«Em 25 de Abril ocorreu a revolução da perfídia. Toda ela estava viciada, chocou-se um ovo de monstro no nosso ventre, que quando a casca se partiu, rapidamente cresceu e nos quis devorar. Os portugueses resistiram e fizeram-lhe frente, mas dos seus tentáculos cortados escorreu um visco venenoso que ainda hoje se agarra a tudo e nos tolhe os movimentos. Fomos aldrabados por "heróis de pacotilha" que se encheram de honras e de dinheiros fáceis. O sonho rapidamente se transformou em pesadelo e aqueles que já acordaram rangem os dentes de impotência. Era bom voltar a sonhar com outros protagonistas: a verdade, a humanidade e a justiça. Mas dizem-nos dos bastidores que essa peça não está no repertório desta companhia de teatro. Só temos guarda-roupa para interpretar peças de vilões e de perfídia.
Teremos de continuar com a "revolução da perfídia", peça estreada há mais de trinta anos, de autor estrangeiro, sempre com protagonistas que se esquecem de olhar para o público, nem nisso estão interessados pois o público, embora remoendo impropérios, não tem outro espectáculo para ver.»
General Silva Cardoso
In "25 de Abril de 1974 - A Revolução da Perfídia", Prefácio - Edição de Livros e Revistas. Lisboa, 2008, págs. 225/226.
Teremos de continuar com a "revolução da perfídia", peça estreada há mais de trinta anos, de autor estrangeiro, sempre com protagonistas que se esquecem de olhar para o público, nem nisso estão interessados pois o público, embora remoendo impropérios, não tem outro espectáculo para ver.»
General Silva Cardoso
In "25 de Abril de 1974 - A Revolução da Perfídia", Prefácio - Edição de Livros e Revistas. Lisboa, 2008, págs. 225/226.
Sem comentários:
Enviar um comentário