«Só Nun`Álvares persistiria, — só Nun`Álvares teimara, cheio do sentido religioso duma predestinação a cumprir.» (p.220)
«Saído da nobreza, D. Nuno tira dela as virtudes precisas para acudir à crise de que depende a sorte do Portugal futuro e aproveita o vento incendiário da rebelião que nos parece devorar para assentar solidamente a independência da nossa terra. Tal é a vocação desse herói extraordinário, que, como Joana d`Arc, é um verdadeiro enviado providencial.
Portugal rompia, deste modo, do seu nacionalismo instintivo para a categoria já estável duma nacionalidade, graças à acção iluminada do Condestabre. (...) Aljubarrota marca a passagem duma fase embrionária e latente da Pátria para a sua maioridade reconhecida, de agora em diante, nos vínculos do sangue e da terra. A Grei vai surgir do choque doloroso duma hora mais longa do que as longas passadas dum século. E Portugal atira-se para o caminho do engrandecimento, com o seu génio já clarificado na vocação colectiva da nacionalidade que se conhece e possui enfim.
Não é outra a lição de Aljubarrota, cuja lembrança Portugal nos manda que a meditemos, para honra nossa e louvor dos nossos Mestres. É hoje tão incerto como então o nosso destino. Mas um acto de fé naquele esforço de outrora, que dorme dentro de nós o sono do Encoberto, vivificará talvez, no sonambulismo vergonhoso em que nos estagnamos, as energias de milagre que nunca nos faltaram, sempre que para elas houve alguém que apelasse. É esse o encargo que pertence à mocidade do nosso país mais do que a ninguém.
Não nos amedrontem os negrumes de que se carrega o dia de amanhã! A estrada a pisar-se é só uma e já Deus nos fez a mercê de nos ensinar qual ela seja. Se os perigos, aumentando, nos procuram como ferros de espada, tanto melhor! A nossa existência encher-se-á dum sabor de virtude e de heroísmo, por onde há-de regressar à nossa terra o património esquecido da sua glória e da sua grandeza. Só assim seremos dignos da pátria que nos foi transmitida como um bem de família e que, como um bem de família, é preciso defender e conservar! (pp. 227/228)
«Saído da nobreza, D. Nuno tira dela as virtudes precisas para acudir à crise de que depende a sorte do Portugal futuro e aproveita o vento incendiário da rebelião que nos parece devorar para assentar solidamente a independência da nossa terra. Tal é a vocação desse herói extraordinário, que, como Joana d`Arc, é um verdadeiro enviado providencial.
Portugal rompia, deste modo, do seu nacionalismo instintivo para a categoria já estável duma nacionalidade, graças à acção iluminada do Condestabre. (...) Aljubarrota marca a passagem duma fase embrionária e latente da Pátria para a sua maioridade reconhecida, de agora em diante, nos vínculos do sangue e da terra. A Grei vai surgir do choque doloroso duma hora mais longa do que as longas passadas dum século. E Portugal atira-se para o caminho do engrandecimento, com o seu génio já clarificado na vocação colectiva da nacionalidade que se conhece e possui enfim.
Não é outra a lição de Aljubarrota, cuja lembrança Portugal nos manda que a meditemos, para honra nossa e louvor dos nossos Mestres. É hoje tão incerto como então o nosso destino. Mas um acto de fé naquele esforço de outrora, que dorme dentro de nós o sono do Encoberto, vivificará talvez, no sonambulismo vergonhoso em que nos estagnamos, as energias de milagre que nunca nos faltaram, sempre que para elas houve alguém que apelasse. É esse o encargo que pertence à mocidade do nosso país mais do que a ninguém.
Não nos amedrontem os negrumes de que se carrega o dia de amanhã! A estrada a pisar-se é só uma e já Deus nos fez a mercê de nos ensinar qual ela seja. Se os perigos, aumentando, nos procuram como ferros de espada, tanto melhor! A nossa existência encher-se-á dum sabor de virtude e de heroísmo, por onde há-de regressar à nossa terra o património esquecido da sua glória e da sua grandeza. Só assim seremos dignos da pátria que nos foi transmitida como um bem de família e que, como um bem de família, é preciso defender e conservar! (pp. 227/228)
António Sardinha
In «Na feira dos mitos», cap. Aljubarrota, 2.ª edição, Edições Gama, 1942.
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