29.6.10

Eng. Francisco Ferro - Presente!

Francisco Ferro – Presente!
02.12.1924 – 25.06.2010

Voz amiga e comovida comunica-me que o meu amigo Eng. Francisco Jesuíno da Silva Ferro morreu hoje à tarde.
Conheci-o no 50.º aniversário da morte de Alfredo Pimenta, na Sociedade Histórica da Independência de Portugal, levada a cabo a 29 de Novembro de 2000, em Lisboa, onde marcou presença dado ser um pimentiano. Foi-me rapidamente apresentado por Rodrigo Emílio, na sala, pois Rodrigo iria palestrar com António José de Brito, António Manuel Couto Viana, Carlos Eduardo Soveral, Ruy Alvim e Pinharanda Gomes.
Finda homenagem, organizada pelo Prof. António José de Brito, Rodrigo Emílio e eu entabulámos uma interessante conversa à porta do Palácio da Independência interrompida pela necessidade de Francisco Ferro ir para casa. Rodrigo Emílio, apresentou-me ali mesmo e a nossa primeira conversa remeteu-o para a sua juventude alentejana em Cuba e a sua chegada a Lisboa para a vida universitária.
Voltei a revê-lo no I Congresso Nacionalista, em 2001, no qual o Eng. Francisco Ferro tomou a palavra e teve a gentileza e nobreza de gesto e de atitude a determinado trecho do texto que havia preparado para o Congresso, e ao abordar a influência do Mestre Alfredo Pimenta no pensamento nacionalista português, fez uma surpreendente menção honrosa e exagerada ao meu trabalho sobre este Mestre da Portugalidade como que avalizando-me como pessoa credível, no auditório do congresso.
A partir desse momento, uma amizade de dez anos ficou selada e recordo-me grato das suas palavras de apoio.
Não esqueço as suas palavras sobre o texto da minha autoria a respeito de Carlos Eduardo de Soveral n`O Diabo, as homenagens ao Rodrigo Emílio, onde sempre esteve e palestrou com “Rodrigo Emílio – Testemunho sem pretensões” na segunda homenagem levada a cabo no Salão Nobre da Sociedade Histórica da Independência de Portugal bem como não faltou aos lançamentos dos livros póstumos de Rodrigo Emílio, “Pequeno Presépio de Poemas de Natal” (2005) e “Matando a sede nas fontes de Fátima” (2006). Além disso, a morte de Rodrigo Emílio provocou-lhe um grande pesar que são testemunhados com o poema e a evocação dedicados ao grande poeta falecido.
Ainda na passada quarta-feira, telefonou-me a dar os parabéns pel`”As minhas memórias de Couto Viana” bem como me pediu para enviar abraço ao Prof. António José de Brito pela sua evocação a Couto Viana e pela coragem do texto, aproveitando eu para lhe dar as últimas novidades sobre Couto Viana, os textos editados e o comunicado do Movimento de Oposição Nacional, “A hipocrisia abjecta da esquerda burguesa e os seus comissários político-culturais” que muito satisfeito o deixou pelo seu teor.
Vezes sem conta nos telefonávamos onde riamos a bandeiras despregadas sobre o caos que nos cerca e irónicamente, preparava-me hoje para o convidar a ir no Domingo, ao Museu Nacional de Arte Antiga, ver as Tapeçarias de Pastrana e ouvir a douta opinião do meu amigo e camarada Humberto Nuno de Oliveira sobre as mesmas quando recebi a brutal notícia.
25.06.2010
Postais do Eng. Ferro:
Homenagem a Rodrigo Emílio
Na verdade, não sei onde estás.
Talvez no céu, desejo que no céu,
Longe deste País sem lei e sem paz
Onde tudo é escuro, escuro como breu.

A Pátria onde nasceste só te deu
O pão amargo da ofensa e dor.
Mas aqui ninguém nunca te esqueceu
E muitos sabemos teus versos de cor.

Quem sabe se Deus, quando te levou,
Quisesse livrar-te do que se passou
Depois da noite infeliz da abrilada;

E eu sinto que aí, nessas alturas
Nas quais só há pureza e não loucuras
Tu podes adivinhar a madrugada.
Francisco Ferro
(Nas vésperas do 10 de Junho de 2004)

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