15.5.07

Notas Soltas por Eng. Francisco Ferro - I

Do meu bom Amigo Sr. Eng. Francisco Ferro recebi estas Notas Soltas que passo a editar com todo o gosto.
“Notas Soltas

12 de Abril.
A deputada Odete Santos despediu-se do Parlamento numa cerimónia altamente comovedora, de tal modo invulgar que todas as bancadas a aplaudiram de pé! Eu acho bem: os militantes do P.C.P. autorizam o respectivo Comité Central a proceder à substituição de deputados quando o “colectivo” julgar conveniente, pelo que não constitui surpresa a decisão da D. Odete, fiel obediente da autoridade partidária. Foi o adeus de uma grande actriz, sem chamadas ao palco.
Quanto a qualquer juízo sobre o Parlamento, prefiro dar a palavra a gente mais ilustre e nessa linha, deixo aqui duas breves apreciações: a primeira de Eça de Queiroz, reza assim: “A deputação é uma espécie de funcionalismo para quem é incapaz de qualquer função. É o emprego dos inúteis”; a segunda, de Alfredo Pimenta, diz o seguinte: “Não são os incompetentes quem está apto a escolher os competentes (…) e essa situação ilógica só a instituição parlamentar podia consagrá-la”. Para quê comentários?

18 de Abril
Leio na imprensa que morreram em atentados no Iraque cerca de 200 pessoas. O ataque a esse País fundamentou-se na necessidade de derrubar um tirano e implantar a democracia, acabar com armas de destruição maciça (que nunca existiram) e garantir o progresso e a felicidade dos iraquianos. Se as coisas continuam assim, receio bem que, quanto fôr consolidada a democracia, já não haja sobreviventes naquele território onde nasceu uma poderosa civilização.

25 de Abril
Na sessão solene efectuada na Assembleia dos Partidos Políticos (mais conhecida por Assembleia da República), o P. R. interrogou-se sobre a conveniência de manter umas comemorações e um ritual a que já ninguém liga qualquer importância. Por mim, que também tenho direito a manifestar a minha opinião, direi que a melhor forma de comemorar o 25/4 é não o comemorar: os crimes cometidos em nome da Liberdade não permitem outra atitude, mau grado a dissonância do senhor Vasco Lourenço.
Em vez do 25 de Abril, comemorem antes a data do Tratado de Zamora onde foi reconhecida a nossa independência, comemorem o 1.º de Dezembro e o 10 de Junho, não se esqueçam de Aljubarrota e deixem a golpada abrilaica para a escumalha que a fez e dela se aproveita sem nenhum pudor.

Francisco Ferro”

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