«... A Democracia é o regime próprio do século XIX — o século das mistificações.»
«... Para não alongar mais a lista — o século XIX foi o século da Democracia, o século do Voto omnipotente e omnisciente, o século da Urna Sagrada e Virtuosa, o século do Sufrágio Universal Soberano — em boa linguagem portuguesa, o século do «carneiro com batatas».
Que era a Democracia? A Democracia era o Governo do povo pelo povo, era a felicidade do povo, era o Pô-ô-vo! Era, na cabeça dos imbecis que lhe proclamavam a excelência. Mas na realidade pura, na realidade inegável, indiscutível, a Democracia foi tão somente o Governo dos Ricos, o domínio do Dinheiro. No antigo regime, valia a nobreza, valia a Inteligência, valia a Coragem, valia o Serviço, valia o Sacrifício. O Dinheiro só por si não valia.
O Dinheiro só por si não forçava os Paços dos Reis, nem as Secretarias do Estado. Foi a Revolução Francesa — amálgama de todos os vícios, de todas as ambições corruptas, de todos os pecados, de todas as misérias: — foi a Revolução Francesa que desvalorizou a Nobreza, a Inteligência, a Coragem, o Serviço e o Sacrifício, para valorizar exclusivamente o Dinheiro. No antigo regime, havia um regulador de valores — o Rei.»
«... A Revolução Francesa fez do Dinheiro a escada segura para todas as ambições. Diante do Dinheiro, não há barreiras, não há impossíveis. Vale-se não o que se vale, mas o que se tem. Quem governa hoje o mundo? A Banca. E quem deu à Banca o governo do mundo?
A Revolução Francesa. A Democracia é, pois, o governo do Dinheiro. Quem tem dinheiro compra. Há milhares de maneiras de comprar. E como a Democracia é o regime das opiniões, há que comprar as opiniões. Quem mais dinheiro tem, melhor e mais opiniões compra.»
«... Os actos essenciais da Democracia chamam-se eleições. As eleições custam muito dinheiro. Há chefe eleitoral que gasta muitos contos de reis para ganhar as suas eleições. O resultado do acto eleitoral é uma função do Dinheiro. É o Dinheiro que põe no mesmo nível o Génio e o Imbecil, o Criminoso e o Virtuoso — pois que no seio farto da Urna, tanto vale o voto do sr. Gomes Teixeira, como o do Menino do Castelo, e tanto significa o voto de S. Francisco de Assis como o do chefe da Legião Vermelha. Ao homem de talento que vive, pobremente, na mansarda pobre, todas as atenções são regateadas, mas o idiota que vive no seu Palácio de luxo, vê abrirem-se-lhe todas as portas, e vê-se cheio de todas as honras. Ao homem de talento a quem as dificuldades da vida sujeitam às mais duras provas — não se lhe celebram as virtudes, mas aqueles que ignoram o que sejam dificuldades da vida, a esse seguem-nos hinos e apoteoses. Dizia-me uma vez, uma das mais altas inteligências portuguesas que opiniões era um luxo que só os ricos se podiam permitir.
A Democracia desaparecerá — porque a Inteligência, o Espírito, a Honra, a Coragem, o Serviço, o Sacrifício, e o que resta da Nobreza estão em revolta, — indignando-se o predomínio ultrajante do Dinheiro. A Democracia faliu, porque se averiguou que o governo do Dinheiro faliu. Ele não deu a felicidade aos Povos: arrastou-nos para um baixo e hediondo materialismo. Há que regressar a um regime de hierarquias de valores organizados — sob a acção de um regulador desinteressado: o Rei. Há que fechar o ciclo da Revolução Francesa, o ciclo da Democracia. O Dinheiro é um elemento de troca: não pode ser de modo nenhum um critério de governo.»(1)
«... Para não alongar mais a lista — o século XIX foi o século da Democracia, o século do Voto omnipotente e omnisciente, o século da Urna Sagrada e Virtuosa, o século do Sufrágio Universal Soberano — em boa linguagem portuguesa, o século do «carneiro com batatas».
Que era a Democracia? A Democracia era o Governo do povo pelo povo, era a felicidade do povo, era o Pô-ô-vo! Era, na cabeça dos imbecis que lhe proclamavam a excelência. Mas na realidade pura, na realidade inegável, indiscutível, a Democracia foi tão somente o Governo dos Ricos, o domínio do Dinheiro. No antigo regime, valia a nobreza, valia a Inteligência, valia a Coragem, valia o Serviço, valia o Sacrifício. O Dinheiro só por si não valia.
O Dinheiro só por si não forçava os Paços dos Reis, nem as Secretarias do Estado. Foi a Revolução Francesa — amálgama de todos os vícios, de todas as ambições corruptas, de todos os pecados, de todas as misérias: — foi a Revolução Francesa que desvalorizou a Nobreza, a Inteligência, a Coragem, o Serviço e o Sacrifício, para valorizar exclusivamente o Dinheiro. No antigo regime, havia um regulador de valores — o Rei.»
«... A Revolução Francesa fez do Dinheiro a escada segura para todas as ambições. Diante do Dinheiro, não há barreiras, não há impossíveis. Vale-se não o que se vale, mas o que se tem. Quem governa hoje o mundo? A Banca. E quem deu à Banca o governo do mundo?
A Revolução Francesa. A Democracia é, pois, o governo do Dinheiro. Quem tem dinheiro compra. Há milhares de maneiras de comprar. E como a Democracia é o regime das opiniões, há que comprar as opiniões. Quem mais dinheiro tem, melhor e mais opiniões compra.»
«... Os actos essenciais da Democracia chamam-se eleições. As eleições custam muito dinheiro. Há chefe eleitoral que gasta muitos contos de reis para ganhar as suas eleições. O resultado do acto eleitoral é uma função do Dinheiro. É o Dinheiro que põe no mesmo nível o Génio e o Imbecil, o Criminoso e o Virtuoso — pois que no seio farto da Urna, tanto vale o voto do sr. Gomes Teixeira, como o do Menino do Castelo, e tanto significa o voto de S. Francisco de Assis como o do chefe da Legião Vermelha. Ao homem de talento que vive, pobremente, na mansarda pobre, todas as atenções são regateadas, mas o idiota que vive no seu Palácio de luxo, vê abrirem-se-lhe todas as portas, e vê-se cheio de todas as honras. Ao homem de talento a quem as dificuldades da vida sujeitam às mais duras provas — não se lhe celebram as virtudes, mas aqueles que ignoram o que sejam dificuldades da vida, a esse seguem-nos hinos e apoteoses. Dizia-me uma vez, uma das mais altas inteligências portuguesas que opiniões era um luxo que só os ricos se podiam permitir.
A Democracia desaparecerá — porque a Inteligência, o Espírito, a Honra, a Coragem, o Serviço, o Sacrifício, e o que resta da Nobreza estão em revolta, — indignando-se o predomínio ultrajante do Dinheiro. A Democracia faliu, porque se averiguou que o governo do Dinheiro faliu. Ele não deu a felicidade aos Povos: arrastou-nos para um baixo e hediondo materialismo. Há que regressar a um regime de hierarquias de valores organizados — sob a acção de um regulador desinteressado: o Rei. Há que fechar o ciclo da Revolução Francesa, o ciclo da Democracia. O Dinheiro é um elemento de troca: não pode ser de modo nenhum um critério de governo.»(1)
Nota:
(1) - In A Falência da Democracia, in «A Época», n.º 2533, p. 1, 31.08.1926.
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