1.10.10

Pensamentos de Alfredo Pimenta - XII

«(...)Fui sempre anti-liberalista e anti-democrata.
Não sou monárquico constitucional, antes me sinto cada vez mais reaccionário. Sou monárquico maximalista. Estou na extrema-direita da extrema-direita: à minha direita não fica ninguém.»(1)
«... Uma República anti-liberalista é preferível, para um monárquico integral como eu, a uma Monarquia liberal. Uma República liberalista deve ser preferível, para um monárquico liberal, a uma Monarquia anti-liberalista.
O mundo político, actualmente, já não se divide bem em monárquicos e republicanos: divide-se em liberais e anti-liberais. Os liberais estão todos presos pelo cordão umbilical da Urna; todos eles deitam incenso na ara absurda do Voto. Aos anti-liberais, une-os a Consciência de que o Sufrágio político, individualista, é uma mistificação.
O Liberalismo, ou seja monárquico ou seja republicano, além de que repousa sobre uma mentira, o voto, e de que conduz a outra tentativa - o Povo soberano, é, na sua essência, inimigo de Deus. Todo o poder vem de Deus - omnia potestas a Deo.
Mas para o Liberalismo, monárquico ou republicano, todo o poder emana do Sufrágio. E é por isso que nós assistimos, de vez em quando, ao afã dos liberalistas, no sentido de purificarem o Sufrágio. É que para eles, o Sufrágio é tudo! O homem, munido do papelinho branco, é omnipotente, omnisciente. Um milhão de homens de um lado, outro milhão de homens do outro lado. Empate. Quem vai desempatar? O Pistautira (oh!) que se esquecera de que era o grande dia do Povo soberano. Vão chamar o Pistautira!
E o Pistautira chega, e vota. E desempata... Quem foi omnipotente? Quem foi omnisciente? O Pistautira... É isto o Liberalismo.
O Sufrágio político é moral. Corrigi-lo, como pretendem os liberais, é piorá-lo. Aperfeiçoá-lo é torná-lo mais nocivo ainda. O que é preciso pela representação dos Municípios e das Corporações, porque o Poder vem de Deus, e não do Povo. E a eliminação do Sufrágio político não é, portanto, atentatória das liberdades populares, antes, é a sua garantia máxima. Garantir a liberdade doméstica, a liberdade municipal e provincial, a liberdade corporativa - é deitar abaixo a Liberdade, árvore à sombra da qual tem germinado e florescido todas as tiranias, com a tirania do Número, do Anónimo, do Voto, à frente, mas é desenvolver a Nação, e abrir-lhe largos horizontes no futuro. A Liberdade é inimiga das liberdades. Onde a Liberdade impera, morrem, asfixiadas, as liberdades. Ora estas são fecundas; a Liberdade é estéril.
Liberalismo é o regime da Liberdade. A guerra ao Liberalismo é uma guerra santa. Foi ele que atentou primeiro contra a Igreja; foi ele quem enfraqueceu e estiolou o Princípio monárquico.»(2)


Notas:
(1) - In A Questão Monárquica, p. 22, Ed. das Juventudes Monárquicas Conservadoras, 1920.
(2) - In Nas Vésperas do Estado Novo, pp. 134/135, Livraria Tavares Martins, 1937.

1 comentário:

Anónimo disse...

Pensamentos como estes, que traduzem ponto por ponto o que são as apregoadas "amplas liberdades" - e não a verdadeira Liberdade - que a "democracia" impõe aos países sem mais, valendo-se para tanto de eleições sistemàticamente fraudulentas, são um bálsamo para a alma daquele que é verdadeiramente português, daquele que é genuìnamente patriota.
Maria