29.10.10

Pensamentos de Alfredo Pimenta - XXV

«... O Nacional-Socialismo não é uma Filosofia, nem uma Religião, nem uma Metafísica, nem uma Ética: é uma Política constitucional, económica e social.
Como política constitucional, é uma forma de Estado com uma finalidade concreta e tipicamente alemã: no interior, Poder central forte, autoritário e exclusivo, com a preocupação da unidade do Povo de raça alemão: logo, nem Estados secundários, nem partidos: um Povo em toda a acepção da palavra; no exterior; reconquista da liberdade de vida, da autonomia, e da vontade de poder.
Como política económica, pretende libertar a Alemanha da tirania da Banca judaica, e, logicamente, subordina todas as actividades do Povo a essa pretensão.
Como política social, ataca o critério da luta de classes, substituindo-a pela íntima colaboração de todos os elementos da Produção, fundamento da Paz Social.
É na efectivação da política constitucional, na maneira de se chegar ao fim que ela procura, que aparecem atritos, desinteligências, conflitos com a Igreja. Não se deve esquecer que havia, no quadro político do Império de Guilherme II e da República de Weimar, um grande partido político, o Centro Católico, legítimo, em regime liberal ou democrático, mas absolutamente estranho, em regime autoritário que se propunha a tarefa colossal de trazer à tona de água o Povo alemão, escravizado, ultrajado e vilipendiado pelo Tratado de Versalhes, e que, para isso, dissolveu todos os partidos políticos. A grandeza do Povo alemão em todas as suas escalas, desde as famílias reinantes ou principescas até os mais modestos trabalhadores, está principalmente na compreensão unânime da missão que o Nacional-Socialismo afirmava, e na obediência sincera e livremente consentida que lhe deu. Os bombardeamentos maciços e criminosos de que têm sido vítimas as populações indefesas vieram confirmar essa realidade.»(1)
«... O Nacional-Socialismo não é um fim; é um meio de que o chefe da Alemanha se serve, para dar á Alemanha o lugar que, no seu entender, ela deve ocupar, ou a fisionomia que, no seu entender, ela deve possuir: internamente, a unidade indestrutível; externamente, a força imperial.
Devo dizer já, antecipando-me, que ao contrário do Nacional-Socialismo que é — um meio, o Comunismo é um fim. O Nacional-Socialismo é puramente nacional, e tem por objectivo a Alemanha; o Comunismo é internacional, e tem por objectivo a Revolução Mundial.
Mas o Racismo...
O Racismo, na concepção nacional-socialista, é a defesa da Alemanha contra o Judaísmo - não contra o Judaísmo como religião, mas contra o Judaísmo como Raça activa e açambarcadora.
O Catolicismo, como universalista, não compreende tal atitude; mas enquanto houver Nacionalidades, e o Catolicismo se não declarar inimigo das Pátrias, há que aceitar a defesa que estas efectuam contra a sua dissolução ou decomposição. E não há elemento mais dissolvente ou desorganizador do que o Judaísmo.
A verdade é que o Nacional-Socialismo encontrou a Alemanha apoiada numa constituição elaborada por um Judeu - Preuss: a de Weimar; numa organização económica, obra de um Judeu - Rathenau; e num Socialismo-comunista obra de judeus - Marx e Lassalle.
Todos os Estados, todas as Famílias, todos os Grupos ou Organismos são mais ou menos racistas, segundo a força da sua constituição, e a consciência que têm da sua missão. Isto é, defendem-se, repelindo do seu meio tudo quanto seja portador de gérmenes de decomposição ou dissolução. É a luta pela vida. É a aplicação do preceito evangélico relativo aos ramos estéreis das vides (Segundo S. João, XV, 6); é a aplicação da doutrina de S. Tomás (II da II, quest. XI, artigo 3).»(2)
«... No Racismo, há dois aspectos: o aspecto negativo - repúdio da raça inimiga; e o aspecto positivo - exaltação da própria raça.
Ninguém me condenará por eu tentar impedir que a minha Pátria se dissolva, pela mestiçagem biológica ou pela invasão de não-portugueses que ocupem todas as posições-chaves das actividades nacionais - nas Universidades, nos Bancos, nas Empresas, na Administração, nos Tribunais, na Indústria, nas Oficinas; e ninguém me condenará por eu proclamar a superioridade do Povo português, e não dizer amém aos que afirmam a sua inferioridade.»(3)
«...O Nacional-Socialismo estabeleceu, em seu Direito agrário, reconhecimento fundamental do direito de propriedade privada da terra, e, como as nossas leis de Sesmarias, a sua entrega ao Estado, no caso de negligência.»(4)


Notas:
(1) - In Contra o Comunismo, pp. 20/21, ed. Autor, 1944.
(2) - Idem, pp. 22/23/24, ed. Autor, 1944.
(3) - Idem, p. 24, ed. Autor, 1944.
(4) - Idem, p. 34, ed. Autor, 1944.

26.10.10

Pensamentos de Alfredo Pimenta - XIV

«...Em relação à crise de Democracia, o sr. Cambó começa por dizer que o regime parlamentar não é no fundo mais do que uma modalidade, um sistema para que o governo do povo pelo povo seja uma realidade. O sr. Cambó ainda vai aqui. Mas eu perdoo-lhe o abuso, pelo que afirma a seguir: que na maior parte dos países que o tinham instaurado, só funcionava, não funcionando, isto é, falseando todo o processo, desde as eleições até o exercício das funções fiscalizadoras e legislativas do Parlamento. Tenho ensinado sempre que o Parlamento é tanto melhor, tanto mais aceitável, quanto mais falsear a sua doutrina.
Eu não aludo à crise do Parlamentarismo, quero significar a sua impotência para servir a Nação; não quero, com as minhas palavras, dizer que ele estava sendo adulterado. Antes pelo contrário. O Parlamentarismo puro, livre de qualquer mancha de falsificação, é o regime do «ninguém se entende». Esse governo do povo pelo povo, enquanto é mentira ainda passa; mas se querem dar foros de verdade a essa inépcia, é o caos!»(1)
«... Esperar que uma multidão já de si inferior e mais inferiorizada ainda pela sugestão de meneurs sem ciência e consciência, fazendo do surencherismo processo sistemático de propaganda, esperar que essa multidão pervertida e desorientada possa escolher figuras superiores para a alta e grave função de legislar que requer não só um positivo conhecimento da Ciência Social, mas também uma ponderação, uma reflexão, um critério que só em raras criaturas se encontra, é uma ilusão tolerável aqui há um século, absolutamente démodée nos tempos de hoje. Não são os incompetentes quem está apto a escolher os competentes. Isso é a subversão da ordem, nos seus mais fundamentais elementos. E essa situação ilógica, só a instituição parlamentar podia consagrá-la. Não são aqueles que precisam de quem os dirija que estão em condições de escolher quem melhor possa executar essas funções dirigentes. Isto é óbvio. A interferência dos cidadãos na vida pública do seu país deve, pois, efectuar-se no exercício da vida municipal, deixando as superiores funções de direcção central e geral a uma restrita e fechada categoria de cidadãos, isto é aos elementos representativos das corporações espirituais, morais e activas. Tudo quanto seja contribuir para uma mais perfeita hierarquização - é contribuir para o progresso social, para o progresso da civilização. Nivelar, confundir, é estagnar. E se há prova concludente das consequências nefastas da pantanização (deixem passar o tempo!) do meio social - é a instituição parlamentar.
A corrupção dos costumes políticos deve-se principalmente, às exigências das necessidades eleitorais.
Só é forte um governo que não precise de andar a transigir com as flutuações da opinião, isto é um governo que em vez de governado, tenha por missão governar, isto é canalizar, aproveitar, dominar. A opinião é instável. Governos instáveis são governos estéreis. A opinião parlamentar, quando não é uma mentirosa aparência, é a imagem da opinião das ruas. Instável, estéril, anárquica como ela.»(2)
Notas:
(1) - In O Livro do Sr. Cambó, in «A Voz», n.º 1004, p. 3, 23.11.1929.
(2) - In Parlamentarismo, in «Nação Portuguesa», n.º 3, p. 71, 1914.

Pensamentos de Alfredo Pimenta - XXIII

«Mussolini é (...) o homem poderoso que ergueu a Itália da Desonra e da Humilhação, e fez dela pedra forte e temida no xadrez do Mundo.
Ai, se a Espanha tem cumprido o seu dever de lealdade para com aquelas duas nações que superiormente a ajudaram na sua luta contra o Comunismo, e a guerra de 1939 a 1945 tem tomado o rumo que todos os críticos militares e comentadores políticos asseguram teria sido, nesse caso, o seu — a Itália seria, agora, o segundo Império da Europa, e não se contariam as estátuas erguidas ao Duce em todas as cidades italianas, e é possível que em todas as igrejas e catedrais da Península, nas orações em honra do Rei, figurasse também o nome do Duce...
Mas foi vencido e martirizado, vilipendiado e caluniado de tal maneira que se diria não se poder ultrapassar o horror do massacre e do vilipêndio, da injúria e da calúnia. Mas ultrapassamo-lo, quando o condenamos à expiação mais degradante — a do silêncio, que quase significa a sua não existência.
A obra de Mussolini em todos os domínios da vida colectiva italiana é vastíssima e profunda.
Dir-se-ia que Mussolini, empunhando arado gigantesco, lavrara de lés a lés a Campina romana, abrindo sulcos fundos como abismos, e largos como oceanos.
«(...) Mas penso (...) que maior do que tudo isso é a resolução da Questão Romana, espinho cravado no coração da Igreja e no coração da Itália.
Qualquer que seja a opinião que se tenha sobre a forma dessa resolução, ninguém pode negar que foi uma resolução que veio ao encontro de todo o mundo católico.
Os Acordos de Latrão são a pedra mais fulgida de toda a sua obra de Duce da Itália.
Ainda que não tivesse feito mais nada, nos vinte e um anos da sua vida política, os Acordos de Latrão seriam motivo bastante para que o seu nome ficasse para sempre esculpido na história da Igreja e da Itália.
«(...) Quem ouve os homens de hoje, os que sobreviveram à derrota da Europa e à vitória das Democracias; quem, amanhã, daqui a anos ou a séculos, ler os homens de hoje, terá que ou formar juízos candentes como brasas, ou concluir esta coisa estupenda: Mussolini nunca existiu!» (...) Mussolini (...) não deixa rasto, não se menciona, e enterra-se a mil braças de profundidade, e some-se sob Himalaias de silêncio.
Desgraçadamente não exagero. Os factos são os factos, e contra eles não há considerações que valham.
(...) Em 21 de Junho de 1921, em Montecitorio, uma voz, a do deputado nacionalista Rocco, diz que não lhe parece impossível um acordo entre a Itália e o Vaticano.
Mas era necessário que «a nação italiana se pusesse de pé, e fossem dispersos os resíduos demo-maçónicos, que a Maçonaria fosse quebrada, e as forças católicas restauradas», para que o acordo encontrasse o seu momento próprio. Era indispensável ainda mais alguma coisa. Era indispensável, para me servir da expressão eloquente do Pontífice Pio XI, que existisse «um homem como aquele que a Providência» pôs diante de si, «um homem sem as preocupações da escola liberal», para ele Pontífice poder «restituir Deus à Itália, e a Itália a Deus».
«(...) Mussolini preparara o ambiente: cedera a biblioteca do Palácio Chigi à Biblioteca Vaticana; restituíra o convento de Assis, restaurara o culto de dezenas de igrejas; fizera voltar muitos conventos ao poder das ordens religiosas; reconhecera títulos pontifícios; restabelecera o ensino católico nas escolas primárias; reimplantara o crucifixo nas escolas, nas repartições públicas e no Parlamento; instituíra capelães militares, e a assistência católica na Juventude e na Mocidade... Et j`en passe... E finalmente, promovera a reforma da legislação eclesiástica vigente, com a colaboração de três prelados romanos.»
«(...) Em 11 de Fevereiro de 1929, entre as onze da manhã e o meio-dia, no Palácio de Latrão, o Cardeal Gasparri e Mussolini assinavam três convenções que punham termo à Questão Romana.
Como é possível tentar-se arrancar isto da História? Como é possível pretender-se apagar isto da História? Como é possível defraudar-se a Verdade?
Dez anos depois, foi a guerra que as Democracias provocaram, procurando cercar, para as abafar, a Alemanha hitleriana e a Itália mussolínica.
Ao fim de cinco anos de luta, em que nem a Alemanha nem a Itália deram tudo quanto podiam dar, porque cedo começaram a sofrer as consequências da traição dos generais, na Alemanha, e da traição da Corte, na Itália, ao fim de cinco anos de luta, as Democracias venceram, morrendo Hitler sob os escombros da Chancelaria do Reich, morrendo Mussolini às mãos de agentes das Democracias.
Quatro anos depois, celebra-se em Roma, e no Vaticano, o vigésimo aniversário dos Acordos de Latrão.
Na manhã de 11 de Fevereiro de 1949, é recebido, no Vaticano, pelo Sumo Pontífice Pio XII, em audiência, «in Udienza solenne», o sr. De Gasperi, Presidente do Conselho da República italiana — liberal, democrática, maçónica e comunizante, que inscreveu na sua Constituição, por benevolência requintada dos comunistas, os Acordos de Latrão que tinham posto termo ao dissídio católico-italiano.
«(...) Na (...) Alocução de 13 de Fevereiro de 1929, o Papa Pio XI (...) que devia dizer que «fora nobremente secundado também pela outra parte». Esta outra parte que colaborara nobremente na resolução do dissídio era precisamente aquele homem despido dos preconceitos da escola liberal que o ajudara a restituir Deus à Itália e a Itália a Deus, e se chamou, em vida, e se chamará na eternidade da História, Benito Mussolini.
Como é que o Papa Pio XII celebra, e com toda a justiça, o nome de um dos autores dos Pactos de Latrão, e não tem sombra de palavra piedosa, humana e caritativa, para o outro, o que foi ignobilmente massacrado em Dongo por aqueles que levaram ao Poder Sua Excelência De Gasperi, Chefe do Governo italiano, que Sua Santidade recebeu em audiência solene?
Sempre quis acreditar que o Papa, mesmo em matéria política, saberia manter-se superior a paixões mesquinhas, a injustiças arrepiantes, a tentações que degradam. Temeu, porventura, Sua Santidade, ofender os ouvidos castamente democráticos do sr. De Gasperi, e do seu aliado o camarada Togliati, e do seu cúmplice o conde Sforza, pronunciando o nome do mártir do Dongo, que a Providência enviara a Pio XI, para que Deus voltasse à Itália, e a Itália voltasse a Deus? Receou, acaso, o Augusto Pontífice, irritar o herói democrático que caçou Mussolini e o executou cobardemente, miseravelmente?
Nem uma palavra, nem um pensamento! Nada. Mussolini nunca existiu! Os Acordos de Latrão foram única e exclusivamente obra de Pio XI. Ele os concebeu, ele os redigiu, ele os emendou, ele os promulgou, ele os impôs à Itália e à Catolicidade. Ele é o Pontífice de largas vistas e de coração magnânimo. Mussolini? Nunca existiu!
Nesse mesmo dia, em Roma, «nella chiesa di S. Ivo ala Sapienza», houve Missa Solene celebrada por Sua Eminência o Cardeal Pizzardo, para festejar o vigésimo aniversário da Conciliação.
Ao Evangelho, Sua Eminência falou aos assistentes, para lhes dizer que a Conciliação «é um dos maiores actos do grande Pontífice Pio XI que quis dar á sua queridíssima Pátria italiana a Paz de Cristo no Reino de Cristo». Para a alcançar, era necessária grande clareza de vistas e uma força de vontade verdadeiramente extraordinária. Ele conduziria «pessoalmente» as negociações, assumindo-lhes todas as responsabilidades. Não há nos Acordos de Latrão «uma linha, uma expressão, que não tenham sido objecto do seu estudo pessoal, da sua meditação, e principalmente das suas orações». Por fim, pediu aos presentes uma «oração pelo grande Pontífice, pelo Cardeal Gasparri, pelo advogado Pacelli, seus fiéis colaboradores».
Mussolini? Nunca existiu! E por isso nem um Padre Nosso e uma Avé-Maria pelo descanso da sua alma! Mas quando Roosevelt, maçon, filho da heresia luterana, cheio de preconceitos da escola liberal, morreu de morte natural, a Igreja deu-lhe as honras de exéquias solenes na Notre-Dame de Paris — contra as prescrições formais do Código Canónico! Para o pobre Mussolini, nem um Padre Nosso, Avé-Maria! É que sua Eminência o Cardeal Pizzardo nunca deu por ele, ao estudar a Conciliação!
No próprio dia 11 desse Fevereiro, o Osservatore Romano publicava extenso artigo sobre o acontecimento. Exposição histórica, na sua quase totalidade. Mas ao aproximar-se do fim, fala nos Acordos. Lembra o Pontífice Pio XI e... Francesco Pacelli.
Mussolini? Nunca existiu!
(...) Em 15 de Março de 1929, o Sacro Colégio, indo felicitar o Santo Padre pela assinatura dos Acordos de Latrão, louvando as suas disposições tão generosas e tão santas, enaltecera também as «disposições da Providência que servindo-se da alta sabedoria do eminente Chefe do Governo italiano e das nobres intenções do Augusto Soberano da Itália», permitiram esses Acordos.
E o Santo Padre, em resposta, confessava que as suas disposições tinham sido bem escolhidas «pelo Augusto Soberano da Itália e pelo seu Primeiro Ministro».
Então, Mussolini existia; Mussolini era gabado; Mussolini era lisonjeado. Então, Mussolini existia!
No primeiro telegrama expedido do Vaticano, depois de instituído o novo Estado, em 7 de Junho de 1929, dirigido a Victor Manuel, Pio XI não se esquecera de dizer que na benção que lhe enviava, e à Rainha, à Família Real, à Itália e ao Mundo, envolvia o seu «Real Plenipotenziario».
Então, Mussolini existia...
Agora...
Dir-se-ia que se adoptou como mot d`ordre sagrado, aquilo de Togliati, ao aprovar que se inserissem na Constituição da Itália os Acordos de Latrão, quando preconizava a substituição da «assinatura infamante do Fascismo que está no final daqueles Acordos, pela assinatura da República italiana».
Dir-se-ia que se pretende obedecer a esse mot d`ordre sinistro, — talvez por valer mais Togliati vivo, com os seus energúmenos, demagogos e bandidos, do que Mussolini morto, com a sua grandeza, o seu génio e a sua obra!
Não repugnou ao Osservatore Romano que se pudesse seguir a directriz de Togliati — e por isso escreveu que a Conciliação de 1929 não fora «obra de um regime político, mas de um governo italiano — reconhecido como os que o precederam».
Os governos que o precederam? Eram, na opinião de Pio XI, «os governos sectários ou submetidos ou enfeudados aos inimigos da Igreja, mesmo quando pessoalmente não eram talvez seus inimigos».
Dar-se-à o caso de que a ingratidão dos Papas seja maior do que a ingratidão dos Reis?
Pensava e dizia Crispi que «o maior homem de Estado da Itália seria aquele que resolvesse a Questão Romana».
Mussolini resolveu-a. E resolveu-a tão bem, que ninguém teve a coragem de tocar na sua solução; antes a enxertaram na Constituição da República.
Mas Togliati propõe que se apague do instrumento diplomático em que essa solução está exarada, a «assinatura infamante» de Mussolini. E no Vaticano, faz-se-lhe a vontade; e, ao solenizar-se o vigésimo aniversário da resolução do grande dissídio, fala-se em toda a gente, mas condena-se ao mais profundo silêncio o nome de Mussolini.
É sacrilégio.
Estas minhas palavras, sendo de respeitoso protesto contra este silêncio, e de indignada revolta contra a injustiça e a falta de caridade, são também de enternecida homenagem ao grande e esclarecido espírito que, durante vinte anos, governou a Itália — «domando a anarquia; restabelecendo a ordem; fazendo respeitar a Monarquia; fazendo respeitar a Monarquia; restaurando a Religião; desenvolvendo o poder militar, naval e aéreo; estimulando e amplificando a colonização; fomentando todas as actividades do país; transformando pântanos em cidades; descobrindo minas; indo ao encontro de todas as acções pessoais, de todas as obras intelectuais, morais, educativas; cuidando da Juventude»...(1)


Nota:

(1) - Do prefácio ao Testamento Político de Mussolini, pp. IX,XXIII, Edições Ressurgimento, Lisboa, 1949.

24.10.10

Pensamentos de Alfredo Pimenta - XXII

«(...) Nunca fui fascista, no sentido próprio do termo. Mas encontrei-me com o Fascismo em tantas e tantas coisas, positivas ou críticas, que (...) não sendo fascista, não sei bem que mais seria preciso para que o fosse.
Mas o que não me oferece dúvidas é a admiração que sinto por Mussolini.»(1)
«Fica Mussolini na história dos povos, por muitas e ingentes obras. Nenhuma é tão grande como a da transformação da mentalidade italiana — transformação essa que fez dum povo de fainéants, o povo admirável que está a ser, nas batalhas árduas da Etiópia, o pasmo das gentes, pela sua resistência viril, pelo seu sacrifício alegre, pela sua vontade grave de ir até ao fim...»(2)
A Contra-Revolução minha contemporânea deu três génios políticos sadios que encheram esta primeira metade do século XX, e se projectarão através dos séculos, na história geral do Mundo: Mussolini, Hitler e Salazar. Cada um com o seu feitio, com as características criadas pelas circunstâncias pessoais ou mesológicas, com a sua finalidade temporal ou atemporal, cada um deles convencido da sua missão terrena capaz de ultrapassar a sua época.
Mussolini, criador do Império italiano; Hitler, criador do Império germânico; Salazar, espírito singularmente positivo, restaurador duma consciência nacional que naufragava a olhos vistos no cepticismo e no mais absurdo complexo de inferioridade que jamais se viu.
Concedeu-me Deus a ventura de ser contemporâneo destes três grandes gigantes políticos.
Falhou a sua obra? Já passou a hora desses impérios ou está para soar ainda? Só o Futuro o dirá.
Se o Império germânico renascer das cinzas que a Barbárie democrática semeou — não haja ilusões!, será o espírito hitleriano que há-de aquecê-lo e guiá-lo, contra tudo e contra todos. Da mesma forma, se o Império italiano ressuscitar da morte em que a Traição, a Cobardia e a Estupidez o sepultaram, há-de ser sacudido pela voz de Mussolini, e obediente ao seu mandato imperativo.
Salazar, chefe incontestado de um Povo de recursos materiais limitados... (...) Foi outro o seu sonho; é outro, o seu sonho.»
«(...) Esses três homens forjaram pelas suas próprias mãos o bronze das suas estátuas que nem as forcas de Nuremberga, sinistras ignomínias, nem os massacres de Dongo, torpezas hediondas, nem a morte natural e distante que todos nós esperamos que seja o fim de Salazar, poderão destruir.»(3)
«... Admirável coisa esta de defender causas vencidas, homens vencidos, sobre que as vagas alterosas da Vitória passam, altaneiras e invencíveis! Com essa defesa, não se colhem bens, nem louros; colhem-se antes desgostos e lágrimas. Mas fica-nos a consciência tão límpida como a água que brota de rocha virgem.»(4)

Notas:
(1) - Do prefácio ao Testamento Político de Mussolini, p. VI, Edições Ressurgimento, Lisboa, 1949.
(2) - O Império Colonial factor de civilização, p. 29, Agência Geral das Colónias, Lisboa, 1936.
(3) - Do prefácio ao Testamento Político de Mussolini, pp. VII/IX, Edições Ressurgimento, Lisboa, 1949.
(4) - In Três Verdades Vencidas - Deus - Pátria - Rei, p. 68, Org. Bloco, Lda., 1949.

20.10.10

Pensamentos de Alfredo Pimenta - XXI

«... É a expressão pura do meu pensamento, e traduz precisamente a substância das minhas aspirações, que desejo a derrota das Democracias, para que a Europa e o mundo, libertos do poder da Plutocracia judaica, encontrem um período de ordem fecunda, de progresso tranquilo, de trabalho pacífico e de prosperidade sã.»(1)
«... Em 9 de Fevereiro de 1938, o Sr. Potocky, embaixador da Polónia em Washington, diz, em relatório secreto enviado ao seu Governo: «A pressão dos judeus sobre o Presidente Roosevelt e sobre o Departamento do Estado aumenta de dia para dia».
E continua: «... pude verificar que os judeus, tomados de sentimento de pânico, são neste momento os criadores mais activos duma psicose de guerra que deve precipitar o mundo inteiro na guerra e suscitar uma catástrofe geral. Este estado de espírito manifesta-se cada vez mais. Ele supõe a divisão do mundo em dois grandes blocos: o bloco fascista e o bloco democrático. Naquele, os judeus e os intermediários que fazem a causa comum com eles compreendem, além da Itália, da Alemanha e da Roménia, outros Estados democráticos, os Judeus têm organizado ainda um verdadeiro caos: meteram no mesmo saco a ideia da Democracia e a do Comunismo, e antes de mais nada, arvoram sobre ele a bandeira dum ódio ardente ao Nazismo... Este ódio conduz ao delírio; por toda a parte, e a cada instante, nos teatros, nos cinemas, na imprensa, ele é propagado. Os alemães são representados como um Povo que vive do orgulho de Hitler que quer conquistar o mundo inteiro, e afogar a Humanidade em mar de sangue... Na sua propaganda, esta Judiaria internacional deita mão de todos os meios capazes de combater qualquer tentativa de consolidação ou entendimento entre os Estados. É assim que na opinião pública deste país, vai crescendo a convicção de que os alemães e os seus satélites, sob a rubrica do fascismo, são inimigos, que o mundo democrático deve vencer.»
Assim falava, e profeticamente, em 9 de Fevereiro de 1938, o Embaixador da Polónia em Washington. Observava, contava o que via e ouvia, avisava o seu Governo.
O foco propulsor da guerra estava em Washington, e, no centro dele, o Presidente Roosevelt.»(2)
«... Em 12 de Janeiro de 1939, o mesmo Embaixador comunica, depois de ter afirmado que o que caracteriza o estado de espírito actualmente existente nos Estados Unidos é um ódio crescente ao Fascismo, e particularmente à pessoa do chanceler Hitler: «a propaganda está principalmente nas mãos dos Judeus; a rádio, o cinema, a imprensa e os periódicos pertencem-lhes quase cem por cento». E continua dizendo que se se dá «a Rússia soviética como fazendo parte integrante do bloco dos Estados democráticos..., a simpatia da política americana vai toda para o lado da Espanha vermelha». E acrescenta: «O Presidente Roosevelt foi o primeiro a exprimir o ódio ao fascismo, visando dessa forma dois objectivos: desviar a atenção do povo americano dos problemas difíceis e complexos da política interna, principalmente da luta do capital e do Trabalho; e, criando a psicose de guerra, incitando o povo americano a aceitar o enorme programa de armamento da América que ultrapasse consideravelmente as necessidades de defesa dos Estados Unidos».
Quanto a este segundo objectivo, o Embaixador da Polónia limita-se a declarar que «o Presidente Roosevelt, hábil manobrista político e conhecedor da psicologia americana», deu realidade ao «espantalho do ataque dos Estados totalitários aos Estados Unidos». Na sua opinião, «o pacto de Munique fora, para o Presidente, uma pechincha que ele apresentou como capitulação da França e da Inglaterra, perante o militarismo alemão agressivo». Alude ele à acção dos Judeus. Indica vários nomes dos agentes judaicos mais activos, Bernhard Baruch, Lehmann, Frankfurter, Morgenthau, amigos pessoais de Roosevelt. E informa de que tais soluções estão, no fundo, ligados por «indissolúveis laços à Judiaria Internacional que, visando principalmente os interesses da sua raça, entende que a promoção de Roosevelt ao posto idealista quanto possível de defensor dos Direitos do Homem, foi um achado genial. Criou-se, aqui, assim, um perigossímo foco de ódio e de hostilidades, e dividiu-se o mundo em dois campos inimigos. Pôs-se à disposição de Roosevelt o indispensável para animar a política externa da América e ao mesmo tempo se realizaram os enormes depósitos militares a empregar na próxima guerra para que os Judeus muito conscientemente empurram».
Assim falava em 12 de Janeiro de 1939, em relatório confidencial ao seu Governo, o Embaixador da Polónia.
Em 13 de Janeiro, o Ministro da França no Chile, dizia para Paris, que o Secretário de Estado americano entendia que a Alemanha tinha já um comércio muito importante com alguns países da América Latina; e que se a Alemanha aumentava o seu prestígio na Europa, as suas relações comerciais com aqueles países se intensificariam, o que os Estados Unidos não podiam admitir. Acrescentava que o mesmo Secretário dos Estados Unidos chamava aos Srs. Hitler e Mussolini, «bandidos sem fé nem lei».(3)


Notas:
(1) - In Mestres do Pensamento, p. 2, ed. Ateneu Comercial de Braga, 1941.
(2) - In Os Processos Jornalísticos do Correio do Minho, pp. 8/9, ed. Autor, 1946.
(3) - In Os Processos Jornalísticos do Correio do Minho, pp. 10/12, ed. Autor, 1946.

18.10.10

Pensamentos de Alfredo Pimenta - XX

«... Há muita gente que vive apoquentada com a influência da alta Finança, e que atribui todos os nossos males à Finança. Há um grande fundo de verdade nisto.
Estamos, efectivamente, em regime plutocrata, — agora acentuadíssimo, depois que a República se proclamou. Disse, no meu último artigo, que a Revolução Francesa, instaurada a Democracia, instaurou o regime do Dinheiro. Hoje, é o Dinheiro que governa — mas não só no Estado: principalmente, talvez, na vida social. E é desta que ele atinge aquele. A Democracia substituiu a moral antiga, cristã espiritual, pela moral material do Dinheiro. Estes, os factos. E toda a gente que me lê me dá razão.»
«... O mal do dinheiro está sob o ponto de vista agora considerado, em ele ser agente de corrupção política. E é-o sempre que intervém como Dinheiro, fazendo pesar o seu valor, na direcção dos negócios do Estado.
Quando um homem é ministro pelo seu dinheiro, que não pela sua inteligência e pela sua competência; quando um homem é deputado, pelo seu dinheiro, que não pelas suas aptidões e pelo seu alto saber; quando um homem é um alto funcionário público, director de uma gazeta política, chefe de um Partido ou seu elemento preponderante, pelo dinheiro que tem, e não pelas suas qualidades intelectuais, quando um homem é escutado e lisonjeado pelos poderes do Estado, só pelo dinheiro que possui; quando um Estado e uma Sociedade se deixam cegar pelo poder do dinheiro, fazendo dele a sua aspiração fundamental e subordinando-lhe todos os valores intelectuais e espirituais — então, sim, então estamos em Plutocracia, a qual só é possível verdadeiramente na Democracia.
Vejamos. Em Democracia, quem faz o Presidente da República, e os Ministros? É o Parlamento. E quem faz o Parlamento?
São os influentes eleitorais. Ora há duas espécies de influentes eleitorais: os que têm a influência que lhes dá o Poder central, de quem são serventuários, e os que têm influência própria. Os primeiros são muito poucos, e a sua influência é muito instável. Os que caracterizam o fenómeno são os segundos. Ora, por via de regra, os influentes da segunda categoria devem a sua influência ao dinheiro que dispõem. As eleições são operações muito caras. Para as ganhar, é preciso gastar muito dinheiro. Resulta daqui que as ganham os mais ricos, e contra os ricos não há eleição que vingue. Nas épocas eleitorais — é um ror de subscrições que se abrem. Pede-se dinheiro em altos berros, porque sem dinheiro, assim se proclama, não há eleição possível. Logo, quem faz o Parlamento? É o Dinheiro. E quem faz os Ministros e o Presidente da República? É o Dinheiro.
«... Em regime de opinião, quem quer opiniões, compra-as. A Democracia é o regime de opinião. É o regime das opinião compradas.
É por isso que nós nos batemos por um regime anti-democrático, que será, portanto, anti-plutocrático que será o contrário dos regimes de opinião. Nós queremos um regime em que o critério da Administração veja o do Interesse nacional, um regime em que o Dinheiro exerça as suas funções legítimas — a pessoal e a social, e não tenha ambiente para exercer função política. Nós queremos um regime em que o Poder fixo do Estado esteja superior às opiniões e seja efectivamente soberano, e reine e governo, — ponto de concentração e harmonia de todos os interesses. Nós queremos um regime que não seja, como o democrático, o regime da Nota do Banco. Não há exemplo na História de um Rei jungido ao poder do Dinheiro; como não há na História, exemplo de Democracia que não tenha o culto do Dinheiro. Democracia e Plutocracia equivalem-se.»(1)
«...O regime de opinião é a anarquia ou a mentira. Numa campanha eleitoral, todos são corruptores ou mentirosos — para todos prometem o mais que podem, fartos de saber que não darão nada. No dia em que o povo se convencer de que anda permanentemente enganado, e de que o único regime político que lhe convém é aquele em que trabalhe e unicamente trabalhe — nesse dia, o povo pondo termo ao ludíbrio de que anda sendo vítima, reencontra o caminho da sua prosperidade.»(2)
Notas:
(1) - In Plutocracia, in «A Época», n.º 2535, p. 3, 02.09.1926.
(2) - In Corrupção Eleitoral, in «A Época», n.º 1847, p. 3, 07.08.1924.

16.10.10

Pensamentos de Alfredo Pimenta - XIX

«... A Democracia é o regime próprio do século XIX — o século das mistificações.»
«... Para não alongar mais a lista — o século XIX foi o século da Democracia, o século do Voto omnipotente e omnisciente, o século da Urna Sagrada e Virtuosa, o século do Sufrágio Universal Soberano — em boa linguagem portuguesa, o século do «carneiro com batatas».
Que era a Democracia? A Democracia era o Governo do povo pelo povo, era a felicidade do povo, era o Pô-ô-vo! Era, na cabeça dos imbecis que lhe proclamavam a excelência. Mas na realidade pura, na realidade inegável, indiscutível, a Democracia foi tão somente o Governo dos Ricos, o domínio do Dinheiro. No antigo regime, valia a nobreza, valia a Inteligência, valia a Coragem, valia o Serviço, valia o Sacrifício. O Dinheiro só por si não valia.
O Dinheiro só por si não forçava os Paços dos Reis, nem as Secretarias do Estado. Foi a Revolução Francesa — amálgama de todos os vícios, de todas as ambições corruptas, de todos os pecados, de todas as misérias: — foi a Revolução Francesa que desvalorizou a Nobreza, a Inteligência, a Coragem, o Serviço e o Sacrifício, para valorizar exclusivamente o Dinheiro. No antigo regime, havia um regulador de valores — o Rei.»
«... A Revolução Francesa fez do Dinheiro a escada segura para todas as ambições. Diante do Dinheiro, não há barreiras, não há impossíveis. Vale-se não o que se vale, mas o que se tem. Quem governa hoje o mundo? A Banca. E quem deu à Banca o governo do mundo?
A Revolução Francesa. A Democracia é, pois, o governo do Dinheiro. Quem tem dinheiro compra. Há milhares de maneiras de comprar. E como a Democracia é o regime das opiniões, há que comprar as opiniões. Quem mais dinheiro tem, melhor e mais opiniões compra.»
«... Os actos essenciais da Democracia chamam-se eleições. As eleições custam muito dinheiro. Há chefe eleitoral que gasta muitos contos de reis para ganhar as suas eleições. O resultado do acto eleitoral é uma função do Dinheiro. É o Dinheiro que põe no mesmo nível o Génio e o Imbecil, o Criminoso e o Virtuoso — pois que no seio farto da Urna, tanto vale o voto do sr. Gomes Teixeira, como o do Menino do Castelo, e tanto significa o voto de S. Francisco de Assis como o do chefe da Legião Vermelha. Ao homem de talento que vive, pobremente, na mansarda pobre, todas as atenções são regateadas, mas o idiota que vive no seu Palácio de luxo, vê abrirem-se-lhe todas as portas, e vê-se cheio de todas as honras. Ao homem de talento a quem as dificuldades da vida sujeitam às mais duras provas — não se lhe celebram as virtudes, mas aqueles que ignoram o que sejam dificuldades da vida, a esse seguem-nos hinos e apoteoses. Dizia-me uma vez, uma das mais altas inteligências portuguesas que opiniões era um luxo que só os ricos se podiam permitir.
A Democracia desaparecerá — porque a Inteligência, o Espírito, a Honra, a Coragem, o Serviço, o Sacrifício, e o que resta da Nobreza estão em revolta, — indignando-se o predomínio ultrajante do Dinheiro. A Democracia faliu, porque se averiguou que o governo do Dinheiro faliu. Ele não deu a felicidade aos Povos: arrastou-nos para um baixo e hediondo materialismo. Há que regressar a um regime de hierarquias de valores organizados — sob a acção de um regulador desinteressado: o Rei. Há que fechar o ciclo da Revolução Francesa, o ciclo da Democracia. O Dinheiro é um elemento de troca: não pode ser de modo nenhum um critério de governo.»(1)
Nota:
(1) - In A Falência da Democracia, in «A Época», n.º 2533, p. 1, 31.08.1926.

15.10.10

Pensamentos de Alfredo Pimenta - XVIII

«... O Sufrágio universal é condenável porque, por definição, é uma mentira.
Não há eleições honradas; não há eleições perfeitas; não há eleições que traduzam a realidade das coisas. O Sufrágio é a autoridade do Número, é o Despotismo da Quantidade e o Governo da Massa contra a élite, da base da Pirâmide contra o vértice. O Sufrágio é o governo dos soldados contra o general em chefe, dos Católicos contra o Papa. O Sufrágio é a inversão da Ordem.»
«... Ora precisamente o Sufrágio é a autoridade atribuída ao Número.»(1)
«... Há um século que vivemos duma mentira, numa mentira, e para uma mentira. Tudo quanto neste País desde 1820 até à data, com excepção, portanto, do período miguelista, se tem feito sob os auspícios do Sufrágio, da soberania popular, tem sido uma mistificação completa, em que todos têm sido cúmplices, uns por virtude de ilusões mentais, outros por velhacaria e interesse particular.»(2)
«...Todos estão de acordo no reconhecimento da excelência do Sufrágio, no poder mirífico do Sufrágio. O taumaturgismo do Voto, do Papelinho, da Urna, da Vontade popular encadeou toda a gente, e nunca vi atitude tão unanime, como esta das várias matizes da celebrada Opinião pública diante da divindade da Eleição!
...Eu rejeito o Sufrágio universal in limine. Ele não dá legitimidade nem às Repúblicas, nem às Monarquias. Nem ao Papado. É um processo essencialmente revolucionário, anti-natural, contra a Ordem, contra todo o Direito natural, contra as normas mais elementares da Vida. O direito que ele cria, a legitimidade que ele cria são puras convenções, são meros artifícios, com o valor que têm todos os artifícios e todas as convenções. A maioria, em si, só porque o é, não cria verdade, nem justiça, nem direito. O mundo inteiro contra Jesus, vence Jesus, mas não o convence. Podem mil juntas médicas declarar que um tuberculoso o não é; nem por isso, conforme a opinião de um só médico, ele deixa de ser tuberculoso. Pode a hierarquia dos tribunais declarar criminoso o inocente, será inocente, embora condenado à morte.
O poder da maioria é a mais torpe das tiranias. Prefiro mil vezes a tirania do tirano: porque individual, responsável, localizável, sempre passível de modificação.
O poder da maioria é anónimo, invisível, irresponsável. Escapa, foge, exime-se de toda a sanção. É um número, não é uma pessoa; é uma força oculta que só se conhece pelos resultados. Onde está? Ninguém sabe. Quem a representa? Ignora-se.
O Sufrágio universal só me serve para o combater. Nunca - para o aconselhar, preconizar, defender ou justificar.
Repito: se sinceramente, puramente exercido, é a instabilidade permanente, é a anarquia em plena efervescência; se condicionado, enquadrado, preparado, artificializado, é a falsificação. Se condeno a anarquia na vida dos Estados, das Autarquias, das Famílias, dos homens, não condeno menos as mistificações.
O «grande dever» não é votar. O «grande dever», o primeiro de todos os deveres, o único verdadeiro dever social ou cívico, é trabalhar, pôr em exercício todas as nossas faculdades, todas as nossas actividades ao serviço do Bem Comum.
O «grande dever» não é votar. O «grande dever» é restabelecer, na vida dos Estados, o Direito natural, onde o Sufrágio universal não existe. E o «grande dever» dos governantes consiste em não sujeitar os povos que dirigem às superstições que ensandecem...»(3)
Notas:
(1) - In A Liga Liberal, in «A Época», n.º 2536, p. 1, 04.09.1926.
(2) - In Nas Vésperas do Estado Novo, p. 165, Livraria Tavares Martins, 1937.
(3) - In O Voto das Mulheres, in «A Nação», n.º 22 de 28 de Junho de 1946.

14.10.10

É só apagar dados!

Pensamentos de Alfredo Pimenta - XVII

«... A Democracia tem uma base fundamental: o Sufrágio Universal - individual, pessoal, que leva automaticamente à constituição de partidos que são a negação da unidade nacional.
É por isso que Democracia é igual a anti-Nação. O sufrágio corporativo, familiar ou profissional, é anti-democrático. Democracia que o adoptar nega-se a si própria; o sufrágio corporativo que se diz democrático injuria-se, calunia-se.
O Sufrágio Universal sobrepõe à Qualidade a Quantidade. Segundo ele, a verdade é função do Número. O mais um de um imbecil vence e afasta a Competência. O que em todas as escalas e modalidades da vida, com Democracia ou sem ela, se prefere é o Saber, a Competência, a Técnica. Há só um campo em que, dentro do critério da Democracia, o Número cego, e acéfalo, e irresponsável, e ininteligente é rei; é o campo da governação dos Povos. A Democracia opõe à Pessoa, o Número. Cem milhões esbarram em cem milhões; a Vida pára, no empate estéril. Mas aos cem milhões de um lado, junta-se uma unidade que pode ser a de um cretino? A vida retoma o seu caminho - pela mão então dum cretino. É isto a Democracia.»(1)
«... O Sufrágio Universal, a maior de todas as mentiras políticas que vieram ao mundo, desde que o Mundo existe, é o Governo dos medíocres, dos aventureiros, dos demagogos, dos descarados. Ou é sincero, e é a Anarquia; ou se se consegue limitar-lhe o mal, é a Mentira.»(2)
«...Então os senhores que são os defensores da soberania nacional, os senhores que entendem que o Poder legislativo é o representante da Nação, os senhores que são Sacerdotes do Sufrágio, cultores do Número, adoradores do Voto, e têm por patrona a Urna, os senhores insurgem-se contra a mesma Soberania, que no pleno uso das suas atribuições de Soberania, salta por cima do princípio da retroactividade, para evitar a continuação dum mal? Então os senhores que consideram a Constituição um mostrengo, um aborto, e desdenham dela, tanto que não embandeiram no seu aniversário, os senhores, agora, bradam às armas! em defesa da Constituição?»(3)
Notas:
(1) - In A Democracia Nova, pp. 14/15, ed. Autor, 1945.
(2) - In A Democracia Nova, p. 17, ed. Autor, 1945.
(3) - In A Questão do Inquilinato, in «A Época», n.º 1833, p. 3, 24.08.1924.

13.10.10

O boneco da polémica!


"O boneco que representa Hitler mede 40 centímetros e vem equipado com botas, uma braçadeira com cruz suástica impressa, várias mudas de roupa e acessórios.
Estes bonecos fazem parte de uma colecção baseada nos líderes da Segunda Guerra Mundial, na qual também foram produzidos bonecos de Estaline, Churchill e Roosevelt, por exemplo. A empresa Drastic Plastic desvaloriza a polémica e diz que estas reacções só surgiram com o boneco de Hitler, quando também vendem figuras de Hirohito e Mussolini.

«No mínimo é de mau gosto», reagiu o vice-presidente do Conselho Central de Judeus na Alemanha, Dieter Graumann, referindo-se ao boneco de Hitler e à colecção que representa os mais altos cargos do Terceiro Reich, postos à venda na República Checa, avança o El Mundo.
São bonecos de plástico que representam Hitler, Göring e Goebbels e que, pelo seu tamanho, poderiam servir de parceiros para qualquer Barbie. Cada boneco custa 80 euros.
«Quem teve esta ideia deve ser doente, ou não tem consciência do que faz», disse Graumann. «O incrível é que isto ocorra num país europeu com bastante memória histórica do que aconteceu», adiantou, lamentando que na República Checa não haja nenhuma lei que proíba a produção nem a venda dos bonecos."

Fonte: Sol

Capa de hoje

Percebem, agora, o cartaz que está no Marquês de Pombal, em Lisboa?

12.10.10

Exéquias Fúnebres em Guimarães

Pensamentos de Alfredo Pimenta - XVI

«Quem teria sido o sarcasta de génio que inventou esta expressão sem par do — povo soberano? No seu espírito se amalgamavam Diogenes e Aristofanes, Rabelais e Voltaire. Porque a expressão é hipersarcástica e só encontra par, em grandeza, na palavra famosa que António Maia atirou à cara do Parlamento, em sessão pública, diante dos deputados, diante do corpo diplomático, diante da História, dita claramente com todos os acentos e todas as letras, para que a acta não pudesse alegar ignorância. Deve ser curiosa a acta da Câmara dos Deputados referente ao dia célebre...
O Povo Soberano!
Os srs. já viram coisa mais pungente, mais trágica, mais macabra do que essa ideia do povo soberano?
Enquanto a fantasia dos ideólogos não descobriu a soberania do povo, o povo era feliz. Trabalhava nos campos, nas oficinas e nos seus misteres: poetava; cronicava; descobria novas terras, novos mundos, novos mares; erguia as pirâmides do Egipto; criava a arquitectura grega; escrevia a Eneida e a Divina Comédia; enchia as páginas do martirológio cristão; formava os impérios dos Carlos Magnos e dos Carlos quintos; elaborava a sínteses filosóficas de Aristóteles e S. Tomás; numa palavra: atingiu os altos cumes da civilização. Essa maravilha das maravilhas que é Europa da Idade-Média, quando a Cruz e a Espada aliadas e irmanadas são o símbolo máximo da Ordem máxima, foi obra do Povo, — mas não do Povo Soberano.
Mas um dia, começaram a dizer ao Povo que ele era soberano. E quando o Povo, convencido da sua soberania, na ilusão de que lhe era possível efectivá-la, a reclamou, e o Poder constituído e legítimo se viu obrigado a reconhecer-lha, — o Povo talhou por suas próprias mãos, a mais pesada, a mais execranda das tiranias.
Nunca o Povo foi tão escravo como no dia em que começou a ser soberano! E quanto mais soberano se julga, tanto mais escravo na realidade, ele é.
Enquanto o Povo não era soberano, tinha à sua frente o Rei. Algumas vezes o Rei foi mau Rei. Também muitas vezes o Pai é mau Pai, e ninguém caiu ainda na demência de querer destruir o poder paternal.
Algumas vezes, o Rei foi mau Rei. Mas as excepções só servem para que a regra se confirme. E a História do mundo civilizado está aí a mostrar claramente o que foi obra do Rei. E quando o Rei foi mau Rei, o Povo sabia quem era mau, e a História pegou no mau Rei e focou-lhe a maldade.
Mas o Povo fez-se soberano. E a inépcia humana aclamou a soberania do Povo. E ao Rei ou o eliminaram ou o manietaram: quer dizer; destruíram-no. E substituíram-no por quem? Pela soberania do Povo.
O que é a soberania do Povo? A soberania do Povo é a tirania irresponsável e anónima. É a tirania dos partidos políticos. É a tirania das manobras dos clubs e dos grupos. É a tirania do acaso eleitoral. É a tirania do voto conquistado ou pela compra, ou pela vigarice, ou pela ameaça, ou pelo interesse mesquinho de uma coterie. É a tirania do Número contra a Razão. É a tirania do Número contra a Inteligência. É a tirania do Número contra o Saber. É a tirania do Número contra a Bondade. É a verdadeira tirania da Força contra o Direito.
A soberania do Povo é a negação do próprio Povo, porque é a sua sujeição à mais cobarde das tiranias: a do Número irresponsável e anónimo.
Quem governa, no Povo soberano? O voto. Quem decide sobre a Guerra e sobre a Paz? O voto. Quem resolve os problemas da Instrução, da Higiene, da Defesa nacional, do Fomento, das Colónias, da Ordem, da Moral? O voto. Quem julga o Passado do Povo? O voto. Quem prepara o Futuro do Povo? O voto. Mas quem é o voto? O voto é a mistificação legal. Quem governa, no Povo soberano, é a mistificação.
Havia não sei onde um candidato eleitoral, que ficou muito surpreendido com o resultado da eleição. E tendo-o encontrado alguém a caminho do cemitério da sua terra, na tarde da sua derrota, perguntou o que ia fazer para aquelas bandas isoladas e desoladas.
O candidato respondeu: «vou perguntar aos mortos da minha terra que mal lhes fiz eu para que votassem todos de chapa contra mim.»
Aqui, no nosso País, em que o povo é soberaníssimo, há assembleias eleitorais em que votam todos os eleitores, não tendo comparecido um. Em Paris, nas últimas eleições constatou-se que grande número de eleitores não residiam nas moradas indicadas, e ninguém sabia deles. O resultado foi como se toda a gente os conhecesse na intimidade. E perante o resultado das eleições, já se lê na mais ponderada e ortodoxa imprensa democrata, que o Povo soberano não queria o que os vitoriosos estão fazendo. Essa é boa! Se a maioria, se o voto, se o Número pertence à fauna demagoga — que têm os democratas que discutir, que observar, que contrapor? Nada. O Voto, o Número, a Maioria, numa palavra, a Democracia decidiu. Logo, aos vencidos cumpre obedecer.
Mistificação? Sim, para nós, a quem nada repugna tanto, como ver o nosso pensamento dominado por dois votos, como ver a nossa cultura vencida por dois votos, como ver a nossa competência inutilizada por dois votos. Mas para os democratas, para os partidários do Sufrágio, do Voto, do Número, para os democratas — não. Esses devem sujeitar-se, submeter-se às conclusões lógicas dos seus princípios. Ou o sufrágio só é bom, quando é a meu favor? O voto só é livre, quando vota em mim? O Número só é legítimo, quando está comigo?
O Povo soberano! O que fizeram do Povo, quando o proclamaram Soberano! O que era uma força útil foi transformado em degrau para todos os aventureiros, para todos os traficantes, para todos os comediantes sem escrúpulos e sem vergonha.
Do Povo útil, fizeram um esfregão em que todas as torpezas se limparam. Do Povo útil, conduzido por uma vontade consciente e responsável, fizeram um bando dirigido pelo capricho anónimo e irresponsável.»(1)
Nota:
(1) - In O Povo Soberano, in «A Época», n.º 1763, p. 1, 15.06.1924.

9.10.10

Pensamentos de Alfredo Pimenta - XV

«... A representação das minorias nada resolve, pois, ao contrário do que muita gente afirma, entendo que da discussão, geralmente, sai mais treva do que luz.
As discussões parlamentares são justas de palavrosos - e com palavrosos os povos caminham a estrada que o nosso tem caminhado. No entretanto, a verdade é a mistificação parlamentar entrou tanto no quadro dos vícios, irreprimíveis, que, à semelhança do que acontece com o jogo, será bom regulamentá-la. A regulamentação do parlamentarismo consistirá, assim, em conceder a capacidade eleitoral apenas aos que, presumivelmente, podem e sabem dispor do seu voto, e em restringir as funções parlamentares ao mínimo. A primeira medida contribuirá para a repressão da anarquia da Opinião Pública; a segunda, para a limitação da anarquia das esferas governativas.»(1)
«... Não tenho dúvidas sobre o futuro. As coisas continuarão como até aqui — porque o Estado suga até ao tutano o contribuinte, para manter o exército infindável duma Burocracia desnecessária. Só uma reforma integral da nossa vida política, não só na constituição do Estado mas no sistema da vida, poderá dar bons frutos.
Os regimes dos partidos políticos tem que alimentar as clientelas que os apoiam. Um Estado são pode entrar pelo caminho são e duradouras economias, quando estiver livre das exigências das clientelas. Nunca poderá atingir essa situação, um Estado democrático, porque um Estado democrático é, por definição o Estado das clientelas.»(2)
«Os partidos mexem-se. E a Nação vê com terror o regresso dos Partidos.
Não são cá precisos, os Partidos. A Nação dispensa os Partidos. Todos os partidos. Porque uma Nação não a constituem partidos. Os Partidos desunem, cavam abismos, semeiam a discórdia. A união da família portuguesa só pode fazer-se, se se sacrificarem os Partidos, sobre as ruínas dos Partidos. Bandeiras partidárias? Não as queremos. Uma bandeira chega — a da Pátria.
Os Partidos mexem-se?...
Que a Nação em peso grite connosco, para que todos oiçam bem: — fora! Fora! Fora!»(3)
«... Na imprensa governamental, aparece a distinção imbecil de bons e maus partidos, de partidos honestos e partidos desonestos. O que há é Partidos. E todos os Partidos são maus, porque eles provocam a desorganização nacional.
Partido quer dizer interesse particular sobreposto ao interesse geral, quer dizer introdução no Estado de um elemento corrosivo do próprio Estado.
Substituir um partido por outro é substituir um mal por outro mal. (...) Distinguir entre partidos é fazer obra partidária.»
Afirmam-se contra todos os partidos? Muito bem. Afirmam-se contra um e não contra outros? Muito mal.»
«... O regime dos Partidos é uma calamidade. Foi ele que arrastou a Europa inteira à situação anárquica de que ela quer, agora, libertar-se, organizando-se à margem dos Partidos.
Os Partidos põem a Liberdade acima da Ordem. Os regimes da opinião têm o culto da Liberdade. As Nações exigem que acima da Liberdade esteja a Ordem, e que se tenha o culto da Ordem.»(4)
Notas:
(1) - In Novos Estudos Filosóficos e Críticos, pp. 169/170, Imprensa Nacional, 1935.
(2) - In Coisas de Ensino, in «A Época», n.º 2401, p. 1, 19.04.1926.
(3) - In Fora! Fora! Fora! in «A Voz», n.º 166, p. 3, 20.07.1927
(4) - In Ocasião Perdida, in «Acção Realista», n.º 68, p. 1, 05.07.1926.

7.10.10

Pensamentos de Alfredo Pimenta - XIV

«... O Parlamentarismo, o chamado regime constitucional, ou se presta, melhor ou pior, ao governo da Nação, e é uma burla autêntica, ou é sincero, correcto, honesto, puro, e torna impossível a organização e a acção dum governo. Ou é uma mentira, a falsificação do seu próprio espírito, ou é a verdade, mas, neste caso, o obstáculo insuperável da nação. Ou quando se abrem as urnas já estão feitos os representantes a nação — e é a burla; ou se deixam falar as urnas livremente, honradamente, e é o caos. Pelo menos assim tem sido, e nada leva a supor, pelos exemplos actuais, que assim não continue a ser e cada vez mais agravado.
...O regime parlamentarista, ninguém sabe como é, tantos os disfarces, tantas as mentiras que o compõem. Proclama a soberania da Nação, e transforma a liberdade, e exerce, em nome dela, as mais torvas tiranias, não já só contra os indivíduos, mas contra a Nação inteira. Protesta contra a irresponsabilidade régia, a irresponsabilidade dum, e leva-nos para o regime da irresponsabilidade de todos, Proclama a forma superior do governo, e só consegue realizar todas as condições de fraqueza, de esterilidade, de inactividade dos governos. Há um século, que o regime constitucional, liberal, democrático se instalou no continente. Nem uma só das nações que o adoptaram se prestigiou politicamente, se engrandeceu politicamente. Nem uma.
...O regime parlamentarista tem que desaparecer, porque os partidos políticos não têm função a desempenhar. As nações que persistirem em manter a ficção parlamentarista democrática, já sabem o que as espera: a desorganização de todos os seus alicerces, e a morte na agitação indominável.»(1)
«... O regime parlamentar traz os países em que se introduz, perfeitamente aos trambolhões, de desgraça em desgraça, de miséria em miséria, de chantage em chantage. Conspícuos filósofos proclamam, às vezes, que Portugal não se podia furtar à influência do regime parlamentar instalado na Europa pela Revolução francesa, e consolidado, na mesma Europa, por Napoleão, o autêntico servidor dos princípios revolucionários. É uma ilusão e um erro. Se esses pedantes obtusos de 1820 não tivessem tido a má sina de enxertar numa aspiração nacional, a da libertação de Beresford, a aspiração oculta das lojas maçónicas e do filosofismo revolucionário, a Nação portuguesa que nunca fora nação de escravos, nem tivera Reis tiranos, bem podia ter continuado a sua vida tranquila de Nação trabalhadora e crente. Mas, admitindo mesmo que Portugal não podia ser alheio à varíola revolucionária, não vejo motivos para que tenhamos de aceitar a situação que essa varíola nos criou, e antes não reajamos formalmente contra ela. Pela minha parte, porque sei que lhe devo, em dúvidas e preconceitos da inteligência, pela minha parte farei tudo quanto em minhas forças estiver para que essa varíola maldita não fiquem vestígios e em vez de propor transações e abdicações, proponho muito claramente a guerra definitiva e sem tréguas, a tal moléstia.»(2)

Notas:
(1) - In Para as Bandas da Bélgica, in «A Época», n.º 2079, p. 1, 11.05.1925.
(2) - In Coisas da Política, in «A Época», n.º 2437, p. 1, 15.03.1926.

5.10.10

"Homens na luta" nas celebrações do centenário da República

Pensamentos de Alfredo Pimenta - XIII

«... Tudo, no sistema parlamentar, é burla: tudo. Desde primeiro instante de campanha eleitoral até à votação dum projecto de lei. Os Parlamentos mais brilhantes servem talvez a Literatura dum país, porque revelam oradores admiráveis mas desservem estrondosamente a Nação que os contém, porque à frente da Nação requerem-se estadistas, e um parlamento não revela estadistas.
Os verdadeiros homens de Estado naufragam nos Parlamentos, onde só vencem os tribunos, os ilusionistas da Política.»
«... Na política não se anda, e a política não se fez, para cantos de sereias. A política fez-se para conduzir os povos, através das dificuldades da existência. E os povos não se conduzem com discursos, como com discursos se não salvam doentes.
O Parlamento, tenho-o afirmado dezenas de vezes, é a consagração estúpida do Número estúpido...»
«... Como o clamor contra o sistema parlamentar é geral, temos toda a fé em que soará depressa a hora em que seja geral o clamor contra qualquer regime que não seja a Monarquia. Nesse dia, a Europa voltará a ser europeia, deixando de ser o pandemónio que está sendo, que tem sido, depois que veio a hora maldita de 1789.»(1)
«... O sistema parlamentar gera oradores, tribunos intriguistas, mas homens de Estado, se os revela, é por feroz reacção; se os revela é como inimigos do próprio sistema parlamentar. Entre o homem de governo e o político, há um abismo. O homem de governo governa, impõe-se, conduz, desagrada ao Presente para servir o Futuro. O político é o produto do sistema parlamentar. O homem do governo é o produto do Interesse nacional bem compreendido.
Os dois perigos fundamentais imediatos conduzem a um perigo fundamental longínquo: a anarquia. A anarquia em que nos debatemos é a resultante de um século de sistema parlamentar.
Mas - dir-me-ão os parlamentaristas, não há maneira de se evitar o aparecimento dos dois perigos? Eu respondo: não. Não há, efectivamente, maneira de se evitarem os dois males. Tirar ao Parlamento acção sobre os governos - no que diz respeito à sua nomeação e à sua demissão, é introduzir no Estado o sistema presidencialista. Limitar-lhe as atribuições legisladoras é, ou transformá-lo de legislativo e deliberativo em consultivo, ou reduzi-lo a um simples fiscal de contas - em qualquer dos casos, destruí-lo.
O Parlamentarismo ou se aceita tal como é, com todos os seus defeitos e todas as suas consequências, ou se rejeita in limine.
Criar uma instituição artificial, obra do capricho pessoal de alguém, e chamar-lhe Parlamento, é uma mistificação de mau gosto. Contra a Ditadura, houve quem argumentasse com a possibilidade de um incompetente ser ditador, chamando a essa situação a Ditadura da inépcia. Discordamos. A Ditadura de um incompetente pode ser, e é a Ditadura de um inepto. Agora, Ditadura da inépcia é a do Parlamento.
Temos dito e redito que a Ditadura não é um sistema governativo; é um processo, um método transitório. O que nós queremos, como definitivo, não é, nem a Ditadura que é, por definição, excepcional, nem o Parlamentarismo que é, por definição, anti-nacional. O que nós queremos, como definitivo, é um sistema em que o Rei reina e governa, assistido dos seus ministros ou secretários de Estado, dos conselhos técnicos organizados, e da Representação dos Municípios, das Províncias, e das Corporações, a qual terá funções deliberativas, em matéria orçamental e tributária, e meras funções consultivas, em tudo o mais. Essa Representação não tem no seu seio partidos políticos, - porque uma Nação não se compõe de partidos políticos. Constituem-na forças espirituais, morais e produtoras que são os três elementos fundamentais da Nação. Ao Individualismo revolucionário, é preciso substituir o Corporativismo positivista. No Estado, o Indivíduo não existe; o que existe é a Família. No regime que nós preconizamos, os homens públicos, os homens de governo não são elevados ao Poder, pelos caprichos flutuantes das Assembleias parlamentares, ou pelas ambições ocultas das clientelas políticas. São lá chamados pela competência averiguada por quem tem melhor qualidade para a avaliar: pelo Rei.
Como se vê, o Parlamentarismo não é mau, pela qualidade dos parlamentares: é mau, pela sua própria natureza.»(2)
Notas:
(1) - In Política Nova, in «A Época», n.º 2320, p. 1, 25.01.1926.
(2) - In Nas Vésperas do Estado Novo, pp. 70/71, Livraria Tavares Martins, 1937.

Livro: Diário dos Vencidos de Joaquim Leitão



"No ano em que se comemora o centenário da instauração da República em Portugal, a Alêtheia Editores publica um importante documento histórico que revela a versão monárquica dos acontecimentos de 5 de Outubro de 1910, escrita por um dos protagonistas do momento, Joaquim Leitão (1875-1956), escritor, historiógrafo e autor de vários volumes sobre os últimos anos da monarquia portuguesa.
Esta edição é acompanhada de um prefácio de Vasco Pulido Valente, um dos maiores especialistas em história da Primeira República Portuguesa. Investigador coordenador do Instituto de Ciências Sociais, Vasco Pulido Valente desenvolve a sua investigação aos séculos XIX e XX e conta com extensa obra publicada, nomeadamente Ir Prò Maneta, Um Herói Português e A Revolução Liberal, ou Portugal – Ensaios de História e de Política, todos publicados pela Alêtheia Editores."
N.º de páginas: 278
Preço: 16,15€

3.10.10

Em nome da liberdade, da justiça e da democracia

EUA infectou guatemaltecos com sífilis e gonorreia

SHIP: A repressão da imprensa na Primeira República


Estará patente no Palácio da Independência, entre o dia 04 e o dia 15 de Outubro a exposição “A Repressão da Imprensa na 1ª República”, organizada pela Plataforma do Centenário da República e com o apoio da Causa Real.
Esta exposição é feita à margem das comemorações oficiais dos cem anos da república portuguesa e também, o que é mais penoso, à margem da investigação oficial sobre os primórdios do regime republicano.
Trata-se da exibição dum conjunto de várias dezenas de quadros que evidenciam existência de um sistema repressivo regular e duradouro, mantido ao longo da primeira república. Durante esse período o regime estabeleceu formas imaginativas, directas e eficazes, de impedir o acesso do público aos textos perniciosos ou nefastos ao regime: o uso o assalto, a apreensão, a suspensão, e até a censura sem fundamento legal de jornais ou artigos foi tão frequente e continuado, que no seu conjunto constituiu um sistema repressivo sólido e consistente. A estratégia era a sustentação de um regime que não aceitava a contestação dos seus fundamentos, e uma classe política que não punha em jogo a sua permanência no poder. É esta a tese da presente exposição que assim se opõe à ciência histórica em vigor.
A Plataforma Centenário da República é uma iniciativa de um grupo de cidadãos independentes que, tendo em vista as próximas celebrações dos cem anos sobre a revolução republicana de 5 de Outubro, se reúne para uma abordagem histórica em contraponto às comemorações oficiais.

Lisboa, 20 de Setembro 2010
Informações :João Távora
Plataforma Centenário da Repúblicawww.centenariodarepublica.org
917 230 212

2.10.10

A piada anti-judaica que Silvio Berlusconi contou no seu 72.º aniversário

"Um judeu conta a seu familiar. Nos tempos dos campos de extermínio um judeu veio junto de nós e pede à nossa família para o esconder e nós acolhemo-lo. Pusemo-lo na dispensa, tratamo-lo mas obrigamo-lo a pagar uma diária. E quanto era na moeda actual? Três mil euros. Ao mês? Não, ao dia! Ah, somos judeus, e pagou porque tinha dinheiro e deixamo-lo em paz. Desculpa, uma última pergunta: pensas que devíamos ter-lhe dito que Hitler tinha morrido e que a guerra acabou? Boa, não é?"


Comício nacionalsocialista em 1937

A verdade é esta

Temos uma Pátria com Passado, duvido que tenhamos um país com futuro!
Entretanto, os milhões gastos nas celebrações democrático-liberais-maçónicas continuam em nome do centenário da república!

Tomem lá e votem "neles"!

Premiados com as ordens de Bruxelas via Sócrates e a escumalha pulhítica que nos desgoverna e arruina há 37 anos desde o PS ao CDS, saiu-nos a rifa de 23% de IVA, diminuição de salários reais, empobrecimento da população portuguesa, os pedidos de empréstimo à banca judaica com o pagamento usurário de 6,5% de juros nos empréstimos a 10 anos!!!

1.10.10

Novo ataque dos tolerantes e democráticos à Libreria Europa, Barcelona

Irra, também ele?!

Tanques da polícia nas ruas!

Já agora, vejam se começam a perceber a nova Lei de reorganização das forças armadas (em parvas) de utilização das Forças Armadas em operações contra a própria população, como força supletiva às Forças de Segurança – PSP e GNR – quando as mesmas forem incapazes de tomarem conta do recado.
Ou seja, perspectiva-se e assegura-se a possibilidade dada aos políticos (dependem nesse caso do Governo e não do Comandante Chefe – Presidente desta República) de usarem o aparelho militar para reprimir e atirar sobre o povo português e assim evitar revoltas e rebeliões!

Afinal, não é único...

Assisti, ontem à noite, ao programa Especial Informação do canal 1 com a presença dos economistas Dr. Cantiga Esteves, Dr. João Salgueiro e Dr. Silva Lopes.
Foi interessante o pensamento final do Dr. Silva Lopes quando afirmou que desde o Liberalismo (1820) até República Portugal nunca resolveu o seu déficit das Finanças Públicas salvo durante o... Estado Novo.
E, acrescentou, que foi devido a tal que a Monarquia acabou, a I República acabou e a III República pode acabar.
Afinal, o Dr. Medina Carreira já não é o único a alertar para o fim deste regime democrático!

Pensamentos de Alfredo Pimenta - XII

«(...)Fui sempre anti-liberalista e anti-democrata.
Não sou monárquico constitucional, antes me sinto cada vez mais reaccionário. Sou monárquico maximalista. Estou na extrema-direita da extrema-direita: à minha direita não fica ninguém.»(1)
«... Uma República anti-liberalista é preferível, para um monárquico integral como eu, a uma Monarquia liberal. Uma República liberalista deve ser preferível, para um monárquico liberal, a uma Monarquia anti-liberalista.
O mundo político, actualmente, já não se divide bem em monárquicos e republicanos: divide-se em liberais e anti-liberais. Os liberais estão todos presos pelo cordão umbilical da Urna; todos eles deitam incenso na ara absurda do Voto. Aos anti-liberais, une-os a Consciência de que o Sufrágio político, individualista, é uma mistificação.
O Liberalismo, ou seja monárquico ou seja republicano, além de que repousa sobre uma mentira, o voto, e de que conduz a outra tentativa - o Povo soberano, é, na sua essência, inimigo de Deus. Todo o poder vem de Deus - omnia potestas a Deo.
Mas para o Liberalismo, monárquico ou republicano, todo o poder emana do Sufrágio. E é por isso que nós assistimos, de vez em quando, ao afã dos liberalistas, no sentido de purificarem o Sufrágio. É que para eles, o Sufrágio é tudo! O homem, munido do papelinho branco, é omnipotente, omnisciente. Um milhão de homens de um lado, outro milhão de homens do outro lado. Empate. Quem vai desempatar? O Pistautira (oh!) que se esquecera de que era o grande dia do Povo soberano. Vão chamar o Pistautira!
E o Pistautira chega, e vota. E desempata... Quem foi omnipotente? Quem foi omnisciente? O Pistautira... É isto o Liberalismo.
O Sufrágio político é moral. Corrigi-lo, como pretendem os liberais, é piorá-lo. Aperfeiçoá-lo é torná-lo mais nocivo ainda. O que é preciso pela representação dos Municípios e das Corporações, porque o Poder vem de Deus, e não do Povo. E a eliminação do Sufrágio político não é, portanto, atentatória das liberdades populares, antes, é a sua garantia máxima. Garantir a liberdade doméstica, a liberdade municipal e provincial, a liberdade corporativa - é deitar abaixo a Liberdade, árvore à sombra da qual tem germinado e florescido todas as tiranias, com a tirania do Número, do Anónimo, do Voto, à frente, mas é desenvolver a Nação, e abrir-lhe largos horizontes no futuro. A Liberdade é inimiga das liberdades. Onde a Liberdade impera, morrem, asfixiadas, as liberdades. Ora estas são fecundas; a Liberdade é estéril.
Liberalismo é o regime da Liberdade. A guerra ao Liberalismo é uma guerra santa. Foi ele que atentou primeiro contra a Igreja; foi ele quem enfraqueceu e estiolou o Princípio monárquico.»(2)


Notas:
(1) - In A Questão Monárquica, p. 22, Ed. das Juventudes Monárquicas Conservadoras, 1920.
(2) - In Nas Vésperas do Estado Novo, pp. 134/135, Livraria Tavares Martins, 1937.