12.9.08

Livro: Contra-subversão em África de John P. Cann

Reeditado pela Prefácio Editora em 2005 após uma primeira edição em 1998, ao longo das 226 páginas, «Este livro é a história das Campanhas na perspectiva dos militares portugueses. Aborda o conflito através de uma análise militar temática do esforço de contra-subversão desde as revoltas em Angola, a 4 de Fevereiro e 15 de Março de 1961, até ao golpe militar de 25 de Abril de 1974, em Lisboa. Descreve o modo como Portugal definiu e analisou o problema, como desenvolveu as suas próprias política e doutrina militares, e como as aplicou ao ambiente colonial africano. Tem ainda como objectivo demonstrar como a estratégia nacional portuguesa de economizar e preservar os seus fracos recursos se traduziu em acções nos níveis de campanha e táctico e como esta estratégia foi eficaz ao permitir que Portugal dirigisse uma constante e longa campanha em três colónias distantes. Ao seguir estratégias de campanha simultaneamente abrangentes e restritas, Portugal tentou quebrar a organização dos movimentos nacionalistas através da acção de agentes e opor-se à acção armada por meio de força militar e de pressão diplomática apropriadas. Simultaneamente, procurou proteger as populações do contacto com os revoltosos e conseguir a sua lealdade, elevando os seus padrões de vida e atendendo às suas queixas. Estes elementos, a sua combinação específica e o modo como foram executados, reflectem aquilo que se pode classificar como “o modo português de fazer a guerra”.» (pp. 11/12)
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«Compreenderam-se os seus (Salazar) piores receios quando Daniel Semenovich Solod, o “brilhante organizador e perito em tácticas de infiltração e subversão” foi enviado para a República da Guiné em 1960. O embaixador Solod criara uma impressionante reputação ao incrementar a influência soviética no Médio Oriente e no Norte de África, e começava agora a trabalhar nas colónias portuguesas, alimentando a perene subcorrente de dissidência nacionalista.» (p.43)
«Os ataques de 4 de Fevereiro em Luanda foram desencadeados por homens ligados à UPA, apoiados na sombra pelo Cónego Manuel das Neves, vigário-geral da Arquidiocese. Tomaram parte no assalto simpatizantes da UPA, do MPLA ou apenas nacionalistas. Todavia, o MPLA reivindicou a acção, em Conacri.» (p. 44)
«Todavia, o Exército Português resolveu estes problemas e em 1970 tinha ganho o controlo dos conflitos nos três teatros sublevados. Podia então afirmar que tinha a força estruturada correcta, adequadamente treinada e conduzida, que aplicava com êxito conceitos adaptados à situação em África e que os conflitos estavam relativamente sob controlo. Estes não foram pequenos feitos. O objectivo de conseguir um conflito controlado, de baixa intensidade, tinha sido atingido, lado a lado com uma sustentabilidade por tempo aparentemente indeterminado.» (p. 103)

1 comentário:

Anónimo disse...

Comento com dias de atraso, mas é com gosto que o faço, Nonas.
Agradeço primeiro o ter-se lembrado a 11, do AMZ. Tive a sorte de privar com ele (embora não no Diário da Manhã) e só lamento que tenha morrido na miséria, num Dia de Natal, desamparado por aqueles que diziam apreciar tanto as suas qualidades de trabalho...
Quanto ao post presente, também tive a sorte de ter estado presente na FNAC, em Lisboa, nesse longínquo dia 26 (olha, é logo a seguir a 25!) de Novembro de 1998, para assistir à apresentação do «Contra-Insurreição em África, 1961-1974 - O Modo Português de Fazer a Guerra» e do seu autor, ambos pelo Brig. Marques Pinto.
Mas não consigo perceber o motivo desta alteração do título pela Prefácio. Prefiro a edição da Atena.
Lembro-me até que um colega meu, do Correio da Manhã, resumiu numa excelente tirada a obra, uns dias depois, com palavras de ocasião ditas pelo próprio John P. Cann: "Conduziram (os militares) uma campanha sofisticada em três teatros de guerra longínquos. Resolveram com êxito os seus problemas (...) e cconceberam um modo de fazer a guerra que conteve o inimigo. Geriram habilmente a utilização das vidas e dos bens portugueses. Em resumo, tiveram um desempenho forte. Que mais podem os líderes políticos de uma nação esperar dos seus soldados? O passo seguinte competia aos políticos." Pois é. Mas esses...