«... Há muita gente que vive apoquentada com a influência da alta Finança, e que atribui todos os nossos males à Finança. Há um grande fundo de verdade nisto.
Estamos, efectivamente, em regime plutocrata, — agora acentuadíssimo, depois que a República se proclamou. Disse, no meu último artigo, que a Revolução Francesa, instaurada a Democracia, instaurou o regime do Dinheiro. Hoje, é o Dinheiro que governa — mas não só no Estado: principalmente, talvez, na vida social. E é desta que ele atinge aquele. A Democracia substituiu a moral antiga, cristã espiritual, pela moral material do Dinheiro. Estes, os factos. E toda a gente que me lê me dá razão.»
«... O mal do dinheiro está sob o ponto de vista agora considerado, em ele ser agente de corrupção política. E é-o sempre que intervém como Dinheiro, fazendo pesar o seu valor, na direcção dos negócios do Estado.
Quando um homem é ministro pelo seu dinheiro, que não pela sua inteligência e pela sua competência; quando um homem é deputado, pelo seu dinheiro, que não pelas suas aptidões e pelo seu alto saber; quando um homem é um alto funcionário público, director de uma gazeta política, chefe de um Partido ou seu elemento preponderante, pelo dinheiro que tem, e não pelas suas qualidades intelectuais, quando um homem é escutado e lisonjeado pelos poderes do Estado, só pelo dinheiro que possui; quando um Estado e uma Sociedade se deixam cegar pelo poder do dinheiro, fazendo dele a sua aspiração fundamental e subordinando-lhe todos os valores intelectuais e espirituais — então, sim, então estamos em Plutocracia, a qual só é possível verdadeiramente na Democracia.
Vejamos. Em Democracia, quem faz o Presidente da República, e os Ministros? É o Parlamento. E quem faz o Parlamento?
São os influentes eleitorais. Ora há duas espécies de influentes eleitorais: os que têm a influência que lhes dá o Poder central, de quem são serventuários, e os que têm influência própria. Os primeiros são muito poucos, e a sua influência é muito instável. Os que caracterizam o fenómeno são os segundos. Ora, por via de regra, os influentes da segunda categoria devem a sua influência ao dinheiro que dispõem. As eleições são operações muito caras. Para as ganhar, é preciso gastar muito dinheiro. Resulta daqui que as ganham os mais ricos, e contra os ricos não há eleição que vingue. Nas épocas eleitorais — é um ror de subscrições que se abrem. Pede-se dinheiro em altos berros, porque sem dinheiro, assim se proclama, não há eleição possível. Logo, quem faz o Parlamento? É o Dinheiro. E quem faz os Ministros e o Presidente da República? É o Dinheiro.
«... Em regime de opinião, quem quer opiniões, compra-as. A Democracia é o regime de opinião. É o regime das opinião compradas.
É por isso que nós nos batemos por um regime anti-democrático, que será, portanto, anti-plutocrático que será o contrário dos regimes de opinião. Nós queremos um regime em que o critério da Administração veja o do Interesse nacional, um regime em que o Dinheiro exerça as suas funções legítimas — a pessoal e a social, e não tenha ambiente para exercer função política. Nós queremos um regime em que o Poder fixo do Estado esteja superior às opiniões e seja efectivamente soberano, e reine e governo, — ponto de concentração e harmonia de todos os interesses. Nós queremos um regime que não seja, como o democrático, o regime da Nota do Banco. Não há exemplo na História de um Rei jungido ao poder do Dinheiro; como não há na História, exemplo de Democracia que não tenha o culto do Dinheiro. Democracia e Plutocracia equivalem-se.»(1)
«...O regime de opinião é a anarquia ou a mentira. Numa campanha eleitoral, todos são corruptores ou mentirosos — para todos prometem o mais que podem, fartos de saber que não darão nada. No dia em que o povo se convencer de que anda permanentemente enganado, e de que o único regime político que lhe convém é aquele em que trabalhe e unicamente trabalhe — nesse dia, o povo pondo termo ao ludíbrio de que anda sendo vítima, reencontra o caminho da sua prosperidade.»(2)
Estamos, efectivamente, em regime plutocrata, — agora acentuadíssimo, depois que a República se proclamou. Disse, no meu último artigo, que a Revolução Francesa, instaurada a Democracia, instaurou o regime do Dinheiro. Hoje, é o Dinheiro que governa — mas não só no Estado: principalmente, talvez, na vida social. E é desta que ele atinge aquele. A Democracia substituiu a moral antiga, cristã espiritual, pela moral material do Dinheiro. Estes, os factos. E toda a gente que me lê me dá razão.»
«... O mal do dinheiro está sob o ponto de vista agora considerado, em ele ser agente de corrupção política. E é-o sempre que intervém como Dinheiro, fazendo pesar o seu valor, na direcção dos negócios do Estado.
Quando um homem é ministro pelo seu dinheiro, que não pela sua inteligência e pela sua competência; quando um homem é deputado, pelo seu dinheiro, que não pelas suas aptidões e pelo seu alto saber; quando um homem é um alto funcionário público, director de uma gazeta política, chefe de um Partido ou seu elemento preponderante, pelo dinheiro que tem, e não pelas suas qualidades intelectuais, quando um homem é escutado e lisonjeado pelos poderes do Estado, só pelo dinheiro que possui; quando um Estado e uma Sociedade se deixam cegar pelo poder do dinheiro, fazendo dele a sua aspiração fundamental e subordinando-lhe todos os valores intelectuais e espirituais — então, sim, então estamos em Plutocracia, a qual só é possível verdadeiramente na Democracia.
Vejamos. Em Democracia, quem faz o Presidente da República, e os Ministros? É o Parlamento. E quem faz o Parlamento?
São os influentes eleitorais. Ora há duas espécies de influentes eleitorais: os que têm a influência que lhes dá o Poder central, de quem são serventuários, e os que têm influência própria. Os primeiros são muito poucos, e a sua influência é muito instável. Os que caracterizam o fenómeno são os segundos. Ora, por via de regra, os influentes da segunda categoria devem a sua influência ao dinheiro que dispõem. As eleições são operações muito caras. Para as ganhar, é preciso gastar muito dinheiro. Resulta daqui que as ganham os mais ricos, e contra os ricos não há eleição que vingue. Nas épocas eleitorais — é um ror de subscrições que se abrem. Pede-se dinheiro em altos berros, porque sem dinheiro, assim se proclama, não há eleição possível. Logo, quem faz o Parlamento? É o Dinheiro. E quem faz os Ministros e o Presidente da República? É o Dinheiro.
«... Em regime de opinião, quem quer opiniões, compra-as. A Democracia é o regime de opinião. É o regime das opinião compradas.
É por isso que nós nos batemos por um regime anti-democrático, que será, portanto, anti-plutocrático que será o contrário dos regimes de opinião. Nós queremos um regime em que o critério da Administração veja o do Interesse nacional, um regime em que o Dinheiro exerça as suas funções legítimas — a pessoal e a social, e não tenha ambiente para exercer função política. Nós queremos um regime em que o Poder fixo do Estado esteja superior às opiniões e seja efectivamente soberano, e reine e governo, — ponto de concentração e harmonia de todos os interesses. Nós queremos um regime que não seja, como o democrático, o regime da Nota do Banco. Não há exemplo na História de um Rei jungido ao poder do Dinheiro; como não há na História, exemplo de Democracia que não tenha o culto do Dinheiro. Democracia e Plutocracia equivalem-se.»(1)
«...O regime de opinião é a anarquia ou a mentira. Numa campanha eleitoral, todos são corruptores ou mentirosos — para todos prometem o mais que podem, fartos de saber que não darão nada. No dia em que o povo se convencer de que anda permanentemente enganado, e de que o único regime político que lhe convém é aquele em que trabalhe e unicamente trabalhe — nesse dia, o povo pondo termo ao ludíbrio de que anda sendo vítima, reencontra o caminho da sua prosperidade.»(2)
Notas:
(1) - In Plutocracia, in «A Época», n.º 2535, p. 3, 02.09.1926.
(2) - In Corrupção Eleitoral, in «A Época», n.º 1847, p. 3, 07.08.1924.
(2) - In Corrupção Eleitoral, in «A Época», n.º 1847, p. 3, 07.08.1924.
1 comentário:
"... O regime de opinião é a anarquia e a mentira. Numa campanha eleitoral todos são corruptores e mentirosos... todos prometem o mais que podem, fartos de saber que não darão nada. No dia em que o povo se convencer que anda permanentemente a ser enganado e de que o único regime político que lhe convém é aquele em que trabalhe e unicamente trabalhe - nesse dia, o povo pondo termo ao ludíbrio de que anda sendo vítima, reencontra o caminho da sua prosperidade". A.P.
Preto no branco estão reveladas nestas simples linhas escritas há muito tempo mas que poderiam ter sido escritas hoje mesmo e que ferem que nem punhais caso a politicagem a que se referem ainda tivesse um resquício de vergonha na cara, a total devassidão e gigantesca impudência dos políticos que governam as democracias e simultâneamente o colossal embuste de que esta se reveste. Não necessitamos ir muito longe para prová-lo na sua precisa dimensão, temos na nossa " magnificente democracia", o seu exemplo acabado.
Maria
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