«EM MEMÓRIA DO HERÓI SILENCIADO
A prisão, durante quase meio século, de Rudolf Hess, colaborador e, mesmo, delfim do Führer do III Reich alemão, cujo crime foi tentar negociar em Inglaterra uma paz honrosa para a Europa, demonstra bem a ferocidade dos vencedores da II Guerra Mundial.
Voou, sozinho, em plena guerra, para a Grã-Bretanha, onde tinha amigos e era aguardado, com esperança, por algumas grandes figuras locais, para tentar um entendimento europeu. Não estava convencido de que a liquidação, sofismada, do rei Eduardo VIII era — como foi — o indício da completa vitória dos partidários da guerra, simbolizados por Winston Churchill, o qual findo o conflito, perante muitos milhões de mortos, foi capaz de escrever: «We have killed the wrong pig», referindo-se ao Chanceler Adolf Hitler. Recebeu, evidentemente, o prémio Nobel...
A recente morte de Hess, legendário protagonista de um importante acontecimento, apresentada — falsamente — como suicídio, não conseguiu os intentos de diminuir a sua grande figura. Não a poderão apagar da História. E o verdadeiro condicionalismo da sua viagem a Inglaterra, bem como as circunstâncias da sua morte, acabarão por ser conhecidos um dia.
Quisemos trazer, aqui, hoje, algumas poucas palavras de homenagem à memória do Herói, duplamente silenciado — pela prisão e pela morte — personificação de uma heroicidade aparentemente vã.
Mas o heroísmo nunca é vão, e disso também se deve dar testemunho.
Caetano Beirão.»
In «Último Reduto», n. 8, Ano VI, Maio de 1988.
In «Último Reduto», n. 8, Ano VI, Maio de 1988.
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