A FALA DE NUNALVARES
Eu só com meus vassalos e com esta,
— dizendo isto arranca meia espada —
defenderei da força dura e infesta
a Terra nunca d`outrem subjugada.
Lusíadas – Camões.
A Alma de Nunalvares, disperta
para a Hora que passa, — lá do Além
quis falar à minh`alma sempre aberta
em prol da minha Terra e minha Mãe!...
Chegou junto de mim ao sol poente,
e ante a minha ancestral meditação,
surgiu, um símbolo d`honra transcendente,
evocando a nobreza e a tradição!...
E erguendo a fronte altiva, que alumia
inda hoje nas trevas esta Raça,
falou de decadência e nostalgia
numa voz repassada de desgraça...
— E disse: — «Uni-vos todos, Portugueses!...
Libertai da descrença, já funesta,
a Pátria que exaltei, por tantas vezes,
eu só, com meus vassalos e com esta!...
Uni-vos, como irmãos, perante a Hora,
trabalhai, progredi p`la Terra amada...
Ah! não poder ressuscitar agora!...»
E dizendo isto, arranca meia espada.
«Sêde um só corpo, e novos Prometeus
nunca vencidos... Minha glória atesta
que, por meu lado, a Pátria, junto a Deus,
defenderei da força dura e infesta!...
Uni-vos, quando não vereis um dia
p`la dissenção mesquinha e mal pensada,
perder-se, qual se perde a luz do dia,
a Terra nunca d`outrem subjugada!...
...................................................................
E aquela voz de Santo, a soluçar,
sumiu-se como o sol... Mas, de surpresa,
ergueu-se a lua e desfolhou-se em luar,
sagrando toda a Terra Portuguesa!
Silva Tavares
06.10.1922.
In Cruzada Nacional Nun`Álvares, Ano I, Novembro de 1922, pág. 20.
06.10.1922.
In Cruzada Nacional Nun`Álvares, Ano I, Novembro de 1922, pág. 20.
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