14.2.07

Dresden – o crime de guerra mais infame

Dresden, Fevereiro de 1945
Ainda que todas as cidades alemãs de alguma importância tivessem sido profusamente bombardeadas, cabe fazer uma menção especial aos bombardeamentos de Berlim e, sobretudo de Hamburgo, em 25 de Julho e 3 de Agosto de 1943. Os ataques contra os bairros residenciais da capital hanseática tiveram lugar de noite, com uma sanha nunca antes igualada. No entanto, todos os records da violência gratuita foram batidos – e largamente – no bombardeamento de Dresden, levado a cabo durante a noite de 13 para 14 de Fevereiro de 1945. Essa foi a acção bélica mais sangrenta de quantas foram perpetradas em toda a história do mundo contra uma população civil. Desdren, que se encontrava a uns 115 quilómetros das linhas da frente germano-russas, e aonde tinham chegado mais de meio milhão de refugiados, velhos, mulheres e crianças, era uma cidade aberta. Não havia ali quartéis, fábricas de armamento ou objectivos militares de qualquer espécie. Em contrapartida, havia numerosos hospitais com cruzes vermelhas enormes pintadas nos telhados.
Na manhã de 13 de Fevereiro, 35 aviões ingleses de reconhecimento voaram sobre Dresden e tiraram inúmeras fotografias sem serem minimamente inquietados pela Luftwaffe (que, aliás, se encontrava nas linhas da frente) nem por defesas anti-aéreas, inexistentes numa cidade residencial cuja única indústria era a cerâmica. À noite, 800 bombardeiros da RAF lançaram sobre a cidade indefesa abarrotada de refugiados uma chuva de bombas explosivas e incendiárias. Ao amanhecer do dia seguinte, uma segunda onda de bombardeiros descarregou outro dilúvio de fogo. Houve, mais tarde, mais 1.200 tetramotores acabaram de macerar a cidade destruída avivando a horrosa pira com bidons de fósforo e petróleo.
No total, foram lançadas sobre Dresden 10.000 bombas explosivas, centenas de bombas de fragmentação, 650.000 bombas incendiárias e 15.000 bidons de fósforo e petróleo de 100 litros cada um. O escritor inglês F. J. P. Veale diz: “Para dar uma impressão mais dramática no meio do horror geral, as feras do Jardim Zoológico, alucinadas com o barulho e o clarão das explosões, escaparam-se. Conta-se que estes animais, assim como grupos de refugiados, foram metralhados por aviões de caça em voo rasante quando tentavam escapar através de Gross Park. Nesse parque foram encontrados depois muitos corpos de pessoas e animais crivados de balas… Para evitar as epidemias causadas pelos cadáveres em decomposição, houve que organizar gigantescas piras que consumiam cada uma 5.000 corpos ou pedaços de corpos. A espantosa tarefa prolongou-se durante várias semanas. Os cálculos do número total de vítimas desse bombardeamento descomunal variam muito. Alguns elevam a cifra a um quarto de milhão. Pessoalmente, sentimo-nos inclinados a concordar com este cálculo.”

Irving não se atreve a apresentar números, ainda que seja de opinião que deve ter atingido 235.000 mortos. O número de feridos, obviamente, deve ter sido, pelo menos, o dobro. Numa palavra, o crime gratuito de Dresden custou mais mortos que as duas bombas atómicas sobre Hiroshima e Nagasaki. F. J. P. Veale diz a este respeito: “Para a mente secular, o melhor, talvez, que pode dizer-se do lançamento da primeira bomba atómica é que a morte caiu literalmente do céu azul sobre a cidade condenada. O que aconteceu ali é, em todo o caso, menos perturbador do que o que acontecera meses antes em Dresden, quando uma grande massa de mulheres e crianças sem lar se pôs a caminho até lá, correndo enlouquecida por uma cidade desconhecida em busca de lugar seguro, no meio das explosões de bombas, de fósforo ardente, no meio das explosões de bombas, de fósforo ardente e de edifícios que se desmoronavam.” O Comodoro Leslie MacLean, num livro escrito depois da guerra e em que procurou justificar os chamados bombardeamentos estratégicos, censurou abertamente o Estado Maior da RAF que “…se afastou da sua antiga tradição, abandonando os últimos restos de humanidade e cavalheirismo em troca de nada… pois o ataque terrorista aéreo foi um fracasso do ponto de vista militar, já que a nação apesar de ter sofrido bombardeamentos numa escala nunca imaginada, não se vergou ao peso de tão horrível castigo.”
Os americanos aproveitaram o exemplo dos ingleses com o bombardeamento de Dresden e “…no dia seguinte ao ataque brutal, os americanos atacaram Chemnitz. Desta vez nem tentaram camuflar o objectivo do ataque. Curiosamente, ainda que em Chemnitz houvesse uma fábrica de carros blindados, várias fábricas têxteis de fabrico de uniformes passaram a ordem seguinte às esquadrilhas americanas: “Esta noite o objectivo será Chemnitz. Ireis ali para atacar os refugiados que estão a chegar depois do ataque a Dresden da noite passada. O vosso propósito é acabar com todos os que conseguiram escapar ao fogo de Dresden. Levareis o mesmo carregamento de bombas, e, se o ataque desta noite tiver o mesmo êxito do da noite passada não voltareis a realizar incursões na frente russa.”
E acrescentaria Irving: “A ferocidade do raid da aviação estratégica americana durante toda a jornada de 14 de Fevereiro, finalmente, pôs de joelhos a população civil… Mas não foram as bombas que desmoralizaram os habitantes, foram os aviões de caça Mustang que, descendo subitamente sobre a cidade, abriram fogo sobre tudo o que mexia.”

Parece odioso dizê-lo, e não obstante, tem que ser dito: nenhum dos responsáveis deste crime macabro e horrendo foram algum dia processados por crimes de guerra!...

In Último Reduto, n.º 14, pág. 17.

Sir Winston Churchill

Estátua em honra de Sir Arthur "Bomber" Harris

4 comentários:

Anónimo disse...

THE GERMANICS FORGET THAT IN BRASIL WOMEN AND MEN WITH ALEMANHA.
BUT IT ISN'T BUILDING WITH STRONG "ALIANÇA" BECAUSE ALEMANHA NO CREDIT IN BRASIL. EXAMPLE: BRASILIANS NO LIKE BRITANIC PEOPLES . GERMANIC NO LIKE BRITANIC PEOPLES. BRASILIAN'S PEOPLE NO LIKE USA PERSONS . GERMANIC NO LIKE USA PERSONS. OK .
ALEMANHA AND BRASIL NECESSITED BUILDING ONE STRONG "ALIANÇA" .

Anónimo disse...

BRASIL E ALEMANHA TÊM QUE CONSTRUIR UMA ALIANÇA DURADOURA .
QUE SE ESTABELEÇA NÃO SÓ NO COMERCIO, MAS NA CIÊNCIA , NA POLÍTICA E NA GUERRA. OS ALEMÃES SE ESQUECEM QUE O PAÍS MAIS ALEMÃO DO MUNDO APÓS A ALEMANHA É O BRASIL.
E COM TODOS OS ASPECTOS POSITIVOS ENTRE AS NAÇÕES GERMANICA E BRASILEIRA , OS ALEMÃES TÊM QUE ACREDITAR E FOMENTAR ALIANÇAS COM O BRASIL. NEM APÓS A IIª GUERRA MUNDIAL OS ALEMÃES PERDEREAM A SIMPATIA DOS BRASILEIROS. E ACREDITEM HOJE QUE OS EUA E INGLATERRA AMEAÇARAM GETÚLIO VARGAS A ENTRAR NA GUERRA . EXISTE UM LIVRO QUE DIZ QUE APÓS VENCEREM A GUERRA GETÚLIO (PRESIDENTE DO BRASIL Á ÉPOCA) FOI MORTO PELA CIA E PELO FBI . GETÚLIO NÃO TINHA MOTIVOS PARA SUICIDAR. PORTANTO OS BRASILEIROS QUEREM ESTAR SEMPRE AO LADO DOS GERMANICOS . E NO CASO DE "DESDREN" ESTAMOS E ESTAREMOS SEMPRE AO LADO DOS GERMANICOS .
MAS É PRECISO MAIOR INTEGRAÇÃO ENTRE BRASIL E ALEMANHA .

Anónimo disse...

OS ALEMÃES E JAPONESES PODEM CONTAR COM UMA TURMA GRANDE DE POVOS QUE NÃO GOSTAM TANTO DOS EUA COMO DA INGLATERRA. ARGENTINOS NÃO GOSTAM NEM DE FALAR DE INGLESES. NEM NO FUTEBOL NEM POLÍTICA NEM NADA. BRASIL IDEM. EUA NÃO PRECISA DIZER . A PASSAGEM DE BUSH PELA AMERICA DO SUL E AMERICA CENTRAL FALAM POR SI. CONTRA AS PROVAS NÃO HÁ O QUE SE ARGUMENTAR . O POVO LATINO NÃO GOSTA DOS EUA E INGLATERRA. E POR CONSEQUENCIA OS POVOS LATINOS GOSTAM DO JAPÃO E DA ALEMANHA. SÓ QUE AMBOS (JAPÃO E ALEMANHA) SÓ PENSAM NOS LATINOS APÓS SE DEREM MAL. ORA , EXIGE-SE UMA MAIOR INTEGRAÇÃO ENTRE JAPÃO ALEMANHA E OS PAÍSES LATINOS DA AMÉRICA DO SUL E CENTRAL. AGUARDAMOS ISTO HÁ ANOS. ESTA LACUNA QUE EXISTE HÁ SECULOS NÃO ESTÁ SENDO APROVEITADA POR JAPÃO E ALEMANHA. ESPERAMOS QUE JAPONESES E ALEMÃES CIENTES DOS FATOS , APROXIMEM MAIS DOS LATINOS DA AMERICA DO SUL E CENTRAL. NÃO É POSSÍVEL QUE NA ALEMANHA E NO JAPÃO ELES NÃO VEJAM ESTA LACUNA E APROVEITEM PARA FORTALECER ALIANÇAS. OU JAPONESES E ALEMANHAS VOTAM EM PARLAMENTARES CEGOS E BURROS ......

Helford disse...

Sou da opinião de que o bombardeamento de Dresden era totalmente desnecessário. Mais concretamente da cidade de Dresden, propriamente dita. A sua zona industrial estava muito bem definida e destacada do centro urbano. Com o grau de precisão de detecção de alvos estratégicos, que os aliados haviam aperfeiçoado ao longo da guerra, associado aos cada vez mais detalhados vôos de reconhecimento, era mais do que certo que eles conseguiriam fazer a descriminação necessária entre o tecido urbano e a cintura industrial situada para lá dos subúrbios.
Era verdade que, segundo se comprovou, Dresden não era um ponto central em termos de indústria de guerra. No entanto, a sua zona industrial, para além das fábricas de cerâmica, incluía um punhado de infra-estruturas industriais centradas à volta da óptica de precisão, que era uma peça fundamental para o esforço de guerra.
Mesmo assim, podia-se ter evitado a destruição de um centro urbano muito rico em património arquitectónico, que ombreava com muitas outras cidades, hoje consideradas Património da Humanidade.
Todavia, esta perspectiva, que eu partilho, só ganhou força a partir do final da 2ª Guerra Mundial, quando se fez uma avaliação mais precisa da imensidão dos estragos e das perdas humanas.
Naqueles meses finais da guerra, da parte das forças aliadas, o que importava era atingir o fim vitorioso o mais rápido possível - "a todo o custo". Desta forma, valia tudo o que fosse possível para pôr a Alemanha (então nazi) de rastos. Além do mais, esta estava no mais baixo grau de consideração, da parte da maioria das nações do Mundo, sobretudo a partir da descoberta e, sobretudo a confirmação, da existência dos infames campos de concentração. Não era fácil, nesse período concreto, sentir o mínimo de compaixão pelo povo germânico, sem se passar por "germanófilo".
Dominava o pensamento de que se devia desejar tudo de pior para a Alemanha e o povo alemão em geral. Por outro lado, havia uma sede de vingança da parte dos aliados,suportada pela imensidão de civis que haviam sofrido às mãos das forças germânicas, das mais variadas formas.
Mesmo as comunidades germânicas, que existiam espalhadas pela Europa, algumas já há várias gerações, acabaram por ser directamente visadas pelas represálias dos autóctones dos países onde eles se consideravam, durante a fase vitoriosa da guerra, "donos e senhores" e detentores de poderes e privilégios não permitidos ao resto da população não germânica ou, pelo menos, "não ariana".
Em termos de bombardeamentos em solo alemão, de facto, no período em que eles ocorreram, o que aconteceu em Dresden foi "apenas" uma acção injustificada, no topo de uma lista de outros alvos que foram visados durante o último meio ano de guerra (finais de 1944-Maio de 1945).
Todavia, a perspectiva de encarar estas acções, nunca foi unânime. Da parte de grande parte dos aliados, tanto militares, como civis, elas foram consideradas essenciais para a derrota da Alemanha. Não digo que fossem justas, mas todo o desenrolar e o crescendo de acontecimentos desde o começo do conflito haviam levado a que as coisas chegassem a este ponto.
Se se fizer um estudo exaustivo, em termos de bombardeamentos aéreos e seus resultados, a partir do Outono de 1944 e até ao final da guerra, verifica-se que muitos dos alvos destruídos, consistiam em povoações que, originalmente, não faziam parte do que se considerava "alvos prioritários". Uma das razões utilizadas na época para se justificar estes bombardeamentos, quase sem resposta da parte das defesas anti-aéreas, era a "falta de alvos importantes intactos"...
Dá que pensar, não?