7.1.09

A "libertação da Bélgica e a "Depuração" belga

Repressão democrática contra os Belgas

A «libertação» que, na França, produziu um total estimado de 318.671 mortos(1), não produziu na Bélgica um número comparável de vítimas, mas, no que se refere a sanções, multas, perseguições, etc., ficou em bom lugar entre os depuradores. Criou-se uma figura jurídica, o «incívico», atribuído a todo aquele que tivesse sido germanófilo, partidário da amizade com a Alemanha ou, simplesmente, anti-comunista. Uma lei especial chamada 123 Sexies permitia impôr aos «incívicos» todas as restrições sociais: impedi-los de ter um emprego ou exercer as profissões de administrador de empresa, advogado, jornalista, médico, actor ou director de teatro ou de cinema, locutor de rádio, professor, escritor, conferencista e inclusive... preparador de trabalho e apontador. Em 19 de Janeiro de 1945 o Auditor Militar de Bruxelas dava conhecimento à população de que qualquer ajuda prestada a um «incívico» acarretava ipso facto uma pena de prisão entre 15 e 20 anos. O Estado belga ordenou entretanto a detenção de 28.000 empresários (quase a totalidade existente no país) sob a acusação de «colaboração económica» com a Alemanha. As pessoas assassinadas ascenderam a cerca de 51.000. Os «incívicos» cifraram-se em 231.000, mas outros 70.000 vieram a ser presos(2). Abriram-se 75.391 processos jurídicos por colaboração.
No final de Maio de 1945 regressavam à Bélgica cerca 3.000 assalariados belgas que tinham trabalhado na Alemanha como voluntários. Vinham num navio belga que os trazia de Odessa, na Ucrânia. Esses operários imaginavam estar a regressar do exílio. Mas nem tiveram tempo de desembarcar: a multidão, em Ostende, apoderou-se deles e atirou-os à água. Os que nadaram para a margem foram repelidos de novo pela chusma. Todos se afogaram(3).
A repressão contra os voluntários flamengos e valões que combateram na Rússia contra o bolchevismo foi particularmente odiosa e de um sadismo medonho. Tendo lutado de armas na mão e tendo-se oposto ao comunismo, foram considerados traidores à Bélgica e internados em campos de concentração (melhor dito: campos de morte), alguns deles ao ar livre e sem o mais pequeno abrigo no verão ou no inverno(4).
Léon Degrelle conseguiu chegar a Espanha em Abril de 1945 e, apesar dos pedidos insistentes de extradição formulados pelo governo belga, o governo de Franco negou-se ceder. Léon Degrelle fora condenado à morte in absentia nos finais de 1944. A condenação baseava-se num «delito de opinião», dadas as suas qualidades de chefe do REX e de voluntário na Frente do Leste. O processo foi grotesco. Degrelle sempre se dispusera a regressar à sua pátria na condição de poder defender-se com liberdade, de ter um julgamento regular, equitativo e imparcial e de os debates poderem ser difundidos. A «Justiça» belga não aceitou a proposta. Caberia perguntar porquê, se não soubéssemos de sobra...
Assim, Léon Degrelle permaneceu em Espanha. E, como a infâmia tem braços compridos, ao não ter conseguido alcançar Degrelle, encarcerou os seus pais, apesar de pessoas muito idosas, e pelo único delito de serem seus pais. Outros réus do mesmo delito de parentesco, foram também encarcerados: um cunhado seu, as suas irmãs, a sua mulher e até a filha de 9 meses de idade. Para terminar esta girândola de patifarias, os libertadores, em 8 de Julho de 1944, assassinaram com cinco balas nas costas e uma na nuca, o seu irmão, Edouard, pacífico farmacêutico da cidade de Bouillon, a dois metros de distância das suas filhas pequenas!

Nuno de Ataíde
In Último Reduto, n.º 12, Setembro de 1994, p. 50.

Notas:
1 - Enciclopédia Larousse
2 - Robert Poulet.
3 - Le Monde, Paris, 28.5.1945
4 - Fernand Kaisergruber, Nous n'irons pas à Touapse.

1 comentário:

Anónimo disse...

A JUSTIÇA DOS COVARDES, DOS RESISTENTES DE ÚLTIMA HORA.TODA HONRA AO HERÓI DEGRELLE.