30.4.14

Uma outra visão de Abril. Humberto Nuno Oliveira


«Uma outra visão de Abril… 

Esta crónica é escrita no dia do 40º aniversário da data em que se derrubou o Estado Novo. De manhã acompanhei o PNR que, com frontalidade e coragem, junto a São Bento, questionou as comemorações e deixou claro que pouco ou nada há a comemorar neste dia…
Um pouco de tudo se ouviu neste dia, mas sobretudo os chavões, já gastos, da liberdade e democracia foram apregoados até mais não… Embora cada vez mais destituídos de virtude e diminuídos no seu âmbito…
Mas há, naturalmente outros factos sobre Abril, bastante menos conhecidos, que importa recordar, colhidos quase ao acaso, para aferir das maravilhas trazidas por este 40º aniversário e que não serão eventualmente tão abonatórios…
Não obstante terminada a guerra que, dizem-nos, obrigava os portugueses a emigrar (como se os portugueses fossem um mero bando de cobardes, desertores e refractários, como os que abundam neste regime), há hoje mais de 108.000 emigrantes contra os pouco mais de 43.000 existentes em 74, e guerra acabou… Eis uma primeira, e grande, conquista de Abril…
Não obstante uma população que cresceu em cerca de um milhão e meio de indivíduos, nascem hoje apenas 90.000 portugueses contra os quase 160.000 que nasciam em 74. Eis outra notável conquista de Abril que nos conduzirá à extinção demográfica. Há hoje 594 estabelecimentos de saúde contra os 754 então existentes e menos cerca de 100.000 partos.
Havia à 40 anos atrás menos de 91.000 portugueses desempregados. Hoje o número passa, em muito, seguramente os mais de 660.000 dos números oficiais. Outra notável conquista de Abril…
Não obstante terem desaparecido 30 estabelecimentos prisionais, aos 2132 presos daquele tempo do regime “fascista” e quase “concentracionário” há hoje quase 14.000 reclusos. Outra bem eloquente diferença entre então e hoje… Que acho que ajuda aperceber bem a ”evolução” do País nestes últimos quarenta anos…
E ainda encontram razões para comemorar o regime de Abril?»

1 comentário:

Anónimo disse...

Brilhante testemunho. Parabéns aos dois, ao autor do artigo e ao dono deste espaço que em boa hora aqui o publicou.
Maria