10.11.07

Irene Pimentel e a PIDE

Li a entrevista de Irene Pimentel ao Diário de Notícias sobre o seu último livro "A História da PIDE", e fiquei escandalizado com estas afirmações:

"Foi uma polícia que ajudou o regime a manter-se, embora não tenha sido a arma principal desse regime. O que o sustentou foram, penso eu, as Forças Armadas."

Então, a PIDE não perseguia e vigiava ferozmente as Forças Armadas? É isso que temos ouvido ao longo destes anos...

"Optei por não fazer história oral apesar de não ter nada contra."
A sr.ª drª não é a favor da prova oral mas não deixou de afirmar que a PIDE torturava.

"Pensava, por exemplo, que a PIDE teria matado muito mais gente. Mas houve um cuidado, que era não apenas cosmética para a opinião mundial, mas tinha a ver com a razão de ser da PIDE: prender para investigar e através da tortura investigar. Achave era que a PIDE não divulgava as prisões, mas vamos aos jornais e vemos muitas notas oficiosa. A PIDE estava interessada em mostrar que estava por todo o lado, pelo exemplo, e que era eficaz. Isso teve eficácia e explica em parte a razão de haver poucos mortos e apesar de tudo menos presos do que noutras ditaduras. Tem a ver com uma certa apatia e apolitização que se criou na sociedade portuguesa. São muitos anos e introduziu-se esse medo."

Que desilusão e infâmia! A PIDE não matava a torto e a direito?! A PIDE anunciava as prisões em notas oficiosas nos jornais? Então, a Censura Prévia permitia que a PIDE fizesse eco público das suas tropelias? E, Salazar permitia esses anúncios na imprensa escrita?

"Fiz uma análise não só social, quer dos presos quer dos elementos da PIDE, e eram muito à imagem do próprio povo. Muitos só tinham a quarta classe ou o primeiro ciclo, vinham do Norte e centro do País, tinham uma origem camponesa. Não tinham nada a ver com a Gestapo, com inspectores treinados."

A PIDE não tinha nada a ver com a GESTAPO? Inaudito!

"Sempre achei que as mulheres eram tão torturadas como os homens. Não. Isso também tinha a ver com a ideologia salazarista e o Código Civil."

Chocante, a PIDE era sexista e machona!

"De 1945 a 1975 houve cerca de 15 mil presos, o que dá uma média de 400 por ano. Pode parecer pouco, mas são 400 a mais."
Só? Peça ao Eng. Guterres para lhe fazer as contas...

"A PIDE era bastante cínica e hipócrita: deixava que as pessoas definhassem. Ou seja, não provocou muitas mortes directas. Por isso na minha tese não contabilizei os mortos. Contei 15 entre 1945 e 74."

Quinze mortos! Quinze vítimas da malfeitora PIDE?! Não pode ser! Aproveite o Natal para comprar pilhas Duracell e duas máquinas calculadoras: científica e gráfica!
***

Sugiro que Irene Pimentel seja levada a tribunal internacional dos direitos do homem por este livro, que branqueia o passado nazi/fascista da PIDE e põe fim ao "mito da PIDE"! A acção judicial e humanitária deverá ser posta pela URAP e pela Odete Santos tendo como testemunhas Jaime Nogueira Pinto - que com o seu ar de expert sobre Salazar, a PIDE, a Legião Portuguesa, a Mocidade Portuguesa diria logo que talvez sim, talvez não, deixando ao critério de outros especialistas menores - e Nuno Rogeiro, na certeza que este classificaria o regime salazarista como demoníaco e que essas quinze mortes confirmadas pela historiadora são a prova que a PIDE era uma organização tenebrosa e assassina. Por certo, que arranjaria mais uns milhares ou uns milhõesitos de vítimas da PIDE e que tinha em sua posse essas provas pois teriam sido entregues em mão pelo seu padrinho, Marcello Caetano.

P.S. - É de Irene Pimentel esta "História das Organizações Femininas do Estado Novo", editado pelo Cìrculo de Leitores/Temas&Debates, em 2001, 472 págs., cujo interesse está nas fotografias e nas fontes.

4 comentários:

Eurico de Barros disse...

Essa doutora cheira-me a fascista disfarçada de progressista... a branquear a PIDE e a publicar álbuns com fotos do tempo em que o nazi-fascismo alienava a juventude em vez de a incrementar, como a democracia faz? Ai, ai... ;-)

Francisco Múrias disse...

«De 1945 a 1975 houve cerca de 15 mil presos, o que dá uma média de 400 por ano. Pode parecer pouco, mas são 400 a mais."»

Em 75 a PIDE ja nao existia. Para historiadora nao esta mal. Sera que no total de presos contou com os milhares de funcionarios da PIDE presos e todos os que foram engavetados no 28 de Setembro e 11 de Março?

Filipe G. Ramos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Este Filipe Guedes Ramos deve ser é parvo... Pesquise bem Filipe, cuidado com as incorrecções históricas! Diga lá, já agora, qual o sentido do livro - que o nosso anfitrião tão demonstrou? Será o de que nos têm enfardado mentiras pelas goelas abaixo estes anos todos desde 75? Será?