30.3.10

Crítica de Barroso da Fonte ao livro Folhas Ultras de Riccardo Marchi

"O académico italiano Riccardo Marchi entusiasmou-se de tal modo com o tema que preparou para doutoramento que, mal editou a tese, logo preparou uma espécie de anexo dessa época ao qual chamou Folhas Ultras - As ideias da direita radical portuguesa (1939-1950). Foi patrocinado pela Imprensa de Ciências Sociais que o inseriu na colecção Breve História (2009). Em 256 páginas reúne autores e doutrinas que em Portugal nunca haviam merecido tanta atenção, apesar de se diabolizar o Estado Novo e se falar no fascismo português. Foi preciso vir um italiano indagar este tema que a muitos repugna mas que a muitos outros agrada. É que urge banir o preconceito de que só as esquerdas são cultas, sérias, competentes, ao invés das direitas que, para os seus contrários, são portadores de todos os males da espécie.
Sem complexos Riccardo Marchi fez os estudos básicos em Itália. Mas em 2001 fez uma viagem a Portugal, no âmbito da pesquisa para a tese de licenciatura. Reuniu «material documental sobre a direita radical portuguesa no segundo pós-guerra». Acabou por ficar por cá, investigando esse tema que resultou no volume Império, Nação, Revolução... e com o sobrante elaborou um estudo complementar que acaba de nos chegar, com amável dedicatória do autor.
Marchi escolheu para orientador António Costa Pinto. António José de Brito, Alfredo Pimenta, Jaime Nogueira Pinto, José Pequito Rebelo, Caetano Beirão, Amândio César, António Sardinha, Plínio Salgado e Henrique Barrilaro Ruas foram autores recorrentes. Mas esta excelente obra sobre as ideias da direita radical portuguesa é uma espécie de homenagem a um dos mais plumitivos pensadores desta ala doutrinária: Alfredo Pimenta. Já numa altura em que ele era conservador da Torre do Tombo. Desta sua última década de vida dá este livro conta, a par de um discípulo que honrou o mestre e que ainda está vivo e declaradamente intelectual de direita: o Prof. Doutor António José de Brito.
Riccardo Marchi não se ficou pela licenciatura e pelo doutoramento com esta temática doutrinária. No Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa está a fazer um pós-doutoramento, o que mais abona este investigador que em Portugal não tem imitadores. Talvez por complexos ou receios de ser apodado de fascista radical."

Barroso da Fonte
In jornal Poetas&Trovadores, n. º 51, Janeiro/Março de 2010, p. 11.

3 comentários:

Carvalho disse...

Este livro "folhas ultras" onde posso encontrá-lo?

cumprimentos

nonas disse...

Pode comprar no Instituto de Ciências Sociais (http://www.ics.ul.pt/imprensa/det.asp?id_publica=253)
ou encomendar em qualquer livraria.

Anónimo disse...

Alfredo Pimenta!

http://img155.imageshack.us/i/pimentaiv5.gif/

PRESENTE!