26.7.08

A Marcelírica: poema de Tomaz de Figueiredo e de Goulart Nogueira

Marcelo José das Neves,
Das Neves Alves Caetano.
Das Neves rima com greves
E Caetano com magano
E José, José, José
Rima bem com cambapé
Cambapé é uma rasteira
Igualzinha à tua asneira
Quiseste passá-la ao Botas,
Mas só achaste derrotas.
Apoiaste o reviralho,
Ó meu cara de trabalho,
Aumentaste a confusão,
Foste um doce pré traição.
Marcelo, mar de marmelo,
Marmelada de chinelo.
O chinó pré-contrabandista
Pré careca comunista.
Mais vale sê-lo, mais sê-lo
Que parecê-lo, Marcelo!
E tu, tens de cor velha,
Puseste a sala vermelha.
E selo, leva-o tu
Com pontapés no -ú-ú-ú
Sabes com que rima Alves?
Rima, Caetano, com talves.
Talves te espremas, marmelo,
Meu vento pífio amarelo.
Talves te sumas, ó Neves
Marcelo José das greves.
Talves te mirres, marmelo
Talves te rasgues, Marcelo,
Talves te cosas, ó Alves
Talves te escorras, talves,
Ó chupista ambicioso,
Ó presuroso inditoso,
Oportunista grevista,
O que tu queres é alpista.
Já te conhecem, Marcelo,
Melro de bico amarelo,
Ó candidato a chefinho,
Caneca de água com vinho.
Meu meias-tintas, bufão,
Catão-cotão, aldrabão.
Ó Neves, ó Neves, ó Neves
Dos graves modos, das greves,
Vê a asneira que cometes!
Não paras nessas retraites.
Tu vais caindo, caindo.
E vais aí ter! Que lindo!
Talves te desfaças todo,
A abrires-te desse modo.
Talves, talves, talves, talves.
Das Neves Marcelo Alves
Ó Alves José das Neves,
Alves Caetano das greves,
Marcelo Neves José
Lava a cara no bidé,
E onde hás-de lavá-la tu,
Ó Neves cara de Ubu?
Já te chamaram terrífico
Os que te chamam magnífico.
Hoje é a traição que te invoca,
Marcelo galinha choca.
Cacareja, à estudantada!
Que grande cacarejada!
Do arejo sai um odor
Cada vez pior, pior.
É cheiro russo e vermelho
E chamusco de chavelho.
É cheiro de foge o pé,
De escorregar, José,
De José Alves Marcelo,
E de foice com martelo,
De José Alves Caetano
De ratazana de cano
De Caetano Alves das Neves,
Dos passos falsos e breves,
Das breves podres carreiras,
Das moscas e das asneiras.
Carreiras ou correrias
Pra nos trazer porcarias,
Pra nos trazer – o doutor! –
Este cheirete, este odor.
Ó Caetano Alves das Neves,
Marcelo José das greves,
Das Neves Alves Caetano,
Ó Alves José do engano,
Marcelo, burro com sela,
Tóchinha, pequena vela,
Toucinho, magro presunto!
Marcelo cheira a defunto,
Marcelo cheira a grevista,
Cheira a peste, cheira a pista.
Depois de posta mamada,
Pões as mamas de criada,
Vais servir o comunismo,
Marcelo José Cinismo,
Marcelo José Compota,
Meu marmelada, anedota.
Pata, pita, peta, pé,
Marcelo Alves José,
Marcelo José Caetano,
Caetano José marçano,
Tanto importa, tanto faz,
Dito da frente pra trás,
Dito de trás pra diante,
É sempre o mesmo tratante.
Caetano José das Neves,
Castanha chulé das greves,
Alves Caetano Marcelo,
Alças de pano de adelo,
Das Neves Alves Caetano,
Comes-e-bebes, tutano,
Tétano, Alves e Calvos,
Marcelo, mas de papalvos,
Marcelo, chá de macela,
Macela, massa, mistela,
Maçudo, um, mamarracho,
Maço, mula, mala, tacho,
Alves Caetano das Neves,
José Marcelo das greves,
Marcelo Caetano Alves,
Talves que te sumas, talves.

Tomaz de Figueiredo e Goulart Nogueira.

3 comentários:

Anónimo disse...

Bravo, Camarada Nonas!
Excelente Manifesto Anti-Marcello Caetano.

LMR disse...

Olá, estou a estudar a obra de Tomaz de Figueiredo e desconhecia este poema, não está na Poesia da INCM.

Onde o obteve?

Cumprimentos,
Luís

nonas disse...

O poema estava no espólio de Goulart Nogueira e nunca foi publicado.
Segundo sei poderá ser publicado numa antologia que será editada em Março sobre Goulart Nogueira no quinto aniversário da sua morte.