15.1.09

Gaza: agência da ONU e redacções de jornais internacionais bombardeados por Israel


O exército israelita lançou hoje um pesado bombardeamento sobre Gaza, atingindo edifícios que albergavam a agência das Nações Unidas de ajuda aos refugiados palestinianos, a UNRWA, e vários media internacionais, incluindo as redacções da agência noticiosa Reuters, das televisões Fox e Sky, bem como das cadeias Al-Arabiya e MBC. A Comissão Europeia já declarou estar “chocada” e “consternada” com estes ataques.
A ofensiva israelita já provocou até ao momento, desde que os ataques contra o movimento islamista Hamas começaram – no dia 27 de Dezembro – pelo menos 1100 mortos palestinianos.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que chegou hoje a Israel, no quadro de um périplo regional, estimou que as condições estão reunidas para que os combates terminem “já”, e considerando “insuportável” o número de vítimas palestinianas.
Nos ataques de hoje, três funcionários da UNRWA ficaram feridos por um disparo de “rocket” que danificou os escritórios da agência, indicou um porta-voz da mesma. A UNRWA tinha já anunciado anteriormente que suspendia as suas operações no terreno, após um primeiro ataque contra uma sua coluna de veículos.
Ban Ki-moon indicou estar “escandalizado” com o bombardeamento de hoje contra o edifício da UNRWA, e adiantou que o ministro israelita da Defesa, Ehud Barak, qualificou o incidente de “grave erro”.
Os ataques israelitas atingiram igualmente um edifício que abrigava as redacções de vários media árabes e internacionais, incluindo a agência Reuters, as televisões Fox e Sky e as cadeias Al-Arabiya et MBC. Dois operadores da Al-Arabiya ficaram feridos.
Um incêndio deflagrou igualmente no hospital Al-Quds, que abriga os funcionários do Crescente Vermelho palestiniano, provocando cenas de pânico no interior do edifício.
Só hoje já morreram 37 palestinianos, em consequência do avanço do Exército israelita em direcção ao centro da cidade e àquele que foi, hoje, o mais pesado bombardeamento sobre os sobrelotados arredores da Cidade de Gaza em três semanas de guerra, aumentado a pressão sobre o Hamas.
Um diplomata ocidental disse que Israel parece estar a tentar obter ganhos de última hora no terreno antes de poder ser imposta uma trégua para terminar a ofensiva que iniciou a 27 de Dezembro, com o objectivo declarado de pôr fim aos ataques do Hamas – que tomou o controlo da Faixa de Gaza no Verão de 2007 – com morteiros sobre o sul do seu território.
Israel – que quer terminar como os disparos de morteiros sobre a fronteira e garantir que o Hamas não consiga obter mais armas a partir de túneis sob a fronteira com o vizinho Egipto – disse que não concordaria com uma trégua que permitisse aos islamistas palestinianos reagruparem-se e rearmarem-se.
O comissário europeu para a ajuda humanitária Louis Michel indicou hoje estar “chocado” e “consternado” pelo bombardeamento israelita “inaceitável” de agências da ONU em Gaza.“É inaceitável que o quartel-general da ONU em Gaza seja atacado por tiros de artilharia israelita”, frisou, falando de um “incidente muito grave” que irá necessitar de um “inquérito completo e independente”.»

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