16.6.10

Soneto agonizante de despedida, poema de Bruno Oliveira Santos

Soneto agudizante de despedida

Morreu por não saber vestir a pele
De português perdido à beira-mar
Morreu! E até parece que com ele
Vai toda a poesia a enterrar

Morreu por não haver já quem anele
Os gestos de uma gesta secular
Morreu! Para que a Pátria Exausta o vele
Mais do que as rosas velhas a murchar

Assim o centenário sem proveito
Da funda e falsa fé republicana
Não lhe irá macerar o nobre peito

O seu legado é obra sobre-humana
E o nome um decassílabo perfeito:
António Manuel Couto Viana.

Bruno Oliveira Santos
(10.06.2010)
In jornal O Diabo, p. 8, 15.06.2010

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