10.8.07

Amândio César: 20 anos de saudade

Pequena evocação e justa homenagem de um dos amigos de Amândio César: o Dr. João Barroso da Fonte, director do jornal Poetas&Trovadores e da revista Gil Vicente.

«AMÂNDIO CÉSAR: 20 ANOS DE SAUDADE

Nasceu nos Arcos de Valdevez em 12 de Julho de 1921. Foi um dos mais lúcidos intelectuais da sua geração, como Poeta, Escritor e Jornalista, para além de Professor de carreira brilhante, após formatura em Ciências Histórico/Filosóficas na Universidade de Coimbra.Foi redactor do Diário Ilustrado, comentador da Televisão, crítico literário. Esteve ligado ao Diário Popular, ao Debate, à Rua, à Tribuna, à Emissora Nacional, à revista Resistência, ao Mundo, etc.
Escreveu dezenas de volumes, em prosa e verso, destacando-se “Parágrafos de Literatura Ultramarina” e “Novos Parágrafos de Literatura Ultramarina”, onde compendiou dezenas de autores que ainda hoje pontificam entre os melhores da cultura portuguesa.
Em 1975, em pleno Verão quente, teve de exilar-se em Vigo, Madrid e, mais tarde, no Brasil, onde viveu dificuldades financeiras e a ausência da Família e dos Amigos. No regresso publicou “País em Fuga – Poemas de um tempo que foi”, onde reflecte essa angústia e ingratidão nacional. Gastou a vida a cantar Portugal e os Portugueses que tão desprezivelmente o trataram.
Faleceu em Lisboa, em 10 de Agosto de 1987, com 67 anos de vida.
José Moreira, um dos seus maiores Amigos e confidentes, que em Braga dirigia a Pax e que sempre soube respeitar os valores que definem a natureza humana, assim como Couto Viana e os próprios filhos, com a colaboração, com a colaboração da Câmara Municipal dos Arcos de Valdevez, elaboraram um álbum biográfico, onde se reúnem elementos que transmitem às futuras gerações o que foi este Homem que hoje invocamos, a propósito dos 20 anos da sua morte. À sua beira, muitos dos heróis da modernidade que diariamente nos fazem rir de vergonha, não valem um chavo. Os media silenciaram, despoticamente, uma das vozes mais lúcidas da segunda metade do século XX.
O director de Poetas&Trovadores, que com ele tanto aprendeu ao longo de cerca de trinta anos de convivência literária (possuindo dele boa meia centena de cartas inéditas), expressa-lhe, aqui e agora, esta justa homenagem.

Barroso da Fonte»

In jornal Poetas&Trovadores, n.º 41, Abril/Junho de 2007, pág. 3.

1 comentário:

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Saudações.
Transcrevendo hoje uns manuscritos autobiográficos do professor José Vitorino de Pina Martins vejo que ele destaca na sua época de estudante a amizade que viveu com Amândio César, caracterizando-o como «um espírito torrencial e entusiástico, um pouco indisciplinado e temperamental», e «que era profundamente religioso. Viria a ser jornalista de talento»... Apenas um contributo....