«... De pé, olhos bem abertos, face ao Inimigo, unidos em bloco firme, os dentes cerrados, resistir, combater até à morte, na defesa do Património sagrado que herdamos, para, ao menos, salvarmos a honra do nosso nome.
Descer as pontes da fortaleza - jamais!»
Alfredo Pimenta,
in Em Defesa da Portugalidade, p. 29, 1947.
21.2.09
Youth without Youth (Uma Segunda Juventude) em DVD
É hoje vendido conjuntamente com o jornal Público o dvd do filme realizado por Francis Ford Coppola e adaptado do livro da autoria de Mircea Eliade, Youth witout Youth por 1,95€.
1 comentário:
Anónimo
disse...
Tive a ocasião de ler, em 1982, a pequena (e interessante) novela de Mircea Eliade (“Tinereţe fără tinereţe”) traduzida para francês por Alain Paruit, publicada por Gallimard in Collection “Du monde entier” – Paris 1981, sob o titulo “Le Temps d’un Centenaire”, na qual o autor apresenta a hipótese de uma corriente de dois milhões de volts atingir, em forma de descarga atmosférica, um homem de setenta anos, e lhe provoca uma regeneração que, além de o trnasforma num jovem de trinta e tantos anos, o converte num prodigio de capacidade mental. Uma literatura fantástica em que a passagem do real ao irreal se apresenta de forma verídica. A personagem assim “transmutada” é o Prof. Dominic Matei, da Universidade de Bucarest, um extraordinário mestre de Linguística que trabalha numa obra enciclopédica com a qual pretende descobrir a proto-linguagem que estaria na origem de todas as linguagens humanas. Enfim, uma suposição que não comparto, mas que Eliade considerava possivel ! Sobre este escrito, traduzido para o inglês/americano por Mac Linscott Ricketts (“Youth Without Youth” - Columbus: Ohio State University Press, 1988), o realizador Francis Ford Coppola decidiu criar uma versão cinematográfica, apresentada em versão portuguesa sob o titulo “Uma segunda juventude”. Vi a citada pelicula e, sinceramente, não apreciei ! Independentemente do bom comportamento dos actores, não passa de mais uma “americanice” que desvirtua o pensamento de Eliade e revela as já habituais fixações psiquicas do negócio filmico norte-americano, centradas nas cenas de alcova e na demonização do regime politico que vigorou na Alemanha de 1933 a 1945. Atinge o caricato, quando apresenta o rejuvenescido Prof. Dominic Matei a passear os lábios pelo entre-pernas de uma jovem funcionária da Gestapo, para se fixar numa cruz suástica que esta tem gravada no seu ligueiro de “sex shop” ! Sonho erótico do sr. Coppola ? Possivel, e até provável, mas perfeitamente desviado do fundo e da forma da obra de Mircea Eliade. Um “remake” artistico com um fundo politicamente correcto, transportando uma mensagem que não destoaria na “obra histórica” de Spildberg ! Relembrou-me aquela algaraviada intitulada “300”, que pretende “demonstrar” ao inocente (e ignorante) espectador quanto os espartanos defenderam a democracia !?! Uma forma politica que, na realidade, era ateniense e sempre foi combatida pelos espartanos. No computo geral, o “Youth Without Youth” do sr. Coppola é um insulto ao pensamento de Mircea Eliade. Como factor anedótico, que demonstra bem o “rigor” do espectáculo montado pelo sr. Coppola, notemos o tratamento de “cucoane Dominic”, que os colegas (romenos) dedicam ao Prof. Dominic Matei ! Na verdade, o termo correcto é “cocoane Dominic”, um apelativo, um titulo de cortesia, que poderiamos traduzir como "senhor Dominic". Provavelmente, Coppola estava a pensar em cucos !
1 comentário:
Tive a ocasião de ler, em 1982, a pequena (e interessante) novela de Mircea Eliade (“Tinereţe fără tinereţe”) traduzida para francês por Alain Paruit, publicada por Gallimard in Collection “Du monde entier” – Paris 1981, sob o titulo “Le Temps d’un Centenaire”, na qual o autor apresenta a hipótese de uma corriente de dois milhões de volts atingir, em forma de descarga atmosférica, um homem de setenta anos, e lhe provoca uma regeneração que, além de o trnasforma num jovem de trinta e tantos anos, o converte num prodigio de capacidade mental. Uma literatura fantástica em que a passagem do real ao irreal se apresenta de forma verídica.
A personagem assim “transmutada” é o Prof. Dominic Matei, da Universidade de Bucarest, um extraordinário mestre de Linguística que trabalha numa obra enciclopédica com a qual pretende descobrir a proto-linguagem que estaria na origem de todas as linguagens humanas. Enfim, uma suposição que não comparto, mas que Eliade considerava possivel !
Sobre este escrito, traduzido para o inglês/americano por Mac Linscott Ricketts (“Youth Without Youth” - Columbus: Ohio State University Press, 1988), o realizador Francis Ford Coppola decidiu criar uma versão cinematográfica, apresentada em versão portuguesa sob o titulo “Uma segunda juventude”.
Vi a citada pelicula e, sinceramente, não apreciei ! Independentemente do bom comportamento dos actores, não passa de mais uma “americanice” que desvirtua o pensamento de Eliade e revela as já habituais fixações psiquicas do negócio filmico norte-americano, centradas nas cenas de alcova e na demonização do regime politico que vigorou na Alemanha de 1933 a 1945.
Atinge o caricato, quando apresenta o rejuvenescido Prof. Dominic Matei a passear os lábios pelo entre-pernas de uma jovem funcionária da Gestapo, para se fixar numa cruz suástica que esta tem gravada no seu ligueiro de “sex shop” !
Sonho erótico do sr. Coppola ? Possivel, e até provável, mas perfeitamente desviado do fundo e da forma da obra de Mircea Eliade.
Um “remake” artistico com um fundo politicamente correcto, transportando uma mensagem que não destoaria na “obra histórica” de Spildberg !
Relembrou-me aquela algaraviada intitulada “300”, que pretende “demonstrar” ao inocente (e ignorante) espectador quanto os espartanos defenderam a democracia !?! Uma forma politica que, na realidade, era ateniense e sempre foi combatida pelos espartanos.
No computo geral, o “Youth Without Youth” do sr. Coppola é um insulto ao pensamento de Mircea Eliade.
Como factor anedótico, que demonstra bem o “rigor” do espectáculo montado pelo sr. Coppola, notemos o tratamento de “cucoane Dominic”, que os colegas (romenos) dedicam ao Prof. Dominic Matei ! Na verdade, o termo correcto é “cocoane Dominic”, um apelativo, um titulo de cortesia, que poderiamos traduzir como "senhor Dominic". Provavelmente, Coppola estava a pensar em cucos !
Um abraço
AL
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