"O Tenente-Coronel, piloto Aviador, Comandante de Linha e Mestre em Estratégia, João José Brandão Ferreira é um dos autores militares que merece palmas por não se enfeudar ao espírito corporativista da geração que renegou os seus deveres e traiu o juramento que fez em relação à guerra do Ultramar. Ainda está por escrever a História do golpe militar que de cobardes fez heróis e de golpistas fez mitos que começam, agora, a desdizer-se em obras de saldo que se inspiram umas nas outras, não para cada qual aperfeiçoar a verdade, mas para se defenderem das recíprocas acusações e contradições que se avolumam e que, daqui a cem ou duzentos anos, quando já não existirem o medo e o complexo, vão reduzir-se ao oportunismo primário.
O autor começa por explicar a motivação desta obra: «decidi enveredar pela carreira das armas quando terminei o antigo 5º ano, no Liceu de Oeiras. Estávamos no ano de 1969. Preparei-me e entrei para a Academia Militar em 20 de Outubro de 1971. Foi aí que o 25 de Abril me apanhou (…) Nunca me conformei com a perda das nossas províncias ultramarinas, que na altura representavam cerca de 95% do território nacional e 65% da população portuguesa. Sobretudo pela forma iníqua e desastrosa como tudo se processou, já para não falar dos indecorosos comportamentos políticos e militares que então se registaram. Mais: até hoje, nunca houve a coragem de se assumir isso, nem de retirar as respectivas consequências. Em seguida, assisti ao desmantelamento de umas magníficas Forças Armadas que chegaram a dispor de 220 mil homens espalhados por quatro continentes e outros tantos oceanos. Motivado por todas estas perplexidades, decidi estudar o que se tinha passado, bem como a verdadeira razão que estava por trás dos acontecimentos. O objecto deste livro é a justiça da guerra e o direito de fazê-la».
O autor cita Melo Antunes que «pouco antes de morrer acabou por reconhecer que se tinha tratado de uma tragédia». E também Almeida Santos que publicou uma obra onde declara «reconhecer que toda uma série de coisas que tinham corrido mal - obviamente por causa dos militares, que não quiseram combater mais». Por outro lado, os combatentes começaram por ser execrados e condenados por lutarem numa guerra «imperialista», ao serviço dos «colonialistas» e de um «governo fascista»... «Cerca de um milhão de homens ficou arrumado nas prateleiras do esquecimento e da ignomínia. Exaltaram-se desertores». E Brandão Ferreira é mais claro: «Este livro pretende demonstrar que Portugal fez uma guerra justa e, além disso, tinha toda a razão do seu lado!». Editado pelas Publicações D. Quixote, Outubro de 2009, 600 páginas."
O autor começa por explicar a motivação desta obra: «decidi enveredar pela carreira das armas quando terminei o antigo 5º ano, no Liceu de Oeiras. Estávamos no ano de 1969. Preparei-me e entrei para a Academia Militar em 20 de Outubro de 1971. Foi aí que o 25 de Abril me apanhou (…) Nunca me conformei com a perda das nossas províncias ultramarinas, que na altura representavam cerca de 95% do território nacional e 65% da população portuguesa. Sobretudo pela forma iníqua e desastrosa como tudo se processou, já para não falar dos indecorosos comportamentos políticos e militares que então se registaram. Mais: até hoje, nunca houve a coragem de se assumir isso, nem de retirar as respectivas consequências. Em seguida, assisti ao desmantelamento de umas magníficas Forças Armadas que chegaram a dispor de 220 mil homens espalhados por quatro continentes e outros tantos oceanos. Motivado por todas estas perplexidades, decidi estudar o que se tinha passado, bem como a verdadeira razão que estava por trás dos acontecimentos. O objecto deste livro é a justiça da guerra e o direito de fazê-la».
O autor cita Melo Antunes que «pouco antes de morrer acabou por reconhecer que se tinha tratado de uma tragédia». E também Almeida Santos que publicou uma obra onde declara «reconhecer que toda uma série de coisas que tinham corrido mal - obviamente por causa dos militares, que não quiseram combater mais». Por outro lado, os combatentes começaram por ser execrados e condenados por lutarem numa guerra «imperialista», ao serviço dos «colonialistas» e de um «governo fascista»... «Cerca de um milhão de homens ficou arrumado nas prateleiras do esquecimento e da ignomínia. Exaltaram-se desertores». E Brandão Ferreira é mais claro: «Este livro pretende demonstrar que Portugal fez uma guerra justa e, além disso, tinha toda a razão do seu lado!». Editado pelas Publicações D. Quixote, Outubro de 2009, 600 páginas."
In jornal Poetas&Trovadores, n. º 51, Janeiro/Março de 2010, p. 17.
1 comentário:
Grande obra de Brandão Ferreira e boa crítica.
Cumprimentos,
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