Do meu bom Amigo, Sr. Eng. Francisco Ferro recebi mais um texto que tenho o prazer e a honra de publicar.
O REGRESSO DE UM GRANDE SENHOR
“A ninguém melhor se pode aplicar a máxima de Goethe:
sem pressa e sem pausa, como as estrelas”.
Eugénio Montes
sem pressa e sem pausa, como as estrelas”.
Eugénio Montes
1. A RTP teve a peregrina ideia de realizar em Portugal o concurso “GRANDES PORTUGUESES”, destinado a apurar o maior português de sempre, à semelhança do que fora feito em Inglaterra, França, Alemanha e Estados Unidos da América. O referido concurso, copiado de um formato da BBC, é um disparate completo: só se comparam grandezas da mesma espécie e é impossível estabelecer comparações entre o maior político e o maior pintor, entre o melhor poeta e o melhor futebolista, entre o maior chefe militar e um capitão de Abril, entre um português fiel ao nosso destino histórico e um boiardo local de um czar vermelho, mesmo que nascido neste torrão sagrado. Aberta a votação a todos, o resultado seria, como foi, imprevisível e, sobretudo, capaz de acender reacções descontroladas.
Em segundo lugar, a RTP escolheu para pivot do programa a D. Maria Elisa (que conheço muito bem) e cujo percurso político não pode ser considerado como aceitável, dada a sua falta de imparcialidade, de isenção e de distanciamento face aos acontecimentos que comenta. Por fim, os democratas só chamam “eleições livres” às que elegem um democrata: quando se elege Hitler, as eleições não valem ou são falseadas, como quando se elege Peron, ou Le Pen, ou outros mais. Neste contexto, o concurso só podia ser um desastre para quem o congeminou e por uma razão simples: apesar de 33 anos de estupidificação democrática, o povo português ainda conserva alguns valores e nem sempre se deixa enganar.
Só mais uma nota. A escolha dos “defensores” dos dez mais votados obedeceu a critérios surrealistas: quem é a D. Leonor Pinhão e que atributos possui para defender Afonso Henriques? Quem é a D. Ana Gomes para defender Vasco da Gama? Quem é a D. Odete, símbolo supremo do histerismo soviético e da insuperável falta de elegância no aspecto verbal, sem falar noutros menos importantes, para defender o Dr. Cunhal, servidor complacente durante décadas dos interesses de uma potências estrangeira? Quem é a D. Clara, protagonista do programa imbecil “O eixo do mal”, para assegurar a defesa inteligente de Fernando Pessoa? Quem é, e o que fez em estudos históricos, o senhor Gonçalo Cadilhe? Quem é aquele personagem que defendeu Camões? No rol desta lista “democrática” salvam-se Rosado Fernandes e Jaime Nogueira Pinto: esses, ao menos, sabiam do que estavam a falar, fossem quais fossem as suas evoluções ideológicas.
2. Tendo em conta o que disse antes, a RTP estava em maus lençóis: primeiro, tentou afastar Salazar do concurso e acabou por admiti-lo depois de pressões de vária ordem; em seguida, resolveu fazer uma segunda volta, porque Salazar tinha ganho a votação de modo expressivo; em desespero de causa, ao verificar que Salazar comandava as votações, encomendou uma sondagem para ver se conseguia evitar a vitória do “ditador” e preparou uma “Grande Gala” para celebrar o triunfo de um democrata (entenda-se um anti-salazarista), já que a vitória de Cunhal não lhe causava quaisquer engulhos. Não tinha sido Cunhal o maior adversário de Salazar? O que era necessário, o que era imperioso, reduzia-se a um simples facto: Salazar não podia ganhar.
3. Preparado cuidadosamente o cenário, confiante nos ardores democráticos do “povo soberano”, a RTP realizou a “Gala”. Foi um fiasco. A grande maioria dos “advogados”, em vez de defender o seu constituinte, apostou no insulto a Salazar. Milhares de chamadas chegaram à televisão e, algo perturbada, Maria Elisa dizia que tudo estava em aberto. Perdeu mesmo a cabeça quando perguntou a Jaime Nogueira Pinto se as fraquezas de Salazar tinham sido a censura e a polícia política; serenamente, J.N.P. respondeu: mas quem é que diz qual foi a maior fraqueza de Salazar: a senhora, ou eu? O rosto de Elisa toldou-se repentinamente, porque acabava de ser desmascarada e, implicitamente, condenada pela sua conduta ao longo do concurso. Edificante.
Por fim, chegaram os resultados. Salazar ganhara e esmagadoramente. O ambiente tornou-se uma espécie de velório: a vitória do mestre de Coimbra era a derrota do 25 de Abril, dos seus renegados, dos seus assaltantes e dos seus vigaristas: os que entregaram o Ultramar ao imperialismo soviético, os que roubaram bancos e casas e empresas, os que tornaram a Nação um espaço de acção para corruptos e incompetentes. Odete estava á beira de um badagaio (era o fascismo que voltava…) e até o Jaime teve de dizer que não se tratava de nenhuma tragédia.
4. Chegados aqui, ocorre pensar porque ganhou Salazar. Foi um voto de protesto, como afirmou Rosado Fernandes? Em parte, talvez: o país que temos, onde as crianças vão nascer a Badajoz ou na A14, onde se encerram escolas e urgências, onde se desertifica o interior, onde se permite que Bruxelas destrua a agricultura e as pescas, onde a obsessão do défice nos encaminha para um estado policial, não nos permite grandes alegrias nem elas virão com a Ota que temos que pagar. A vitória de Salazar foi, acima de tudo, a vitória de alguém que tinha uma política, um projecto para Portugal, o desígnio irrenunciável de nos manter livres e soberanos, de pé diante das adversidades, frente aos poderosos que nos queriam domesticar, tendo na alma um sentido de História e de passado que o obrigava a não ceder. Como se diz no blogue “Combustões”, “Salazar voltou para reocupar o seu lugar na memória colectiva”. E é reconfortante para mim, que estou na fase final da vida, saber que ele continua vivo e assim permanecerá enquanto houver portugueses.
Francisco Ferro
27 de Março de 2007
(véspera do aniversário da morte de Rodrigo Emílio)
27 de Março de 2007
(véspera do aniversário da morte de Rodrigo Emílio)
4 comentários:
Bonito texto!
Texto muito esclarecedor de todo o ambiente vivido pelo então "Passatempo"!
Parabéns Eng. Francisco Ferro!
Caro Vitório Rosário Cardoso, para quando mais participações no Jornal da minha Terra?
Já leu a última edição.. em que o Dr. Abel Matos Santos assina um artigo intitulado "O Povo não é Estúpido!" em duas páginas dedicadas aos Grandes Portugueses?
Forte Abraço
http://www.resistente.org/portal/news.php
Aplausos sem conta para o Eng. Francisco Ferro. Uma beleza de texto, na forma e no conteúdo.
Cumpts.
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