Desde 2005 que a Torre do Tombo sabe dos documentos inéditos de Salazar que estão há mais de 30 anos a ganhar pó num armazém de Pendão, em Queluz. Quem o afirma é o homem que os salvou do esquecimento e da degradação: Agostinho Torrado, 58 anos, operário principal da Secretaria de Estado dos Transportes.
Já lá vão 39 anos desde que começou a pôr ordem na desordem de um espaço que esteve para ser mercado mas foi arrendado ao Gabinete para os Meios da Comunicação Social da Secretaria-Geral da Presidência do Conselho de Ministros, funcionando como depósito temporário de várias secretarias de Estado.
"Passa tudo por aqui: publicações, mobiliário, artesanato... Andava um dia a arrumar pastas quando dei com essas muito antigas e muito diferentes de todas as que já me passaram pelas mãos. As lombadas e os topos de madeira, forradas a cartão e a cores, verde e vermelho, eram únicas. Fiquei curioso e comuniquei à secretaria-geral", recordou ontem ao CM.
Os inéditos de Salazar agora divulgados estavam em trânsito do Palácio Foz para a Torre do Tombo no meio do espólio do extinto Secretariado Nacional de Informação. Em 2005 estava tudo a monte.
"Veio cá a directora de Documentação, dra. Maria José Fidalgo, com quem vi tudo pela primeira vez. Foi quando me disse que separasse estas das que estavam no arquivo oficial, pois eram correspondência pessoal do dr. Salazar", conta.
Adora o que faz e não quer outra coisa mas, apesar de curioso, não tem a tentação da cobiça: "Não é da minha natureza mexer no que não me pertence. Antes não mexi e depois não li." Não acredita em mais surpresas e questiona a real importância do achado, uma vez que só ao seu segundo alerta conseguiu a atenção da Torre do Tombo.
Já lá vão 39 anos desde que começou a pôr ordem na desordem de um espaço que esteve para ser mercado mas foi arrendado ao Gabinete para os Meios da Comunicação Social da Secretaria-Geral da Presidência do Conselho de Ministros, funcionando como depósito temporário de várias secretarias de Estado.
"Passa tudo por aqui: publicações, mobiliário, artesanato... Andava um dia a arrumar pastas quando dei com essas muito antigas e muito diferentes de todas as que já me passaram pelas mãos. As lombadas e os topos de madeira, forradas a cartão e a cores, verde e vermelho, eram únicas. Fiquei curioso e comuniquei à secretaria-geral", recordou ontem ao CM.
Os inéditos de Salazar agora divulgados estavam em trânsito do Palácio Foz para a Torre do Tombo no meio do espólio do extinto Secretariado Nacional de Informação. Em 2005 estava tudo a monte.
"Veio cá a directora de Documentação, dra. Maria José Fidalgo, com quem vi tudo pela primeira vez. Foi quando me disse que separasse estas das que estavam no arquivo oficial, pois eram correspondência pessoal do dr. Salazar", conta.
Adora o que faz e não quer outra coisa mas, apesar de curioso, não tem a tentação da cobiça: "Não é da minha natureza mexer no que não me pertence. Antes não mexi e depois não li." Não acredita em mais surpresas e questiona a real importância do achado, uma vez que só ao seu segundo alerta conseguiu a atenção da Torre do Tombo.
TRÊS MIL PASTAS COM DUAS DÉCADAS DE ESTADO NOVO
São quase três mil pastas as que agora se juntam ao Arquivo de Salazar à guarda da Torre do Tombo e cujo director, Silvestre Lacerda, se prepara para revelar já no próximo dia 29, segundo o mesmo avançou ao ‘Público’. "Pelas inscrições e pelas capas vi logo que pertenciam à Presidência do Conselho de Ministros", disse o responsável a esse jornal, após identificar o guardião das pastas que refazem a História do Estado Novo de 1938 a 1957. "Estava a falar com o senhor Agostinho quando ele disse: ‘Ali em cima está qualquer coisa do Salazar.’"
PERFIL
Agostinho Torrado, 58 anos, natural de Barrancos, é casado e tem duas filhas e dois netos. Trabalha para o Estado há 39 anos. Começou tarefeiro, hoje é operário principal.
DETALHES
UMA VIDA NA MESMA RUA
O homem que encontrou os documentos de Oliveira Salazar mudou-se para Pendão, Queluz, em 1964 e instalou-se com os pais na mesma rua onde ainda hoje vive e trabalha desde 1968.
QUESTÃO DE SEGURANÇA
Decidido a trocar a instabilidade do trabalho fabril pela segurança do Estado, começou como tarefeiro da então Secretaria de Estado da Informação e Turismo mas só em 1975 passou aos quadros.
São quase três mil pastas as que agora se juntam ao Arquivo de Salazar à guarda da Torre do Tombo e cujo director, Silvestre Lacerda, se prepara para revelar já no próximo dia 29, segundo o mesmo avançou ao ‘Público’. "Pelas inscrições e pelas capas vi logo que pertenciam à Presidência do Conselho de Ministros", disse o responsável a esse jornal, após identificar o guardião das pastas que refazem a História do Estado Novo de 1938 a 1957. "Estava a falar com o senhor Agostinho quando ele disse: ‘Ali em cima está qualquer coisa do Salazar.’"
PERFIL
Agostinho Torrado, 58 anos, natural de Barrancos, é casado e tem duas filhas e dois netos. Trabalha para o Estado há 39 anos. Começou tarefeiro, hoje é operário principal.
DETALHES
UMA VIDA NA MESMA RUA
O homem que encontrou os documentos de Oliveira Salazar mudou-se para Pendão, Queluz, em 1964 e instalou-se com os pais na mesma rua onde ainda hoje vive e trabalha desde 1968.
QUESTÃO DE SEGURANÇA
Decidido a trocar a instabilidade do trabalho fabril pela segurança do Estado, começou como tarefeiro da então Secretaria de Estado da Informação e Turismo mas só em 1975 passou aos quadros.
Dina Gusmão
In Correio da Manhã, p. 39, 21.04.2009
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