Arrancou em Lisboa o ciclo de conferências “Portugal e o Holocausto” na Fundação Calouste Gulbenkian, com o intuito de reacender a discussão de um dos capítulos mais bárbaros da nossa História com vista a apurar as linhas que explicam tamanha selvajaria, o que é sempre um importante exercício para o nosso futuro.
Porém, a indignação que nos acomete e a vigília que suscita tal ocorrência não deve nunca ficar refém de um episódio contingente, de um totalitarismo de feições bem delineadas e familiares, mas sim, em função da sua substância, da sua natureza. Na verdade incorre-se sistematicamente neste erro, observa-se, por assim dizer, uma repulsa circunscrita, cativa, com um raio de denúncia propositadamente limitado, pensa-se o totalitarismo segundo uma receita – nazis - e são os mesmos, mediante apontamentos sugestivos, convocados a títulos de vilões, quem insufla os imaginários distópicos hollywoodescos. Com efeito passou a ver-se, sem critério algum, resquícios dele em grupos ou fracções políticas de arraigo nacionalista, como se tratassem de uma autêntica reedição do nazismo, como se os nacionalistas fossem os únicos a ficarem cristalizados no tempo, quando a social-democracia, o socialismo, o comunismo e demais ideários conheceram uma evolução. Este tipo de diabolização, têm o intuito de moldar a sociedade a uma ideia irreal, que tudo se modernizou, menos os nacionalistas, no intuito de favorecer as politicas sociais e económicas em que os vencedores da II Grande Guerra programaram e vão tecendo. Seria salutar que se avaliasse os diversos nacionalismos sem as amálgamas de sentido, estas, que em muito se ficam a dever às imensas campanhas de desinformação da responsabilidade das mais variadas entidades. Observa-se um número crescente de indivíduos afectos ao anacronismo não estando muito aquém da moda retro que se tem vindo a instalar, seria conveniente que canalizassem um pouco da sua indignação todo-o-terreno, coisa reivindicada pelos mesmos, para os perigos que eclodem no seio da Europa ao abrigo do pluralismo, ao invés de se deterem nos totalitarismos temporais como se os quisessem eliminar retrospectivamente.
O caso de Mohamed Merah é um exemplo elucidativo, enquanto ainda não era possível apurar a identidade do atirador, a especulação aflorava: não se equacionava outra possibilidade senão a de que tão grande terror ser obra de um nacionalista demente. Imputando a culpa a Marine le Pen, culpada a seus olhos de ter propiciado um clima de xenofobia. Porém como todo o prognóstico pode encerrar o seu desdito, veio a comprovar-se que se tratava de um muçulmano. Marine Le Pen já havera por diversas vezes alertado para o fundamentalismo islâmico que comodamente se instalava em França, ora os mesmos que a satanizavam, é dizer os supostos paladinos da tolerância, são precisamente quem patrocina uma emigração desregrada oriunda de países árabes, fenómeno que está na base desta calamidade. Não admira que os nacionalismos surjam quando o contexto é tão favorável ao atentado à identidade.
Digno de menção é também o recente caso na Bélgica, de um partido muçulmano que quer instaurar um estado islâmico inteiramente regido pela “sharia” e que consegue agora, em eleições municipais, assentos parlamentares, algo já previsto e não raras vezes denunciado pelas hostes nacionalistas.
Salientemos ainda que, corroborando, a tese de que se trataria de apenas uma mera fracção de fanáticos, e que como tal era um cenário inconcretizável, prova-se agora que afinal essa “minoria” é suficientemente poderosa para instrumentalizar comunidades e levar os seus objectivos a bom porto.
Na verdade, tanto a denúncia coagulada como a inacção diante do perigo islâmico, com os seus (des)valores liberticidas, é devedora do embargo ao pensamento independente imposto pelo politicamente correcto, e este, tributário das dores da história, atitude esta que sob o pretexto da análise apurada e virtudes da tolerância (ou será permissividade?), dissipa a racionalidade por via do totalitarismo de opinião. A partir daí, consagrado como um atractivo elemento, o dos bem-pensantes, cada indivíduo na procura de dar graças disso mesmo, ao operar nestes moldes é não mais do que um porta - voz da má consciência europeia – não somente se vasculham os seus capítulos da História na ânsia de encontrar as suas faltas e para desse modo alimentar a fogueira, como também com uma precisão milimétrica as buscam no presente.
Um bom exemplo de totalitarismo de opinião são as infelizes declarações do embaixador israelita Ehud Gol afirmando que Portugal têm uma "nódoa" que os judeus não se esquecem, pois “foi o único país que colocou a bandeira em meia haste durante três dias, aquando a morte de Adolfo Hitler", pois bem, para além de ser falso, uma vez que houve outros países que também colocaram a bandeira a meia haste aquando a morte do mesmo, - Espanha, Irlanda, Suécia - é de tremenda má-fé que se queira incutir ao povo uma acção que não diz respeito às novas gerações, mostrando aqui que existe um aproveitamento do sentimento de culpa da Europa, de sequestro moral às novas gerações para que Portugal e os portugueses cedam às pretensões israelitas a serem por cá colocadas, e possam dessa forma favorecer os lóbis desses últimos. Portugal era nessa altura um país neutral, se o fez foi apenas por uma medida protocolar, uma vez que, quando morreu Roosevelt, Salazar, foi à embaixada dos Estados Unidos da América, dar o seu pesar pela morte do presidente americano. O embaixador israelita, mostra desrespeito à soberania nacional tanto como a esse mesmo passado como ao presente, não devemos esquecer que Portugal era um estado nacionalista, e um estado nacionalista coloca os seus interesses primeiro, foi ao colocar os seus interesses em primeiro lugar que fez com que Portugal não entrasse na II Grande Guerra, independentemente dos negócios que fossem feitos com a Alemanha de então e ou os mais diversos países aliados, um pais neutral, soberano e dono de si mesmo, deve respeitar a sua neutralidade e utilizar os códigos da mesma, seja a que nação for. Posso salientar ainda que, Portugal, era um país que tinha a tendência em apoiar as forças anglofilas, mas nunca descuidando as relações com a Alemanha de então, Salazar, sabiamente soube gerir problemas como a possível invasão das forças aliadas a Portugal, o que veio a acontecer na Islândia, assim como, a possível invasão germânica a Espanha, negociando com o regime franquista, pois os Portugueses estavam conscientes que se invadissem Espanha, Portugal era assimilado em mesma altura.
Ehud Gol, já que se lembra de um pormenor tão meticuloso, devia ter-se lembrado de um homem de grande importância para os judeus, Aristides de Sousa Mendes, cônsul de Bordéus, que contra a ordem de Salazar, ordem essa no sentido de não comprometer a neutralidade portuguesa, salvou milhares de judeus, mas é então que aparece uma outra frase infeliz do embaixador israelita em Portugal, Aristides de Sousa Mendes é um dos "justos" dizia, mas na frase expressa pelo mesmo pareceu ficar vincado que os "justos" só seriam aqueles que ajudavam os judeus, se esta interpretação for correcta, pior fica na fotografia.
Em suma são bem evidentes os riscos de aderir ao um pensamento essencialmente “correcto”, totalitário e contingente e dessa forma negligenciar outros tantos casos de totalitarismo que alastram a um ritmo preocupante.
Ao caso será necessário que se proporcione um revés da democracia para que o possamos notar e para que se deem conta do terrível erro que cometeram enquanto doentiamente se deleitavam na execração da Europa?
MPV - RC / NF
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