10.1.09

Afinal, a tropa dos eleitos "enganou-se" e quis enganar-nos

Militares israelitas admitiram que não foram feitos disparos a partir da escola de Jabaliya, atingida terça-feira por morteiros de artilharia, que mataram 42 palestinianos que ali se encontravam refugiados, revelou a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNWRA), responsável pelo estabelecimento.
O ataque à escola Jabaliya, a acção mais sangrenta depois do primeiro dia de bombardeamentos israelitas, a 27 de Dezembro, gerou uma onda de protestos internacionais e da própria ONU, que garantiu que o local estava identificado com as bandeiras da organização.
“Eles admitiram que os disparos a que as Forças de Defesa Israelitas [IDF] estavam a responder não eram oriundos da escola”, afirmou o porta-voz da UNWRA, referindo-se a uma comunicação feita por “oficiais seniores israelitas a diplomatas estrangeiros. “A IDF admitiu nesse ‘briefing’ que o ataque ao edifício da ONU não foi intencional”, acrescentou Chris Gunness, em declarações ao jornal israelita “Haaretz”.
As declarações de Gunness contrariam a versão oficial do Exército israelita, que na quarta-feira divulgou um vídeo mostrando activistas palestinianos a disparar “rockets” a partir daquele local. No entanto, o responsável garante que o vídeo datava de 2007, aquando dos confrontos entre as facções palestinianas, da Fatah e do Hamas. “Não eram imagens actuais”, garantiu: “Em 2007 tivemos que abandonar o local e foi só então que os militantes o tomaram”.
Perante estes dados, a UNWRA exige agora uma investigação objectiva ao incidente, para apurar se o bombardeamento da escola constitui uma violação da lei humanitária internacional e, caso isso se confirme, levar os responsáveis a tribunal, adianta o “Haaretz”.
Gunness revelou ainda que um palestiniano que trabalhava para a agência foi morto ontem, por um disparo de um blindado quando conduzia um camião com ajuda humanitária, junto ao posto fronteiriço de Erez. A UNWRA sustenta que o camião estava bem identificado com as insígnias da organização e que o ataque ocorreu durante a trégua humanitária de três horas que Israel se comprometeu a respeitar diariamente. Perante estes incidentes, a agência para os refugiados palestinianos anunciou ontem a suspensão da sua actividade na Faixa de Gaza, por falta de condições de segurança, deixando sem assistência metade da população daquele território que depende dela para conseguir a alimentação básica.

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