D. Nuno Álvares Pereira - Um Português de Excepção
Frei Nuno recebeu o embaixador de Castela, em sua cela, amortalhado no hábito.
- “Nunca mais despireis essa mortalha?” - Perguntou-lhe o castelhano.
- “Só se el-rei de Castela, outra vez, movesse guerra a Portugal...”, e, erguendo-se:
- “Em tal caso enquanto não estiver sepultado, servirei ao mesmo tempo a religião que professo e a terra que me deu o ser”.
Por baixo do escapulário, tinha o arnês vestido. O castelhano curvando a cabeça, saiu.
Finalmente, ao fim de uma espera de séculos, a canonização do Beato Nuno de Santa Maria está marcada: Será no dia 26 de Abril e terá como companheiros quatro cidadãos da península Itálica.
Este reconhecimento da Igreja deve ser considerado com grande júbilo pela nação dos portugueses. As comemorações devem ter realce idêntico.
Não vai ser fácil, todavia, que tal venha a acontecer, mas já lá iremos.
De facto a figura e a acção do Condestável é absolutamente singular na História de Portugal e, a ele, mais do que a qualquer outro, devem os portugueses o facto de continuarem a ser livres e independentes.
Não vamos percorrer a vida do grande vencedor de Aljubarrota – fausto luminoso das nossas glórias militares – nem os seus actos do dia a dia, que são referencias incontornáveis de moralidade pública, virtudes humanas e devoção cristã, que balizaram a vida do herói e santo, mas tão só afirmar dois notabilíssimos factos: ser Nuno Álvares o nosso único chefe militar que nunca perdeu uma batalha ou um simples combate (e pelejou muito!); e sendo já numa altura madura do seu peregrinar pela terra, um dos homens mais ricos do Reino – senão o mais rico – se ter despojado de tudo, distribuindo os seus bens pelos familiares, amigos, companheiros de armas e ordens religiosas. Queria apenas passar a viver de esmolas e foi preciso uma ordem real para impedir que tal viesse a suceder.
Não existe outro exemplo em toda a gesta nacional, desde que Afonso Henriques individualizou o Condado Portucalense, que se lhe possa igualar.
Como, possivelmente, não haverá muitos no mundo inteiro.
É, pois, diante desta figura gigantesca de carácter, competência, humildade e Fé, que os portugueses se devem curvar e em cujo exemplo deveriam meditar.
Ora os portugueses deste início do século XXI desconhecem e ignoram, na sua maioria – com os poderes públicos à cabeça – o ganhador dos Atoleiros, de Trancoso e Valverde, o grande comandante que nunca vacilou nos transes mais dolorosos e incertos.
É este, então, o momento ideal para arrepiarmos caminho e dar graças à Providencia Divina pelo facto do Santo Condestável ser um dos nossos e lembrarmos aos nossos filhos e netos que nunca o deverão esquecer.
Porém, não se pode amar o que se desconhece.
Numa época em que os nossos brios patrióticos tão necessitados estão de alimento que os retirem da soturna decadência em que sucessivas opções de estouvado e ignaro mau senso, os colocaram, surge esta luminosa oportunidade de retemperar a alma dos bons portugueses. Será um crime de lesa Pátria, desperdiçá-la!
Deste modo julgamos que se deve actuar rapidamente em três âmbitos: o religioso, o militar e o cívico.
É por demais evidente que a cerimónia de canonização deve ser seguida pelo país inteiro – não há aqui azo a divisionismos – e não se deve esgotar na cerimónia em Roma a qual deve ter a presença de muitos portugueses e de bandeiras de Portugal. É preciso mobilizar o maior número de pessoas a deslocarem-se ao Vaticano.
A imagem de Nuno de Santa Maria (o nosso décimo primeiro santo), deve ser transportada em avião da Força Aérea ou da TAP, para Lisboa e ser escoltada por aviões de combate assim que entrar no espaço aéreo nacional – as asas dos aviões da FA ostentam a cruz de Cristo, ela não está lá por acaso.
No aeroporto a imagem deverá receber honras militares e ser levada para o Convento do Carmo – a sua última morada – e ficar à guarda de forças da GNR.O percurso deverá ter alas de militares.
Em data próxima realizar-se-á um “Te Deum”nos Jerónimos em honra do novo santo, com a presença de todas as irmandades e institutos religiosos. No dia seguinte a imagem deverá seguir para S. Margarida, passando pela Escola Prática de Infantaria – arma de que D. Nuno é o patrono. Em S. Margarida, na unidade herdeira das tradições da 3ª Divisão de Infantaria – a Divisão N’ Álvares – será feita uma velada de armas à maneira medieval, para seguidamente se prestar as honras militares na Batalha antecedidas pela passagem nos campos de S. Jorge.
Em todos os itinerários o povo e todas as autoridades devem sair às ruas para aclamar tão distinto e valoroso antepassado.
Em frente à sua estátua equestre na vila da Batalha serão prestadas honras militares pelo maior contingente de tropas apeadas que se possa reunir a que se seguirá missa solene militar, com a presença dos estandartes de todas as unidades militares, no mosteiro de Santa Maria da Vitória.
O corpo diplomático deve ser convidado a assistir.
As cerimónias deslocar-se-ão, então, para o concelho da terra natal de D. Nuno, Cernache do Bonjardim, cujas “forças vivas” já se preparam para a justa homenagem.
Em simultâneo deverão realizar-se palestras, homilias, conferencias, colóquios, etc., em todas as paróquias, unidades militares (incluindo as destacadas), escolas e instituições de cultura e patrióticas um pouco por todo o país. Tais comemorações deverão inspirar o aparecimento de obras de arte, literatura, medalha, emissão filatélica, etc., alusivas ao evento.
É urgente “reaporteguesar” Portugal.
Para tudo se levar a bom termo, deverá ser constituído um grupo director e coordenador que não pode dispensar o alto patrocínio do Presidente da República (e deverá até ser liderado pela presidência).
Aos eventos devem ser agregadas o maior número de instituições representativas da sociedade.
Infelizmente haverá que contar com a acção de forças antinacionais que tudo farão para menorizar tão importante acontecimento.
Há que as enfrentar com serenidade, determinação e firmeza.
Como D. Nuno nos ensinou.
Que o grande Fronteiro Mor do “Além-Tejo”, Condestável de Portugal, alma pura e bela, agora Santo Nuno, continue a interceder pela terra de Santa Maria.
Acreditem que bem precisamos.
João J. Brandão Ferreira
- T. Cor. Piloto Aviador (Ref.) - Cmdt. Linha Aérea.
Nota:
Texto recebido por email cuja fonte desconheço mas que não quero deixar de o publicar.
3 comentários:
Apesar do elevadíssimo respeito que tenho pelo Senhor Tenente Coronel e convicto de que «bem precisamos», solta-se-me uma dúvida: - Desse modo, não teríamos que associar ao evento este Governo, estes Deputados e este Bispo das Forças Armadas?
E, então, tenho pena do Santo.
Talvez ele preferisse, apenas, uma veneração sentida, daqueles que ambicionam merecê-lo. E que, vendo o seu convento transformado em museu, deseje que as suas relíquias continuem à guarda, quase clandestina, da Ordem do Carmo.
Até que venham outros dias ...
Fica desde já intimado, o José Campos e Sousa, a tomar o Santo Condestável como tema do próximo CD.
Já tinha lido no jornal O Diabo. Magnífica crónica, como todas as que este Sr. Tenente Coronel escreve. Esta, tal como a que escreveu na semana seguinte no mesmo jornal e também dedicada a D. Nuno, estão ambas carregadas de patriotismo e nobreza e são um balsamo para a alma de quem as lê e se considera verdadeiramente português. Portugueses de tão grande dimensão, que elevam bem alto os feitos dos nossos Maiores e fazem realçar o imenso valor deste Povo, são o nosso maior orgulho e merecem a nossa eterna gratidão. É com portugueses desta fibra, de 'antes quebrar que torcer', que Portugal há-de levar mais uma vez de vencida os seus inimigos do presente.
Maria
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