16.4.07

Algumas Notas sobre Aristides de Sousa Mendes


Aristides de Sousa Mendes

Algumas Notas


Num memorandum da Embaixada Britânica, datado de 20/6/40, diz-se:
«O cônsul de Portugal em Bordéus protela para fora das horas de expediente todos os pedidos de vistos, e cobra por eles taxas extraordinárias. Pelo menos, num caso foi ainda o interessado convidado a contribuir para um fundo português de caridade antes de ser-lhe concedido visto».

Processo

Despacho de Salazar preparado pelo Secretário Geral:
«Atendendo a que às infracções cometidas, não tendo em consideração a reincidência, cabe a pena do n.º 8 do artigo 6.º do Regulamento Disciplinar:
Atendendo a que do relatório consta “e o Conselho reconhece a incapacidade profissional do arguido para dirigir consulados, especialmente os da sua categoria”;
Condena o cônsul de 1.ª classe, Aristides de Sousa Mendes, na pena de um ano de inactividade com direito a metade do vencimento de categoria, devendo em seguida ser aposentado.

Lisboa, 30 de Outubro de 1940
a) Salazar


Imputadas Faltas (Desde Novembro de 1939 a fins de Junho de 1940):
a) desobediência
b) falsificação de escrita
c) abandono do lugar
d) concessão (imputação do Embaixador Britânico, de 20/6/40)
e) vistos a austríacos, espanhóis, luxemburgueses e polacos.
Atribuiu falsamente a nacionalidade portuguesa ao casal Miny, em 30/5/40.

Em 18 e 19/6/40 vai a Bayone impondo ao cônsul ali a concessão de «vistos», quer de trânsito quer de residência, indepentemente de consulta.
Como o cônsul Faria Machado objectasse, afirmou-lhe, falsamente, que recebera instruções nesse sentido e que fora a Bayone expressamente para lhas comunicar.

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Já assim procedera em Novembro de 1939, quando ainda não havia êxodo de França, o qual só começou em Maio/Junho de 1940.

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Não propôs à Secretaria de Estado mudanças das instruções com que depois disse não concordar, nem mudança de posto.

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Justificou a falsificação da identidade dos Miny com humanitarismo.

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Era já o 4.º processo disciplinar de Aristides (1935, por declarações públicas; de novo em 1935, por irregularidades na contabilidade consular; em 1938, ausentou-se do seu posto na Bélgica e veio a Portugal sem autorização quer da Legação em Bruxelas quer de Lisboa; e ainda outro que foi instruído pelo Dr. Francisco António Correia.

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De 1937 a 1939, consta uma extensa lista de repreensões e censuras. Já em 1917 fora repreendido por se ausentar de Zanzibar.

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O Conselho Disciplinar do MNE propôs a pena de regresso à categoria anterior (cônsul de 2.ª classe), prevista no n.º 9 do artigo 6.º do Regulamento Disciplinar dos F. Civis.
O S. Geral (Teixeira de Sampaio) entendeu diferente. Salazar, dentro dos seus poderes, despachou a proposta do S. Geral (muito mais benigna).
Isto fez que Sousa Mendes morresse aguardando aposentação, recebendo, depois do ano de inactividade, o seu vencimento por inteiro, como se verifica da declaração que apresentou à Ordem dos Advogados em 25 de Abril de 1946 (1.595.$30) num requerimento que então lhe dirigiu.

In «O Diabo», n.º 1579, 03.04.2007, pág. 7


3 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado Camarada.
Não consegui encontrar o jornal, onde o procurei estava esgotado!

Saudações Nacionalistas.

Pedro Botelho disse...

Continue a afixar estas pérolas de história oculta. Cada uma delas vale 1000 dissertações ideológicas, daquelas que passam de moda todos os trinta anos...

Xavier Reis disse...

Chegou a altura de desmascarar o mito Sousa Mendes. Ja o estao a fazer com livros, testemunhos e documentos, ainda que foram propositadamente feitio desparecer importantes documentos do 5o. processo disciplinar -Aristides tive 5 processos disciplinares na carreira consular que era a sua, nunca a diplomatica,. E os milhares de contos/euros dados pelo estado portugues, isto e, todos nos contribuintes aos herdeiros de Aristides ? Onde ha dinheiro ha logo dissidencias e lutas - assim mais tarde ou mais cedo serao os proprios descendentes a vir trazer a verdade ao de cima.
Mas uma nota - Salazar discordando do parecer do Conselho do M.N.E. decretou uma pena mais leve a Aristides : passagem a disponibilidade fora do servico aguardando aposentacao. Assim Dresden 1940 ate 1954, data da morte de Aristides este recebeu por interior o vencimento que lhe pertencia como Consul de 1a. classe, com os aumentos devidos ao longo dos anos. Nao morreu na miseria ate porque recebeu avultadas so as de "quem quis salvar" vid comunicacao autoridades diplomaticas inglesas para M.N.E. de Lisboa. Porem com uma familia tao numerosa - 12 filhos vivas, uma amante e uma filha desta relacao legitimada pelo casamento dos pais apos Aristides ter enviuvado, devel ter tido dificuldades financeiras.
Podem lobbys judeus e clique portuguesa anti-salazarista insistir na falsidade mas ja passou o tempo de nela se acreditar. La se foi, porem, uma Gra-Cruz da Ordem de Cristo (nada mais) e muitos milhares de contos/euros para os netos de Aristides que ja se guerreiam pelo dinheiro. Pudera! Xavier Reis