25.4.08

Livro: O 25 de Abril de 1974, a revolução da perfídia

Com a chancela da Prefácio, foi editado mais um livro do general António Silva Cardoso intitulado “25 de Abril de 1974 – a revolução da perfídia”.
Nas 234 páginas do livro, o general Silva Cardoso lavra uma fortíssima acusação e denúncia sobre o golpe de estado abrilino e as repercussões que este teve para Portugal.
Na realidade, o general António Silva Cardoso é o mesmo que fez parte da Junta Governativa de Angola chefiada por Rosa Coutinho, acumulando esse cargo com o Comando da 2.ª Região Aérea. Na sequência do Acordo do Alvor foi designado Alto-Comissário (ou Alto-Corsário como dizia o
Rodrigo Emílio) para o período de transição, onde se manteve até princípios de Agosto de 1975.
Ora, o sr. general António Silva Cardoso, na sua qualidade de membro da Junta Governativa de Angola chefiada por Rosa Coutinho e de Alto Comissário de Angola foi co-responsável pela criminosa e racista descolonização, pelo desmembramento do Império português e morte de milhares de portugueses que com os seus rios de sangue inundaram o solo das Províncias Ultramarinas traindo, dessa forma, o esforço de quinhentos anos de presença e soberania portuguesa no Ultramar!
Foi o autor de "Angola, Anatomia de uma tragédia", editado pela Oficina do Livro, no ano de 2000, 690 págs., em cuja capa se vê o sr. general ao lado de Melo Antunes e de Mário Soares - em que o último a assina o "acordo".
Por muito que o sr. general escreva - e já vai em cerca de mil páginas - , já não se pode voltar atrás e pedir comovidamente desculpa como o faz no Preâmbulo deste livro, remetendo-nos para "Angola, Anatomia de uma tragédia":
«A resposta, pronta e inevitável, centra-se na constante, abusiva e obcecante tentativa de mistificação da História de Portugal relativamente a esse período. A minha vivência da maioria dos factos relatados e as imagens com frequência nos entram em casa mostrando o drama terrível e pungente que se tem abatido sobre o povo angolano para quem a fome, a dor, a doença, a tremenda incerteza do futuro, os estropiados e a morte são uma constante perante os olhos atónitos, incrédulos, mas também passivos, do mundo, levaram-me, num imperativo de consciência, a escrever a minha própria verdade como a tinha sentido e vivido. Quanto à segunda questão, porquê só agora, limito-me a citar um dos últimos parágrafos do livro:
Os anos passaram. Muitos outros hão-de ainda passar e a História, como se diz, fará o seu juízo.
(…) Naquilo que me diz respeito afirmo que a descolonização, tal como se cumpriu, será considerada como o episódio mais catastrófico, mais desprezável e mais estúpido de toda a História de Portugal; na parte que mais de perto me toca, eu julgo que é também meu dever contribuir para a formulação do juízo da História. E esta precisa de distanciamento em tempo para poder ser escrita.» (Pág. 21/22)
Assim é. Já passaram trinta e quatro anos. Duas gerações quebraram um elo de quinhentos anos de laços históricos e o sr. General foi um dos que contribuiu para essa trágica realidade!
Demasiado tarde, rios de sangue correram nas províncias ultramarinas de África que desaguaram no oceano Atlântico e no oceano Índico!
Escreve o sr. general: «Omitia a Dr.ª Maria Barroso que o seu marido é um dos grandes responsáveis pela tragédia que se abateu sobre aquele território após a chamada descolonização que ele começou por classificar de espectacular, depois de exemplar e, por fim de possível. Como é possível tal atitude quando o ilustre casal Soares sabia quem foram os seus compatriotas que transformaram um território cujo padrão de vida antes do 25 de Abril era o terceiro de toda a África sub-sahariana (sendo apenas suplantado pelo da África do Sul pelo da África do Sul e pela, então, Rodésia) num país em que se estima estarem cerca de quatro milhões de pessoas de pessoas ameaçadas de morrer de fome!» (Pág. 23)
O sr. general desmistifica o que considera
«ser a mais insidiosa manipulação da nossa História entre 1933 e 1975 nomeadamente nas seguintes linhas de força:
- a guerra do Ultramar foi, principalmente, um episódio da guerra entre os EUA e a URSS e não uma luta de autolibertação e desenvolvimento dos povos;
- a guerra estava a ser ganha militarmente e a batalha do desenvolvimento atingia crescimentos sociais e económicos muito elevados;
- a subversão na retaguarda e a inoculação do vírus revolucionário nas Forças Armadas foi a solução que a URSS opôs à nossa vitória militar;
- os autores da traição e do descalabro têm nomes e são os que, conscientemente, fizeram o jogo da URSS, isto é, o PCP e seus “compagnons de route”.»
(Pág. 25)

Um livro a ler com atenção para se compreender as razões do golpe de estado abrileiro, a descolonização, o PREC, enfim, a democracia em Portugal!
O crime de traição à Pátria
pela "
prática do crime previsto no art.º 141 do Código Penal, crime consubstanciado em documentos de que os acusados foram signatários, em pareceres dados no exercício de funções oficiais, e em declarações prestadas publicamente, usando assim de meios fraudulentos com vista à separação de parcelas do território português, objectivo que conseguiram alcançar em directa colaboração com os que pretendiam por acções violentas a apropriação das províncias ultramarinas, como eram designadas na Constituição então vigente."

7 comentários:

Anónimo disse...

ó Nonas estás mesmo bruto com o general!!!

Anónimo disse...

Todos têm a sua verdade... que muitas vezes não é coincidente com a nossa.
Assim, há alguns pontos que não sou 100% apoiante do General mas, eu como muitos que viveram em Angola, que aamam e que lá sofreram a descolonização sabem que tudo o que o Gen. Silva Cardoso relata no seu livro "Angola, Anatomia de uma tragédia" é pura e simples verdade.
Como pode alguém, que se calhar nunca esteve em Angola, ou em qualquer província/colónia (como lhe queira chamar) ultramarina, dizer, como acabei de ler: "... foi co-responsável pela criminosa e racista descolonização, pelo desmembramento do Império português e morte de milhares de portugueses que com os seus rios de sangue inundaram o solo das Províncias Ultramarinas traindo, dessa forma, o esforço de quinhentos anos de presença e soberania portuguesa no Ultramar!"
Tenho muito orgulho que ainda em Portugal existam HOMENS como o nosso General.

José M.R. Rosa

nonas disse...

Caro Sr. José Rosa,
Não nego o que o sr. Gen. Silva Cardoso escreve nos seus dois livros.
O facto, triste e lamentável que o Gen. Silva Cardoso poderá estar hoje arrependido, é que foi um dos que assinou a entrega da província ultramarina de Angola no "Acordo" do Alvor, na qualidade de Alto-Comissário.
Assim sendo, na minha modesta opinião, foi co-responsável pela entrega de Angola.
Isso é um facto histórico indesmentível.Que se saiba ninguém o obrigou a assinou o "Acordo" de Alvor...
O facto do sr. Gen. fazer agora - desde 2000 - o mea culpa demonstra a sua coragem. Lamento que a coragem não tivesse acontecido nos anos mais críticos da traição, 1974 e 1975.
Caso o Sr. José Rosa queira desenvolver este tema, peço-lhe o favor de me enviar um email.

Anónimo disse...

Exmº.s,
visitem o Exmº. Sr. Gen. Silva Cardoso no HFA.
Quem somos nós para julgar... No momento da verdade poucos são os que não renegam aquilo em que acreditam.
Bem hajam.

Anónimo disse...

Fui oficial subalterno Pára-Quedista até ao arrear da Bandeira Nacional em Angola ...e quero deixar aqui...o meu testemunho q só com um Homem como o nosso General como Alto Comissário em Angola evitou um maior banho de sangue !! Se ele não estivesse estado em Angola e só estivesse o rosa coutinho tinha sido um descalabro total....A ele se deve terem conseguido mesmo assim chegar com vida a Portugal todos aqueles q conseguiram chegar...!! Nunca servi o meu País comandado por alguém com tanta dignidade , honra , prestigio militar e até como Ser Humano como Ele...!!!

Viriato de Viseu disse...

Vim de Angola no ultimo voo da ponte aérea.
Só quem lá esteve é que pode avaliar o trabalho do General Silva Cardoso que pouco podia fazer em relação ao intragável almirante vermelho ( que a terra lhe seja pesada como o chumbo fdp)

Comungo com a prosa do Oficial subalterno, que deve ter servido sob as ordens de um HOMEM de verdade de seu nome AMILCAR HEITOR ALMENDRA...outro a quem muitos Portugueses devem a vida.

Por motivos familiares e dados os racionamentos que se viviam na cidade de Luanda, normalmente os meus tempos de ócio eram passados na base aérea nº. 9 e na messe da Força Aérea.
Tenho na memória coisas que se passaram demasiado horríveis. O destino de Angola estava traçado. Cair nas garras do comunismo. O Almirante vermelho ( fdp ) foi destacado para lá, para vigiar de perto a entrega.

Unknown disse...

A quem estiver interessado. O Excmo General Silva Cardoso, meu AVÔ e HERÓI, faleceu na passada 6a feira, 13 de Junho de 2014 em Lisboa. Teve direito a honras militares e à presença das mais altas patentes da Força Aérea e da Armada no seu funeral. É, foi e sempre será um dos maiores Homens e Militar que este país alguma vez terá.