16.1.10

E querem comemorar a carcaça? por Eurico de Barros

"No meio do intenso cheiro a podre exalado por este país em acelerado fim de regime e com a identidade em saldos, foi anunciada a programação das comemorações do centenário dessa velha caquética, atontada e promíscua, com joanetes e reumático, tuberculosa das instituições e sofrendo de corrupção em jacto contínuo, chamada República. Nasceu já torta e à força, encharcada no sangue derramado por magnicidas, e nunca mais se endireitou.
Vão ser torrados 10 milhões de euros dos já muito sangrados contribuintes para celebrar tal carcaça, numa programação festivo-"pedagógica" a tresandar a propaganda, a bourrage de crâne e à promoção dessas divertidas abstracções que são a "ética republicana" e a "cultura republicana", e que tem um núcleo centrado nesse exemplaríssimo e iluminado período do século XX português que foi a I República. Regime de "terrorismo de Estado" (Vasco Pulido Valente dixit, não eu), uma "oligarquia das bestas", segundo Fernando Pessoa, entre outros mimos que dedicou às suas figuras mais gradas, nomeadamente Afonso Costa ("É homem para mandar assassinar", escreveu - ver Da República (1910-1935)).
A sem-vergonha vai ao ponto de o postal editado para representar o "Eixo República nas Escolas" (leia-se: a parte do programa das comemorações que visa impingir a tralha dos "valores republicanos" às incautas criancinhas em idade escolar) ter a fotografia duma menina de totós a ir para a escola, com os livros e um Magalhães (decerto uma invenção do Afonso Costa...) às costas.
É de fazer um sujeito bandear-se para a monarquia sem pestanejar."

Eurico de Barros
In Diário de Notícias, 09.01.2010.

1 comentário:

Anónimo disse...

Adenda: Não sei em qual das vezes(se da primeira,da segunda ou da terceira)é que sobre o sr. ex-ministro da Justiça e Cultos, Afonso Costa, disse quem o nomeara: "(...) é réu de crimes sem nome (...); devia ser condenado, para todo o sempre, às galés da História". Pena que já estivesse traquejado naquele hábito de saltar dos eléctricos em movimento... Isso (mais o que a Wikipédia diz, de "acumulando também as Finanças, num governo monopartidário, mas que considerava como sendo um governo nacional, declarando então pretender abster-se de praticar política partidária"), qualificava-o, pela certa, para Grão-Mestre da Maçonaria (que não chegou a ser).