu o tal frequentador (uma só e única vez) do tal jantar dos "conjurados" que o sr tanto glosa vamos a factos.
Sobre o jantarinho propriamente dito:
Citei o jantar no meu comentário ao Nonas por uma razão muito simples: o "energúmeno" que nos olhou com desprezo e nojo foi um tal de P. Coutinho. Pensei que fosse o mesmo. Verifico, com certo gáudio que não é, pelo que não enfiou a carapuça que eu pensei que lhe servisse. Ainda bem. Já lhe tenho mais respeito.
Razões para eu ter estado nesse jantarinho: o António Sampaio e Mello que faz o favor de ser meu Amigo (independentemente das diferenças ideológicas que já vem de décadas) contactou-me logo no início desses jantares (penso que no segundo) solicitando a presença de diversas pessoas monárquicas verdadeiras e que "fossem inter classistas". Aceitei o repto depois de alguma reflexão. Pensei que ASM estava a fazer um bom serviço ao Rei acabando (ou tentando por cobro) ao espectáculo deprimente de que se revestiam aquelas manif burguesas e maltesas. Fomos um grupo de umas 15 pessoas, que incluiam pelo menos três representantes da "classe operária" e bastantes de classe média baixa. Fomos tratados, como já referi como "marcianos" ou pior ainda.
Aguentámos ordeira e disciplinarmente pelo fim daquela coisa, até que se iniciou a cerimónia da ronda de D. Duarte pelas mesas (começou por nós, os últimos dos últimos). Por acaso e nesse preciso momento um dos convivas estava a ler a carta aberta ao Principe da Beira, de António José de Brito. Começou aí tudo mal. Quando a uma pergunta de D. Duarte sobre a profissão de um dos convivas ele lhe disse ser "serralheiro mecânico", fez-se um silêncio absurdo na "entourage" de D. Duarte. Como já disse por Amizade a ASM calei-me ( e sabe Deus o esforço que fiz...). No dia seguinte lá teve o pobre do António de me aturar.
E foi essa a única vez que eu coloquei os pés nesses antros de má fama. Daí a extrapolar que somos frequentadores desses jantares vai um grande passo, penso eu. Mas enfim o sr. decidirá.

Outro assunto que se prende com a legitimidade de D. Carlos ser apresentado como o último grande Rei de Portugal:

Tenho por D. Carlos a simpatia de ver um Homem fora de série no ponto de vista pessoal e que não merecia os políticos e o "povoléu" que tinha. Enfim azares.

Agora, sendo eu legitimista só reconheço a existência da Monarquia em Portugal até à deposição e exílio do Senhor D. Miguel. Depois disso - e até 1910, para mim existiu uma "monarquia" republicana.

Tive dois membros da minha Família (um avoengo e seu irmão) enforcados em Aveiro por defenderem a Monarquia.(foram tão abjectos que nem os deixaram ter direito a um fuzilamento, trataram-nos como "ladrões de cavalos"). Portanto quanto a essa gente estamos conversados.

Não quero de modo algum monopolizar a resposta visto que quer o Nonas quer o JMC tem estado à altura das suas responsabilidades.

Desejei apenas esclarecer aquela coisa do jantarito que o sr. tanto tem glosado. Esperemos que seja a última vez que nos "insulta" dizendo-nos capazes de frequentarmos esses antros de depravação.

Com os melhores cumprimentos

José Carlos

Anónimo disse...

O sr. Cymbron, se me acha realmente dotado de profunda ciência política, leia então atentamente a minha douta opinião:

1º Não voto em Presidentes da República, tal seria incoerente, pois sou monárquico. Não sou como uns e outros que andam por aí a dizer-se monárquicos e que depois acabaram a votar (em eleições viciadas) em bonecos do Dr. Salazar.
Se me perguntar se já votei digo-lhe que sim, que já o fiz em tempos e não será muito difícil adivinhar em quem foi (votei mais na pessoa do que no Partido, apesar de na altura me identificar com a ideologia desse mesmo Partido). As eleições legislativas são bastante diferentes das presidenciais e, apesar de se realizarem numa República também existiriam numa monarquia.

2º Acho que Portugal não deve seguir modelos estrangeiros. É a minha opinião. Já viajei bastante, estudei e trabalhei no estrangeiro e essa experiência foi suficiente para perceber que cada pais tem realidades diferentes e, como tal, deve seguir modelos políticos próprios e não copiar ou imitar realidades muito diferentes da nossa…
Mas se quiser olhar para outros países, tenha a bondade de olhar para os países que proporcionam uma grande qualidade de vida aos seus cidadãos. Depois descubra que a a maioria deles são na Europa e são Monarquias constitucionais/parlamentares….A olhar para lá para fora é preferível olhar para países que proporcionam qualidade de vida aos seus cidadãos do que ter fetiches com regimes autoritários falhados ou extintos…

3º Se a minha bibliografia não é a mais indicada, apresento-lhe as minhas desculpas. Rogo-lhe que tenha em consideração a minha profunda ciência política e que pelo menos passe os olhos pelo livro do Professor Doutor Rui Ramos que é só o maior especialista português no período histórico abordado na biografia “D. Carlos”.

4º Penso que apesar da enorme consideração que nutre pela minha pessoa, não deverá ser necessário indicar-lhe bibliografia sobre a ascendência do sr. D. Duarte Pio. Sei que só pode estar a brincar ou a ser, mais uma vez, irónico. Mas se o seu caso for mesmo de desconhecimento, verá na Internet um meio muito satisfatório de satisfazer a sua avidez de conhecimento. Como pouco depois de dizer que eu não lhe deixei bibliografia sobre o tema, afirma não questionar a “legitimidade de origem”de D. Duarte Pio, vou levar tudo isto para o campo da ironia ou da brincadeira…

5º Na minha opinião o sr. D. Duarte Pio é o legitimo herdeiro do Trono de Portugal em todos os aspectos.

6º Concordo com o sr. quando diz que o sr. D. Miguel não era imaculado. O sr. D. Pedro por certo também não o seria. Todos cometeram os seus erros.

7º Não sendo a “questão” da herança o que moveu o sr. D. Miguel, também não será correcto afirmar que foi a questão de “princípio”. E aproveito este ponto para comentar as citações de Oliveira Martins fazendo alguns reparos, fruto do que aprendi com diversas leituras sobre esta questão:

- Quanto à unanimidade com que o sr. D. Miguel era aclamado, não nos devemos esquecer do papel do clero que, temendo perder os seus privilégios com a chegada do constitucionalismo, apoiou o sr. D. Miguel pondo, desta forma, muito do “povo” do lado do sr. D. Miguel. Pouco tempo depois desta “euforia inicial” , verificava-se que em muitas cidades o povo limitava-se a aclamar e a festejar as vitorias ora do sr. D. Pedro ora do seu irmão, conforme fosse mais conveniente à cidade em questão, isto é: conforme o exército que a dominasse.
Já no final das lutas, a crueldade das prisões miguelistas (que a seguir foi imitada, ainda que palidamente, pelos liberais) levou a que muita gente que até então tinha apoiado o sr. D. Miguel, se viesse a revoltar contra este tipo de políticas (execuções, torturas, etc). Este foi um dos erros de D. Miguel, que por certo se terá esquecido que estava num país pequeno onde este tipo de “rivalidades” não deve chegar a este ponto, pois todos são amigos, primos ou compadres uns dos outros…

- É verdade que o sr. D. Pedro, não por ser melhor que o seu irmão (devemos analisar factos com imparcialidade) mas pelo simples facto de ter apoio financeiro do exterior, não viveu “da esmola” do povo português. Contudo devemos ser claros e dizer que o sr. D. Miguel não viveu propriamente (ou somente) da “esmola”. Os exércitos miguelistas por muitas vezes “ficavam” com todo o pão, carne, peixe e outros géneros que iam para as cidades diariamente. Com isto as populações passavam alguma fome e as Câmaras das Vilas ficavam a aguardar pagamentos que, na maioria dos casos, não chegavam (muitas vezes por impossibilidade, outras por má vontade)

Anónimo disse...

Sr. José Carlos,

Nunca fui a um desses jantares nem sou o tal P. Coutinho que o olhou com desprezo. Alias nunca o faria porque penso que o facto de descender/ser da Nobreza não me torna superior aos outros. Penso que a unica coisa que me dá é uma maior responsabilidade na maneira como conduzo a minha vida, que tento que seja de forma Digna e Honrada. E esta conduta não a tenho para que os outros me elogiem, apenas a tenho porque assim fui educado e, para lhe ser franco, vivo-a de maneira intima, não querendo ser exemplo para ninguem pois a Nobreza há muito que perdeu o seu papel na sociedade...

Quanto a esses jantares e aos senhores que os frequentam, se agem como o sr. referiu lamento. É de facto uma atitude reprovável. Para além disso nada mais tenho a dizer pois não conheço as pessoas que frequentam esses jantares (salvo talvez uma excepção - mas não estou certo) nem tenho particular interesse em conhecer...


Quanto ao último grande Rei de Portugal foi para mim SAR. D. Carlos.

Cumprimentos,
Pedro Miguel Cunha Coutinho

Joaquim M.ª Cymbron disse...

O Sr.Cunha Coutinho, desta vez, apresenta a sua resposta dividida em apartados, devidamente numerados. É um método sempre bom, porque assim sai facilitada a exposição para quem quiser responder.

Vou pois fazê-lo, respeitando a ordem que ele seguiu ao longo do seu comentário:

1- O Sr.Cunha Coutinho não vota «em Presidentes da República» porque «tal seria incoerente»,uma vez que se diz monárquico e não é «como uns e outros que andam por aí a dizer-se monárquicos e que depois acabaram a votar (em eleições viciadas)em bonecos do Dr.Salazar.»

Gostei de ler! Só não percebo que diferença há entre os bonecos de Oliveira Salazar e reis como são os das monarquias daqueles «países que proporcionam uma grande qualidade de vida aos seus cidadãos», conforme o Sr.Cunha Coutinho escreve no ponto 2.

Também fiquei a saber que o Sr.Cunha Coutinho já votou numas eleições legislativas porque estas «apesar de se realizarem numa República também existiriam numa monarquia.»

Daqui resulta que, para o Sr.Cunha Coutinho o padrão de moralidade política é este: faz-se em monarquia, é bom; não se pratica, fora com essa aberração!

E eu, que julgava que o trilema monárquico era Deus-Pátria-Rei, fico agora a saber que o Rei sobreleva a Pátria. Espero que não se sobreponha a Deus.

É singular como a apregoada tolerância de alguns os impede de ver que não existe o Mal absoluto e que, por isso, não há sistema ---religioso, filosófico ou político --- que não contenha uma parcela de verdade e de bondade.

Exigir tal flexibilidade a gente desta é excessivo. Ela fica resrvada para os radicais.

2-Ainda bem que o Sr.Cunha Coutinho acha que «Portugal não deve seguir modelos estrangeiros.» Mas, à cautela, lá nos vai falando dos tais «países que proporcionam uma grande qualidade de vida aos seus cidadãos» e sublinha que «a maioria deles são na Europa e são Monarquias constitucionais/parlamentares...».

E isto é sinal de outra esperança de que o Sr.Cunha Coutinho nos enche: restaure-se em Portugal a monarquia e a nossa cotação na Europa subirá em flecha.

Mas tem de ser a monarquia constitucional/parlamentar, nunca a daqueles que têm «fetiches com regimes autoritários falhados ou extintos.»!

Lucrámos com isto em saber que monarquia constitucional é a seguida pelo Sr.Cunha Coutinho. A que vigorou em Portugal, desde a Fundação até ao iluminismo de Pombal, e que os legitimistas tentaram debalde reconduzir aos seus trilhos históricos, essa monarquia não foi constitucional porque trazia já a marca do «reizete» de S.ta Comba Dão!

Quanto ao parlamentarismo, pode o Sr.Cunha Coutinho guardá-lo todo. Nenhum legitimista ficará com inveja disso.

3-Eu ainda não consegui entender a razão pela qual o Sr.Cunha Coutinho insiste em recomendar-me a leitura do «maior especialista português no período histórico abordado na biografia 'D.Carlos'.»

Pode o Sr.Cunha Coutinho ornar com uma constelação de títulos académicos a figura do autor, que isso em nada altera a minha posição.

O Sr.Cunha Coutinho afirmou, num dos seus primeiros comentários, que «o último grande Rei português foi, como é óbvio, D.Carlos.» E quando lhe foi perguntado por que motivo assim pensa, eis que o Sr.Cunha Coutinho remete a resposta para um terceiro.

Cumpria-lhe dar-nos a conhecer as suas razões e não as de outra pessoa, por mais qualificado que seja esse autor. Ou, então, cite com fidelidade as passagens mais destacadas que subscreve. Se não o fizer, ficaremos inteirados: o Sr.D.Carlos foi «o último grande Rei português» porque o Sr.Cunha Coutinho o diz. E quem tiver dúvidas leia a biografia da autoria do prof.Dr.Rui Ramos.

4-Sem relevo.

5-O Sr.Cunha Coutinho não é adepto daqueles que têm «fetiches com regimes autoritários». Mas também parece ignorar a máxima de S.to Isidoro de Sevilha, no IV Concílio de Toledo: «Rex eris si recte facias; si non facias, non eris.»

Este princípio foi a pedra angular de todas as monarquias peninsulares que vieram depois a formar-se, na época da Reconquista.

6-Sem relevo.

7-Por último, o Sr.Cunha Coutinho escreve «não sendo a 'questão' da herança o que moveu o Sr.D.Miguel, também não será correcto afirmar que foi a questão de 'princípio'.»

Tem razão: não foi uma coisa, nem outra. Foi antes pelo contrário, na medida em que.

A seguir, desenvolve uns reparos aos trechos que eu tirei de Oliveira Martins. Com a infelicidade do costume, diga-se de passagem.

Ora vejamos:

Começa por onde não devia ter pegado:lembra-se de falar na influência do clero a favor da causa do Sr.D.Miguel.

Razão tinha a Igreja para temer o triunfo do liberalismo. Lamento que o Sr.Cunha Coutinho, certamente porque estava distraído, não nos tenha lembrado a meritória obra do Mata-Frades, que ganhou foros de legalidade logo após Évora-Monte e a que, em 4de Julho de 1834, se seguiu a expulsão dos Jesuítas e o corte de relações com Roma.

Tudo em conformidade como o Sr.D.Pedro anunciara. «Não vos deixeis illudir por aqueles que vos pintam o governo constitucional como inimigo da nossa santa religião;» (Chronica Constitucional do Porto, n.º1, 1832, pp.3 e s.).

Mentiu o Sr.D.Pedro? Que ideia! O Sr.D.Miguel é que não tinha palavra, segundo o Sr.Cunha Coutinho já sustentou noutro comentário.

Quanto ao balancear do povo, ao sabor das vitórias dos contendores, o Sr.Cunha Coutinho continua animado do propósito de fazer história. O problema é que escorrega, mais uma vez. Se tivesse lido uma carta de Palmela, pode acontecer que outro fosse o seu pensar.

Nela, já depois de Almoster (ou seja, em vésperas do último acto da tragédia), diz aquele ministro do Sr.D.Pedro: «Só com a espada não conseguiremos tão cedo terminar a guerra, porque as forças militares balançam-se, e o fanatismo dos povos das províncias e a desesperação dos chefes contrapesam a superioridade das nossa tropas e oficiais.» (Correspondência do conde da Carreira, 19 de Março de 1834).

Passado já o período da guerra civil ( em clássicas operações de guerra convencional, porque Portugal, graças ao delicioso constitucionalismo/ parlamentar, que tanto parece ser do agrado do Sr.Cunha Coutinho, Portugal, repito, levou quase todo o século XIX em lutas intestinas, mais ou menos acesas, mais ou menos cruas), transpostos esses anos, retomo o fio, como explica o Sr.Cunha Coutinho a sobrevivência de várias guerrilhas miguelistas, algumas delas bem poderosas, entre as quais se destacou, no Algarve, a do célebre Remexido?

É sabido que uma guerrilha não sobrevive sem um largo e profundo apoio do povo onde actua. Se um parlamento eleito tivesse a mesma genuidade popular, poderia acontecer que eu passasse a olhar para ele com maior simpatia. Mas uma tal autenticidade por parte de uma assembleia assim escolhida, isso será o mesmo que esperar pela quadratura do círculo.

No último parágrafo, o Sr.Cunha Coutinho mantém-se fiel à linha que vem seguindo.

Oliveira Martins, por mim citado, fala do penoso exílio do Sr.D.Miguel, afirmando que foi sustentado por esmolas enviadas de Portugal. O Sr.Cunha Coutinho diz que isso não foi bem assim e, com uma habilidade que ninguém vê, está claro, dá-lhe a volta e revela-nos que os exércitos miguelistas se assenhoreavam dos víveres destinados às populações.

À primeira vista parece que isto nada tem a ver com o depoimento de Oliveira Martins. Qual quê! Tem e muito: é que esses víveres, metidos em arcas frigoríficas, atravessavam meia Europa até chegarem às mãos do Sr.D.Miguel!

Anónimo disse...

Sr. Cymbron,

Por falta de tempo não lhe respondi até agora pelo que lhe apresento as minhas desculpas.
Para já, pelos mesmos motivos (falta de tempo provocada por motivos profissionais) vou responder-lhe apenas aos pontos mais obvios, ponto por ponto, para facilitar este debate e a sua leitura pelos interessados.

1º O sr. não vê diferença nenhuma entre os bonecos de Salazar e os monarcas constitucionais e diz que "Só não percebo que diferença há entre os bonecos de Oliveira Salazar e reis como são os das monarquias daqueles «países que proporcionam uma grande qualidade de vida aos seus cidadãos»

Ora aqui é que está a grande diferença entre nós e fiquei bastante satisfeito pelo senhor a expor tão claramente. O senhor, que diz ser monárquico, não consegue ver diferença nenhuma entre um qualquer presidente sem poderes nomeado por um qualquer ditador e um Rei, com alguns poderes e com uma Legitimidade Histórica inegável! Isto é fantástico! O sr. compara um qualquer general a um individuo que descende dos Pais de uma Pátria! O sr. não percebe que o que o Povo vê num Rei é algo mais do que um simples "chefe"? Não vê que o Rei é uma bandeira e é a cabeça da Instituição Monárquica?

Aqui ficamos esclarecidos: o senhor não ve diferença entre um Rei e um presidente nomeado por um ditador.

Depois o sr. Cymbron tira a seguite conclusão: "Daqui resulta que, para o Sr.Cunha Coutinho o padrão de moralidade política é este: faz-se em monarquia, é bom; não se pratica, fora com essa aberração!"
Eu nunca disse isso e o meu padrão de moralidade política não é esse.


2º- O senhor volta a por neste ponto, palavras que eu não disse na minha boca.
Limitei-me a referir alguns países estrangeiros tendo o cuidado de dizer que Portugal deve seguir o seu próprio modelo. Ao contrário do sr. Cymbron, não faço gala de apregoar sistemas estrangeiros como modelos de virtudes. Limitei-me depois a chamar a atenção para um FACTO curioso: As Monarquias Constitucionais que referi são os países onde se vive melhor no Mundo.
Sou um adepto da Monarquia dentro dos modelos que melhor sirvam o Povo. Não sei se reparou mas desde as primeiras Monarquias até aos dias de hoje houve mudança e evolução. Mesmo do Feudalismo para o Absolutismo houve mudança e evolução. E isto aconteceu por uma razão muito simples: o homem evoluiu, as sociedades evoluiram o Mundo mudou!

3º Abordarei mais tarde

5º Partindo do principio que o sr. sabe a data em que se realizou o Concilio que referiu, imagino que saiba que existiram Monarquias antes desse Concílio. E já agora já viu como é que evoluiram as Monarquias da Reconquista até, por exemplo ás Monarquias do tempo do Descobrimentos?
Essa justificação que tenta dar, desculpe-me, mas não faz sentido absolutamente nenhum, para não lhe chamar ridicula.

6º Tem graça que o sr. me acuse de não ver que não existe o "Mal absoluto" e de seguida diga que este ponto não tem relevo...

7º Abordarei este ponto mais tarde

josé carlos disse...

Senhor Coutinho:
Pensava ter dado por terminada a minha intervençaõ neste debate entre os legitimistas e os liberais maçónicos.

Mas afinal não acabei. Algumas das suas afirmações obrigam-me, de novo a vir a terreiro.

Uma delas fez-me verdadeiramente passar, e passo a citar:

"Já no final das lutas, a crueldade das prisões miguelistas (que a seguir foi imitada, ainda que palidamente, pelos liberais) levou a que muita gente que até então tinha apoiado o sr. D. Miguel, se viesse a revoltar contra este tipo de políticas (execuções, torturas, etc)."

Bom comecemos pelo princípio. Vae victis! Para os vencidos não haverá perdão. Porque a história é feita pelos vencedores. Verdades como punhos. Vou-me só ater a casos familiares que conheço por tradição oral e provas documentais.

Comecemos pelo princípio. Aquando da sublevação contra os invasores de Junot houve, como saberá, excessos contra os "colaboracionistas" afrancesados. Houve, também, como sempre nestes casos, verdadeiros atentados e demoníacos excessos contra aqueles "iluminados" pelas luzes de Paris. A chamada nobreza e outros membros dos corpos orgânicos intermédios terão tido (nalguns casos) um comportamento pouco digno de patriotas, colocando as suas ideias políticas à frente dos interesses nacionais. É da história, está documentado, não vale a pena perder tempo com isso.Houve muitas malfeitorias, que geram sempre ressabiamentos e ódios. Na primeira oportunidade a vingança está prometida.

Aquando da invasão de Portugal pelos mercenários ingleses (e não só) que derrotaram o Sr. D. Miguel os derrotados de uns anos antes transformaram-se nos vencedores.

Por acaso a minha Família esteve no meio do vulcão. Nos excessos do tempo de Junot, deu cobertura "estrutural" à revolta da arraia miúda evitando os excessos que ocorreram em localidades bem próximas. Perdida a guerra, e enquanto legitimistas (e acrescente-se, que é importante, e possuidores de boas e apetecíveis terras, que desencadearam os interesses dos "vencedores") foram miseravelmente enforcados e expropriados de tudo (os bens, como é óbvio, foram entregues - contra os títulos de participação na guerra - aos assassinos).

Para além dos dois irmãos foram dizimados mais 11 pessoas da Família e/ou leais empregados.

(para seu esclarecimento não houve em toda a área de influência destes meus familiares qualquer prisão, assassinato ou tortura por parte dos "miguelistas")

Não me venha com a treta da verdade oficial de que os malandrins dos fascistas (digo miguelistas), mataram, torturaram muito, mas mesmo muito e no nosso caso houve alguns e pontuais excessos. Isso é treta, e nada mais do que treta. Se desejar tenho bastante material sobre este assunto.

Também acresce que o "aristocrata", o "nobre" que comandava aquela tropa fandanga assassina, incomodado com os gritos de uma pobre rapariga de 13/14 anos, criada da casa, e que viu os seus patrões enforcados, resolveu o problema de poluição sonora dando uma sabrada no pescoço da desditosa moçoila, que passadas poucas horas morria. O seu nome era Francelina. Após este facto houve sempre na Família o nome de Francelina dado a uma das filhas da casa. Em honra da Leal e Amiga serviçal, que morreu por ter incomodado os ouvidos de um dos tais "aristocratas e nobres" da treta.

Por isso senhor Coutinho: não me venha mais com afirmações de que nós é que somos os bons. Foram todos maus, muito maus!!!

Por tudo isto - e também por razões ideológicas - nada tenho a ver com essa "gente" que ocupou o "trono republicano" até 1910.

No entanto - reconheço - tenho um certo carinho por D. Carlos e pela educaçáo que foi dada ao primogénio. Talvez aí estivesse alguma esperança.

Por mim encerro esta novela. Fez-me recordar assuntos que me custam muito falar. E que ainda hoje me magoam.

Anónimo disse...

Senhor José Carlos,

Em primeiro lugar devo dizer-lhe que isto não é um debate entre legitimistas e liberais maçonicos.
Porque não é isso que está em causa, eu não me considero "liberal" nem "maçonico" e não o considero sequer legitimista - um individuo que faz confusão entre miguelismo e fascismo não merece esse epiteto (e faria arrepiar todos os miguelistas que conheço e com quem me dou). Daqui a pouco só falta começar a responder-me em italiano e fazer a saudação romana...

Lamento e tenho respeito pela história trágica da sua família. Tenho casos semelhantes dos dois lados (na minha família havia miguelistas e liberais) contudo, para se ser minimamente rigoroso não se deve pessoalizar esta questão.
Não foi por acaso que eu fiz as afirmações que fiz. É que em números de mortos, prisões e degredos oficiais, o "miguelismo" ultrapassou o "liberalismo" (isto é referente ao periodo em questão).
Obviamente aconteceram coisas terríveis dos dois lados...

Quanto a "Repúblicas Coroadas" e coisas afins não tenho absolutamente mais nada a dizer. Para mim D. Carlos foi rei tal como foi D. Dinis ou D. José - com as diferenças obvias relativas ás épocas em que viveram.

Por mim está encerrado este assunto pois não tenho mais nada a acrescentar.

Joaquim M.ª Cymbron disse...

O Sr.Cunha Coutinho melhora dia após dia.

E uma vez que ele aceitou apresentar ordenadamente o que tem a expor, eu vou manter a metodologia.

Assim, passo a responder:

1-É realmente fantastico!

Eu sou um pobre de Cristo que não vê a diferença entre «um qualquer presidente sem poderes nomeado por um qualquer ditador e um Rei, com alguns poderes e com uma Legitimidade Histórica inegável!».

Eu comparo «um qualquer general a um indivíduo que descende dos Pais de uma Pátria!».

Será que eu não percebo «que o que o Povo vê no Rei é algo mais do que um simples 'chefe?».

Dar-se-á o caso de eu não ver «que o Rei é uma bandeira e é a cabeça da Instituição Monárquica?».

É verdade! Eu confesso humildemente: tenho todas as limitações apontadas pelo Sr.Cunha Coutinho e respondo com um sim àquelas que ele formulou interrogativamente.

E assim continuarei enquanto se mantiver o conhecido estatuto de irresponsabilidade, de que gozam os reis da especial estima do Sr.Cunha Coutinho.

Essa irresponsabilidade só se pode explicar pela incapacidade de decisão política que caracteriza aquelas figuras. Porque se tivessem algum poder, teriam de ser responsabilizados.

O seu estatuto é desprestigiante para quem se preze. No campo político, estes reis são equiparados aos atingidos por uma «capitis deminutio.» Não é digno!

Aqui, uma de duas: ou capaz e responsável; ou irresponsável e, então, mero autómato!

Por outro lado, os presidentes da República, na Constituição de 1933,
tinham os poderes suficientes para permitir a Humberto Delgado dizer a célebre frase: «Obviamente, demito-o!».

De resto, aquela Constituição, (como aliás a de 1911 e actual), responsabilizava o supremo magistrado da Nação por actos praticados no exercício das suas funções. Ao arrepio do que dispunham todos os diplomas constitucionais, nascidos depois do vintismo, para os quais os reis, em matéria de acção política, gozavam de uma prerrogativa muito próxima ao dom da impecabilidade.

Neste ponto, pelo menos, a República tem sido muito mais séria do que a monarquia da agonia!

2-Depois de dizer que eu volto a pôr, na boca dele, palavras que não proferiu, vem afirmar que, ao contrário de mim, não faz «gala de apregoar sistemas estrangeiros como modelos de virtudes.»

Se outro fosse o autor destas palavras, eu ficaria surpreendido. Mas como é o Sr.Cunha Coutinho, não me admiro.

Imputar-lhe palavras que ele não tenha dito, ignoro onde o fiz. Ele é que me atribui algo que é falso. Como se ufana de ser um homem de palavra, para confirmar a trombeta da própria fama, seria bom que o indicasse.

3-«Abordarei mais tarde.», escreve o Sr.Cunha Coutinho. Fico à espera.

4-Percebeu o que significava 'sem relevo'. O que não sucedeu infra (p.6).

5-Uma sentença de tamanha dimensão e profundidade, porque foi proclamada, num longínquo ano, não está sujeita a mudança.

Essa máxima ou está certa, ou não está. E se está certa, a sua bondade é universal no tempo e no espaço.

Não o entende assim o Sr.Cunha Coutinho. E diz que a justificação que eu «tento dar (...) não faz sentido absolutamente nenhum, para não lhe chamar ridícula.»

Podia ter chamado. Se me rebateu, é porque acha a sua crítica muito judiciosa. Portanto, faço questão que considere ridícula a minha argumentação. Sabe? Confusões, entre nós, seria um pavor!

6-Eu disse «sem relevo» com o sentido de que era ponto incontrovertido entre nós.

A ligação entre o ter eu dito que não existe o Mal absoluto e ter considerdo sem relevo aquele ponto, transcende-me, não chego lá.

7-Conforme assinalei no p.3, fico a aguardar.

Em suma:

a)O Sr.Cunha Coutinho, desde que entrou nesta caixa de comentários, emite umas opiniões que não justifica, apesar de instado para isso. Limita-se a remeter para terceiros.

É como um rei daqueles de que ele gosta: Eu falo e os meus conselheiros que decifrem o que eu disse!

b)As únicas revelações que nos fez é que não e liberal, nem maçónico.
Mas como também não é legitimista, só consigo explicar o fenómeno como tratando-se de um caso isolado.

E com isto ficamos a lucrar, pois há quem diga que o mal dos que, em Portugal, se dizem monárquicos, está no facto de se encontrarem todos divididos.

Agora, sabemos que isso não é verdade. Afinal, só há dois grupos: de um lado, está o Sr.Cunha Coutinho; e, do outro, os restantes!

Anónimo disse...

Até que enfim vejo UM PORTUGUES NACIONALISTA. Se minha cultura fosse igual ao do autor de tão bela resposta, seria uma honra, mas como não sou, sou mais curto e grosso, aqui vai: A ESQUERDA DE MERDA OU MELHOR A MERDA DA ESQUERDA, CRÍTICA HITLER NA SUA LIMPEZA...E ESQUECE E OU ELOGIA STALIN NA SUA. Sabem o grande erro histórico? -COBRA NÃO SE FERE, MATA-SE-