«... O Sufrágio universal é condenável porque, por definição, é uma mentira.
Não há eleições honradas; não há eleições perfeitas; não há eleições que traduzam a realidade das coisas. O Sufrágio é a autoridade do Número, é o Despotismo da Quantidade e o Governo da Massa contra a élite, da base da Pirâmide contra o vértice. O Sufrágio é o governo dos soldados contra o general em chefe, dos Católicos contra o Papa. O Sufrágio é a inversão da Ordem.»
«... Ora precisamente o Sufrágio é a autoridade atribuída ao Número.»(1)
«... Há um século que vivemos duma mentira, numa mentira, e para uma mentira. Tudo quanto neste País desde 1820 até à data, com excepção, portanto, do período miguelista, se tem feito sob os auspícios do Sufrágio, da soberania popular, tem sido uma mistificação completa, em que todos têm sido cúmplices, uns por virtude de ilusões mentais, outros por velhacaria e interesse particular.»(2)
«...Todos estão de acordo no reconhecimento da excelência do Sufrágio, no poder mirífico do Sufrágio. O taumaturgismo do Voto, do Papelinho, da Urna, da Vontade popular encadeou toda a gente, e nunca vi atitude tão unanime, como esta das várias matizes da celebrada Opinião pública diante da divindade da Eleição!
...Eu rejeito o Sufrágio universal in limine. Ele não dá legitimidade nem às Repúblicas, nem às Monarquias. Nem ao Papado. É um processo essencialmente revolucionário, anti-natural, contra a Ordem, contra todo o Direito natural, contra as normas mais elementares da Vida. O direito que ele cria, a legitimidade que ele cria são puras convenções, são meros artifícios, com o valor que têm todos os artifícios e todas as convenções. A maioria, em si, só porque o é, não cria verdade, nem justiça, nem direito. O mundo inteiro contra Jesus, vence Jesus, mas não o convence. Podem mil juntas médicas declarar que um tuberculoso o não é; nem por isso, conforme a opinião de um só médico, ele deixa de ser tuberculoso. Pode a hierarquia dos tribunais declarar criminoso o inocente, será inocente, embora condenado à morte.
O poder da maioria é a mais torpe das tiranias. Prefiro mil vezes a tirania do tirano: porque individual, responsável, localizável, sempre passível de modificação.
O poder da maioria é anónimo, invisível, irresponsável. Escapa, foge, exime-se de toda a sanção. É um número, não é uma pessoa; é uma força oculta que só se conhece pelos resultados. Onde está? Ninguém sabe. Quem a representa? Ignora-se.
O Sufrágio universal só me serve para o combater. Nunca - para o aconselhar, preconizar, defender ou justificar.
Repito: se sinceramente, puramente exercido, é a instabilidade permanente, é a anarquia em plena efervescência; se condicionado, enquadrado, preparado, artificializado, é a falsificação. Se condeno a anarquia na vida dos Estados, das Autarquias, das Famílias, dos homens, não condeno menos as mistificações.
O «grande dever» não é votar. O «grande dever», o primeiro de todos os deveres, o único verdadeiro dever social ou cívico, é trabalhar, pôr em exercício todas as nossas faculdades, todas as nossas actividades ao serviço do Bem Comum.
O «grande dever» não é votar. O «grande dever» é restabelecer, na vida dos Estados, o Direito natural, onde o Sufrágio universal não existe. E o «grande dever» dos governantes consiste em não sujeitar os povos que dirigem às superstições que ensandecem...»(3)
Não há eleições honradas; não há eleições perfeitas; não há eleições que traduzam a realidade das coisas. O Sufrágio é a autoridade do Número, é o Despotismo da Quantidade e o Governo da Massa contra a élite, da base da Pirâmide contra o vértice. O Sufrágio é o governo dos soldados contra o general em chefe, dos Católicos contra o Papa. O Sufrágio é a inversão da Ordem.»
«... Ora precisamente o Sufrágio é a autoridade atribuída ao Número.»(1)
«... Há um século que vivemos duma mentira, numa mentira, e para uma mentira. Tudo quanto neste País desde 1820 até à data, com excepção, portanto, do período miguelista, se tem feito sob os auspícios do Sufrágio, da soberania popular, tem sido uma mistificação completa, em que todos têm sido cúmplices, uns por virtude de ilusões mentais, outros por velhacaria e interesse particular.»(2)
«...Todos estão de acordo no reconhecimento da excelência do Sufrágio, no poder mirífico do Sufrágio. O taumaturgismo do Voto, do Papelinho, da Urna, da Vontade popular encadeou toda a gente, e nunca vi atitude tão unanime, como esta das várias matizes da celebrada Opinião pública diante da divindade da Eleição!
...Eu rejeito o Sufrágio universal in limine. Ele não dá legitimidade nem às Repúblicas, nem às Monarquias. Nem ao Papado. É um processo essencialmente revolucionário, anti-natural, contra a Ordem, contra todo o Direito natural, contra as normas mais elementares da Vida. O direito que ele cria, a legitimidade que ele cria são puras convenções, são meros artifícios, com o valor que têm todos os artifícios e todas as convenções. A maioria, em si, só porque o é, não cria verdade, nem justiça, nem direito. O mundo inteiro contra Jesus, vence Jesus, mas não o convence. Podem mil juntas médicas declarar que um tuberculoso o não é; nem por isso, conforme a opinião de um só médico, ele deixa de ser tuberculoso. Pode a hierarquia dos tribunais declarar criminoso o inocente, será inocente, embora condenado à morte.
O poder da maioria é a mais torpe das tiranias. Prefiro mil vezes a tirania do tirano: porque individual, responsável, localizável, sempre passível de modificação.
O poder da maioria é anónimo, invisível, irresponsável. Escapa, foge, exime-se de toda a sanção. É um número, não é uma pessoa; é uma força oculta que só se conhece pelos resultados. Onde está? Ninguém sabe. Quem a representa? Ignora-se.
O Sufrágio universal só me serve para o combater. Nunca - para o aconselhar, preconizar, defender ou justificar.
Repito: se sinceramente, puramente exercido, é a instabilidade permanente, é a anarquia em plena efervescência; se condicionado, enquadrado, preparado, artificializado, é a falsificação. Se condeno a anarquia na vida dos Estados, das Autarquias, das Famílias, dos homens, não condeno menos as mistificações.
O «grande dever» não é votar. O «grande dever», o primeiro de todos os deveres, o único verdadeiro dever social ou cívico, é trabalhar, pôr em exercício todas as nossas faculdades, todas as nossas actividades ao serviço do Bem Comum.
O «grande dever» não é votar. O «grande dever» é restabelecer, na vida dos Estados, o Direito natural, onde o Sufrágio universal não existe. E o «grande dever» dos governantes consiste em não sujeitar os povos que dirigem às superstições que ensandecem...»(3)
Notas:
(1) - In A Liga Liberal, in «A Época», n.º 2536, p. 1, 04.09.1926.
(2) - In Nas Vésperas do Estado Novo, p. 165, Livraria Tavares Martins, 1937.
(3) - In O Voto das Mulheres, in «A Nação», n.º 22 de 28 de Junho de 1946.
(2) - In Nas Vésperas do Estado Novo, p. 165, Livraria Tavares Martins, 1937.
(3) - In O Voto das Mulheres, in «A Nação», n.º 22 de 28 de Junho de 1946.
1 comentário:
"... O Sufrágio universal é condenável porque, por definição, é uma mentira".
"O poder da maioria é a mais torpe das tiranias".
É evidente que A.P. está mais do que correcto no que afirma, porque as democracias tal como estão concebidas não passam de fraudes gigantescas. Assim como o sufrágio universal e o poder da maioria, igualmente o são. As democracias têm o sistema criminosamente controlado até ao mais ínfimo pormenor. Nada se passa sem que eles, os que mandam lá de muito longe, dêem o seu consentimento. E quem manda, engana consecutivamente o povo em geral e os eleitores em particular. As eleições são o mais perfeito dos embustes e não obstante consegue convencer o povo votante das suas imensas virtudes. Os governantes das democracias mentem descaradamente de manhã à noite, além de condicionarem os povos e de manterem as democracias em permanente estado de crise nacional, independentemente dos esforços pedidos aos povos e que estes vão aceitando sabe Deus com que sacrifício, sempre na esperança de que a crise passe depressa... apesar da crise se estar sempre a agravar a cada ano que passa. Aliás os povos não têm outra opção senão obedecer (revoltarem-se está fora de causa porque em democracia as revoltas estão à condenadas à partida já que o sistema, sempre alerta, neutraliza-as mal as pressintam à distância). Mas ... por mais sacrifícios que os povos façam as crises nunca terminam. E nunca terminam porque é assim que os governantes querem e sobretudo lhes convém. É precisamente deste modo maquiavélico que eles conseguem manter os povos sob controlo. A crise e o MEDO. É sob estes dois perigos ameaçadores terríveis, que têm de estar sempre presentes nas democracias e permanentemente sobre a cabeça (e na mente) dos povos, tal como a espada de Dâmocles, que os tiranos conseguem manter-se no poder décadas sem fim e levar a sua avante. E claro, com a ajuda preciosa de um exército de seguidores, pagos a peso d'ouro para se manterem calados e simultâneamente preservar a vida. Porque para os mundialistas, por interpostos governantes das democracias que seguem à risca os seus ditames, a vida humana nada vale, só o poder e o dinheiro lhes interessa. E a independência, a desistência ou a traição praticada por algum dos seguidores mais afoitos, é paga com a vida. Como temos bastas provas disso. Antigas e recentes. Cá e no resto do mundo.
Maria
Enviar um comentário